
Programa - Comunicação Oral Curta - COC25.1 - Gestão do Trabalho: apoio matricial, trabalho em equipe, trabalho médico no contexto hospitalar
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A METODOLOGIA DE APOIO INSTITUCIONAL NOS 10 PASSOS DO CUIDADO OBSTÉTRICO PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA
Comunicação Oral Curta
1 IFF/Fiocruz/MS
Período de Realização
10 Passos do Cuidado Obstétrico - Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz/MS - Abril/2024 a Maio/2025
Objeto da experiência
Relatar metodologia utilizada com as 6 duplas de apoiadores institucionais dos 10 Passos do Cuidado Obstétrico para a Redução da Mortalidade Materna.
Objetivos
Descrever as estratégias utilizadas para o delineamento e o fortalecimento do trabalho das duplas de apoiadores nos seis estados pioneiros nos 10 passos; Destacar as experiências exitosas a partir do exercício do apoio institucional nos serviços em que a estratégia dos 10 passos foi implementada.
Metodologia
Os 10 passos contribuem para o fortalecimento da capacidade de gestão e a governança da rede pelas secretarias municipal e estadual em suas responsabilidades de promover estrutura e cuidado que garantam as práticas baseadas em evidências científicas na Atenção Primária em Saúde (APS) e na Atenção Especializada (AE), tendo como estados pioneiros Alagoas, Goiás, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rondônia, com ações para a formulação de espaços de co-gestão nas secretarias e nos serviços apoiados.
Resultados
A partir da experiência do apoio, os serviços construíram espaços coletivos de gestão/co-gestão para a qualificação do cuidado obstétrico, pautados nas principais causas de mortalidade materna - hipertensão, hemorragia e sepse. Produção de subsídios técnicos, baseados em evidências científicas, para sustentação do cuidado assistencial resolutivo, oportuno e seguro. Fortalecimento da rede de atenção com diálogos entre as secretarias estaduais, municipais, gestores dos serviços e profissionais.
Análise Crítica
A indissociabilidade entre ações da gestão e da clínica, no cotidiano dos serviços e na assistência à saúde perinatal, foram aprendizados significativos do processo do pensar em saúde. Bem como, a articulação do cuidado na rede de atenção quanto a efetividade da assistência integral, visando a redução da mortalidade materna. A permanência das demoras do cuidado obstétrico ainda é uma lacuna que dificulta a assistência qualificada e oportuna à pessoa que gesta refletindo na morbimortalidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A metodologia do apoio institucional, utilizado com duplas dos 10 Passos e replicado nos territórios/serviços, contribuiu para as mudanças nos processos de trabalho e na co-gestão dos coletivos nas instituições, possibilitando a produção de estratégias para a qualificação do cuidado em rede de atenção e das iniciativas para a redução da mortalidade materna.
APOIO MATRICIAL E EDUCAÇÃO PERMANENTE: O TRABALHO DAS EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS QUE ATUAM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 Ministério da Saúde; UFRN
2 UFRN
Apresentação/Introdução
Um sistema público de saúde consolidado e efetivo pressupõe uma atenção primária à saúde (APS) fortalecida. Assim, estratégias como as equipes multiprofissionais surgem para estimular uma prática em saúde que supere o modelo biomédico, isto é, que seja pautada no cuidado compartilhado e integral, bem como em ações coletivas que fortaleçam a vinculação territorial e a participação social.
Objetivos
Este trabalho objetiva analisar a atuação das equipes multiprofissionais que atuam na APS, a fim de compreender as potencialidades e os desafios inerentes a esse processo, à luz da lógica do apoio matricial e da educação permanente em saúde (EPS).
Metodologia
Este estudo se caracteriza como uma revisão bibliográfica, na qual utilizou-se a seguinte estratégia de busca: Equipe Multiprofissional AND Atenção Primária à Saúde AND Educação Permanente (Título, Resumo, Assunto), nas bases de dados LILACS e MEDLINE. Os critérios de inclusão foram: texto completo disponível; publicação entre maio de 2015 e maio de 2025; em português, inglês ou espanhol; estudos observacionais, de avaliação, pesquisa qualitativa ou revisão sistemática. A busca retornou 51 trabalhos. Foram excluídas as duplicatas, os estudos que não eram artigos, aqueles cujos resultados não possuíam relação com os objetivos deste estudo e os realizados fora do Brasil, restando 11 artigos.
Resultados
Em alguns locais, trabalhadores de equipes multiprofissionais da APS relatam não ter recebido qualificação sobre apoio matricial. Contudo, em 2013, entre 60 e 70% dos profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) acessaram formação específica e processos de EPS. Estes espaços contribuíram para uma atuação pautada na multiprofissionalidade, no matriciamento, na clínica ampliada, na educação em saúde e nos atributos da APS. As equipes multiprofissionais que atuaram como apoio matricial contribuíram para o cuidado integral e a redução de encaminhamentos para atenção especializada, embora, por vezes, persistiu a prática biomédica, centrada em ações individuais e curativistas.
Conclusões/Considerações
Sob a lógica do apoio matricial e da EPS, as equipes multiprofissionais da APS atuam no sentido de qualificar o atendimento ofertado ao usuário, ampliando a capacidade técnico-pedagógica e clínico-assistencial das equipes de referência, a fim de fortalecer a resolutividade da APS e a integralidade do cuidado. Todavia, a atuação dessas equipes é um campo em disputa, demandando direcionamentos para que não sirvam à manutenção do modelo biomédico.
CARACTERIZAÇÃO DOS POSTOS DE TRABALHO DA ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: ESTADOS BRASILEIROS ENTRE 2017-2024
Comunicação Oral Curta
1 UFMG
2 UERJ
3 UFJF
Apresentação/Introdução
A Enfermagem desempenha um importante papel na Atenção Primária em Saúde (APS) do país. O dimensionamento e a distribuição desses profissionais são questões fundamentais para a eficácia e eficiência do SUS (Da Silva & Machado, 2020). Analisar a evolução dos postos de trabalho da Enfermagem, entre 2017-2024, permite identificar áreas críticas e orientar políticas de provisão profissional.
Objetivos
Descrever os postos formais de trabalho da Enfermagem na APS, por estados brasileiros, no período 2017-2024.
Metodologia
Estudo quantitativo, transversal e descritivo (2017 - 2022), integrando o projeto “Demografia da Enfermagem” em realização pela UERJ enquanto estudo principal. Fonte de dados oriundas do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) via ElastiCNES. O ETL incluiu raspagem mensal por UF, padronização de chaves conforme os objetivos da pesquisa. Profissionais e estabelecimentos foram integrados em modelo dimensional no Power BI, conforme lotação em unidade da APS. Estimaram-se a variação percentual anual, estratificadas por estado. Estatísticas são descritivas e tabelas síntese foram geradas no Excel 2023.
Resultados
Entre 2017-2022, os postos da Enfermagem na APS subiram de 204 680 para 285 145 (+39 %). Entre os destaques: São Paulo avançou de 39 925 para 53 692 (+34 %), Minas Gerais de 24 884 para 33 623 (+35 %) e Bahia de 14 631 para 19 720 (+35 %), Ceará cresceu de 8 524 para 11 667 (+37 %) e Maranhão de 7 167 para 10 305 (+44 %), Amazonas passou de 4 325 para 6 746 (+56 %) e Acre de 1 037 para 1 421 (+37 %). Rio de Janeiro, embora tenha aumentado de 12 080 para 14 311 (+18 %), perdeu peso relativo no conjunto nacional.
Conclusões/Considerações
O aumento global de 39 % nos postos da Enfermagem na APS (2017-2022) trouxe acréscimos de 42 % de enfermeiros e 77 % de técnicos no setor público, sinalizando êxito da expansão da ESF. Embora SP, MG e BA concentrem a maior parte dos vínculos, Norte e Nordeste registraram ganhos expressivos, reduzindo vazios assistenciais e reforçando a necessidade de políticas sustentáveis de fixação profissional.
COMPREENSÕES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE A MORTE MATERNA EM CUIABÁ - MATO GROSSO
Comunicação Oral Curta
1 ISC/UFMT
Apresentação/Introdução
Em 2023, Mato Grosso registrou a sétima maior razão de mortalidade materna do país (66,6/100 mil nascidos vivos). A compreensão dos profissionais de saúde da assistência hospitalar sobre esse fenômeno tem consequências nas ações e estratégias adotadas para enfrentamento deste problema de saúde pública.
Objetivos
Este estudo analisou as compreensões, sobre a morte materna, de profissionais de saúde que atuam na assistência às gestantes em três hospitais de referência de Cuiabá, Mato Grosso.
Metodologia
Estudo de abordagem qualitativa, realizado a partir de entrevistas com profissionais de saúde que atuam no atendimento às gestantes nos hospitais com leito SUS de Cuiabá, realizadas de maio a julho de 2024. Os profissionais foram entrevistados, a partir de um roteiro semiestruturado com questões sociodemográficas e sobre as compreensões sobre a mortalidade materna no hospital que atuam sobre os impactos da COVID19 na morte materna e no estado de Mato Grosso. O estudo obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso.
Resultados
Para os profissionais, a morte materna não é necessariamente um problema, devido a sua raridade. Na ocorrência, é associado a condições pré-existentes ou a fatores externos, não precisamente à qualidade da assistência hospitalar. Embora reconheçam a importância de qualificar a atenção à gestante e à puérpera ao longo de todo o ciclo gravídico-puerperal, na percepção dos mesmos o óbito materno tem sido evitado pelos serviços de saúde hospitalares. Mencionam como causas as complicações próprias da gestação e parto, como os fatores biológicos (hipertensão e hemorragia), e às barreiras no acesso aos serviços de saúde (falhas no pré-natal e no encaminhamento ao pré-natal de alto risco).
Conclusões/Considerações
O não reconhecimento sobre a alta razão de mortalidade materna, pelos profissionais de saúde que atuam na atenção terciária no Estado de Mato Grosso demonstra que este tem sido um assunto de pouco debate no Estado. Isso reforça a necessidade de ações para sensibilização dos profissionais sobre o tema, ampliando a possibilidade de debater e construir estratégias para o enfrentamento.
ANÁLISE DE ENTRAVES PARA ALTA HOSPITALAR EM PACIENTES COM LONGA PERMANÊNCIA EM UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE SUS NO ESTADO DE SÃO PAULO
Comunicação Oral Curta
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A longa permanência é um desafio para hospitais de alta complexidade no Brasil. Dificuldades operacionais, gerenciais e na transição de cuidado reduzem o giro de leitos e a oferta de assistência adequada. Compreender esses fatores favorece a criação de ações integradas, ampliando a capacidade operacional e a resolutividade do serviço.
Objetivos
Mapear e compreender os entraves operacionais que dificultam a alta oportuna nos pacientes em longa permanência de um Hospital Estadual do estado de São Paulo, referência macrorregional, e propor um plano de ação para o enfrentamento da situação.
Metodologia
Todos os pacientes com permanência hospitalar superior a 10 dias foram selecionados diariamente por um período de 15 dias, no qual a equipe assistencial criou um banco de dados anonimizado e não rastreável. Buscou-se o motivo de internação, motivo diário de permanência hospitalar, análise do itinerário terapêutico individual e entraves para alta. A partir dos dados coletados, a equipe de análise do Núcleo de Qualidade e Segurança em Saúde realizou reuniões estratégicas com setores do hospital a fim de detalhar os resultados. Por fim, a partir da metodologia do Lean Healthcare, produziu-se uma análise pelo diagrama de Ishikawa e um Plano de Ação com foco em melhoria contínua.
Resultados
Foram analisadas informações de 1715 pacientes-dia, sendo 295 pacientes, 63,8% com condições clínicas de internação. 53,3% (906) corresponderam às especialidades de cardiologia, hematologia, psiquiatria, medicina interna, gastrocirurgia e neurologia. Dentre essas 6 especialidades, os motivos de permanência foram categorizados em: sob governabilidade gerencial (30,1%) ou não (69,9%). Desta forma, conseguiu-se mapear entraves operacionais que eram passíveis de melhoria, como demandas relativas ao serviço social, procedimentos diagnósticos e desospitalização. A partir disso, o diagrama de Ishikawa e o Plano de Ação foi construído e está em implementação.
Conclusões/Considerações
Os entraves no manejo de pacientes de longa permanência são múltiplos e exigem alta capacidade gerencial e forte atuação assistencial. O diagnóstico situacional permitiu identificar pontos críticos e aplicar ferramentas de gestão da qualidade, viabilizando um plano de ação focado na melhoria assistencial. O método desmistificou percepções e canalizou esforços internos e externos para a melhoria contínua.
ELEMENTOS QUE INFLUENCIAM A PERMANÊNCIA DE MÉDICOS NO PROJETO MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL: ANÁLISE DE UM INQUÉRITO NACIONAL
Comunicação Oral Curta
1 CIDACS/Fiocruz
2 ISC/UFBA
3 UNEB
4 IMS/UFBA
Apresentação/Introdução
Programas de provimento de médicos em serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) têm sido implementados globalmente para enfrentar a escassez desses profissionais, especialmente em áreas mais vulneráveis. No entanto, além do provimento, é preciso conhecer e implementar estratégias para garantir a sua permanência nos serviços, evitando a descontinuidade do cuidado.
Objetivos
Identificar os principais elementos que influenciam a permanência de médicos no Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB), no Brasil e em suas regiões.
Metodologia
Estudo transversal, de abrangência nacional, realizado por meio de inquérito online, com 1.345 médicos. Os participantes do estudo foram profissionais médicos que atuavam no Programa Mais Médicos entre novembro de 2024 a março de 2025. Os questionários foram enviados aos médicos do PMMB, com auxílio de equipes do Ministério da Saúde. Os elementos que influenciam a permanência dos profissionais englobavam incentivos financeiros, formação e suporte técnico, condições de trabalho e infraestrutura, afinidade profissional e aspectos pessoais. A análise estatística envolveu o cálculo de frequência absoluta e relativa e as análises foram estratificadas por região.
Resultados
Afinidade com o trabalho na APS (79,2%), com a equipe (66,1%), vínculo com a comunidade (65,2%), apoio em educação permanente (63,4%), boa relação com gestores (57,0%), valor da bolsa (56,1%) e oferta de cursos (56,0%) foram os elementos mais importantes para permanência no PMMB, sem grandes diferenças segundo regiões. Além disso, 51,0% dos médicos da Região Norte referiram que indenização por permanência ininterrupta era relevante, enquanto infraestrutura no trabalho foi importante para os médicos do Sudeste (53,3%) e do Centro-Oeste(52,9%). Proximidade com a família (54,1%) e condições de vida do município (51,8%) foram importantes para médicos no Centro-Oeste.
Conclusões/Considerações
Os resultados desse estudo apontam a multiplicidade de fatores que influenciam a permanência de médicos no PMMB. Desse modo, apesar de atributos pessoais figurarem como pontos importantes, os programas de provimento precisam contemplar estratégias que combinem incentivos financeiros, ofertas educacionais e estrutura dos estabelecimentos de saúde para garantir a permanência dos profissionais e evitar a interrupção dos serviços à população.
REPERCUSSÕES DA TERCEIRIZAÇÃO DE UM HOSPITAL PÚBLICO PARA UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA
Comunicação Oral Curta
1 FSP - USP
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas, os serviços públicos de saúde têm assistido a uma redução drástica nos seus quadros de funcionários efetivos e à crescente terceirização da sua gestão, o que tem implicado na terceirização da força de trabalho, com repercussões nos programas de residência em saúde.
Objetivos
Contextualizar o processo de terceirização de um hospital pediátrico público do estado de São Paulo; analisar as repercussões da terceirização para um programa de residência médica em pediatria.
Metodologia
Estudo de caso único, exploratório e qualitativo, realizado em um hospital pediátrico público de São Paulo/SP, desenvolvido a partir de pesquisa documental e pesquisa de campo. Foram objetos da análise documental os contratos de gestão e termos aditivos firmados entre o Poder Público e as organizações sociais. O campo foi operacionalizado mediante registros em diário de campo e 14 entrevistas com ex-coordenadores do programa e preceptores de regime estatutário e terceirizados. Documentos, diário de campo e entrevistas foram analisadas quanto ao seu conteúdo.
Resultados
O processo de terceirização do hospital foi iniciado em 2021, durante a pandemia, abrangendo os leitos de UTI pediátrica e os leitos de enfermaria pediátrica criados para enfrentamento da covid-19. Em 2022, a terceirização foi ampliada para o setor de emergência. As repercussões da terceirização incluem a mudança do perfil de médicos preceptores (mais jovens, com pouca experiência e menor qualificação profissional); a precarização dos vínculos profissionais dos preceptores, com contratos por “pejotização”, sem garantias trabalhistas e remuneração específica para as atividades de ensino e com baixa perspectiva de permanência; e a fragilização da função pedagógica que os preceptores exercem.
Conclusões/Considerações
A terceirização acarreta a precarização dos vínculos e altera a base relacional e institucional sobre a qual se apoia a residência médica, dificultando o trabalho em equipe e a construção de conhecimento e saberes práticos, valores éticos e condutas clínicas que se constroem na relação direta entre preceptor e residente.
TRABALHO COLABORATIVO ENTRE EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS (EMULTI) E EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA: PLANEJAMENTO, COMUNICAÇÃO E ARTICULAÇÃO DO TRABALHO
Comunicação Oral Curta
1 IMS-UFBA
2 IMS-UFBA; CES-UC
Apresentação/Introdução
A criação das Equipes Multiprofissionais (eMulti), com a inclusão de novas profissões na APS e a proposta se ampliação do escopo de práticas, constitui-se em importante iniciativa para fortalecer a Atenção Primária à Saúde (APS). A integração e articulação do trabalho entre eMulti e Equipes de Saúde da Família (eSF) são ainda pouco conhecidas e estratégicas para ampliar a resolubilidade na APS.
Objetivos
Analisar o desenvolvimento do trabalho colaborativo entre as equipes Multiprofissionais (eMulti) e equipes da Saúde da Família (eSF) em municípios do Nordeste do Brasil.
Metodologia
Estudo de casos comparados sobre o trabalho colaborativo e a prática interprofissional na APS. Os casos foram constituídos pelos municípios de Guanambi e Vitória da Conquista, na Bahia. A seleção dos casos considerou as peculiaridades do trabalho das eMulti: Vitória da Conquista, ênfase na atuação grupal; e Guanambi, foco no atendimento individual. Foram realizadas 81 entrevistas semiestruturadas (33 profissionais da eMulti; 23 profissionais das eSF; 05 gestores e 20 usuários). Também se utilizou de observação direta da atuação da eMulti e análise documental. Para análise, utilizou-se uma matriz teórica composta pelas dimensões: Planejamento das ações; Comunicação; Articulação do trabalho.
Resultados
O desenvolvimento do trabalho colaborativo se mostrou fragilizado em ambos os casos. Não se identificou diferenças na colaboração interprofissional em razão das diferenças de organização do trabalho das eMulti. Na dimensão planejamento das ações, evidenciou-se inexistir planejamento regular de ações entre eMulti e eSF. Sobre a comunicação, identificou-se uma comunicação informal e superficial, principalmente via aplicativos de mensagens. O PEC foi apontado como meio potente de compartilhamento de casos, mas pouco usado para essa finalidade. A dimensão articulação do trabalho demonstrou predomínio de trabalho fragmentado, com encaminhamentos esporádicos e sem fluxo regular estabelecido.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou que o trabalho interprofissional entre eMulti e eSF se desenvolve de forma desarticulada e pouco colaborativa. Ressalta-se as peculiaridades inerentes às eSF e eMulti e a complexidade para a articulação do cuidado frente às visões e rotinas de cada equipe. Sugere-se o fortalecimento da educação permanente, o estabelecimento de espaços de discussão nas agendas das equipes e a institucionalização de mecanismos de comunicação.
A EXPERIÊNCIA DA COMISSÃO ESPECIAL DE PROMOÇÃO DA EQUIDADE DE GÊNERO NO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO (RS) E SEUS EFEITOS INSTITUCIONAIS
Comunicação Oral Curta
1 Grupo Hospitalar Conceição
Período de Realização
Outubro de 2022 até o presente, com atividades contínuas na gestão e formação institucional.
Objeto da experiência
Reconstrução e atuação da Comissão Especial de Promoção da Equidade de Gênero (Cegênero) no Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, RS.
Objetivos
Relatar o processo de reestruturação da Comissão de Promoção da Equidade de Gênero (Cegênero) no Grupo Hospitalar Conceição, destacando seus efeitos, com foco na equidade e em práticas institucionais voltadas ao cuidado em saúde, às relações de trabalho e à formação permanente.
Descrição da experiência
A Cegênero foi reativada em 2022, propondo diretrizes e ações voltadas à promoção da equidade de gênero no GHC, em consonância com as políticas do SUS. A Comissão articula diferentes setores da instituição, promovendo espaços de formação, escuta e apoio relacionados a gênero e sexualidade. A experiência inscreve-se nos esforços de enfrentamento às desigualdades estruturais que operam na sociedade e transbordam nas práticas institucionais, determinando condições nas relações de trabalho.
Resultados
A Cegênero tensionou o direito ao uso do nome social em prontuários e o reconhecimento institucional da diversidade de gênero, com atividades formativas com foco em gênero, raça e sexualidade, junto a outras comissões, desde a necessidade da perspectiva interseccional para abordar as iniquidades. Criou canais de escuta qualificada para trabalhadoras/es expostas/os a discriminações de gênero, fortalecendo o compromisso e o alinhamento institucional com políticas públicas em um hospital 100% SUS.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidencia que a promoção da equidade de gênero no SUS demanda a institucionalização de práticas antidiscriminatórias que considerem as interseções entre gênero, raça e classe. Inspirada nos estudos interseccionais, a iniciativa parte do reconhecimento da complexidade das opressões que atravessam os sujeitos. A atuação da Cegênero aponta a necessidade de integrar ações de gestão, cuidado e educação permanente para enfrentar desigualdades produzidas historicamente.
Conclusões e/ou Recomendações
A institucionalização da equidade de gênero exige esforços contínuos de escuta, formação e construção de políticas internas comprometidas com os princípios do SUS. A experiência da Cegênero demonstra que comissões permanentes podem produzir deslocamentos nas práticas institucionais, especialmente quando articuladas à perspectiva interseccional. Recomenda-se seu fortalecimento como estratégia de gestão pública orientada pela justiça social.
NECESSIDADE DE REABILITAÇÃO E OFERTA DE FORÇA DE TRABALHO NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Universidade de São Paulo - Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina
2 Universidade Federal do Amazonas - Faculdade de Fisioterapia e Educação Física
3 Universidade Federal do Amazonas - Departamento de Morfologia, Instituto de Ciências Biológicas
4 Universidade Estadual de Ohio - Divisão de Terapia Ocupacional, Escola de Ciências da Saúde e Reabilitação
Apresentação/Introdução
A transição demográfica e epidemiológica no Brasil tende a levar a população à um declínio funcional importante. A reabilitação é uma intervenção em saúde fundamental para evitar esse contexto. Assim, faz-se necessário um olhar sobre a relação entre a força de trabalho em reabilitação no Brasil e as necessidades para este serviço, a fim de adequado planejamento em saúde.
Objetivos
Apresentar as necessidades e a oferta de força de trabalho em reabilitação das regiões brasileiras para o ano de 2019.
Metodologia
Estudo ecológico de dados secundários de: i. anos vividos com incapacidades (inglês: Years Lived with Disabilities, YLD) devido às necessidades de reabilitação para todas idades, a partir do estudo do Global Burden Disease; ii. oferta por taxas dos profissionais de reabilitação (fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional) atuantes na atenção primária e especializada ambulatorial no SUS, calculadas a partir da carga horária completa dos profissionais (40h semanais) coletadas dos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos em Saúde. Ambos os dados referem-se ao ano de 2019, apresentados por regiões brasileiras e por 10.000 habitantes.
Resultados
A força de trabalho na reabilitação variou de 2,28 profissionais por 10.000 na região Norte (16,4%) para 3,31 no Sul (23,8%); enquanto a maior taxa de YLD por necessidades de reabilitação está no Sudeste (613 por 10.000; 22,2%), seguida do Sul (609; 22,1%) e a menor no Norte (469; 17%). Quanto às porcentagens, observamos oferta e necessidades equilibradas entre as regiões brasileiras, apesar da oferta ser ligeiramente maior nas regiões sul e nordeste em relação à necessidade, e menor nas demais regiões. Entre os profissionais, as maiores taxas em todas as regiões foram para fisioterapeutas e psicólogos, variando entre 1,29 e 1,38 por 10.000, e a menor para terapeutas ocupacionais (0,26).
Conclusões/Considerações
A oferta de força de trabalho em reabilitação está equilibrada com as necessidades entre as regiões geográficas brasileiras, apesar de aparentemente insuficiente. É necessário entender a magnitude da insuficiência e a qualidade do acesso da população. Apesar da oferta equilibrada regionalmente, é importante especificar os contextos locorregionais estaduais e de regiões de saúde, considerando a diversidade de um país continental como o Brasil.
PROCESSO DE TRABALHO NOS CENTROS ESPECIALIZADOS DE REABILITAÇÃO DO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 UFJF
2 Unifal
3 UFMS
4 UFPB
Apresentação/Introdução
A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, apresenta como pontos de atenção ambulatorial especializados, os Centros Especializados de Reabilitação (CER). A avaliação do processo de trabalho dos profissionais do CER ajuda a conhecer como os profissionais se comportam na produção do cuidado e organização da rede, pois isso influencia na segurança do paciente e na qualidade da assistência.
Objetivos
O estudo objetivou descrever o processo de trabalho nos Centros Especializados de Reabilitação (CER) e sua associação com características individuais dos trabalhadores e de contexto das macrorregiões de saúde onde os serviços estão inseridos.
Metodologia
Estudo multicêntrico e transversal, onde para análise do processo de trabalho, foi utilizada parte de um questionário autoaplicável. Foi realizada análise descritiva e análise inferencial bivariada seguida de Modelo de Regressão Linear Assimétrico.
Resultados
Foram realizadas análise de dados dos trabalhadores de 97 CER, distribuídos nas cinco regiões geográficas brasileiras. A amostra foi composta por 1.826 trabalhadores de CER, sendo 27,6% fisioterapeutas, 18,9% fonoaudiólogos e 14,6% de psicólogos. Grande parte da amostra nunca realizou ou não sabe o que é Projeto Terapêutico Singular (PTS) e Apoio Matricial. Também não é prática rotineira, estabelecimento de fluxos e práticas de cuidado à saúde de usuários de forma articulada entre serviços de saúde da rede de ensino. A cobertura da Atenção Básica (AB) apresentou relação não linear com o processo de trabalho.
Conclusões/Considerações
Conclui-se a necessidade de adaptação em ações que envolvam comunicação entre os pontos da Rede de Atenção, como matriciamento e estabelecimento de fluxo. A cobertura de AB não influenciou no processo de trabalho, o que pode ser decorrente da falta de profissionais da reabilitação na AB, sobrecarregando os profissionais do CER.
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E DISPARIDADES REGIONAIS. BRASIL, 2013-2023
Comunicação Oral Curta
1 UFRJ
2 UERJ
3 UFMG
Apresentação/Introdução
Apesar da expressiva representatividade dos profissionais de enfermagem, no Brasil são escassas as análises sobre dinâmicas demográficas e socioeconômicas, sobretudo aquelas realizadas com base em dados nacionalmente representativos. Se estiverem alinhadas às características populacionais das regiões, aventa-se a hipótese que profissionais do Sul e Sudeste experimentam condições cada vez mais favoráveis ao longo do tempo.
Objetivos
Descrever indicadores demográficos e socioeconômicos dos enfermeiros e técnicos de enfermagem residentes nas regiões do Brasil, em perspectiva comparada entre os anos de 2013 e 2023.
Metodologia
Os dados foram extraídos da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio contínua (dados anuais de 2013 e 2023), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Enfermeiros e técnicos de enfermagem foram identificados pelos respectivos códigos presentes na variável ocupação no trabalho. Foram selecionadas as variáveis: sexo, idade, cor ou raça, rendimento nominal. As análises consideraram aspectos referentes ao processo de amostragem probabilística (estratos e pesos amostrais). As estimativas foram estratificadas para as 5 regiões do Brasil e comparações entre os anos de 2013 e 2022 informaram as variações e tendencias das condições de vida nas ao longo de uma década.
Resultados
O contingente de técnicos e enfermeiros dobrou entre os períodos, passando de 873 mil, em 2013, para 1,7 milhões de profissionais em 2023. A maioria era formada por técnicos de enfermagem (67,7%). Enfermeiros de cor branca, no Sul, passaram de 90,0% para 73,0% do total m 2023. Autodeclarados pretos e pardos aumentaram 4,5 pontos percentuais entre o período. O estrato de enfermeiros de menor renda tiveram VPA = 14,4%, enquanto técnicos no mesmo estrato tiveram 1,7% de aumento. As mais expressivas diferenças na redução de rendimento ocorreram nas regiões Sul e Sudeste.
Conclusões/Considerações
Apesar do aumento dos contingentes no Brasil, os volumes de população regionais pouco se alteraram, pois, as regiões Sul/Sudeste seguem com maior parte dos profissionais. Renda e cor/raça estavam associadas e revelaram que brancos apresentaram condições mais favoráveis de trabalho e renda, em relação aos pretos e pardos. Dados nacionais corroboraram a necessidade de políticas trabalhistas que valorizem o trabalho do maior segmento de trabalhadores da saúde no Brasil.

Realização: