
Programa - Pôster Eletrônico - PE25 - Políticas e Gestão do Trabalho em Saúde
PRÁXIS GERENCIAL NA PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS EM CARGOS DE LIDERANÇA
Pôster Eletrônico
1 UERJ
2 UNIFAA
3 Faculeste
4 UAS
Apresentação/Introdução
A enfermagem atual exige habilidades assistenciais e gerenciais, ampliando sua atuação para além do cuidado, como na gestão hospitalar, onde o enfermeiro é reconhecido como líder. Historicamente, o enfermeiro transcende o papel de cuidador para o de gestor, no entanto, persiste a visão limitada que restringe sua função à assistência.
Objetivos
Identificar e analisar a percepção dos enfermeiros líderes sobre sua práxis gerencial, desafios enfrentados e ferramentas utilizadas para desenvolver habilidades interpessoais.
Metodologia
Este estudo é do tipo exploratória, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado em 2024, em um hospital escola na região sul fluminense do RJ. Participaram 30 enfermeiros com mais de 6 meses no cargo. As entrevistas, com roteiro semiestruturado, foram gravadas, transcritas e organizadas no Excel® por três digitadores. A análise ocorreu em três etapas: leitura flutuante, codificação e categorização temática. As falas foram examinadas para identificar sentidos e compreender a práxis gerencial dos participantes. O estudo seguiu a Resolução 466/2012 e aprovado pelo CEP do Centro Universitário de Valença (parecer nº 7.107.991).
Resultados
A análise dos depoimentos dos 30 enfermeiros resultou em quatro categorias: (1) a trajetória profissional e formação, evidenciando que muitos iniciaram como técnicos e destacam a importância de currículos mais completos; (2) desafios na gestão, como conflitos e sobrecarga, exigindo capacitação; (3) habilidades interpessoais, com destaque à comunicação, empatia e escuta ativa; e (4) perspectivas de melhoria, com ênfase em capacitação contínua, melhores condições de trabalho e autonomia. Os dados reforçam que o fortalecimento da liderança exige preparo técnico, humano e institucional.
Conclusões/Considerações
O estudo indica que a liderança em Enfermagem requer conhecimento técnico, habilidades interpessoais, gestão de pessoas e boa comunicação. As entrevistas destacaram a importância de uma liderança flexível e colaborativa, que favoreça um ambiente saudável e melhore o cuidado ao paciente. Para fortalecê-la, são essenciais políticas institucionais que integrem gestão, comunicação e capacitação contínua.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE SAÚDE A NÍVEL ESTADUAL: PERFIL E DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL EM 2023.
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
Este trabalho buscou analisar o perfil das Organizações Sociais de Saúde (OSS) com contratos vigentes junto às Secretarias Estaduais de Saúde (SES) em 2023, destacando sua distribuição geográfica, dados cadastrais e financeiros, além de apontar desafios de transparência e acesso a informações atualizadas.
Objetivos
Essa pesquisa teve como objetivo analisar o perfil das Organizações Sociais de Saúde que portavam contrato em vigência com as Secretarias Estaduais de Saúde dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal no ano de 2023.
Metodologia
As informações referentes às 67 OSS analisadas foram obtidas por meio dos portais da transparência, dos sites das SES e das próprias OSS. As organizações foram categorizadas de acordo com o estado onde atua, onde e quando foi fundada.
As atividades econômicas principais foram consultadas na plataforma governamental destinada à emissão do CNPJ. Já os demonstrativos financeiros e os estatutos sociais foram extraídos diretamente dos sites das respectivas instituições. No entanto, em alguns casos, o acesso aos relatórios financeiros de 2023 foi comprometido por problemas nos portais de transparência, como a limitação de acesso e a dificuldade de localização dessas informações.
Resultados
O estado de São Paulo lidera na contratação de OSS (26), seguido por Pernambuco (11). Ceará, Piauí e Pará contam com apenas uma OSS contratada cada. Em 12 estados, não foram encontrados contratos vigentes. As OSS se concentram na região Sudeste, com destaque para São Paulo, que possui 25 filiais; no Norte, há apenas uma.
Poucas OSS foram fundadas entre as décadas de 60 e 80, com crescimento acentuado entre 1980 e 2000, provavelmente por mudanças legais, mantendo-se estável depois de 2000.
Das 67 OSS identificadas, só 38 divulgaram os balanços financeiros de 2023; das demais não foram encontradas ou tiveram o acesso restrito.
Conclusões/Considerações
A pesquisa evidenciou a concentração das OSS na região Sudeste, e a baixa presença na região Norte. Além disso, foi observado uma grande dificuldade de acesso a dados atualizados e padronizados.
A ausência de transparência e de padronização prejudica a fiscalização e análise crítica sobre esses contratos. Esses resultados destacam a importância de políticas públicas que assegurem mais clareza, uniformidade e acesso à informação na gestão do SUS.
ANÁLISE DAS DESIGUALDADES REMUNERATÓRIAS DA FORÇA DE TRABALHO EM SAÚDE NAS REGIÕES DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
A força de trabalho em saúde (FTS) no Brasil apresenta heterogeneidade remuneratória, influenciada por regimes de contratação (estatutário e CLT) e disparidades regionais. Este estudo analisa essas diferenças, considerando salários, benefícios e adicionais, para identificar padrões e desigualdades entre regiões e vínculos empregatícios, contribuindo para o debate sobre equidade no setor.
Objetivos
Analisar as disparidades remuneratórias entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem nas regiões brasileiras, comparando vínculos estatutários (RJU) e celetistas (CLT) no serviço público de saúde.
Metodologia
Por meio dos portais da transparência das secretarias estaduais de saúde dos estados brasileiros, coletaram-se os dados de remuneração bruta média de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem referentes a setembro de 2024. Selecionaram-se cinco estados, um por região: Acre (Norte), Goiás (Centro-Oeste), Rio Grande do Norte (Nordeste), Santa Catarina (Sul) e Espírito Santo (Sudeste). Analisaram-se os vínculos ativos de servidores estatutários (RJU) e celetistas (CLT), calculando-se as médias aritméticas das remunerações, sem ajuste pela carga horária individual. A seleção dos estados considerou não apenas a distribuição geográfica, mas também a disponibilidade dos dados.
Resultados
No Acre, médicos RJU tiveram média salarial (R$25.081) superior à CLT (R$20.608). Enfermeiros e técnicos RJU também apresentaram vantagem remuneratória (R$11.234 vs R$10.566 e R$5.816 vs R$5.019). Em Goiás, médicos CLT receberam mais que RJU (R$12.370 vs R$11.819), padrão invertido para enfermeiros (R$10.109 vs R$6.920) e técnicos (R$5.680 vs R$4.230). No RN, médicos CLT (R$16.849) superaram RJU (R$14.112), enquanto RJU prevaleceram em enfermeiros (R$7.534 vs R$5.540) e técnicos (R$4.506 vs R$4.148). Em SC, RJU obtiveram melhores rendimentos em todas as categorias (ex.: médicos R$27.254 vs R$18.873). No ES, RJU mantiveram vantagem, exceto técnicos (R$5.878 vs R$4.182).
Conclusões/Considerações
Evidenciou-se que a maior FTS é representada pela enfermagem. O regime CLT predominou no Sul, Sudeste e Nordeste, enquanto o estatutário prevaleceu no Centro-Oeste e Norte. Estatutários tiveram remunerações superiores, exceto em alguns casos. Médicos apresentaram disparidades regionais, com maiores salários no Sul e Norte. As desigualdades remuneratórias entre regimes e regiões exigem políticas públicas para equidade salarial no setor saúde.
REMUNERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO POR NÍVEIS DE ATENÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A FORÇA DE TRABALHO EM SAÚDE NO ESTADO DO AMAZONAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro
Apresentação/Introdução
A expansão do SUS ampliou a rede de saúde no Brasil, com desafios como disparidades regionais e precarização laboral. No Amazonas, particularidades geográficas e a forte presença de vínculos temporários (como o Mais Médicos) tornam relevante analisar a distribuição da força de trabalho (FTS) por níveis de atenção e regimes contratuais (RJU x CLT), visando subsidiar políticas públicas equitativas.
Objetivos
Analisar a distribuição de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem nos níveis de atenção primária, secundária e terciária no Amazonas, comparando vínculos estatutários (RJU) e celetistas (CLT) e seu impacto nas remunerações.
Metodologia
Estudo quantitativo-descritivo utilizando dados públicos do Portal da Transparência da Secretaria de saúde do Amazonas, referente a setembro/2024. Foram extraídos registros de servidores ativos contendo: lotação, remuneração bruta e carga horária. As categorias analisadas (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem) foram classificadas por nível de atenção: Primária (UBS, postos de saúde), Secundária (ambulatórios especializados, diagnóstico), Terciária (hospitais, UPAs) e outros (gestão, vigilância). Utilizou-se Excel para calcular médias remuneratórias, carga horária e distribuição percentual por nível de atenção, com análise estatística descritiva no próprio excel.
Resultados
Identificou-se 748 médicos RJU com média R$11.155,26, para 139,44h/mês e 27 CLT com R$13.009,88 e 156,82h/mês. Destes, 58% atuando na atenção terciária (hospitais/UPAs), 20,9% na secundária e apenas 2,7% na primária. Entre os profissionais da enfermagem (3.040 enfermeiros e 7.371 técnicos,), 80% dos enfermeiros e 79% dos técnicos concentravam-se na terciária. Enfermeiros estatutários recebiam R$9.792,70 (120h) e técnicos R$4.059,46 (160h). A análise por hora trabalhada revelou disparidades: os médicos RJU tiveram R$ 139,44/h e os CLT R$ 156,82/h, enfermeiros RJU (R$81,60/h) versus CLT R$25,37/h, padrão reiterado para técnicos R$28,64 versus R$12,18/h.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou que a maior FTS é composta pela enfermagem. A maior concentração, de médicos e enfermagem, se deu na rede hospitalar. Os estatutários predominaram em hospitais e na atenção especializada, com remunerações superiores aos temporários - exceto para médicos, possivelmente devido a incentivos como o Programa Mais Médicos. As disparidades refletem diferenças nos planos de carreira e desafios regionais na alocação de profissionais.
PRÁTICA DA ENFERMEIRA NA SALA DE VACINAÇÃO DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A vacinação é uma das medidas mais eficazes na prevenção e controle das doenças infectocontagiosas, mas tem sido um desafio no século XXI. No Brasil foi criado em 1973 o Programa Nacional de Imunizações (PNI). A enfermeira se destaca, historicamente, nas salas de vacinação por ter a responsabilidade legal e ética sobre a equipe de enfermagem que atua neste espaço, sendo esta uma função específica.
Objetivos
Descrever a prática da enfermeira na sala de vacinação da Unidade Básica de Saúde (UBS).
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa, realizada nas bases de dados MEDLINE, LILACS e BDENF. Os descritores selecionados foram: Enfermeiro; Vacinação; Atenção Primária à Saúde; Trabalho; Programa Nacional de Imunizações (PNI); Gerência de Enfermagem. A busca foi realizada em janeiro de 2025. Inicialmente foram identificadas 273 produções científicas, a partir dos critérios de inclusão (artigos científicos [AC] disponíveis na íntegra; nos idiomas português, inglês e espanhol; publicados entre 1994-2024). Após as etapas de leitura de títulos, resumos, AC na íntegra, foram selecionados 9 AC para análise e respeitados os aspectos éticos (fidedignidade das informações publicadas).
Resultados
Os AC selecionados abordam a importância da enfermeira no processo de vacinação no Brasil, destacando sua função gerencial e a necessidade de sua atuação mais próxima da sala de vacinação, uma vez que é a responsável técnica por este espaço. Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), as enfermeiras das Unidades Básicas de Saúde (UBS) acumulam atribuições (assistenciais e gerenciais) e não priorizam as ações de vacinação (planejamento, supervisão da equipe, educação permanente e em saúde e avaliação da cobertura vacinal), comprometendo a qualidade do cuidado na sala de vacinação. As auxiliares/técnicas de enfermagem acabam executando as atividades de vacinação, sozinhas.
Conclusões/Considerações
A enfermeira deve promover o acesso à vacinação para a população e o envolvimento da equipe neste processo por meio da educação permanente e em saúde; da supervisão sistematizada para aperfeiçoar a prática, proteger a população; buscar sua qualificação/atualização em vacinação. A articulação do conhecimento científico, a reflexão sobre as suas experiências, podem possibilitar a esta profissional, um (re)pensar da sua prática na sala de vacinação.
ATITUDES PARA A EFETIVAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO NOS CUIDADOS PRIMÁRIOS À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UEA
Apresentação/Introdução
Recentemente, a humanização ascendeu ao status de princípio constitucional, equiparando-se aos demais princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso demanda mudanças nas relações entre gestores, profissionais e usuários. O cuidado humanizado deve refletir posturas e atitudes ético-político-culturais, voltadas ao respeito das singularidades e ao atendimento das necessidades dos usuários.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é descrever as atitudes dos atores inseridos no campo dos cuidados primários à saúde, voltadas à efetivação do cuidado humanizado no âmbito do SUS.
Metodologia
Este resumo é um recorte de uma revisão integrativa intitulada "As estratégias, potencialidades e desafios para a incorporação da humanização no campo das práticas de cuidados primários à saúde". Buscou-se dar ênfase à descrição das atitudes dos atores inseridos no contexto dos cuidados primários à saúde, visando à efetivação do cuidado humanizado, por meio de três dimensões: ética, política e cultural.
Resultados
Mudanças nas atitudes de gestores e profissionais significam, na dimensão ética, mais que empatia, cordialidade e gentileza, perpassando o entendimento de que cada ser humano é único, com valores socioculturais que precisam ser considerados na mesma medida que suas demandas e necessidades de saúde. Na dimensão política, voltam-se para a aplicação dos princípios e valores do SUS e, particularmente da humanização, tais como a gestão participativa, o acolhimento por meio da escuta qualificada, a clínica ampliada e o estabelecimento de vínculos terapêuticos. A dimensão cultural traduz-se no rompimento de preconceitos e no reconhecimento das diversidades em todas as suas sutilezas e nuances.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que as atitudes para a humanização na APS materializam-se em dimensões éticas, políticas e culturais. Propõe-se a efetivação da gestão participativa, do acolhimento, da escuta qualificada, do estabelecimento de vínculos e do rompimento de preconceitos. É necessário um contínuo investimento em formação e constante revisão das práticas, essenciais para transformar o princípio legal em uma realidade concreta no cotidiano dos serviços.
MATERNAGEM, TRABALHO E SAÚDE: PERCEPÇÃO DE GESTORES DO SUS EM JOINVILLE SOBRE DESAFIOS, DIREITOS E SUPORTE OFERTADO
Pôster Eletrônico
1 Universidade da Região de Joinville - Univille
2 Secretaria de Saúde de Joinville
Apresentação/Introdução
Determinantes sociais da saúde influenciam as condições de vida de um indivíduo, seja no âmbito cultural ou socioeconômico, e o trabalho é um destes. No Sistema Único de Saúde, normativas e decisões gerenciais impactam a saúde dos trabalhadores que exercem o cuidado, este que não se limita ao ambiente laboral e se estende aos seus lares pelo desempenho da maternidade, maternagem e paternidade.
Objetivos
O objetivo deste estudo é compreender o entendimento de gestores da saúde sobre a maternagem e os direitos do servidor público do município sobre as questões relativas à maternagem, que nortearão as
futuras ações PET Saúde.
Metodologia
Configura-se como um estudo exploratório qualitativo, com parecer de aprovação do CEP no 7.309.514, realizado com profissionais da saúde pública de Joinville/SC que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) como gestores, na Atenção Primária à Saúde ou no Hospital Municipal. Para coleta dos dados, encaminhou-se aos respectivos gestores, via e-mail, um Formulário Eletrônico anônimo, com questões abertas e fechadas sobre maternagem, trabalho e assistência laboral, sendo analisados pela técnica de categorização temática. Como critério de inclusão constava o aceite e estar em cargo de gestão no momento da pesquisa, como critério de exclusão o formulário incompleto.
Resultados
Obteve-se uma amostra de 30 participantes, 66,7% sexo feminino, 90% cor de pele autodeclarada branca, com idade média de 45 anos, 63,3% especialistas. Quanto à atuação, 8 estão na APS, 8 na atenção especializada, 10 em hospital e os demais em outros pontos da rede. Destes, 90% conhecem o termo maternidade, enquanto apenas 50% conhecem a maternagem. Referente à instrução sobre, 16,7% referem ter recebido alguma, e 40% referem estar preparados para o atendimento de suas equipes. Quando da sua vivência como servidor e maternagem, 26,7% consideram o suporte insuficiente. E dos próprios gestores 50% não sabem onde ir ou com quem falar para assegurar seus direitos relacionados à maternagem.
Conclusões/Considerações
Embora exista a percepção de que o suporte à maternagem no SUS seja eficiente, há uma lacuna na preparação dos gestores, aparentemente com certo grau de desconhecimento do estatuto do servidor ou de adesão inflexível a este. Evidente a necessidade de maior sensibilização dos gestores, considerando seu papel essencial na construção de um ambiente de trabalho justo que valorize a maternagem.
A CONFIGURAÇÃO SUBJETIVA SOCIAL DO APOIO MATRICIAL: DESAFIOS E POTÊNCIAS NO TRABALHO DE DUAS EQUIPES EMULTI NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM CAMPINAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
2 Universidade de Brasília - UnB
Apresentação/Introdução
O apoio matricial é uma prática relacional e crítica no cuidado interdisciplinar da APS. Este estudo investigou desafios e potências do trabalho interprofissional de duas equipes eMulti de Campinas, com base na Teoria da Subjetividade, considerando mudanças históricas e processos de precarização no trabalho em saúde.
Objetivos
Compreender a configuração subjetiva social do apoio matricial em duas equipes eMulti de Campinas, analisando as produções subjetivas dos profissionais diante dos desafios e potenciais desse trabalho.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, fundamentada na metodologia construtivo-interpretativa de González Rey, que utiliza o diálogo como instrumento central, favorecendo a expressão espontânea dos participantes sobre o apoio matricial e o trabalho na APS. Participaram profissionais de duas equipes eMulti de Campinas. As informações foram construídas por meio de dinâmicas conversacionais durante reuniões e interações informais. A análise foi organizada em dois eixos interpretativos, correspondentes a cada equipe, buscando compreender como se configura subjetivamente o apoio matricial diante dos tensionamentos institucionais e das vivências cotidianas.
Resultados
Nas duas eMulti estudadas, a precarização e o desmonte das políticas públicas compunham a subjetividade social hegemônica, marcada pelo neoliberalismo. Cada equipe, porém, vivenciou esse cenário de forma singular. Na eMulti 1, prevaleceram sentidos subjetivos de desmobilização, burocratização e inércia, distanciando-se da lógica matricial. Já na eMulti 2, emergiram práticas críticas e relações dialógicas de qualidade que tornaram-se recursos significativos para o enfrentamento das fragilidades institucionais. Essa dimensão crítica e relacional resgata o apoio matricial como postura ética e política do cuidado interprofissional, em contraposição ao viés utilitarista que tem ganhado espaço.
Conclusões/Considerações
O apoio matricial, atravessado por disputas políticas e precarização, revela-se prática potente quando sustentado por vínculos, diálogo e implicação. Compreender as produções subjetivas dos profissionais das eMulti é essencial para enfrentar os efeitos da racionalidade neoliberal e fortalecer práticas alinhadas aos princípios do SUS, que valorizem o cuidado, a coletividade e o trabalho interdisciplinar/interprofissional.
GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE NA PERSPECTIVA DE GESTORES MUNICIPAIS
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado de Mato Grosso.
2 SMS/NOBRES.
Apresentação/Introdução
Em contextos marcados por reformas administrativas e limitações institucionais a compreensão das práticas de gestores municipais de saúde sobre os temas trabalho em saúde, gestão do trabalho e da educação na saúde torna-se essencial para novas frentes de formação e consolidação das regulamentações nas políticas públicas locais.
Objetivos
Compreender como gestores municipais de saúde conceituam e operacionalizam a gestão do trabalho e da educação na saúde.
Metodologia
Estudo qualitativo, descritivo, realizado em 2024, com gestores municipais de saúde, com no mínimo doze meses de experiência na gestão/coordenação, de um município de Mato Grosso. A coleta de dados ocorreu por meio de três grupos focais, que foram gravados, guiados por um roteiro semiestruturado que contia os eixos da política de gestão do trabalho e da educação na saúde. A gravação dos grupos focais foi transcrita e submetidas a análise temática, que foi organizada em duas categorias Compreensão dos gestores sobre Trabalho em Saúde, Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde e Práticas de gestão governamental na Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. CAAE: 79299424.1.0000.5166.
Resultados
Os gestores associam o trabalho em saúde a ações que envolvem cuidado, estrutura e qualificação. A gestão do trabalho é compreendida como organização de recursos e processos, mas há fragilidade na existência de políticas formais. Destacam-se a falta de mesas de negociação, desigualdade entre servidores efetivos e condicionados e ausência de estudos técnicos para planejamento. A gestão da educação na saúde é pontual, sem núcleo estruturado, dependendo de demandas externas. Parcerias com universidades e instâncias regionais são incipientes e descontinuadas, revelando baixa institucionalização da educação permanente.
Conclusões/Considerações
Os resultados consolidam uma análise de desafios significativos na consolidação das políticas de gestão do trabalho e da educação na saúde no nível municipal estudado. A ausência de planejamento estruturado, instâncias de negociação e políticas formais fragiliza o cuidado e a valorização dos trabalhadores. Recomenda-se investir em governança participativa, institucionalização da educação permanente e articulação intersetorial.
SISGRADE/SES-PE: INOVAÇÃO NA GESTÃO DE DESEMPENHO E VALORIZAÇÃO DE SERVIDORES DO SUS ESTADUAL
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Apresentação/Introdução
O Sisgrade, da SES-PE (Lei nº 194/2011), é um modelo de gratificação por desempenho, baseado em gestão por competências e evidências em saúde coletiva (CASTRO; MACHADO, 2021; GIL, 2022). Estruturado em três dimensões, adota critérios por cargo, avaliações mensais, padronizadas e validação por instâncias gestoras, atuando como um importante incentivo financeiro aos servidores do erário estadual.
Objetivos
Analisar a estrutura do Sisgrade. Descrever dimensões e critérios por cargo. Relacionar com a Avaliação Anual de Desempenho. Identificar inovações em relação a Lei nº 194/2011. Apontar desafios e perspectivas do Sisgrade 2.0.
Metodologia
Estudo qualitativo, do tipo estudo de caso, realizado na Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco sobre o Sistema de Gratificação de Desempenho – Sisgrade. Realizou-se em maio de 2025, a partir da análise documental das legislações, manual e demais documentos institucionais que tratam sobre o sistema. Os dados foram organizados e interpretados por meio da análise de conteúdo temática, com base em categorias pré-estabelecidas relacionadas à operacionalização do sistema (dimensões, indicadores, metas, cálculo de valores, entre outras). Por se tratar de análise de documentos públicos, não houve necessidade de solicitação de anuência a SES-PE ou de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
O Sisgrade contempla profissionais de saúde da administração direta e indireta do Estado (Lei nº 15.210/2013), divididos em quatro grupos, com 40% dos recursos destinados a médicos e cirurgiões e 60% aos demais grupos. A gratificação é calculada por pontuação mensal com base em três dimensões: unidade (peso 3), individual (peso 5) e formação (peso 4), variando conforme cargo e unidade. Inova ao incorporar critérios técnicos de produtividade e valorização profissional, compondo a Avaliação Anual de Desempenho. Desafios incluem ausência de portaria regulamentadora, indicadores defasados e dificuldades na gestão, tendo perspectiva de modernização prevista para 2025 com o Sisgrade 2.0.
Conclusões/Considerações
O Sisgrade representa uma inovação na gestão do trabalho ao incorporar critérios técnicos e valorizar o desempenho profissional, com diferenciação por cargo. Contudo, enfrenta entraves como a ausência de portaria regulamentadora, defasagem de indicadores e falhas na articulação entre áreas técnicas da SES-PE. Sua efetividade depende de base legal clara, integração tecnológica e atualização contínua, com modernização prevista no Sisgrade 2.0.
ESTRATÉGIAS PARA FIXAÇÃO DE MÉDICOS EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE, COMUNIDADES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE E ÁREAS DESPROVIDAS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UPE
2 Fiocruz-MS
3
Apresentação/Introdução
A baixa fixação médica em áreas rurais e vulneráveis do Brasil é um problema global, causando desigualdade alarmante (concentração urbana) e impactando o acesso à Saúde. Embora os programas governamentais brasileiros tenham obtido sucesso inicial na provisão, a fixação, ou seja, a permanência estável desses profissionais nessas áreas, ainda permanece um desafio.
Objetivos
Identificar estratégias para a promoção da fixação de médicos nos municípios de pequeno porte, comunidades em situação de vulnerabilidade e áreas desprovidas de assistência à saúde no Brasil.
Metodologia
Foi elaborada uma síntese de evidências com base em pergunta norteadora sobre estratégias para fixar médicos em áreas vulneráveis no Brasil nos últimos 10 anos. A busca em 18 bases de dados, incluindo literatura cinzenta, ocorreu entre abril e maio de 2024, obtendo-se 10.353 estudos. Após triagens de título, resumo e texto completo, 66 estudos foram analisados. A seleção das estratégias priorizou intervenções com evidências de impacto na fixação de médicos, além de não utilizadas nos programas governamentais. Foram incluídas apenas 2 revisões sistemáticas, uma de média e uma de baixa qualidade, e 1 revisão de escopo. Foi realizado ainda um diálogo de políticas.
Resultados
Foram identificadas três estratégias. A primeira foca em aprimorar a experiência de estudantes em áreas rurais durante o curso médico, incluindo internato. A segunda sugere o serviço médico obrigatório em áreas rurais para recém-formados, modelo internacional nunca adotado no Brasil por resistência à obrigatoriedade. A terceira propõe a criação de cotas rurais para ingresso em cursos médicos, baseada na tendência de retorno desses estudantes às suas regiões e na boa experiência no país em ações afirmativas prévias. Foram considerados ainda fatores facilitadores e dificultadores para a implementação de cada uma das estratégias no contexto brasileiro.
Conclusões/Considerações
As Políticas Informadas por Evidências buscam utilizar o conhecimento gerado por meio de síntese sistemática de estudos para embasar a tomada de decisões pelos gestores e a formulação de políticas públicas. Esta síntese de evidências identifica possíveis estratégias para a fixação de médicos em áreas vulneráveis no Brasil, porém ressalta a escassez de pesquisas com robustez metodológica sobre o tema.
A INSERÇÃO DO BACHAREL EM SAÚDE COLETIVA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS: ANÁLISE DOS EDITAIS DE SELEÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Observatório de Recursos Humanos/ UFRN
2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
Apresentação/Introdução
O bacharel em saúde coletiva é um profissional que possui a formação direcionada a contribuir com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, sendo então um ator importante para a sociedade. A inserção desse profissional nos serviços públicos de saúde possibilita um leque de oportunidades de mapeamento, compreensão dos espaços de atuação e contribui na busca por maior reconhecimento deste profissional.
Objetivos
Mapear os editais de concursos públicos para seleção do Bacharel em Saúde Coletiva; Identificar as atribuições previstas para o Bacharel em Saúde Coletiva nos editais de seleção pública
Metodologia
Estudo exploratória e descritivo, que integra a pesquisa “Bacharel em Saúde Coletiva: novo ator no cenário do SUS” realizada pelo Observatório de Recursos Humanos da UFRN, com financiamento do Ministério da Saúde. A coleta dos dados teve início em março de 2024 até julho de 2024 e utilizou como fonte dos dados sítios eletrônicos de acesso público e livre (diários oficiais dos entes federativos, páginas de concursos públicos). Foram identificados os documentos provenientes de entidades oficiais de Municípios, Estados e União. Após a seleção, os documentos foram organizados em uma planilha do Microsoft Excel 2013, com posterior construção de uma matriz analítica para análise dos dados.
Resultados
Um total de 11 editais foram encontrados. Em relação a distribuição por esfera administrativa foram identificados: 7 editais publicados a nível municipal; 2 editais estaduais; 2 editais de âmbito federal. Quanto ao ano de oferta de vagas, observou-se publicações lineares em 2018, 2020 e 2021 (um edital publicado por ano); e de 2022 e 2024 (dois editais por ano), sem a presença de editais nos anos de 2019. Em 2023, houve um aumento de publicações, com total de 4 (quatro) editais publicados no ano. No tocante as atribuiçoes, foi observado predomínio das atividades de planejamento e gestão, vigilância em saúde, educação em saúde e elaboração de políticas públicas.
Conclusões/Considerações
Registra-se que os serviços de saúde têm demandado o Bacharel em Saúde Coletiva. As atividades ao exercício deste profissional estão adequadas às Diretrizes Curriculares Nacionais, o que contribui para um melhor direcionamento político e social. Desta forma, instituições formadoras, serviços de saúde, estudantes e egressos necessitam ampliar esforços em tornar este profissional ainda mais conhecido para uma maior inserção e contribuição no SUS.
PERCEPÇÃO E OCORRÊNCIA DA PRÁTICA INTERPROFISSIONAL COLABORATIVA NA APS: REVISÃO DE ESCOPO NO CONTEXTO DO SUS
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A prática interprofissional colaborativa (PIC) é reconhecida como essencial na qualificação do cuidado em saúde. Entretanto, sua aplicação efetiva na Atenção Primária à Saúde (APS), especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), ainda enfrenta limitações. A compreensão da PIC pelos profissionais e sua implementação cotidiana permanecem desafiadoras.
Objetivos
Mapear e analisar estudos que abordam a percepção e a ocorrência da prática interprofissional colaborativa na APS no contexto do SUS.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo conduzida conforme diretrizes do Joanna Briggs Institute e reportada pelo PRISMA-ScR. A estratégia de busca foi estruturada segundo o modelo PCC, abrangendo artigos e literatura cinzenta publicados a partir de 2010. As bases consultadas incluem PubMed, BVS, SciELO, Web of Science, Scopus, Embase e o Portal de Teses da CAPES. Após triagem de 312 registros, 22 estudos foram incluídos. A análise dos dados foi descritiva, categorizada e apresentada em quadros e tabelas.
Resultados
Identificou-se predominância de estudos qualitativos, com destaque para a região Sudeste. A percepção dos profissionais sobre a PIC é positiva, mas marcada por confusões conceituais e dificuldades práticas. As principais barreiras para a PIC são: sobrecarga de trabalho, ausência de tempo protegido, infraestrutura inadequada, hierarquização das relações e escassez de apoio institucional. Facilitadores incluem comunicação eficaz, clareza de papéis, apoio matricial e espaços de educação permanente. Verificou-se concentração de publicações após 2018, em consonância com políticas públicas de incentivo à interprofissionalidade.
Conclusões/Considerações
A revisão aponta avanços no reconhecimento da PIC, mas evidencia lacunas na sua implementação na APS. Obstáculos estruturais, conceituais e organizacionais limitam a consolidação dessa prática. É urgente o fortalecimento de políticas institucionais, mecanismos de incentivo e estratégias formativas para que a colaboração interprofissional se torne rotina concreta nos serviços de saúde.
AS POLÍTICAS DE GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO NA SAÚDE DE 2003 A 2023: CONTINUIDADES E DESCONTINUIDADES NO CONTEXTO DO ESTADO BRASILEIRO DEPENDENTE
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário de Volta Redonda
2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Apresentação/Introdução
O Sistema Único de Saúde, criado após a redemocratização, garante direitos sociais, mas enfrenta contradições na gestão. Apesar da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde propor políticas de valorização, as reformas pró-mercado e a estrutura do Estado dependente geram superexploração e descontinuidade das políticas, revelando vulnerabilidades na organização do trabalho em saúde.
Objetivos
Analisar as políticas de gestão do trabalho no Sistema Único de Saúde implementadas de 2003 a 2023, no intuito de compreender as continuidades e descontinuidades durante os 20 anos da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde no Brasil.
Metodologia
A pesquisa revisou a literatura sobre a gestão do trabalho no Brasil, com foco no SUS, evidenciando sua fragilidade como política estruturante. A análise apoiou-se na Teoria Marxista da Dependência e em autores relevantes, e discutiu a criação da SGTES. Utilizou pesquisa documental para examinar 111 normas (2003–2023) publicadas pelo Ministério da Saúde, com filtros temáticos aplicados via Saúde Legis e DOU. A análise de conteúdo foi conduzida com base em Bardin e Minayo, organizando as políticas em dois eixos: regulação e estrutura da gestão do trabalho (DEGERTS) e educação na saúde (DEGES), evidenciando continuidades e rupturas ao longo dos 20 anos.
Resultados
A pesquisa mostrou que, apesar dos avanços da SGTES na valorização dos trabalhadores e no enfrentamento da precarização, muitas políticas foram descontinuadas devido à instabilidade política e à dependência do Estado. No Eixo 1, destacam-se 13 políticas de gestão do trabalho implementadas pelo DEGERTS, com foco na regulação e negociação, algumas anteriores à SGTES. No Eixo 2, vinculado ao DEGES, foram identificadas 16 políticas voltadas à formação e educação permanente em saúde, criadas após 2004, com períodos de maior implementação entre 2006-2011 e 2013-2018.
Conclusões/Considerações
O trabalho revela que as políticas de gestão do trabalho e educação na saúde são afetadas pela dependência estrutural do Estado, resultando em rupturas e fragilidade institucional. Apesar dos avanços da SGTES, persistem problemas como ausência de carreira no SUS, precarização e impactos das reformas neoliberais. Defende-se uma Política Nacional estruturante, com foco central na participação dos trabalhadores e alinhada à realidade econômica do país.
ESTRUTURA E DINÂMICA SOCIODEMOGRÁFICA MULTIPROFISSIONAL DO MERCADO DE TRABALHO EM SAÚDE NO BRASIL.
Pôster Eletrônico
1 EPSM-ObservaRH/NESCON/UFMG
2 EPSM-ObservaRH/NESCON/FM/UFMG
3 EPSM-ObservaRH/NESCON/FM/UFMG; PUC Minas; PMBH
Apresentação/Introdução
A Força de Trabalho em Saúde no Brasil passou por profundas transformações nas últimas décadas. No contexto específico da atenção multiprofissional na APS, a recente instituição das eMulti promove a expansão da oferta dos serviços da atenção multiprofissional na APS. Torna-se, portanto, essencial descrever e analisar os diferentes aspectos das profissões aptas a compor as equipes.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico das profissões de saúde que compõem as Equipes Multiprofissionais - eMulti na APS.
Metodologia
Utilizou-se de conceitos e técnicas da demografia para o dimensionamento da oferta e da demanda das profissões e ocupações em questão. Abordou-se variáveis demográficas clássicas, nomeadamente, natalidade (formação de novos profissionais), migração, circularidade, mortalidade (óbitos e saídas definitivas do trabalho), crescimento populacional e composição etária, de sexo e de raça. As principais fontes de dados utilizadas foram: o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde (CNES/MS), o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE.
Resultados
Houve maior aumento de nutricionistas, psicólogos e veterinários, e aumento da participação de pretos e pardos em todas as profissões analisadas. A maioria tem predominância feminina. Verificou-se o envelhecimento das profissões, exceto médicos, psicólogos e veterinários. Há maior concentração de profissionais na região Sudeste. A maior parte da força de trabalho atua na atenção especializada, sobretudo em hospitais e ambulatórios especializados. Os cursos de graduação expandiram-se consideravelmente desde 2010. As profissões com mais número de cursos e vagas são Fisioterapia, Nutrição, Educação Física e Serviço Social; Fonoaudiologia e a Terapia Ocupacional têm os menores números.
Conclusões/Considerações
Os dados mostram maior participação feminina na saúde e aumento de profissionais negros, embora a maioria ainda seja branca. A força de trabalho ficou um pouco mais envelhecida, com variações entre profissões. A diversidade racial, etária e entre sexos, ocorre de forma diferente em cada área. Há queda de desempenho nos cursos, com menos procura, mais vagas ociosas e maior evasão. Todavia, o número de formados e a oferta de profissionais aumentou.
DIMENSIONAMENTO DA DEMANDA DA FORÇA DE TRABALHO EM SAÚDE NO SEGMENTO DO MERCADO DE TRABALHO FORMAL BRASILEIRO ENTRE 2003 E 2022
Pôster Eletrônico
1 EPSM-ObservaRH/NESCON/FM/UFMG
2 EPSM-ObservaRH/NESCON/FM/UFMG; PUC Minas; PMBH
Apresentação/Introdução
A compreensão do mercado de trabalho da força de trabalho em saúde das Equipes Multiprofissionais de Saúde (eMulti), passa pela análise da estrutura e a dinâmica dos diversos segmentos do mercado em saúde das profissões de interesse.
Objetivos
Buscou-se identificar as características do trabalho em todas as suas formas, as condições de (in)formalidade, precarização, modalidades e níveis de remuneração, posição na carreira e as desigualdades de gênero, raça e idade.
Metodologia
A partir dos dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE), é analisada a evolução do emprego das profissões, ocupações e especialidades aptas às equipes eMulti entre 2003 e 2022. Os empregos são ainda caracterizados segundo sexo e faixa etária do empregado, regime de propriedade e atividade econômica do empregador, tipo de vínculo, carga horária e distribuição geográfica. Também é realizada uma análise da evolução da remuneração e dos diferenciais remuneratórios entre e intra profissões e uma análise da dinâmica do emprego, incluindo a absorção de novos profissionais provenientes do sistema formador.
Resultados
O mercado de trabalho formal cresceu para a maioria das ocupações, com expansão do macrossetor Saúde acima da média geral. A participação feminina é predominante entre nutricionistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; educação física e medicina veterinária apresentam maior participação masculina. A faixa de 30 a 49 anos é a mais comum. O setor público municipal é o principal contratante para várias categorias e o vínculo celetista é predominante para a maioria dos profissionais. Há concentração de profissionais nas regiões Sudeste e Sul. A média salarial varia entre as profissões: médicos apresentam as maiores salários e educadores físicos e sociais os menores.
Conclusões/Considerações
O Macrossetor Saúde teve crescimento do emprego formal, sobretudo atividades veterinárias, manutenção do físico corporal e atividades de atenção à saúde. A crise de 2015-16 e a pandemia impactaram o mercado, com retração em 2020 e recuperação após 2021. A baixa contratação de novos profissionais indica desequilíbrio entre oferta e demanda, com excesso de formação ou alta demanda no setor informal.
PRECARIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO DE MÉDICOS E ENFERMEIROS NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Pôster Eletrônico
1 UEL
Apresentação/Introdução
A Atenção Primária à Saúde (APS) é internacionalmente reconhecida como nível de atenção fundamental para o acesso equânime e a longitudinalidade do cuidado. Em que pesem os avanços obtidos, a ESF enfrenta profundos desafios, dentre eles a precarização do trabalho, fenômeno não recente e tampouco limitado ao contexto brasileiro, integrando um paradigma global de reformas neoliberais.
Objetivos
Analisar tendências da gestão do trabalho na APS de municípios de grande porte (MGP) com foco na evolução do número de médicos e enfermeiros com vínculos precários.
Metodologia
Estudo transversal, de caráter exploratório, que buscou analisar tendências da gestão do trabalho na Atenção Primária à Saúde de MGP brasileiros. Os dados oficiais foram obtidos a partir do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Considerou-se a competência de dezembro do período compreendido entre 2017 e 2023. Elencou-se as seguintes variáveis: Total de médicos e enfermeiros atuantes na APS de MGP por região e as modalidades de contratação dessas categorias. Os dados foram organizados e analisados por meio do software SPSS.
Resultados
O regime estatutário, entre os médicos, diminuiu ano a ano entre 2017 e 2023. A redução no período foi equivalente a 16,14%. Entre os enfermeiros, a tendência foi de crescimento (31,22%). O contrato por prazo determinado, segunda modalidade mais adotada em ambas as categorias, cresceu em uma proporção de 15,97% entre os médicos e de 69,84% entre os enfermeiros. O apontamento de que a contratação de médicos via modalidades intermediadas está em franca ascensão no país foi outro achado relevante. Intermediado prazo determinado (989,86%) e intermediado autônomo PJ (675,57%) obtiveram as ampliações mais significativas.
Conclusões/Considerações
Observa-se uma tendência de reconfiguração dos vínculos trabalhistas entre médicos e enfermeiros no período de 2017 a 2023 com queda do regime estatutário entre médicos e crescimento dos contratos por prazo determinado em ambas as categorias. Destaca-se o crescimento expressivo das contratações intermediadas entre médicos revelando uma intensificação da precarização dos vínculos no SUS, fato que pode comprometer a qualidade da assistência na APS.
POTENCIALIDADES, FRAGILIDADES E ESTRATÉGIAS PARA A PRÁTICA COLABORATIVA EM COMISSÕES DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA DE UM MUNICÍPIO MINEIRO
Pôster Eletrônico
1 Programa de Residência em Farmácia Clínica e Cuidado Farmacêutico, Universidade de São Paulo.
2 Grupo de Estudos Interdisciplinar em Cuidado Farmacêutico, Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares; Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares.
3 Grupo de Estudos Interdisciplinar em Cuidado Farmacêutico, Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares; Mestrado Profissional em Saúde da Família (ProfSaúde), Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares.
Apresentação/Introdução
A Prática Colaborativa Interprofissional (PCI) ocorre quando diferentes profissionais atuam de forma integrada. A Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) possui caráter multiprofissional e potencial para atuação colaborativa. Porém, o trabalho de equipes multiprofissionais tem sido frequentemente marcado pela fragmentação dos saberes e atuação isolada, focada em competências específicas.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo compreender a atuação dos profissionais de saúde de três CFTs de um município do leste de Minas Gerais (MG) em relação à colaboração interprofissional.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa qualitativa, na qual os dados foram coletados de janeiro a abril de 2024 por meio de entrevistas individuais semiestruturadas remotas. Participaram membros da CFT de Governador Valadares (GV), CFT do Hospital Municipal de GV e CFT do Distrito Sanitário Especial Indígena dos estados de MG e Espírito Santo (DSEI-MG/ES). As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo temática. Foram coletados dados sociodemográficos, profissionais e relacionados à perspectiva dos participantes quanto à atuação colaborativa e aspectos inerentes ao trabalho em equipe. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº 6.263.218.
Resultados
Participaram da pesquisa um profissional de cada uma das categorias Enfermagem, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e seis da Farmácia. A faixa etária variou entre 31 e 44 anos, seis eram do sexo feminino, sete possuíam entre dez e 15 anos de atuação profissional e sete tinham entre um e cinco anos de atuação na CFT. A análise temática resultou em cinco categorias. Dentre as potencialidades, destacou-se o desenvolvimento e aprimoramento de competências para o trabalho em equipe. Entre as fragilidades, foi relatado pelos participantes o desconhecimento sobre a relevância da CFT. E como estratégia, foi enfatizada a importância da seleção assertiva dos membros que irão compor a CFT.
Conclusões/Considerações
As CFTs são ambientes favoráveis à aprendizagem colaborativa, ao trabalho em equipe e à construção de parcerias. Porém, barreiras na esfera micropolítica dificultam a efetivação dessa prática pelas equipes. Assim, são necessárias estratégias que assegurem o desenvolvimento, a sustentabilidade e o fortalecimento da PCI nas CFTs. Os achados podem auxiliar na reformulação dos processos de trabalho na perspectiva da colaboração interprofissional.
INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NAS PRÁTICAS DAS EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (EMULTI)
Pôster Eletrônico
1 Instituto Multidisciplinar de Saúde, Universidade Federal da Bahia (IMS-UFBA).
2 Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra (CES-UC)
Apresentação/Introdução
As eMulti foram instituídas com o propósito de ampliar o escopo de práticas em saúde e qualificar o trabalho da Atenção Primária à Saúde (APS). Ainda que a institucionalização das eMulti demonstre o comprometimento com a revalorização do cuidado multiprofissional na APS, a consolidação dessas equipes pode ser influenciada por condições estruturais e organizacionais das unidades básicas (UBS).
Objetivos
Analisar a influência das condições de trabalho vivenciadas pelas eMulti em municípios do interior da Bahia.
Metodologia
Estudo de casos múltiplos com abordagem qualitativa realizado em dois municípios da Bahia: Vitória da Conquista e Guanambi. A produção dos dados, realizada de setembro a dezembro de 2024, envolveu: realização de entrevistas semiestruturadas; análise de documentos do Ministério da Saúde (MS) e das Secretarias Municipais de Saúde; e Observação de direta de atividades da eMulti nas UBS e no território. Foram realizadas 81 entrevistas: 33 profissionais da eMulti; 23 profissionais da saúde família; 05 gestores e 20 usuários. Para a análise dos dados utilizou-se uma matriz de análise estruturada em duas dimensões: estrutura das UBS; estrutura dos territórios; e equipamentos e materiais.
Resultados
As questões estruturais demonstraram exercer forte influência no trabalho das eMulti. Sobre a estrutura das UBS, foi identificado inexistência de sala para as ações das eMulti, limitando as atividades e o acesso dos usuários. Observou-se o uso de salas nas folgas de médicos e enfermeiros. Na dimensão estrutura dos territórios, identificou-se o uso frequente de equipamentos comunitários, especialmente para as práticas coletivas. Embora seja destacado como aspecto positivo, as inadequações desses espaços restringiram o escopo de ações. Foi identificado carência de equipamentos e materiais para o trabalho das eMulti. Tal situação contribuiu para o sentimento de não pertencimento das eMulti.
Conclusões/Considerações
A precariedade da estrutura física representa um obstáculo significativo para a atuação das eMulti. A ausência de um espaço próprio para atendimentos impõe desafios logísticos que exigem articulação constante com as equipes de APS. Tais condições não apenas dificultam a realização das práticas de forma resolutiva, como também impactam no trabalho, com sentimentos de deslocamento e não pertencimento.
IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE ESCASSEZ DA FORÇA DE TRABALHO EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFMG/PUC Minas
2 UFMG
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Saúde Bucal visa garantir acesso universal e gratuito em saúde bucal para a população brasileira e tem como meta ampliar a oferta de serviços odontológicos no SUS. Buscando subsidiar essa política, este estudo dedicou-se a dimensionar a força de trabalho de Dentistas e Técnicos em Saúde Bucal, apontando áreas de maior vulnerabilidade e escassez desses serviços.
Objetivos
Identificar áreas com vulnerabilidade social, escassez de profissionais, iniquidades e desequilíbrios na distribuição de Cirurgiões-Dentistas e Técnicos em Saúde Bucal, por meio da construção de um índice confiável, mensurável e economicamente viável.
Metodologia
Para identificar áreas com escassez de profissionais e/ou serviços de Saúde Bucal, o estudo analisou a distribuição da força de trabalho em Saúde Bucal utilizando dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO) e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/MS) para as profissões de Cirurgião-dentista e Técnicos em Saúde Bucal. Os dados sobre a população brasileira foram obtidos por meio da Estimativa Populacional do IBGE. As medidas e métricas utilizadas para analisar as iniquidades e os desequilíbrios na distribuição geográfica da força de trabalho em Saúde Bucal foram: a Razão de Profissionais por Habitante, o Quociente Locacional e o Índice de Escassez de Profissionais de Saúde.
Resultados
Ao analisar os desequilíbrios na distribuição de CD e TSB no Brasil, observou-se uma média nacional de 19,5 CD e 2,1 TSB por 10 mil habitantes. A maior concentração de CD ocorre nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, especialmente no Distrito Federal, em São Paulo e em Minas Gerais; já Maranhão e Pará apresentam os menores índices. Quase 50% dos municípios enfrentam escassez de CD na Atenção Primária à Saúde (APS). Para os TSB, a maior concentração está nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com destaque para Amapá, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. A maioria dos municípios, especialmente no Sul e Sudeste, não conta com esses profissionais.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam desigualdades na distribuição da força de trabalho em Saúde Bucal no Brasil, tanto em relação à presença de CD quanto de TSB. Esses achados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à regionalização da oferta, indução de provimento em áreas desassistidas, valorização das equipes multiprofissionais e fortalecimento da APS como estratégia central para a promoção da saúde bucal no Sistema Único de Saúde.
DEMOGRAFIA ODONTOLÓGICA: ESTRUTURA E DINÂMICA SOCIODEMOGRÁFICA DA FORÇA DE TRABALHO EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFMG/ PUC Minas
2 UFMG
Apresentação/Introdução
A instituição da Política Nacional de Saúde Bucal, também conhecida como Brasil Sorridente, impulsionou a expansão dos serviços de Saúde Bucal ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para contribuir com esse avanço, este estudo focou em compreender a estrutura e dinâmica sociodemográfica e do mercado de trabalho das ocupações e profissões que compõem a rede de serviços odontológicos.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo analisar a estrutura, a dinâmica sociodemográfica e o mercado de trabalho das profissões e ocupações da saúde bucal, identificando os desequilíbrios entre oferta e demanda regionais e as barreiras à prática profissional.
Metodologia
Trata-se de um estudo baseado no levantamento, tratamento e análise de dados provenientes de fontes secundárias, obtidas a partir de microdados disponíveis em sites de estatísticas e registros públicos oficiais. As fontes de dados utilizadas incluíram o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), o Censo da Educação Superior (INEP) e os registros do Conselho Federal de Odontologia (CFO). Estas fontes permitem a caracterização sociodemográfica da força de trabalho, distribuição, vínculos formais de emprego e os fluxos de formação dos profissionais de nível superior.
Resultados
O estudo revelou um crescimento da força de trabalho em Saúde Bucal no Brasil (2010 - 2024), com predominância de Cirurgiões-dentistas, em relação aos Técnicos e Auxiliares. No entanto, essa expansão coexiste com profundas desigualdades regionais, pois as regiões Norte e Nordeste apresentam a menor oferta desses profissionais. A Estratégia Saúde da Família concentra os vínculos públicos, enquanto o setor privado absorve mais dentistas, com predomínio da informalidade. Crescem vínculos precários e atuação autônoma. Os dados da RAIS apontam queda no vínculo formal e feminização da força de trabalho. Persistem desigualdades regionais e alta evasão nos cursos de odontologia.
Conclusões/Considerações
Os resultados reforçam a necessidade de políticas públicas para melhorar a distribuição da força de trabalho, especialmente em regiões remotas e vulneráveis, e incentivar a prática multiprofissional. A qualificação técnica e o equilíbrio na oferta de profissionais são essenciais para garantir assistência de saúde bucal adequada, especialmente na rede pública, além de reduzir a precarização do trabalho.
AS RELAÇÕES DE TRABALHO E OS CONFLITOS NO COTIDIANO DE HOSPITAIS E MATERNIDADES PAULISTAS, NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DA CESÁREA
Pôster Eletrônico
1 EACH/USP
2 Instituto de Saúde
3 FSP/USP
Apresentação/Introdução
Uma lei paulista promulgada em agosto de 2019 (Lei da Cesárea - nº 17.137) garante às gestantes a opção pela cesariana, mesmo sem indicação, trazendo desafios no cotidiano dos serviços obstétricos. No SUS, a implementação variou: de manutenção de práticas não baseadas em evidências até promoção de boas práticas - porém frequentemente em condições precárias e com desvalorização profissional.
Objetivos
Analisar estratégias cotidianas desenvolvidas por profissionais no processo de implementação da Lei da Cesárea, os impactos nas relações de trabalho e na atenção obstétrica.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, a partir de entrevistas semiestruturadas com sete profissionais da área obstétrica (obstetrizes, enfermeiras obstétricas e médicas obstetras) que atuam na assistência ao parto e nascimento em hospitais da capital, interior e litoral do Estado de São Paulo. Os discursos foram submetidos a análise discursiva, com apoio dos mapas dialógicos para mapear relações entre vozes discursivas, contradições, alinhamentos e núcleos de sentido.
Resultados
A implementação da lei gerou respostas heterogêneas, desde a rápida adesão institucional (justificativas baseadas em notas técnicas para aumentar o número de cesáreas) até iniciativas pró-ativas de estímulo ao parto normal. Identificou-se que: serviços com maior autonomia de enfermeiras/obstetrizes e infraestrutura adequada tenderam a resistir mais ao dispositivo legal; locais com gestão rígida ou fragilidades estruturais relataram maior estresse e conflitos laborais, especialmente no início da vigência da lei; A lei alterou dinâmicas de poder e práticas institucionais, revelando tensões entre protocolos institucionais e evidências científicas, demandas das gestantes e diretrizes legais.
Conclusões/Considerações
A Lei evidenciou como as políticas públicas impactam em micropolíticas cotidianas nos serviços de saúde. Atuou como um catalisador de transformações no trabalho, expondo desigualdades regionais e organizacionais. As estratégias adotadas pelas profissionais refletem tanto a resiliência quanto a precarização do trabalho no SUS, reforçando a necessidade de políticas de gestão que considerem contextos locais e promovam equidade na assistência obstétrica.
DESAFIOS DA ATUAÇÃO GERENCIAL DOS ENFERMEIROS NA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
A Estratégia Saúde da Família (ESF) é a principal via de acesso do SUS, sendo fundamental para a organização da Atenção Básica. Na prática, observa-se que os enfermeiros acumulam funções assistenciais e de gerência, muitas vezes sem preparo técnico adequado, o que compromete a efetividade dos serviços prestados.
Objetivos
Identificar os desafios enfrentados pelos enfermeiros na gerência da Estratégia Saúde da Família em um município do interior do Espírito Santo e descrever o perfil desses profissionais, considerando aspectos formativos, técnicos e éticos.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa, desenvolvido com oito enfermeiros atuantes na ESF de um município do interior do Espírito Santo. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas individuais, guiadas por um roteiro semiestruturado, tendo como pergunta norteadora: “Quais os principais desafios que os enfermeiros enfrentam na gerência da Estratégia Saúde da Família?”. Os dados foram analisados com base na técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Espírito Santo, parecer nº 6.035.827, conforme a Resolução nº 466/12.
Resultados
Constatou-se que a maioria dos enfermeiros apresenta fragilidades no conhecimento sobre legislações, processos gerenciais e atribuições específicas da Atenção Básica. Além disso, os desafios incluem acúmulo de funções, ausência de formação gerencial, vínculos de trabalho precários, estrutura física inadequada, falta de insumos e alta rotatividade de profissionais. Observou-se ainda que muitos profissionais demonstram descompromisso com as funções gerenciais, utilizando a ESF como ocupação temporária, o que compromete a qualidade da assistência.
Conclusões/Considerações
A atuação gerencial dos enfermeiros na ESF está fragilizada por fatores estruturais, formativos e, sobretudo, por questões éticas e de comprometimento profissional. É necessário fortalecer a formação gerencial, garantir educação permanente, melhorar as condições de trabalho e fomentar uma postura ética e responsável frente às demandas da Atenção Primária.
CONHECIMENTO E COMUNICAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA TRANSFERÊNCIA INTER-HOSPITALAR COM ÊNFASE NA SEGURANÇA DO PACIENTE EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO NORDESTE BRASILEIRO.
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Apresentação/Introdução
A segurança do paciente no ambiente hospitalar envolve a atuação da equipe multiprofissional, especialmente nas transferências inter-hospitalares. A comunicação e o conhecimento são essenciais para a garantia do cuidado. Este estudo parte da indagação sobre o conhecimento no processo de transferência e quais são seus impactos na segurança do paciente.
Objetivos
Identificar o conhecimento da equipe sobre o processo de transferência inter-hospitalar; analisar as fragilidades da comunicação multiprofissional e seus impactos na garantia da segurança do paciente.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa metodológica, objetivando a construção e validação de um instrumento para reorientação das práticas gerenciais relacionadas à segurança do paciente, posteriormente a construção, este material será realizado a validação de conteúdo, semântica, de construto e implementação no hospital. O local de escolha para o aprofundamento do estudo será um Hospital Universitário localizado na cidade de João Pessoa-PB. As técnicas de coleta de dados serão a entrevista semiestruturada, a observação sistemática e a análise documental, realização de uma revisão de escopo relacionado à segurança do paciente na transferência inter-hospitalar.
Resultados
Este trabalho foi submetido ao CEP Nº 87680325.1.0000.5183, no momento está em apreciação ética. Espera-se identificar o nível de conhecimento da equipe multiprofissional sobre o processo de transferência inter-hospitalar, evidenciar os impactos que a comunicação efetiva pode repercutir na qualidade e continuidade da segurança do paciente. A pesquisa pode revelar as fragilidades do processo e consequentemente subsidiar a padronização da comunicação institucional, como a criação de protocolos. Assim será possível o alcance da qualificação de equipe, redução de riscos e eventos adversos, aprimoramento da gestão assistencial e segurança do paciente.
Conclusões/Considerações
A pesquisa visa contribuir como base para qualificação da equipe multiprofissional no processo de transferência inter-hospitalar e nos aspectos que envolvem a cultura da segurança e qualidade de assistência. Além disso, fomentar reflexões sobre as práticas institucionais no ambiente hospitalar e fundamentar a comunicação efetiva, fortalecendo o trabalho colaborativo contribuindo diretamente para a humanização e o cuidado no SUS.
GESTÃO POR DESEMPENHO E SAÚDE MENTAL NO SERVIÇO PÚBLICO: PERCEPÇÕES DOS GESTORES DA SEIDIGI/MS SOBRE O PGD NA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A gestão pública brasileira incorporou modelos orientados por desempenho e metas, como o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), formalizado em 2020. A experiência da SEIDIGI/MS no Ministério da Saúde revela tensões entre produtividade e saúde mental, demandando análise crítica sobre a reestruturação do trabalho no SUS e seus impactos sobre os sujeitos que o sustentam.
Objetivos
Compreender as percepções de gestores da SEIDIGI/MS quanto à implementação do PGD, analisando seus efeitos na cultura organizacional, produtividade, saúde mental e condições de trabalho no setor público federal.
Metodologia
Estudo de caso com abordagem mista, realizado entre maio e setembro de 2024, com aplicação de questionário semiestruturado a 27 gestores da SEIDIGI/MS. As respostas fechadas foram analisadas por estatística descritiva e as abertas, por análise de conteúdo temática. O instrumento contemplou perfil sociodemográfico, cultura organizacional, gestão por resultados e condições de teletrabalho. A pesquisa foi aprovada pela CONEP (CAAE: 43628921.2.0000.0008) e seguiu os preceitos éticos da Resolução 466/2012.
Resultados
Identificaram-se avanços como maior flexibilidade laboral (96,3%) e valorização da gestão por evidências (81,5%). Contudo, 57,7% relataram dificuldades na pactuação de metas e 44,4% indicaram sobrecarga psíquica associada ao teletrabalho. Foram apontadas ainda resistências culturais à virtualização do trabalho e sub-representação de grupos minorizados em cargos estratégicos. A pesquisa evidencia contradições entre modernização, metas e bem-estar, exigindo revisão crítica dos instrumentos de gestão e maior integração com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador.
Conclusões/Considerações
A implementação do PGD requer mediações institucionais que articulem eficiência e saúde laboral. São recomendadas ações como capacitação em gestão por resultados, revisão participativa de metas, fortalecimento da Renast e monitoramento contínuo da saúde dos trabalhadores, com foco na dignidade, equidade e sustentabilidade da força de trabalho no SUS.
NO COTIDIANO DAS POLÍTICAS: PRÁTICAS INTERSETORIAIS NA ATENÇÃO À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
Pôster Eletrônico
1 ENSP/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A população em situação de rua apresenta múltiplas vulnerabilidades sociais o que exige respostas articuladas dos serviços públicos. As práticas intersetoriais entre saúde e assistência social são fundamentais para promover o acesso e a efetividade das políticas públicas destinadas a esse grupo populacional.
Objetivos
Analisar as práticas intersetoriais desenvolvidas por trabalhadores de saúde e assistência social na atenção à população em situação de rua no centro do Rio de Janeiro.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa, com coleta de dados por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com 10 trabalhadores dos setores de saúde e assistência social que atuam com a população em situação de rua no centro do Rio de Janeiro. A análise seguiu o referencial teórico de Lipsky, que compreende os profissionais como burocratas de nível de rua, para compreender as práticas cotidianas, mediações e negociações presentes na atuação desses trabalhadores.
Resultados
Os resultados demonstram que os trabalhadores desenvolvem práticas intersetoriais que articulam recursos de diferentes setores para enfrentar as dificuldades institucionais e sociais presentes no atendimento à população em situação de rua. Sua atuação revela constante processo de jogos de poder, adaptação e mediação entre as demandas dos usuários e as limitações das políticas públicas, o que evidencia tensões, e também estratégias criativas para assegurar a atenção integral. Ademais, os resultados demonstram que os recursos setoriais são acionados de forma estratégica, ainda que marcados por improvisações e pela ausência de diretrizes claras.
Conclusões/Considerações
A atuação intersetorial dos trabalhadores de saúde e assistência social garante o acesso e a efetividade das políticas públicas destinadas à população em situação de rua. Deve-se fortalecer o apoio institucional e as condições de trabalho desses profissionais para melhorar a qualidade e integralidade da atenção oferecida.
SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO EM SAÚDE NO BRASIL: DINÂMICAS NA PERIFERIA DO CAPITALISMO
Pôster Eletrônico
1 IMS/UERJ
2 UFRJ - Macaé
3 ENF/UERJ
4 FSS/UERJ
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa parte da Teoria Marxista da Dependência para analisar a superexploração da força de trabalho em saúde no Brasil. A partir da divisão internacional do trabalho, países periféricos recorrem à superexploração para compensar a transferência de valor para os países centrais. Buscamos identificar os indicadores dessa superexploração no setor de saúde.
Objetivos
Identificar os indicadores capazes de descrever as condições de superexploração da força de trabalho da saúde do Brasil
Metodologia
A pesquisa adota abordagem quantitativa a partir de dados secundários de bases públicas, para investigar indícios de superexploração da força de trabalho na saúde, com foco nas áreas profissionais da enfermagem e da medicina, que representam mais de 70% do setor. Analisa-se como essa superexploração se manifesta de forma desigual entre grupos profissionais. Foram usados dados de bases como RAIS, CAGED, CNES, PNAD, Censo, COFEN, INSS, OIT, DIEESE, IPEA, entre outros, no período de 1990 a 2024, conforme disponibilidade.
Resultados
Os indicadores foram organizados em quatro eixos: mercado e condições de trabalho; intensidade do trabalho; efeitos da superexploração; e caracterização da força de trabalho. Buscou-se mapear indicadores que demonstrem: 1) vínculos, tipo de contrato, jornada, remuneração, greves, relação entre público e privados; 2) distribuição da carga assistencial, relação entre número de profissionais, leitos e população; 3) afastamentos, licenças, aposentadorias por invalidez, acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mortalidade, presença de organizações sociais no setor; 4) gênero, raça, idade, tempo de formação, profissionais por habitante, exército industrial de reserva vinculado à saúde.
Conclusões/Considerações
Mapear os indicadores da superexploração na saúde é importante para compreender as dinâmicas do capitalismo nos países dependentes. Ao aplicar a Teoria Marxista da Dependência ao setor, evidencia-se como a força de trabalho em saúde, marcada por desigualdades, expressa formas específicas de dependência. Ao mesmo tempo, a pesquisa dá visibilidade à precarização vivida por esses profissionais, centrais na reprodução social.
ESCASSEZ DE MÉDICOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL: ANÁLISE TEMPORAL DE 2013 A 2024
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A escassez de médicos na Atenção Primária à Saúde (APS) é um problema persistente, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade. Mesmo com políticas federais de provimento ao longo das últimas décadas, a má distribuição territorial e as desigualdades sociais seguem limitando o acesso equitativo ao cuidado em saúde no Brasil.
Objetivos
Analisar a evolução temporal e a distribuição territorial da escassez de médicos na APS no Brasil entre 2013 e 2024, utilizando índice composto de quatro dimensões/indicadores: de oferta, necessidades de saúde, pobreza e barreiras geográficas.
Metodologia
Estudo descritivo, com base em dados secundários dos anos de 2013 a 2024. Foi construído um índice de escassez de médicos na APS considerando: razão de habitantes por médico (ajustada por carga horária), taxa de mortalidade infantil, proporção de domicílios em pobreza extrema e distância até o município de referência da região de saúde. Os municípios foram classificados em cinco graus de escassez (traços, baixa, moderada, alta e severa). As análises incluíram séries temporais, distribuição regional e mapeamento da evolução dos graus de escassez ao longo do tempo.
Resultados
Entre 2013 e 2024, o número de municípios com escassez de médicos na APS caiu de 1.209 para 428. A escassez severa foi erradicada e houve redução da escassez alta (de 163 para 86 municípios). A maioria dos municípios em 2024 apresentava escassez moderada (53%). Municípios com mais de 3 mil habitantes por médico reduziram drasticamente (de 695 para 54). Persistem desigualdades regionais, com maior concentração de escassez no Norte e Nordeste, especialmente em áreas com alta mortalidade infantil e pobreza extrema. A escassez permanece associada a vulnerabilidades estruturais.
Conclusões/Considerações
O Brasil avançou na redução da escassez de médicos na APS a partir da introdução de importantes políticas públicas de provimento, como o PMM em suas diferentes versões, porém, as desigualdades regionais permanecem. Reforça-se a importância de políticas sustentadas de provimento e da ampliação de estratégias que articulem formação, regulação e incentivo à fixação em áreas vulneráveis.
O EIXO ESTRATÉGICO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS COMO INOVAÇÃO NA GESTÃO DO TRABALHO E DA FORMAÇÃO MÉDICA PARA QUALIFICAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 AgSUS
Apresentação/Introdução
O Eixo Estratégico do Programa Mais Médicos (PMM) constitui uma inovação na política de gestão do trabalho no SUS ao articular provimento com integração ensino-serviço em territórios vulnerabilizados. Com foco na Atenção Primária à Saúde (APS), a estratégia qualifica o cuidado, fortalece a residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC) e valoriza o papel do tutor como agente formador.
Objetivos
Analisar o Eixo Estratégico do PMM como inovação na gestão do trabalho médico, voltado à qualificação da APS, valorização da MFC e estruturação da formação em serviço, com base em marcos institucionais, pedagógicos e normativos.
Metodologia
Estudo de base documental, com análise da Resolução CDA nº 21/2025, do Plano de Gestão da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS), de documentos institucionais e outros materiais de referência sobre o Eixo Estratégico do PMM. O Art. 11, inciso II, define o cargo de Tutor Médico como profissional que atua em instituições formadoras, com atribuições de supervisão de médicos em formação, preceptoria em residência e acompanhamento de estudantes de graduação. Os documentos consideram critérios de titulação, regime trabalhista, incentivos por desempenho e integração ensino-serviço, com finalidade de estruturar o modelo como política inovadora de provimento e formação médica para o SUS.
Resultados
O Eixo Estratégico promove a fixação de médicos qualificados com plano de cargos de salários, em regime celetista e em territórios com cursos de Medicina e residências em MFC. A atuação de tutores fortalece a formação em serviço, reduz a rotatividade e estimula a titulação de especialistas. A política valoriza a preceptoria ao vincular incentivos à avaliação de desempenho dos tutores, que cumprem um papel estratégico na consolidação da APS e no apoio à formação de médicos qualificados para o SUS. O modelo reposiciona a carreira médica com base na valorização do vínculo, da educação permanente e da equidade na distribuição territorial em localidades vulnerabilizadas.
Conclusões/Considerações
A nova estrutura do PMM consolida a integração entre provimento, formação e gestão do trabalho médico. Ao reconhecer a preceptoria como função estruturante da APS, impulsiona mudanças no perfil profissional necessário ao SUS. Recomenda-se ampliar a eficácia da política com a qualificação do planejamento da distribuição de tutores de acordo com as necessidades territoriais, o suporte pedagógico aos preceptores e estímulo à titulação de MFC.
"VOCÊ NEM IMAGINA QUE VAI FORMAR PRA FAZER TANTA COISA TRISTE”: OS EFEITOS DA COVID-19 NA ASSISTÊNCIA ÀS GESTANTES EM CUIABÁ - MT
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFMT
2 SMS/CUIABÁ/MT
Apresentação/Introdução
A atenção hospitalar durante a pandemia por COVID-19 foi marcada por grandes desafios, tanto para pacientes e familiares, quanto para profissionais de saúde. Aspectos como o isolamento, o afastamento dos familiares, o risco de adoecimento e morte, o contexto mundial de incertezas sobre o futuro deixaram marcas que ainda repercutem na prática de profissionais em serviços de saúde.
Objetivos
Este estudo analisou os efeitos da pandemia de COVID-19 na assistência à gestante na perspectiva de profissionais de saúde.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que privilegia os saberes de profissionais de saúde que atuaram em três maternidades de referência no estado de Mato Grosso durante o período de COVID-2019. Foram realizadas entrevistas com roteiro semiestruturado, uso de gravador e diário de campo, entre maio e agosto de 2024. Os 57 profissionais que aceitaram participar do estudo assinaram um TCLE. A pesquisa seguiu os preceitos éticos das Resoluções CNS 466/2012, 510/2016 e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso.
Resultados
Parte significativa dos profissionais entrevistados vivenciaram a pandemia de COVID-19 na linha de frente da assistência emergencial e no cuidado às mulheres. Foi unânime o relato do quão desgastante foi a atuação em hospitais, devido à exposição mais frequente a óbitos, o distanciamento dos familiares, a perda de seus colegas: “você nem imagina que vai se formar pra fazer... fazer tanta coisa triste”, relatou um médico. Outras dificuldades, como a tomada de decisões, frequentes atualizações de protocolos, exposição à desinformação, supressão do direito ao acompanhante e a sobrecarga de trabalho significaram uma experiência traumática, com consequências persistentes na saúde mental.
Conclusões/Considerações
O período considerado mais crítico, entre 2020 e 2021, foi para os profissionais, de aprendizados importantes, como a valorização de práticas de higiene, mas de uma sobrecarga de trabalho que não se “normalizou” após a pandemia. Algumas das dificuldades relatadas foram, com o tempo, “naturalizadas” e apresentam, atualmente, consequências para o processo de trabalho e o cuidado.
GESTÃO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO EM SAÚDE: CAMINHOS E DESCAMINHOS DO TRABALHO
Pôster Eletrônico
1 EPSJV-Fiocruz
2 EPSJV-Fiocruz e UFF
Apresentação/Introdução
O presente estudo pretende contribuir com o debate acerca das transformações ocorridas no mundo do trabalho. Buscou fazer uma análise sobre a realidade do trabalho percebida pelas trabalhadoras e trabalhadores da área de gestão em relação às mudanças em curso no trabalho na EPSJV-Fiocruz, no contexto do aprofundamento da perspectiva gerencialista e da precarização do trabalho no serviço público.
Objetivos
Analisar a realidade do trabalho percebida pelas trabalhadoras e trabalhadores da área de gestão em relação às mudanças em curso no trabalho, no contexto do aprofundamento da perspectiva gerencialista e da precarização do trabalho no serviço público.
Metodologia
Estudo, iniciado em 2023 e concluído em 2024, desenvolvido a partir de abordagem qualitativa. Neste trabalho apresentaremos os resultados referentes a aplicação de questionário semiestruturado. Para a coleta dos dados foi utilizado questionário semiestruturado que obteve 46 retornos. As respostas foram categorizadas em dados que classificam as unidades de significados. Foram eixos da dados coletados: Gestão na Escola; compreensão do trabalho da gestão; uso de novas tecnologias; TIC´s; novas funções e/ou atividades incorporadas no retorno ao trabalho presencial; formação para o trabalho; desafios e/ou oportunidades encontradas cotidianamente no seu trabalho na área de gestão.
Resultados
Observa-se que 37% são servidores e 63% dos profissionais possuem vínculos celetistas. Identifica-se com o gênero masculino, 67,4% e 32,6% com o gênero feminino. Quanto à declaração de raça/cor, se autodeclaram como brancos 58,7% e 34,7% se autodeclaram pretos/pardos. Sobre as novas demandas, destacam: aumento do ritmo de cobrança para entregas mais rápidas e urgentes, uso do Whatsapp pessoal para uso profissional, suporte fora do horário de expediente se tornou parte da rotina de trabalho, Incorporações e atualizações de novos sistemas do Governo Federal e implantação, acompanhamento e apoio operacional do Sistema eletrônico de Informações-SEI, repositório digital, entre outros.
Conclusões/Considerações
A pesquisa conclui que são pontos nodais: necessidade compreensão institucional sobre o campo da gestão; desafios da convivência entre as diferentes gerações; comunicação efetiva; desafios da inserção de novas tecnologias (Internas e do Governo); novos formatos de trabalho (organização/aprendizagem processos eletrônicos); complexidade em lidar com mudanças no escopo; qualificação da gestão em geral.
A EVOLUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO FEMININA EM SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE NO BRASIL: ANÁLISE INTERSECCIONAL ENTRE 2011 E 2021
Pôster Eletrônico
1 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde, Instituto Gonçalo Moniz, FIOCRUZ-BA
2 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia
3 Fiocruz Ceará, Centro Universitário Christus (Unichristus), Fortaleza, Ceará, Brasil
Apresentação/Introdução
A participação feminina em cargos de liderança no setor público permanece limitada, refletindo disparidades de gênero mais amplas. No Brasil, as 5.570 secretarias municipais de saúde detêm poder significativo, com grandes atribuições na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e influência na política local e de saúde.
Objetivos
Analisar a evolução da prevalência de secretárias municipais de saúde no Brasil entre 2011 e 2021, examinando características das lideranças femininas e dos municípios sob gestão feminina através de uma perspectiva interseccional de gênero e raça.
Metodologia
Estudo quantitativo com dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) do IBGE sobre perfil dos secretários municipais de saúde (sexo, educação, formação, idade e raça/etnia) para 2011, 2018 e 2021. Características municipais a partir de dados do IBGE, e dados de gastos municipais em saúde do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) foram incluídos na análise. Além da análise estatística descritiva, foram realizadas medidas de sub e sobrerrepresentação, baseadas na diferença relativa entre números observados e esperados de secretárias por região, tamanho populacional, ruralidade e nível de desenvolvimento humano, além de análise do orçamento gerido.
Resultados
As mulheres passaram da paridade em 2011 (50,2%) para a maioria no secretariado da saúde em 2021 (56,5%). Secretárias têm consistentemente maior nível educacional que secretários, e a presença de pós-graduadas aumentou de 19,6% para 26,6%, sem diferenças perceptíveis entre grupos raciais. Mulheres brancas são sobrerepresentadas em 40%, enquanto mulheres pretas, pardas e indígenas permanecem sub-representação (65%, 25%, 70%). Secretárias se mantém alocadas em pequenos municípios, rurais e menos desenvolvidos, gerenciando orçamentos menores (diferença de R$28,6 bi em 2021 para homens), especialmente as de minorias raciais (diferença de R$ 5,6 bi para mulheres brancas).
Conclusões/Considerações
O crescimento da representação feminina na liderança local de saúde no Brasil representa um avanço importante, mas persiste a segregação vertical, com mulheres concentradas em municípios com maior exclusão social e econômica. Disparidades raciais causam dupla segregação. Políticas de apoio a lideranças femininas locais, especialmente de grupos historicamente desfavorecidos, são necessárias para superar barreiras estruturais.
PERFIL DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E ENDEMIAS DE UM MUNICÍPIO DO NORDESTE, PARTICIPANTES DE UM PROJETO DE EXTENSÃO SOBRE EQUIDADE NO TRABALHO EM SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2 Universidade Federal Rural do Semi-Árido
Apresentação/Introdução
Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e os Agentes de Combate às Endemias (ACE) desempenham um papel crucial na contribuição para a construção de um sistema de saúde mais justo e inclusivo. No entanto, a análise das condições de trabalho revela desafios significativos: aspectos como gênero, orientação sexual, raça e etnia influenciam diretamente as relações sociais e o desempenho profissional.
Objetivos
Levantar o perfil dos ACS e ACE dos municípios de um município do Nordeste participantes de um projeto de extensão sobre equidade no trabalho em saúde.
Metodologia
Pesquisa de abordagem qualitativa e caráter exploratório, realizada com ACS e ACE do SUS de um município nordestino que participaram do curso de extensão promovido pelo referido projeto, com pelo menos um ano de experiência profissional e que aceitaram participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi por meio da aplicação de um questionário sociodemográfico e ocupacional, com objetivo de identificar e levantar informações pertinentes ao perfil do participante. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, obtendo o parecer favorável de número 7.094.871 e CAAE: 81444724.1.0000.5568.
Resultados
A amostra foi composta por 20 participantes com idades entre 29 e 55 anos. 50% dos participantes se identificaram como mulheres e os outros 50% como homens. Em relação a raça, a maior parte se identifica como parda (50%), seguida por preta (30%), brancos (10%) e indígenas e amarelos representam 5% cada. A maioria dos participantes não possui vínculo conjugal formal e não têm filhos. No que diz respeito à escolaridade, a maior parte possui ensino superior completo (45%), seguido por ensino médio completo, ensino técnico e pós-graduação (15% cada). 5% possuem mestrado. Esses são dados preliminares de uma pesquisa que visa compreender aspectos relacionados às iniquidades e os ACE e ACS.
Conclusões/Considerações
Houve uma representação igualitária entre homens e mulheres e uma predominância de indivíduos em sua fase adulta, o que demonstra uma diversidade etária, que pode enriquecer a pesquisa, trazendo diferentes perspectivas e experiências. Os participantes têm um nível educacional elevado, o que pode influenciar suas percepções sobre o ambiente de trabalho e as iniquidades.
IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO, DE FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DE MÉDICOS DO PROJETO MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL: RESULTADOS DE UM INQUÉRITO NACIONAL
Pôster Eletrônico
1 CIDACS/Fiocruz
2 ISC/UFBA
3 UNEB
4 IMS/UFBA
Apresentação/Introdução
Programas de provimento de médicos em serviços de Atenção Primária à Saúde são relevantes no enfrentamento da escassez desses profissionais. No Brasil, o Projeto Mais Médicos para o Brasil (PMMB) representa a principal iniciativa do governo federal nesse âmbito e conhecer o perfil, aspectos formativos e atuação de seus participantes é importante para aprimorar o funcionamento do programa.
Objetivos
Descrever o perfil sociodemográfico, de formação e atuação dos médicos que atuam no Projeto Mais Médicos para o Brasil.
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo transversal, de alcance nacional. O estudo contou com a participação de 1.345 médicos, que atuavam em 792 municípios, distribuídos nos 27 estados e cinco regiões. O instrumento de coleta de dados era formado por sete blocos, que englobavam perfil sociodemográfico, formação e atuação profissional prévias e no PMMB, recomendações para a melhoria das atividades de formação e elementos de fixação. A coleta de dados foi realizada por questionários online, enviados aos médicos com apoio de equipes do Ministério da Saúde, em formulários preparados no software RedCap. Para a análise estatística, foram calculadas frequências absolutas e relativas.
Resultados
Os médicos eram predominantemente brasileiros (88,9%), com idade entre 35-49 anos (47,6%), mulheres cisgênero (46,8%), graduados de 2020-2024(45,5%) e no exterior (61,7%). Em relação à formação e atuação prévia, 44,2% referiram ter alguma pós-graduação e 37,0% nunca atuaram como médicos antes de ingressar no PMMB. No PMMB, 68,9% atuam em área urbana, e 37,2% são os únicos médicos da unidade de saúde. A supervisão mensal foi referida por 95,0% dos médicos e a discussão de casos clínicos foi o tema mais abordado (89,5%). Em relação à formação no PMMB, 75,8% estão matriculados em algum curso de pós-graduação, e desses, 98,1% cursam a Especialização em Medicina de Família e Comunidade.
Conclusões/Considerações
Os achados deste estudo revelam que o perfil de médicos é marcado por uma parcela considerável de recém-formados, graduados em outros países, e cuja atuação no PMMB é a sua primeira experiência profissional como médico. Esses resultados reforçam a relevância de ofertas educacionais e atividades de supervisão no escopo do PMMB para fortalecer suas habilidades clínicas com o intuito de prover um cuidado de qualidade para a população.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE CARIOCA: A RELAÇÃO PÚBLICO-PRIVADA E SEUS IMPACTOS NO VÍNCULO TRABALHISTA E NA ROTATIVIDADE PROFISSIONAL.
Pôster Eletrônico
1 IMS/UERJ
2 IMS/ UERJ
Apresentação/Introdução
No campo da saúde pública, a visão gerencialista se consolidou especialmente nas grandes cidades. As Organizações Sociais (OSs) tornaram-se uma opção importante para os gestores municipais e estaduais na expansão do SUS, adotar o modelo focado em metas e resultados. Essas entidades contribuem para a flexibilização dos vínculos de trabalho, o que acaba resultando na precarização das relações laborais.
Objetivos
O trabalho busca discutir os avanços da privatização da saúde, especialmente na gestão da APS por OSs e a relação com a crescente rotatividade de profissionais. Além disso, o estudo aborda o contexto histórico e teórico desse fenômeno no país.
Metodologia
A pesquisa utilizou exclusivamente fontes de dados secundárias, sendo a Análise Documental a metodologia escolhida para a investigação. Primeira etapa com uso de documentos, artigos a partir da identificação de descritores relacionados aos temas centrais da pesquisa, como: desburocratização, atenção primária à saúde, gerencialismo, publicização, privatização, organizações sociais na saúde, precarização do trabalho, rotatividade profissional na APS. E segunda etapa com uso de dados públicos de sistemas de informação com a intencionalidade de resposta às indagações colocadas.
Resultados
A permanência de profissionais da ESF é considerada fundamental para a consolidação e efetividade da APS. Conforme Campos e Malik (2008), a rotatividade desses profissionais pode comprometer significativamente a qualidade da assistência prestada, prejudicando o estabelecimento de vínculos entre a equipe de saúde e a população adscrita. A ruptura frequente dessas relações fragiliza a escuta qualificada, dificulta o planejamento de ações de promoção e prevenção em saúde, e compromete a confiança dos usuários nos serviços. A instabilidade nas equipes tende a impactar negativamente na satisfação da população, que valoriza a presença de profissionais comprometidos e acessíveis ao longo do tempo.
Conclusões/Considerações
A longitudinalidade é fruto do conhecimento acumulado dos profissionais sobre o território e seus determinantes sociais e do vínculo criado com os usuários e suas famílias, a rotatividade, muito recorrente em situações de trabalho com vínculos frágeis, compromete essa vinculação e promove desassistência. A gestão da APS por meio de OSs tem aparentado ser uma privatização velada do SUS.
SISTEMA DE MEDICAÇÃO EM UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE NO INTERIOR DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
2 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Apresentação/Introdução
O sistema de medicação compreende processos padronizados que culminam na segurança do manuseio de medicamentos na rotina institucional. Em países em desenvolvimento, inúmeros são os desafios para garantir sistemas seguros, entre eles estão a precarização dos serviços, o subfinanciamento e dificuldades na gestão de instituições hospitalares.
Objetivos
Analisar o sistema de medicação de um hospital geral de grande porte, no interior da Bahia.
Metodologia
Estudo descritivo e exploratório em um hospital geral de grande porte, no interior da Bahia, de janeiro a março de 2024. A coleta de dados foi realizada por meio de visita técnica aos setores, entrevista com oito profissionais a partir de roteiro semi estruturado, análise documental das prescrições e observação não participante. Os resultados foram registrados por meio de relatório descritivo e representado por meio de um modelo gráfico. O estudo possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos (CEP), sob protocolo número 3.153.837. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Resultados
A instituição tem avançado no estabelecimento da cultura da segurança, no entanto os principais pontos de atenção identificados foram: a padronização dos horários aprazados, subnotificação de erros de medicação e eventos adversos, falta de padronização das rotinas entre os setores e da implementação de tecnologias duras.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que, embora haja avanços na cultura de segurança, persistem fragilidades no sistema de medicação, como falhas na padronização, subnotificação de erros e ausência de tecnologias. Recomenda-se a avaliação da eficácia das práticas adotadas e a elaboração de um plano de gerenciamento do sistema de medicação, com vias a implementar estratégias integradas para qualificar os processos que envolvem a segurança medicamentosa.
INTERSECCIONALIDADE NO TRABALHO EM SAÚDE NA PERSPECTIVA DE ACS E ACE DE UM MUNICÍPIO NORDESTINO
Pôster Eletrônico
1 UFRN
Apresentação/Introdução
Este estudo aborda a equidade nas condições de trabalho de ACS e ACE a partir de uma perspectiva interseccional. Realizado em um município do Nordeste brasileiro e busca compreender como gênero, raça e território influenciam a vivência desses profissionais no cotidiano do trabalho em saúde. Utiliza-se aqui o termo trabalhadora no feminino para representar a maioria das atuantes na área da saúde.
Objetivos
Analisar, sob a ótica interseccional, as percepções de ACS e ACE sobre as desigualdades vivenciadas no cotidiano de trabalho, com foco nas dimensões de gênero, raça e classe social.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, exploratória, realizada com ACS e ACE de um município nordestino. A produção de dados foi feita por meio da realização de entrevistas semiestruturadas, com gravação e transcrição autorizadas. A análise dos dados foi conduzida pela técnica de Análise de Conteúdo de Bardin, de onde emergiram as categorias temáticas. O estudo adota a perspectiva interseccional como referencial teórico, buscando compreender como gênero, raça e classe estruturam desigualdades no cotidiano de trabalho do público estudado.
Resultados
Emergiram relatos de sobrecarga, invisibilidade institucional e falta de reconhecimento no trabalho. A interseccionalidade revelou que o cotidiano das trabalhadoras é atravessada por desigualdades relacionadas ao gênero, classe social e à raça, refletindo-se nas relações de trabalho, onde as mesmas vivenciam formas intensas de controle. Adicionalmente, suas funções são muitas vezes desvalorizadas, sendo destacadas a precarização e risco, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade social. A análise evidenciou a forma que as desigualdades sociais operam como condicionantes no dia a dia do trabalho. A ausência de políticas sensíveis à diversidade implica nas desigualdades existentes.
Conclusões/Considerações
Este estudo ressalta que ao analisar a interseccionalidade no contexto do trabalho em saúde, é possível evidenciar como as diferentes formas de opressão e discriminação afetam as relações entre as trabalhadoras de saúde e as comunidades que atendem. A análise interseccional oferece uma visão abrangente, sinalizando a necessidade da criação de políticas públicas mais inclusivas, que atendam às necessidades de todas as trabalhadoras de saúde.
ALOCAÇÃO DE RECURSOS E RACIONALIDADE GERENCIAL: UMA CRÍTICA AO IGM-SUS SÃO PAULO, BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
A APS tem sido vilipendiada pelo desmonte das políticas sociais. O SUS sofre desfinanciamento, afetando sua universalidade. Mesmo com a Lei 141/2012 prevendo alocação por necessidade, União e estados não cumprem. Em SP, o IGM-SP substitui repasses per capita, atrelando recursos ao desempenho municipal, repetindo a lógica do Previne Brasil.
Objetivos
Analisar criticamente o modelo de alocação de recursos à APS no Estado de São Paulo, via IGM-SP, no contexto do SUS, evidenciando seus desafios e perspectivas frente à lógica de financiamento baseada no desempenho e não nas necessidades de saúde.
Metodologia
A pesquisa é de abordagem qualitativa e quantitativa, fundamentada na Teoria Derivacionista do Estado, com foco na crítica ao processo das políticas públicas. Seguindo o método de Marx, adota-se a perspectiva de Netto, que busca a essência do fenômeno partindo da aparência. Objetiva-se captar a estrutura e dinâmica do objeto por meio da análise e síntese. Na abordagem quantitativa, serão examinados os recursos financeiros transferidos pelo governo do estado de São Paulo aos municípios via o modelo IGM-SUS São Paulo, com base no Painel de Incentivo à Gestão Municipal do SUS Paulista (https://nies.saude.sp.gov.br/ses/publico/igm), que permite verificar perdas ou ganhos em relação ao modelo anterior.
Resultados
As políticas públicas só se explicam em compatibilidade com as relações sociais do capitalismo. Huwiller (3) afirma que entram na agenda quando servem ao capital. O IGM-SUS São Paulo adota critérios de desempenho alinhados à lógica gerencial e ao mercado, refletindo diretrizes do Banco Mundial (6), com foco em eficiência e população pobre, afastando-se da universalidade do SUS. Essa racionalidade limitada expressa a forma social do capitalismo, onde a formulação das políticas simplifica problemas complexos, reduzindo sua eficácia na resposta às necessidades coletivas de saúde.
Conclusões/Considerações
A implementação do IGM-SUS Paulista reforça a lógica neoliberal na gestão da saúde, comprometendo a universalidade do SUS. Ao priorizar desempenho e eficiência, ignora desigualdades e necessidades reais dos territórios. Com isso, aprofunda a precarização e torna as políticas públicas reféns de um modelo que privilegia a eficiência econômica em detrimento da equidade e do acesso universal à saúde.
INTEGRAÇÃO SUSTENTÁVEL DOS EIXOS DO APOIO INSTITUCIONAL POR MEIO DO PROJETO REAP/QUALI – PB: UMA EXPERIÊNCIA DO ESTADO DA PARAÍBA.
Pôster Eletrônico
1 UFPB
2 ESP/PB
3 UNIFIP
Período de Realização
Setembro à Dezembro de 2024.
Objeto da experiência
O processo de trabalho em saúde do apoiador institucional.
Objetivos
A presente narrativa tem por objetivo principal relatar a experiência de integração dos apoiadores institucionais do Projeto REAP-QUALI/PB, fazendo refletir sobre a importância do trabalho em equipe.
Descrição da experiência
Utilizando-se de metodologias ativas, que viabilizou a participação efetiva dos atores, promovendo espaços para troca de angústias e anseios, além da construção de conhecimentos por meio das discussões das temáticas sobre a função do Apoiador Institucional, a importância da efetividade da integração entre os eixos do apoio Institucional, educação em saúde, e problematização do processo de trabalho do apoiador, todos voltados a partilha de vivências inerentes ao tema abordado.
Resultados
A colaboração entre os diferentes apoios institucionais tornou-se mais fluida, o que facilitou o compartilhamento de informações importantes, a coordenação de agendas e o alinhamento dos planejamentos semanais de forma integrada. Essa nova dinâmica resultou na otimização do tempo e na resolução de problemas com maior eficiência, sempre com foco na resolutividade e no compartilhamento do fazer na perspectiva do processo de trabalho.
Aprendizado e análise crítica
Extraímos a partir da avaliação crítico reflexiva que um ambiente de colaboração resulta em relacionamentos mais harmônico e menos conflituosos. Quanto aos impactos que a integração causou no trabalho diário, notou-se que o alinhamento de agendas, maior suporte e informação acerca das diversas áreas técnicas, realização de atividades com planejamento prévio e eficaz.
Conclusões e/ou Recomendações
As vivências resultantes dos momentos de planejamento estratégico trouxe a tona a importância da integração e do diálogo contínuo entre os Apoiadores Institucionais para a melhoria dos processos de trabalho no SUS. A experiência evidenciou que a criação de espaços para discussão coletiva, troca de conhecimentos e planejamento conjunto contribui significativamente para a articulação efetiva das diferentes áreas do serviço.
COLETIVO COMO POTÊNCIA: APOIO MATRICIAL E PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR NA PERSPECTIVA DA POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO EM SERVIÇOS ESPECIALIZADOS DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo
Período de Realização
Setembro de 2022 a maio de 2025, com encontros regulares e acompanhamento contínuo.
Objeto da experiência
O coletivo como potência transformadora das relações de cuidado e da organização dos processos de trabalho.
Objetivos
Potencializar a prática do apoio matricial nos AMEs, promovendo a Clínica Ampliada e o Projeto Terapêutico Singular como estratégias para ampliar o cuidado, superar a fragmentação e integrar profissionais e serviços nos territórios, com foco na Política Nacional de Humanização.
Descrição da experiência
A experiência refere-se ao trabalho desenvolvido no Coletivo formado pelos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) das regiões de Bauru, Marília e Presidente Prudente, tendo como principal objetivo apoiar quatro serviços de saúde especializados nessas regiões, visando fortalecer o processo de apoio matricial na perspectiva da Política de Humanização (PNH), utilizando suas diretrizes e dispositivos (PTS, Apoio Matricial, Equipe de Referência, Produção de Cuidado e Redes e Usuário Guia).
Resultados
O Coletivo de AMEs fortaleceu o apoio matricial, com impactos significativos tanto nos territórios quanto na organização do cuidado, estimulando as trocas entre os próprios serviços, que passaram a se apoiar mutuamente, compartilhando experiências e reflexões sobre diferentes modos de cuidar. A inclusão de saberes diversos potencializou o cuidado ampliado, tendo o PTS como potente dispositivo para articular redes de cuidado e apoiar a construção de estratégias de intervenção.
Aprendizado e análise crítica
O processo evidenciou que o Coletivo de AMEs é um potente espaço de apoio que possibilita as trocas de experiências entre serviços e profissionais, visando ampliar a capacidade de análise e de intervenção. Aprendemos que a corresponsabilização e a inclusão de saberes diversos são fundamentais para a construção do cuidado ampliado. A presença ativa dos apoiadores da humanização foi fundamental para acompanhar os territórios e sustentar o processo de mudanças nos modos de gerir e de cuidar.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência demonstrou que o Coletivo de AMEs, como potência transformadora, fortaleceu o apoio matricial e provocou deslocamentos nos modos tradicionais de operar a clínica. A aposta no trabalho coletivo e no PTS ampliou a produção de cuidado e redes, com corresponsabilização e inclusão de saberes diversos. A presença ativa dos apoiadores da humanização foi essencial para sustentar mudanças e consolidar práticas mais humanizadas.
EDUCAÇÃO EM GÊNERO E SEXO COMO FERRAMENTA PARA A COMPLETUDE DOS CADASTROS DE USUÁRIOS NO MMF DO CARAMUJO
Pôster Eletrônico
1 UFF
2 FeSaude
Período de Realização
Maio/2024 a Maio/2025
Objeto da experiência
Processo continuado de educação em saúde e relação com o cadastramento de usuários.
Objetivos
Sensibilizar os profissionais de saúde de uma unidade de saúde da atenção primária para o preenchimento dos cadastros de usuários.
Descrição da experiência
Em maio/2024, a equipe do PET-Saúde/Equidade identificou em uma unidade de APS baixa completude dos cadastros, sobretudo em dados de raça e gênero. Criou-se a “Pausa do Conhecimento”, com tema “Questões de Gênero” em junho/2024, abordando a importância dessa temática para a integralidade do cuidado. Após formulário avaliativo em setembro, os resultados foram apresentados em outubro, junto da entrega de um dicionário com definições-chave. Em maio/2025, reavaliou-se a completude dos cadastros.
Resultados
Antes da “Pausa do Conhecimento”, observou-se que a maioria dos trabalhadores da unidade não compreendia conceitos básicos sobre a população LGBTQIAPN+, tais como identidade de gênero e orientação sexual. Após a atividade, essas dúvidas foram esclarecidas, resultando em maior precisão e completude nos cadastros, evidenciando o impacto direto do conhecimento na qualidade das informações registradas.
Aprendizado e análise crítica
A experiência vivenciada evidenciou que a qualificação contínua das equipes de saúde é fundamental para a promoção de um atendimento inclusivo e acolhedor. A “Pausa do Conhecimento” possibilitou a superação de lacunas conceituais sobre a população LGBTQIAPN+, refletindo diretamente na melhoria da completude dos cadastros. Essa ação destaca a relevância do PET-Saúde Equidade na articulação entre formação profissional, equidade e fortalecimento das políticas públicas.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que o PET-Saúde desempenha papel essencial na integração da agenda de recursos humanos às demandas sociais de saúde no Brasil. A iniciativa contribui para a implementação de políticas públicas de maneira equitativa, ao enfrentar desigualdades históricas no acesso à saúde. A qualificação das equipes reflete diretamente na eficiência do SUS e na promoção de uma atenção mais inclusiva.
OFICINAS DE TRABALHO - UMA AÇÃO PARA PENSAR A EQUIDADE NO ÂMBITO DA GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 SGTES/MS
2 AgSUS
3 UFBA
Período de Realização
Julho de 2023 a março de 2024
Objeto da experiência
Oficinas de Equidade na Gestão do Trabalho e na Educação em Saúde
Objetivos
Construir uma rede colaborativa, o fomento de ações e articulação da pauta da equidade das trabalhadoras do SUS nos Planos Estaduais de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde - PEGTES, a ser executado no período entre 2024-2027.
Descrição da experiência
Durante 7 oficinas que mobilizaram atrizes e atores estratégicos, com participação dos Conselhos de Saúde, COSEMS, escolas do SUS, Secretarias de Saúde, instituições de ensino superior e movimentos sociais, foi construído um mapeamento de problemas e necessidades, demostrando a fragilidade da pauta e apontando para necessidade de políticas públicas com o direcionamento do programa de equidade de gênero, raça, etnia da SGTES/MS, com uma perspectiva analítica da interseccionalidade.
Resultados
O mapeamento de necessidades e problemas de iniquidades no trabalho em saúde no SUS evidenciou: Ausência de informações sobre o perfil das trabalhadoras do SUS, especialmente em relação a gênero, raça, etnia e orientação sexual; Falta de ações estratégicas para a gestão do trabalho em saúde, com foco na equidade; Dificuldades de articulação para a implementação de políticas de equidade; Vínculos trabalhistas precários; e Sobrecarga de trabalho em todos os níveis.
Aprendizado e análise crítica
Para enfrentar as iniquidades no trabalho em saúde no SUS, diagnosticadas nos encontros, diversas ações foram criadas e incentivadas junto à rede colaborativa nos territórios. Destacam-se: levantamento de dados, estratégias contra iniquidades, pesquisas, mapeamento de redes, ações afirmativas, fortalecimento da gestão do trabalho, processos educativos, mobilização de movimentos sociais e fortalecimento da participação social.
Conclusões e/ou Recomendações
As oficinas se materializaram como espaços de construção coletiva, possibilitando à SGTES ouvir as demandas urgentes de cada território e influenciar as ações do Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça, Etnia e Valorização da Trabalhadora no SUS. Dentre as iniciativas fomentadas nos encontros, destaca-se a implementação dos Comitês de Equidade na GTES, reforçando a importância desses espaços na gestão participativa.
ANÁLISE DAS DEMANDAS DOS MÉDICOS DA APS ACERCA DA ATENÇÃO ESPECIALIZADA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 FCMMG
2 Prefeitura de Belo Horizonte
Período de Realização
O levantamento dos dados foi realizado no período de 01/11 à 20/12/2024.
Objeto da experiência
Análise do conhecimento dos médicos da APS acerca do funcionamento da atenção especializada em uma regional no município de Belo Horizonte.
Objetivos
Mapear as principais demandas in loco que envolvem fatores dificultadores relacionados aos encaminhamentos dos médicos da APS para a atenção especializada com o objetivo de construir formatos de matriciamento mais efetivos pra mudança no cuidado longitudinal.
Descrição da experiência
Foi construído um questionário direcionado para os médicos da APS distribuídos em 22 Unidades Básicas de Saúde (UBS) em uma regional no município de Belo Horizonte. As perguntas incluíam a identificação da UBS de referência e o apontamento das principais especialidades que promoviam maiores dificuldades acerca dos encaminhamentos realizados, propondo a possibilidade de melhorias. Foram realizados também questionamentos acerca dos melhores formatos de matriciamento a serem realizados.
Resultados
Os participantes apontaram a especialidade neurologia como a de maior dificuldade de encaminhamento - 44,4% dos profissionais, seguido da Ortopedia com 14,8% e Endocrinologia com 9,3%. 98,1% dos médicos apontaram o matriciamento como uma ferramenta assistencial importante, sendo que 53,7% apontaram a modalidade online como melhor e 44,4% o formato presencial. O formato de discussão de casos foi eleito o método mais eficaz ( 62,9%).
Aprendizado e análise crítica
O mapeamento realizado possibilitou a construção de ações direcionadas para os médicos de acordo com a sua necessidade e preferência. A realização do matriciamento precisa estar relacionada com o interesse e disponibilidade de todos os envolvidos, possibilitando uma construção conjunta capaz de mudar a prática assistencial. A garantia desses espaços possibilita melhor articulação de ações para garantir um desfecho favorável na assistência em saúde direcionada para a população.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência possibilitou expandir a ferramenta do matriciamento como um instrumento potente para garantir uma melhor continuidade do cuidado ao longo da rede de atenção. Realizar ações de educação em saúde de forma permanente e individualizada permite maior adesão dos profissionais e possibilidade de efetiva mudança no processo de cuidado em saúde da população em acompanhamento no SUS, garantindo longitudinalidade e integralidade das ações.
PRECEPTORES E APOIADORES PEDAGÓGICOS: DESAFIOS DA GESTÃO DO TRABALHO EM UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Fundação Estatal Saúde da Família
Período de Realização
A experiência iniciou em 2020 e se estende até a data atual.
Objeto da experiência
Gestão do trabalho do corpo pedagógico em um Programa de Residência em Saúde.
Objetivos
Analisar a gestão do trabalho do corpo pedagógico em um Programa de Residência em Saúde, compreendendo suas funções, responsabilidades e a articulação de seus papéis na formação dos residentes.
Descrição da experiência
Esta experiência detalha os desafios de realizar a gestão do trabalho do corpo pedagógico em um Programa de Residência em Saúde, em Salvador. Preceptores dedicam 40h/semana ao acompanhamento direto de residentes em assistência, gestão e ensino. Apoiadores, no mínimo 8h/semana, focam em competências específicas por categoria, no desenvolvimento de competências clínicas e gerenciais. A análise concentra-se na organização e coordenação dos 32 docentes.
Resultados
Os resultados indicam que a gestão de trabalho dos docentes enfrenta desafios multifacetados. Há sobrecarga de trabalho pela conciliação de assistência, gestão e ensino. O desenvolvimento profissional contínuo é um desafio, exigindo capacitações pedagógicas. A heterogeneidade da equipe requer coordenação robusta para alinhar abordagens formativas. Esses desafios não são só operacionais; envolvem reconhecimento da função docente.
Aprendizado e análise crítica
A gestão do trabalho em residências é complexa. Aprendemos a importância de: compreender o perfil docente; reconhecer a centralidade da preceptoria como a "espinha dorsal" da formação prática; identificar a sobrecarga; e valorizar a formação continuada para manter a qualidade e relevância do ensino, garantindo atualização metodológica e técnica dos profissionais.
Conclusões e/ou Recomendações
A análise da gestão do trabalho do corpo pedagógico no Programa de Residência em Saúde revela a natureza complexa e estratégica de um programa considerado o "padrão-ouro" na formação profissional. A experiência sublinha que a excelência na residência depende intrinsecamente de uma gestão ativa e perspicaz dos seus docentes. Aprimoramento constante em metodologias de ensino e avaliação é crucial para manter a qualidade da formação dos residentes.
PLANEJAMENTO E DIMENSIONAMENTO DA FORÇA DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PAULÍNIA-SP: EXPERIÊNCIA DE DIMENSIONAMENTO ORIENTADA POR VULNERABILIDADES
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
2 SGTES/ Ministério da Saúde
3 Secretaria Municipal de Saúde de Paulínia
Período de Realização
junho a dezembro de 2024
Objeto da experiência
Força de trabalho da APS no município de Paulínia.
Objetivos
Relatar a experiência das autoras na realização do Planejamento e Dimensionamento da Força de Trabalho (PDFT) na APS no município de Paulínia-SP, desenvolvido com metodologia baseada na classificação da vulnerabilidade dos territórios e de forma coletiva com atores e atoras do município.
Descrição da experiência
O PDFT na APS no município de Paulínia/SP foi realizado por meio da SAPS e SGTES do Ministério da Saúde, com participação da equipe do MS, trabalhadoras (es) do nível central da gestão da APS e gestoras (es) das UBS do município. A equipe realizou 4 oficinas para qualificar as gestoras locais na metodologia e desenvolver a análise situacional, identificação da população vinculada e indicadores, classificação das UBS e, finalmente, o dimensionamento das equipes e das categorias profissionais.
Resultados
A equipe identificou que o município possui 133.319 prontuários ativos, 10 UBS, PIB per capita elevado, porém marcado pela desigualdade social. A classificação da vulnerabilidade das UBS foi calculada com base nos indicadores de incidência de tuberculose, sífilis em gestantes e beneficiários do Programa Bolsa família do município, que classificou 1 UBS com baixa vulnerabilidade, 4 com média e 5 com alta. Assim, apontou necessidade de ampliação de equipes em 5 UBS, com acréscimo de 7 eSF.
Aprendizado e análise crítica
Em observação aos indicadores de saúde e sociodemográficos, identificou-se que a gestão local pode realizar planejamentos e construção de linhas de cuidado norteadas por análises de indicadores, desenvolvendo um olhar mais apurado para os dados dos territórios, bem como precisa fortalecer o processo de implementação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) como modelo de saúde prioritário no atendimento aos usuários nos territórios.
Conclusões e/ou Recomendações
Ao fim, conclui-se que com base na metodologia utilizada, o dimensionamento apontou a necessidade de ampliação do quantitativo de eSF em 5 UBS das 10 UBS existentes no município. Ainda, em observação a PNAB, foi visto a necessidade de aumento do número de e-multis e Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no município.
INFORMAÇÃO E GESTÃO DO TRABALHO EM SAÚDE: CENSO DA FORÇA DE TRABALHO E QUALIFICAÇÃO DO CADASTRO NACIONAL DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE (CNES) COMO ESTRATÉGIA PARA FORTALEC
Pôster Eletrônico
1 UFSM
2 Fiocruz Brasília
Período de Realização
Março de 2024 a novembro de 2025.
Objeto da experiência
Realização do Censo da Força de Trabalho nos estabelecimentos de saúde dos estados do Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal.
Objetivos
Capacitar trabalhadores e gestores para qualificar os processos de produção, registro e uso da informação; realizar o recenseamento da força de trabalho nos estabelecimentos de saúde; e qualificar o preenchimento e uso dos dados do CNES no componente Profissional.
Descrição da experiência
A produção foi estruturada em quatro frentes: (1) seleção e capacitação de equipes que atuam na área de gestão do trabalho e com o CNES por estado e região de saúde; (2) elaboração participativa de metodologia e materiais; (3) desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação para apoiar a coleta, o registro e a análise dos dados; (4) organização para execução nos territórios.
Resultados
O projeto permitiu o levantamento dos trabalhadores atuantes nos estabelecimentos de saúde e a qualificação dos fluxos e rotinas de registro de dados no CNES. Desenvolveram-se tecnologias que fortalecem a gestão da informação sobre a força de trabalho em saúde. A melhoria na qualidade dos dados impacta diretamente na gestão do trabalho e nas decisões relacionadas à alocação e valorização de profissionais, contribuindo para ampliar a capacidade de resposta do SUS.
Aprendizado e análise crítica
O desafio é superar lacunas históricas do CNES no componente profissional, avançando na precisão e completude das informações. A estratégia envolveu a articulação entre níveis de gestão, instituições e trabalhadores, com construção compartilhada da informação. O fortalecimento e a integração dos sistemas, junto à formação crítica das equipes, permitem mapear a força de trabalho e estimular o uso qualificado dos dados na gestão do SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
O fortalecimento dos sistemas de informação existentes, associada à formação e à valorização do trabalho vivo, possibilita a transformação das práticas institucionais e o planejamento mais justo da força de trabalho. O projeto reafirma a centralidade do trabalho na produção do cuidado e a necessidade de políticas de gestão e educação comprometidas com os direitos dos trabalhadores e das populações.
MANUAL ELETRÔNICO INTERATIVO DA GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO NA SAÚDE DA SESAP/RN: PADRONIZAÇÃO, TRANSPARÊNCIA E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS
Pôster Eletrônico
1 Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP/RN) – Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (CGTES) e Núcleo de Regionalização da Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (NRGTES) – Natal/RN – Brasil.
2 Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP/RN) – Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (CGTES) – Natal/RN – Brasil.
3 SESAP/RN – CGTES e Subcoordenadoria de Informação em Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SIGTE) – Natal/RN – Brasil.
4 SESAP/RN – Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) – Natal/RN – Brasil.
5 SESAP/RN – CGTES e Núcleo Estadual de Saúde do Trabalhador (NESST) – Natal/RN – Brasil.
6 SESAP/RN – CGTES e Subcoordenadoria de Gestão do Trabalho (SGT) – Natal/RN – Brasil.
Período de Realização
Projeto iniciado em junho de 2023 e concluído em dezembro de 2023, com atualização contínua.
Objeto da experiência
Manual eletrônico, interativo e dinâmico para padronização e qualificação dos processos da Gestão do Trabalho e Educação na Saúde da SESAP/RN.
Objetivos
Otimizar o gerenciamento da força de trabalho da SESAP/RN, instrumentalizando os setores de Recursos Humanos e os servidores por meio da padronização de fluxos e procedimentos administrativos, garantindo agilidade, organização e conformidade com as normativas vigentes.
Metodologia
A produção foi conduzida por um Grupo Técnico de Trabalho (GT) com representantes dos setores envolvidos nos protocolos institucionais. O processo incluiu diagnóstico situacional, escuta ativa de servidores (alinhada à Política Nacional de Humanização - PNH), revisão normativa, construção coletiva de fluxos de trabalho, validação técnica e adaptação para linguagem cidadã. Os documentos são atualizados de forma contínua e publicados no Portal RH SESAP, com apoio da Assessoria de Comunicação.
Resultados
Até dezembro de 2023, foram publicados 16 documentos padronizados, número que chegou a 23 até junho de 2025. O material tem promovido maior celeridade nos trâmites, melhor organização interna, regulamentação dos protocolos institucionais e ampliação do acesso à informação normativa por servidores e gestores da SESAP/RN.
Análise Crítica
A experiência evidenciou que a padronização, aliada à escuta ativa e ao uso de ferramentas tecnológicas, facilita a gestão de uma força de trabalho extensa e diversificada. O manual eletrônico fortalece a institucionalização da informação normativa, promove a integração intersetorial e contribui para uma gestão mais eficiente, transparente e alinhada com os princípios da humanização e da gestão participativa no SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
A construção coletiva do manual representa um avanço técnico e político para a Gestão do Trabalho e Educação na Saúde na SESAP/RN. Sua natureza dinâmica e interativa fortalece a sustentabilidade da iniciativa, incentivando a atualização contínua, o acesso democrático à informação e a consolidação da educação permanente como eixo estratégico da gestão pública.
GESTÃO DA GRATIFICAÇÃO DE INSALUBRIDADE PÓS-PANDEMIA NO RIO GRANDE DO NORTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (SESAP/RN)
2 Ministério da Saúde.
Período de Realização
Janeiro de 2023 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Gestão da retirada da gratificação de insalubridade COVID-19 e manutenção da gratificação de insalubridade regular dos servidores da saúde do RN.
Objetivos
Garantir a transição segura e justa da gratificação de insalubridade COVID-19 para a gratificação de insalubridade regular, assegurando os direitos dos servidores da saúde e promovendo diálogo transparente com os sindicatos das categorias.
Descrição da experiência
Após decisão judicial que encerrou o pagamento da gratificação de insalubridade COVID-19, a Coordenadoria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde desenvolveu um mecanismo eletrônico de controle com a Comissão Pericial do Estado para reavaliar o direito à insalubridade regular. Como desdobramento da discussão dessa pauta na Mesa Estadual de Negociação do SUS, foi criado um Grupo de Trabalho com a SESAP e sindicatos para atualizar laudos e garantir o adicional conforme os critérios técnicos.
Resultados
Dois produtos se destacam na experiência: (1) a identificação de 530 servidores, entre 1.663 analisados, com direito ao adicional de insalubridade regular; e (2) a implantação de 20% de insalubridade para a categoria dos farmacêuticos que atuam em hospitais da região metropolitana. Além disso, o grupo de trabalho consolidou um canal direto com os sindicatos, fortalecendo a comunicação e a resolução de inconsistências.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou a importância da articulação entre gestão, peritos e sindicatos para decisões técnicas com impacto direto na implantação e manutenção de direitos dos trabalhadores. A escuta ativa e a análise individualizada mostraram-se essenciais para a condução ética e legal da política de gratificação da insalubridade em cenário pós-pandêmico.
Conclusões e/ou Recomendações
A negociação coletiva com base técnica que propicia o diálogo permanente com os sindicatos, fortalece a legitimidade das ações de gestão. Recomenda-se replicar essa metodologia em outras pautas de gestão do trabalho, com foco em valorização profissional, segurança jurídica e qualidade na assistência à saúde.
ACOLHIMENTO E FORMAÇÃO: EXPERIÊNCIA DOS MÉDICOS DE FAMÍLIA E COMUNIDADE DO NÚCLEO DE SAÚDE DIGITAL DA AGSUS EM UM SERVIÇO REMOTO DE SUBSTITUIÇÃO TEMPORÁRIA
Pôster Eletrônico
1 Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS)
Período de Realização
Ocorreu entre os dias 12 de maio e 13 de junho de 2025
Objeto da experiência
Estratégia de Formação e Integração em Saúde Digital de Médicos de Família e Comunidade da Unidade de Transformação Digital em Saúde (UDIGIS) da AgSUS
Objetivos
Apresentar a Estratégia de Formação e Integração dos médicos do Núcleo de Saúde Digital (NSD) da UDIGIS descrevendo os processos para ambientação de novos profissionais, ementas de treinamento e preparação de infraestrutura técnica para teleatendimentos.
Descrição da experiência
A imersão formativa dos novos Médicos de Família e Comunidade (MFCs) do NSD seguiu um cronograma de duas semanas de atividades contemplando oficinas sobre cibersegurança, cultura organizacional, cursos assíncronos sobre Fundamentos de Saúde Digital, Comunicação Não Violenta, SIstema de gestão interna de processos, uso do prontuário eletrônico, acompanhamento ombro-a-ombro de teleconsultas, apoio para instalação, teste de equipamentos de videochamada e confraternizações com a equipe.
Resultados
A estratégia permitiu a inserção apropriada de cinco Médicos de Família e Comunidade na dinâmica do trabalho do NSD ao preconizar o domínio dos processos, plataformas e sistemas operacionais envolvidos nos teleatendimentos, bem como a integração em uma cultura de inovação e incorporação de tecnologias para a transformação digital do SUS. Como síntese da formação ofertada, os novos profissionais implementaram um projeto técnico de educação permanente e criação de produtos em saúde digital.
Aprendizado e análise crítica
A estratégia de integração evidenciou a criação de vínculos institucionais e favoreceu a sensação de pertencimento e motivação dos profissionais, bem como possibilitou perceber demandas significativas a partir do treinamento em sistemas digitais e familiarização com os protocolos do serviço. O envolvimento ativo dos profissionais resultou em sugestões metodológicas para o aprimoramento dos espaços formativos do NSD, valorizando a escuta, a experiência prática e a colaboração interprofissional.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência se mostrou um instrumento útil para familiarização com as plataformas tecnológicas, adaptação para condução da consulta e manejo das ferramentas virtuais, evidenciando a telemedicina como estratégia inovadora e transformadora, capaz de otimizar o funcionamento da APS e fortalecer o protagonismo dos MFCs na transformação digital do SUS, viabilizando acesso universal, integral e equânime para aqueles que buscam o serviço de saúde.
AMPLIAÇÃO DA CARGA HORÁRIA DE SERVIDORES DA SESAP/RN: UMA EXPERIÊNCIA DE NEGOCIAÇÃO NA MESA ESTADUAL DO SUS PARA FORTALECIMENTO DA REDE PÚBLICA
Pôster Eletrônico
1 SESAP/RN
2 SESAP/RN e MS
Período de Realização
Abril de 2024 a junho de 2025, com três cotas de ampliação conforme pactuação com a Mesa SUS/RN
Objeto da experiência
Negociação, análise técnica e implantação do aumento da carga horária de servidores da SESAP de 30h para 40h semanais via negociação com a MESA SUS/RN
Objetivos
Fortalecer a gestão de pessoas na SESAP por meio da ampliação da carga horária de servidores de 30h para 40h, respeitando o interesse da administração e promovendo a pactuação com a Mesa Estadual de Negociação Permanente do SUS/RN, garantindo legalidade e equidade
Descrição da experiência
A experiência consistiu na ampliação da carga horária de 1.212 servidores da SESAP de 30h para 40h, conforme previsão da Lei Complementar nº 694/2022 e pactuação com a Mesa SUS/RN. A CGTES, por meio do setor de Dimensionamento, realizou análise técnica dos pedidos, distribuídos em três cotas de aumento: 30% (jun/2024), 20% (dez/2024) e 20% (maio/2025), todas com anuência do Conselho de Política de Administração e Remuneração de Pessoal e publicação em portaria no Diário Oficial do Estado
Resultados
A medida permitiu ampliar a força de trabalho ativa na rede SESAP, permitindo maior cobertura de profissionais nos serviços, a qualificação da assistência, diminuição de plantões eventuais e da sobrecarga de trabalho de servidores. A medida gerou impacto positivo na resolutividade da rede estadual, valorizou os profissionais e demonstrou o êxito de processos de negociação permanente como instrumento eficaz na gestão do trabalho em saúde
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou a importância da articulação entre gestão, instâncias de negociação e setores técnicos para decisões de impacto estrutural. A atuação da Mesa SUS e da CGTES garantiu transparência e legitimidade, sendo essencial para equilibrar os interesses da gestão e dos trabalhadores. O processo evidenciou que a ampliação da carga horária, se planejada e pactuada, é uma estratégia eficiente de gestão da força de trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a continuidade da articulação com a Mesa SUS/RN e o fortalecimento do setor de Dimensionamento como instância técnica qualificada. A experiência reforça a importância da escuta dos trabalhadores e que mudanças estruturais como a ampliação de carga horária devem ser acompanhadas de planejamento, escuta ativa e regulamentação clara, promovendo impacto positivo na gestão de pessoas e do SUS.
DESAFIOS E APRENDIZADOS NA ATUAÇÃO DE ENFERMEIRA RECÉM-FORMADA EM UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DO SUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP
Período de Realização
Junho de 2024 a Março de 2025 na Unidade de Pronto Atendimento do SUS no estado de São Paulo
Objeto da experiência
Reflexões sobre a vivência de enfermeira recém-formada enfrentando desafios da prática na Unidade de Pronto Atendimento do SUS no Estado de São Paulo
Objetivos
Relatar e refletir criticamente sobre os desafios vivenciados por uma enfermeira recém-formada em uma UPA do SUS, destacando a distância entre teoria e prática, a precarização do trabalho, a sobrecarga profissional e os limites da gestão da força de trabalho na saúde pública.
Metodologia
Recém-formada em Enfermagem, iniciei minha atuação em uma UPA municipal no Estado de São Paulo, onde os profissionais eram geridos por uma fundação contratada pela prefeitura. Enfrentei sobrecarga, escassez de insumos, falta de treinamentos, desvio de função, jornadas exaustivas, dimensionamento inadequado e descompasso entre teoria e prática. A ausência de apoio da gestão dificultava o suporte necessário, exigindo rápida adaptação e tomadas de decisão sob pressão, nem sempre assertivas.
Resultados
A vivência evidenciou a precarização do trabalho em saúde pública, que, devido à sobrecarga e à falta de recursos, geram estresse e afetam a saúde física e mental. Para os pacientes, resultam em práticas inseguras, agravadas pela insuficiência de treinamentos e pela desumanização da assistência. É urgente aprimorar a gestão, valorizar a força de trabalho no SUS e garantir a efetiva implementação das políticas nacionais, como a Política Nacional de Humanização, para melhores condições para todos
Análise Crítica
A experiência revelou a tensão entre a integralidade do cuidado e a precarização das condições da força de trabalho em saúde. Sobrecarga, falta de insumos e ausência de capacitação comprometem a segurança do paciente e o bem-estar dos profissionais. Aprendi que fortalecer o SUS exige políticas públicas que valorizem todas as categorias profissionais e uma gestão coparticipativa, promovendo cuidado humanizado, interdisciplinar e baseado em evidências, enfrentando a desumanização e precarização
Conclusões e/ou Recomendações
É imprescindível que as políticas de gestão do trabalho no SUS promovam a valorização integral da força de trabalho, incluindo capacitação contínua, condições adequadas e reconhecimento profissional. A gestão deve ser coparticipativa, envolvendo os trabalhadores na tomada de decisões. Somente assim será possível garantir atendimento humanizado, seguro e eficaz, fortalecendo o SUS como direito social e espaço de realização profissional.
CONDIÇÕES DE TELETRABALHO NA SECRETARIA DE SAÚDE PÚBLICA DO RIO GRANDE DO NORTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 SESAP
2 MINISTÉRIO DA SAÚDE
Período de Realização
Janeiro de 2023 a abril de 2025
Objeto da experiência
Análise das condições de teletrabalho de servidores, com base nos resultados da Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT) .
Objetivos
Avaliar os níveis de satisfação e mal-estar relacionados ao teletrabalho entre servidores públicos da saúde, identificando fatores críticos de organização, relações socioprofissionais e estrutura. O objetivo é subsidiar intervenções na gestão do trabalho para a promoção da saúde e bem-estar ocupacional.
Metodologia
A experiência ocorreu na Secretaria da Saúde Pública do Rio Grande do Norte, utilizando a EACT para avaliar o teletrabalho. A escala analisa organização, relações interpessoais e estrutura, com escores de 1,0 a 5,0. Questionários foram aplicados a servidores em regime remoto e os dados analisados conforme os níveis da EACT: satisfatório, crítico e grave.
Resultados
A média geral da Organização do Teletrabalho foi 3,11, situando-se em nível crítico. Indicadores como pressão por prazos (3,52) e fiscalização do desempenho (3,87) revelaram sobrecarga no trabalho. Nas Relações Socioprofissionais, a média foi 2,07, demonstrando satisfação relativa, embora com lacunas de apoio das chefias (2,04). Já as Condições de Trabalho apresentaram média de 1,88, com críticas à ergonomia e conforto, como inadequação de estações (1,63) e barulho (2,52).
Análise Crítica
A aplicação da EACT demonstrou-se eficaz para diagnosticar situações-limite e graves no teletrabalho. A experiência evidenciou a necessidade de rever a organização das tarefas, reduzir a pressão por produtividade e investir em comunicação e suporte das lideranças. A falta de integração entre planejamento e execução também comprometeu a motivação das equipes. Apesar da flexibilidade do teletrabalho, as condições físicas e psicológicas dos trabalhadores em casa exigem atenção da gestão pública.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se, com base no uso da EACT, a implementação de intervenções que priorizem a melhoria da ergonomia, o equilíbrio entre demandas e jornada, e o apoio institucional ao desenvolvimento dos trabalhadores. É essencial garantir o direito à desconexão e promover ambientes saudáveis, mesmo em contextos remotos.
INCORPORAÇÃO DO CARGO DE ANALISTA-SANITARISTA NO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO (GHC): A EXPERIÊNCIA DA GESTÃO DO TRABALHO EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO (GTED)
Pôster Eletrônico
1 GHC
Período de Realização
Da inclusão do cargo de Analista-Sanitarista, em 2024 a admissão dos trabalhadores na GTED/GHC.
Objeto da experiência
Relatar os desafios da reestruturação produtiva da GTED para qualificação da sua atuação, com a incorporação do cargo e campo do Analista-Sanitarista.
Objetivos
Refletir sobre os desafios e inovações na incorporação de um novo cargo e na delimitação de atribuições na Gestão do Trabalho, Educação e Desenvolvimento (GTED), bem como sobre os impactos da reestruturação setorial na qualificação do trabalho realizado.
Descrição da experiência
Em 2024, a criação do cargo de Analista permitiu o lançamento de edital para Analista-Sanitarista. Em maio/2025, a GTED iniciou reestruturação para qualificar o Apoio Institucional, anteriormente exercido exclusivamente por técnicos em educação. A incorporação do novo cargo buscou ampliar as competências técnicas, respeitando as especificidades de cada função enquanto potencializava a intersetorialidade entre educação e saúde, fortalecendo a gestão do trabalho no SUS.
Resultados
A reestruturação da GTED causou tensões iniciais com técnicos em educação. Com os novos analistas-sanitaristas (junho/2025), espera-se que: 1) Aprimorem o planejamento, monitoramento e avaliação de políticas de saúde no GHC, alinhadas ao SUS; 2) Elaborem e analisem indicadores estratégicos; 3) Implementem evidências científicas as práticas institucionais. A mudança visa superar lacunas entre gestão administrativa e demandas da saúde coletiva, fortalecendo o trabalho com as Referências.
Aprendizado e análise crítica
A incorporação do Analista-sanitarista na GTED, estratégica para a gestão em saúde, demandou enfrentar tensões estruturais e culturais. As tensões com técnicos em educação, revelando desafios na transição de modelos. A resistência inicial de técnicos em educação reflete desafios na transição entre modelos de atuação, destacando a necessidade de processos claros de comunicação e construção coletiva. A iniciativa, ainda inicial, valoriza especificidades profissionais mantendo a integração ao SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a reestruturação, ao inserir o sanitarista, fortalece a capacidade técnica da GTED, mas requer investimento contínuo em diálogo e educação permanente para consolidar a coparticipação entre cargos. Recomenda-se: 1) monitorar os impactos na qualificação das políticas de saúde; 2) criar espaços de integração entre técnicos e analistas; e 3) documentar as lições aprendidas para replicação em contextos similares.
IMPLANTAÇÃO DO HUDDLE COMO ESTRATÉGIA DE GESTÃO DO TRABALHO NA UPA 24H DE PAUDALHO – PE
Pôster Eletrônico
1 SMS-Paudalho
Período de Realização
A experiência iniciou em junho de 2025
Objeto da experiência
Implantação do huddle semanal como estratégia de comunicação e resolução de problemas na UPA 24h Laura Bandeira de Melo
Objetivos
Fortalecer a comunicação entre os profissionais de saúde da UPA 24h Laura Bandeira de Melo, identificar e buscar soluções para problemas diários na unidade e promover a corresponsabilização da equipe na gestão do cuidado e do ambiente de trabalho.
Metodologia
A UPA 24h Laura Bandeira de Melo, em Paudalho/PE, implantou em junho de 2025 o huddle, reunião semanal breve e estruturada no início dos turnos. A iniciativa partiu da coordenação da unidade e visou alinhar a equipe, discutir ocorrências anteriores, identificar desafios e promover escuta ativa. As reuniões duram de 10 a 15 minutos e contam com a participação de profissionais de saúde, apoio, recepção, serviços gerais, porteiros e maqueiros.
Resultados
Após a implantação, observou-se melhoria significativa na comunicação entre os profissionais, maior agilidade na identificação e encaminhamento de problemas, fortalecimento do trabalho em equipe e redução de conflitos internos. O huddle também contribuiu para o aumento do engajamento dos profissionais e para a melhoria da qualidade do atendimento prestado aos usuários. A prática passou a ser reconhecida como espaço seguro de escuta e troca de informações estratégicas.
Análise Crítica
A experiência evidenciou a importância da comunicação estruturada na urgência, integrando os setores da unidade. Houve desafios na adesão dos profissionais e na regularidade das reuniões em dias de alta demanda. A participação ativa e o apoio da gestão foram essenciais. Iniciativas simples, quando bem conduzidas, mostram-se eficazes para melhorar a dinâmica de trabalho e os resultados em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A implantação do huddle na UPA 24h de Paudalho demonstrou ser uma ferramenta eficaz de gestão do trabalho e melhoria do cuidado. Recomenda-se sua continuidade e expansão para outras unidades de saúde do município, com capacitação das lideranças locais e monitoramento dos resultados. A institucionalização da prática pode contribuir de forma sustentável para o fortalecimento da gestão participativa e para a qualificação dos processos de trabalho em saúde.
INVISIBILIDADE E EXAUSTÃO: A SAÚDE DOS TRABALHADORES INFORMAIS NA FRONTEIRA ENTRE O CUIDADO E A PRECARIEDADE
Pôster Eletrônico
1 UFOB
Período de Realização
março de 2024 a março de 2025
Objeto da experiência
Atenção à saúde de trabalhadores informais em regiões urbanas periféricas.
Objetivos
Compreender os impactos da informalidade na saúde dos trabalhadores; refletir sobre os desafios da APS frente a essa população; e propor práticas de cuidado mais inclusivas, intersetoriais e sensíveis às suas realidades.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu em uma Unidade de Saúde da Família na periferia de Barreiras-BA, com trabalhadores informais como ambulantes, diaristas e recicladores. Em parceria com um projeto de extensão, foram promovidas rodas de escuta, visitas e oficinas sobre saúde do trabalhador. Relatos evidenciaram impactos da informalidade, como dores, ansiedade, insônia e uso excessivo de medicamentos, agravados pela falta de vínculo empregatício e proteção social.
Resultados
A experiência evidenciou o adoecimento silencioso dos trabalhadores informais, agravado pela invisibilidade institucional e falhas no cuidado. Os grupos fortaleceram vínculos e possibilitaram escuta e estratégias coletivas. A saúde foi compreendida além do biomédico, incluindo dimensões sociais e subjetivas. A APS mostrou-se limitada, revelando a urgência de articulação com outras políticas públicas, como assistência social e direitos humanos.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou o duplo abandono vivido por trabalhadores informais: a ausência de proteção laboral e a limitação do SUS em acolher suas demandas. A invisibilidade de suas condições compromete o cuidado integral. Destacou-se o papel da extensão universitária e da atuação interprofissional na construção de alternativas. A informalidade, longe de exceção, tornou-se regra diante do desmonte das garantias sociais, exigindo respostas éticas e políticas do sistema de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente reconhecer a informalidade como determinante estrutural da saúde. As políticas para saúde do trabalhador devem incluir as novas formas de trabalho. A APS precisa incorporar práticas de escuta e cuidado, com formação das equipes sobre desigualdades laborais. É preciso fortalecer a intersetorialidade e o controle social para alcançar os invisibilizados nos territórios da precariedade.
RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE/EQUIDADE: VALORIZAÇÃO DAS TRABALHADORAS E FUTURAS TRABALHADORAS NO ÂMBITO DO SUS
Pôster Eletrônico
1 UFU
Período de Realização
Agosto a dezembro de 2024
Objeto da experiência
Relato das ações do PET-Saúde/Equidade voltadas à promoção da saúde mental e ao autocuidado das trabalhadoras do SUS em Araguari-MG
Objetivos
Relatar a experiência do PET-Saúde/Equidade em Araguari-MG, evidenciando a importância de políticas públicas específicas para a promoção da saúde mental das trabalhadoras do SUS, considerando os desafios da sobrecarga e a necessidade de suporte institucional
Metodologia
Discentes do PET-Saúde/Equidade realizaram ações entre agosto e dezembro de 2024 em unidades básicas de saúde de Araguari-MG. Foi realizada a problematização sobre aspectos protetores e desafiadoras à saúde mental por meio da Metodologia do Arco de Maguerez com as trabalhadoras e considerando os apontamentos, foram realizadas oficinas com estratégias de meditação e autocuidado, promovendo apoio psicossocial e fortalecimento dos vínculos
Resultados
A problematização revelou sofrimento psíquico recorrente entre as trabalhadoras, marcado por exaustão, sobrecarga e estresse emocional. As oficinas proporcionaram acolhimento e autorreflexão, mas evidenciaram a urgência de políticas públicas específicas, como espaços permanentes de escuta e atendimento psicológico confidencial, essenciais para enfrentar o adoecimento psíquico e melhorar o bem-estar e a qualidade do trabalho no SUS
Análise Crítica
A experiência evidenciou a subnotificação e invisibilidade do sofrimento psíquico entre as trabalhadoras do SUS, exacerbada por desigualdades de gênero e insuficiência de suporte institucional. O adoecimento mental está associado à sobrecarga laboral, estresse crônico e ausência de reconhecimento profissional, configurando um contexto de desvalorização e silenciamento que impacta negativamente a saúde mental e o bem-estar das trabalhadoras
Conclusões e/ou Recomendações
A promoção da saúde mental das trabalhadoras do SUS requer políticas públicas estruturadas que garantam suporte psicológico acessível, espaços de escuta e ações de fortalecimento do autocuidado. É fundamental que essas políticas considerem as especificidades de gênero e as condições de trabalho, promovendo ambientes laborais saudáveis e apoio institucional contínuo, conforme diretrizes do SUS e da saúde do trabalhador
CONSTRUÇÃO DA ANÁLISE SITUACIONAL DA GESTÃO DO TRABALHO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SALVADOR: UMA EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE EQUIDADE – EIXO MATERNAGEM
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Período de Realização
A atividade foi realizada no período de agosto de 2023 a junho de 2025.
Objeto da experiência
Construção da Análise Situacional da Gestão do Trabalho da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.
Objetivos
Compreender a conformação da gestão do trabalho na Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e relatar o impacto da integração ensino-serviço na formação de graduandos da saúde e das ciências humanas participantes do PET-Saúde Equidade.
Descrição da experiência
A atividade foi conduzida pelo PET Equidade, em parceria com a SMS de Salvador. Utilizou-se pesquisa documental, reuniões de gestão e análise crítica dos instrumentos normativos e históricos da gestão, assim como a análise do relatório da II Conferência Municipal de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. A proposta surgiu com a necessidade de produzir um diagnóstico da Gestão do Trabalho da SMS de Salvador, que comporá o Plano Municipal de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde.
Resultados
A experiência resultou em um diagnóstico situacional contendo a análise cronológica dos principais marcos da gestão do trabalho no município, considerando elementos como vínculos, condições laborais, educação permanente, dentre outros. Além disso, no mesmo documento foi apresentado um breve resumo sobre a gestão do trabalho, bem como uma contextualização do município e das condições de trabalho dos trabalhadores da saúde de Salvador.
Aprendizado e análise crítica
A experiência permitiu compreender criticamente os desafios históricos e atuais da gestão do trabalho em saúde no município, evidenciando desigualdades, fragilidades estruturais e potencialidades. Destacou-se a potência da integração ensino-serviço na formação crítica dos estudantes e na qualificação da gestão pública, reafirmando o papel dos espaços de participação e da escuta qualificada na construção de políticas mais equitativas e resolutivas.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente a consolidação de uma diretoria específica de Gestão do Trabalho na SMS, com atribuições claras e orçamento definido. Recomenda-se o fortalecimento de práticas de cuidado às trabalhadoras, com foco em saúde mental, valorização profissional e condições dignas de trabalho. A escuta ativa e a gestão participativa são caminhos fundamentais para transformar o ambiente laboral no SUS.
COMITÊ ESTADUAL DE EQUIDADE NO TRABALHO E NA EDUCAÇÃO NO SUS DO RIO GRANDE DO NORTE
Pôster Eletrônico
1 SESAP
2 UFRN
Período de Realização
Janeiro de 2023 a Maio de 2025
Objeto da experiência
Criação e implementação do Comitê Estadual de Equidade no Trabalho e na Educação no SUS no RN
Objetivos
Fortalecer a gestão do trabalho e da educação em saúde por meio da institucionalização de um comitê com caráter propositivo e consultivo voltado para a promoção da equidade de gênero, raça, etnia e outras diversidades no SUS do Rio Grande do Norte.
Metodologia
O Comitê Estadual terá caráter propositivo e consultivo e seus integrantes terão representação da SESAP, universidades, conselhos estadual de saúde, representantes dos movimentos sociais, superintendência estadual do Ministério da Saúde e representantes da Secretaria das mulheres, juventude e direitos humanos.
Resultados
A constituição do Comitê fortaleceu a institucionalização da pauta da equidade no estado, permitindo ações articuladas entre gestão, controle social e sociedade civil. Foi possível consolidar um espaço permanente de diálogo, formação e monitoramento das desigualdades no trabalho em saúde. Houve avanço na elaboração de políticas de valorização e acolhimento das trabalhadoras e trabalhadores do SUS potiguar.
Análise Crítica
A experiência revelou a importância da escuta ativa, da articulação interinstitucional e da valorização dos saberes locais. Identificou-se que a institucionalização da equidade exige continuidade política, normativa e apoio técnico. Desafios como a rotatividade de gestores, resistências internas e a necessidade de formação continuada foram enfrentados por meio da atuação coletiva e comprometida do grupo.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se que os estados promovam estruturas formais para sustentar as pautas de equidade, assegurando participação social, autonomia e transversalidade nas políticas públicas. O Comitê do RN é exemplo de boa prática na institucionalização do cuidado com quem cuida e da justiça social no SUS.
ENCRUZILHADAS: HISTÓRIAS E VIVÊNCIAS, RECONHECIMENTO E VALORIZAÇÃO DAS TRABALHADORAS NEGRAS NA CONSTRUÇÃO DE AMBIENTES DE TRABALHO JUSTOS E ANTIRRACISTAS NA ENSP/FIOCRUZ
Pôster Eletrônico
1 ENSP/FIOCRUZ
Período de Realização
14/02/2025 a 30/07/2025
Objeto da produção
Dar voz e visibilidade às trabalhadoras negras da ENSP/Fiocruz, utilizando o Castelo como palco para suas histórias de resiliência e reconhecimento.
Objetivos
Empoderar as trabalhadoras do projeto por meio do acolhimento, escuta e letramento racial, capturando suas histórias e experiências em sessão de fotos no Castelinho da Fiocruz, e posteriormente criar exposição que relacione suas vivências ao local de trabalho, valorizando suas narrativas.
Descrição da produção
Produção fotográfica que destaca as trabalhadoras negras da ENSP/Fiocruz. Realizada no Castelo da Fiocruz, a sessão de fotos foi precedida por atividades de letramento racial e empoderamento, que fortaleceram a autoestima e o protagonismo dessas mulheres. As imagens resultantes valorizam suas histórias e experiências. A exposição busca promover reflexão e conscientização sobre a importância da representatividade e no ambiente de trabalho, destacando o papel dessas profissionais na instituição.
Resultados
A valorização das histórias e experiências das trabalhadoras negras, fortalecimento da autoestima e protagonismo, promoção da reflexão e conscientização sobre representatividade e destaque ao papel dessas profissionais na instituição, contribuindo para uma cultura mais inclusiva e equitativa.
Análise crítica da produção
A exposição fotográfica promove visibilidade e empoderamento das mulheres negras da Escola Nacional de Saúde Pública/Ficoruz, destacando suas histórias e experiências. Colocar mulheres que estão acostumadas a serem invisibilizadas em destaque é um desafio, uma vez que não estão acostumadas a estarem nesse lugar. As imagens demonstram potência e beleza, ressaltando a força e resiliência dessas mulheres.
Considerações finais
A exposição fotográfica promove visibilidade e empoderamento das mulheres negras, destacando suas histórias e experiências. Um desafio foi evitar reforçar estereótipos de "mulheres guerreiras", humanizando-as e mostrando suas potencialidades além da resiliência. As imagens demonstram potência e beleza, ressaltando a complexidade e diversidade dessas mulheres. A exposição busca promover reflexão e empatia.
A EXPERIÊNCIA DO AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO NA ATENÇÃO À SAÚDE DE PESSOAS IDOSAS DO HOSPITAL REGIONAL DE SANTA MARIA/RS: DA IMPLEMENTAÇÃO AO MONITORAMENTO
Pôster Eletrônico
1 SES-RS - Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul
Período de Realização
A Implementação iniciou em julho de 2022, seguido da estruturação do serviço e monitoramento da SES
Objeto da produção
Estruturação do serviço, desde a pactuação institucional, contratualização até os resultados
Objetivos
1. Relatar sobre a experiência, produções técnicas e protocolos específicos para a implementação e estruturação da assistência no Ambulatório Especializado à Saúde de Pessoas Idosas do Hospital Regional de Santa Maria/RS
2. Descrever os processos de monitoramento loco regionais em curso
Descrição da produção
A partir da Portaria SES/RS 537/2021, as Políticas de Saúde da Pessoa Idosa e Doenças Crônicas lançaram a Nota Técnica 03/2022 “Orientações para a organização de ambulatórios especializados de atenção à saúde de pessoas idosas”; com a cooperação do CONASS (2022), apoio aos serviços do território estadual. À luz do Modelo de Atenção às Condições Crônicas adaptado ao Idoso, o usuário 60+ é regulado para acesso, através da estratificação de risco na APS; o critério de inclusão é declínio funcional
Resultados
O movimento de apoio institucional aos municípios da região central do Estado do RS, propiciou suporte para a instrumentalização das equipes quanto à estratificação de risco das pessoas idosas. Os atendimentos ambulatoriais iniciaram em 10/2022 e se mantém até os dias atuais. A assistência ocorre por meio de equipe multiprofissional trabalhando no modelo Ponto de Atenção Secundária Ambulatorial (PASA) e em 2025, lança-se o Plano Regional para a consolidação do modelo no território
Análise crítica e impactos da produção
A experiência é positiva quanto ao acesso e à qualidade da atenção ofertada às pessoas idosas. Observa-se no RS uma importante lacuna na atenção à pessoa idosa na média densidade do SUS e o serviço auxilia na melhora da atenção, mesmo que parcialmente. Observa-se o fortalecimento do trabalho em redes de atenção à saúde. A sensibilização, o engajamento dos gestores locais e da equipe do ambulatório mostram-se como desafios, não insuperáveis, para a pactuação de ações locais
Considerações finais
A experiência nasceu do trabalho no âmbito da gestão estadual. A estruturação do Ambulatório teve sucesso em engajar muitas pessoas de diferentes territórios e serviços. O trabalho em rede se deu em ato. Espera-se isso para o SUS. Porém, sugere-se não negligenciar a precarização da rede, que se reflete, entre outros, em terceirizações com dificuldades no gerenciamento de contratados, causando problemas de rotatividade de pessoal e lesando o SUS

Realização: