
Programa - Pôster Eletrônico - PE18 - Infância, adolescência e saúde
DESIGUALDADES NA MORBIMORTALIDADE INFANTIL: ANÁLISE GLOBAL DOS DETERMINANTES SOCIOECONÔMICOS E O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Pôster Eletrônico
1 IAM/FIOCRUZ
2 UPE
3 UFPE
4 SES-AL
5 MPPE
Apresentação/Introdução
A morbimortalidade infantil, é reflexo das desigualdades e do impacto de fatores como acesso à saúde e condições socioeconômicas. Apesar dos avanços, doenças infecciosas e parasitárias ainda são as principais causas de morte entre criança. Enquanto algumas regiões avançam com políticas de saúde pública, outras continuam a sofrer com a desnutrição, falta de saneamento e baixa cobertura vacinal.
Objetivos
Analisar a morbimortalidade infantil, considerando fatores socioeconômicos e a relação entre acesso à saúde e urbanização, usando a ferramenta GBD.
Metodologia
Estudo ecológico baseado em dados secundários do Global Burden of Diseases (GBD) (2011–2024), focado em crianças menores de cinco anos. Utilizou-se a GBD Results Tool (disponível em: https://vizhub.healthdata.org/gbd-results/), com estimativas globais de mortalidade, morbidade e fatores de risco. As análises foram realizadas em níveis continental, nacional e subnacional. Métricas incluíram Anos de Vida Perdidos (YLL), Anos Vividos com Incapacidade (YLD) e os Anos de Vida Ajustados por Incapacidade (DALY). Modelos de regressão e associações entre desfechos e variáveis contextuais (PIB per capita, urbanização, acesso à saúde). E dados de tendências temporais por região.
Resultados
Observou-se desigualdade na carga de doenças em menores de cinco anos. As principais causas de morte foram doenças infecciosas evitáveis, com redução progressiva nos óbitos após 2015. Regiões com menor PIB apresentaram maiores taxas de DALY e YLL. A África Subsaariana concentrou os maiores valores, associados à desnutrição e falta de saneamento. Aumento de YLD em regiões de renda média indica sobrevida com sequelas. Acesso à saúde e urbanização mostraram-se associados à menor mortalidade, reforçando a importância de políticas públicas equitativas.
Conclusões/Considerações
A redução da mortalidade global foi observada, mas as disparidades persistem, especialmente na África Subsaariana. O acesso à saúde e a urbanização mostraram-se cruciais para a redução da mortalidade, reforçando a necessidade de políticas públicas equitativas para garantir um futuro mais saudável e justo para as crianças.
DESIGUALDADES RACIAIS NA VACINAÇÃO INFANTIL ENTRE NASCIDOS VIVOS EM 2017 E 2018: ANÁLISE DE UMA COORTE RETROSPECTIVA DOS DOIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA NA CIDADE DE NATAL-RN
Pôster Eletrônico
1 UFRN
Apresentação/Introdução
A cobertura vacinal é um indicador de saúde utilizado para avaliar programas de imunização e o acesso a serviços de saúde, e é essencial estimar as cobertura e identificar fatores socioeconômicos e demográficos que reflitam desigualdades de acesso a esse serviço. A raça/cor da pele é um marcador de desigualdades sociais e é considerado um importante preditor da saúde de uma população.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi analisar a cobertura vacinal de crianças até os 24 meses de vida, de acordo com o quesito raça/cor da pele de crianças nascidas no município de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Metodologia
Os dados são provenientes do Inquérito Nacional de Cobertura Vacinal 2020. A amostra foi composta de 688 crianças nascidas entre 2017-2018 e foi analisada a trajetória de vacinação da criança desde o seu nascimento até o momento da entrevista. Para o cálculo da cobertura vacinal completa, foi utilizado como numerador o “número de crianças que completaram o esquema vacinal preconizado, dividido pelo denominador “número de crianças incluídas no estudo”, multiplicado por 100. A cobertura vacinal completa de doses oportunas foi considerada quando os imunobiológicos foram aplicados em intervalos apropriados entre as doses e a idade da criança no momento da aplicação era a recomendada.
Resultados
A cobertura vacinal completa mostra que as crianças negras possuem maior cobertura para as doses aplicadas (brancas, 30,5%, versus negras, 47,8%), porém em relação às doses oportunas, houve menor cobertura vacinal entre as crianças negras para as vacinas que deveriam ser tomadas depois do primeiro ano de vida (brancas, 14,5% versus negras, 16,8%) e para a cobertura completa do nascimento até os 24 meses de vida (brancas, 3,4%, versus negras, 1,7%). Houve diferença significativa para a cobertura completa de doses oportunas até os 24 meses de vida entre as crianças negras e brancas (RP = 0,21; IC95% 0,04-0,90) com cobertura de 7,2% para as crianças brancas e 1,5% para as crianças negras.
Conclusões/Considerações
O estudo encontrou menor cobertura vacinal completa para doses oportunas entre crianças negras, na coorte de nascidos entre 2017 e 2018 na cidade de Natal, evidenciando que as desigualdades raciais representaram barreiras à completude do calendário de vacinação até os 24 meses de vida da criança.
DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE ÓBITO POR MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS E ANOMALIAS CROMOSSÔMICAS EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS DE 2011 A 2023: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Apresentação/Introdução
A taxa de mortalidade infantil é um indicador importante da eficácia da assistência à saúde, capaz de estimar o modo como as desigualdades sociais afetam os grupos populacionais. As anomalias congênitas são importantes causas de mortalidade e de doenças crônicas na infância, apresentando-se enquanto uma preocupação de saúde global (Bugelli et al., 2021; Fernandes et al., 2023).
Objetivos
Descrever a tendência temporal e a caracterização sociodemográfica da mortalidade infantil por anomalias congênitas em crianças menores de cinco anos no Ceará.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo ecológico, que utilizou dados secundários sobre óbitos por causas evitáveis, e decorrentes de malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas em crianças menores de cinco anos, no Estado do Ceará, no período de 2011 a 2023, conforme dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, através do portal eletrônico do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. A coleta de dados foi realizada de março a maio de 2025. Realizou-se a caracterização dos casos com base em variáveis como sexo, faixa etária, raça, macrorregião de saúde e local de ocorrência do óbito. Para análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva.
Resultados
Identificou-se no total 4.604 óbitos por malformações congênitas e anomalias cromossômicas. A maioria ocorreu na Macrorregião de Saúde de Fortaleza (n= 2.470; 53,65%), no ambiente hospitalar (n= 4.385; 95,24%), em crianças menores de um ano (n=1.587; 34,47%), do sexo masculino (n= 2.409; 52,32%), e de raça/cor parda (n=2.594; 56,36%). Observou-se a ausência de informações, especialmente nas variáveis sexo (n=96; 2,09%) e raça (n=984; 19,42%). Tais aspectos revelam a prevalência da subnotificação dos casos nos sistemas de informação, e a ausência do preenchimento de variáveis capazes de refletir o impacto dos determinantes sociais no acesso aos serviços de saúde e em desfechos vitais.
Conclusões/Considerações
O levantamento dessas informações contribui para a identificação de desafios, aprimoramento de políticas públicas voltadas para a promoção da saúde na infância e da saúde materno-infantil, bem como para o planejamento de ações e intervenções que visem prevenir os casos, ou evitar desfechos desfavoráveis, considerando as especificidades de cada território, especialmente em grupos mais vulneráveis, em que recebe destaque a população infantil.
SAÚDE, QUALIDADE DE VIDA, NUTRIÇÃO E HISTÓRICO DE VIOLÊNCIAS EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DA BAHIA: CENÁRIO PÓS-PANDEMIA DE COVID-19
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UFOB
Apresentação/Introdução
A adolescência é marcada pela transição entre a infância e a adultez, onde ocorrem mudanças físicas e psicossociais no indivíduo, na sua saúde e nutrição, e na forma como interage com o meio e a sociedade, podendo expô-lo à violência. Ao mesmo tempo, a escola possui papel essencial na sua formação, desenvolvimento e estado de saúde e na promoção da cultura de paz e prevenção às violências.
Objetivos
Descrever a o estado de saúde, qualidade de vida e nutrição e o histórico de violência de adolescentes de 15 a 19 anos matriculados em escolas públicas do município de Barreiras, Bahia, no período pós-pandemia de Covid-19.
Metodologia
Estudo transversal, de base escolar, com adolescentes de 15 a 19 anos, matriculados em escolas públicas e que responderam a um questionário auto aplicado que contava com instrumentos validados para esta população. Foram incluídas as variáveis relacionadas à saúde (autoavaliação da saúde e presença de sintomas de depressão, ansiedade e estresse), qualidade de vida, nutrição (estado nutricional e insegurança alimentar) e histórico de violências (abuso na infância, ambiente familiar disfuncional, negligência e bullying). Foram calculadas frequências relativas e absolutas das variáveis e as análises foram realizadas no software Stata 14. Todos os aspectos éticos foram respeitados.
Resultados
Dos 668 adolescentes entrevistados, 40,6% avaliaram sua saúde como regular a muito ruim e 59% consideraram possuir uma baixa qualidade de vida. Sintomas indicativos de ansiedade, depressão e estresse foram encontrados em 53,4%, 51,3% e 33% dos indivíduos entrevistados, respectivamente. A frequência de excesso de peso foi 24% e a de insegurança alimentar foi 27,1%. Com relação ao histórico de exposição à violência, 88,8% relataram terem sofrido abuso na infância, 75,7% viviam em um ambiente familiar disfuncional, 78,8% foram vítimas de negligência e 74,7% de bullying.
Conclusões/Considerações
A saúde e nutrição dos adolescentes entrevistados mostra-se preocupante, o que pode ter se agravado pela situação de pandemia. Acrescenta-se a isso o alto índice de violências vivenciadas, que podem ter impacto direto na sua condição de saúde e bem-estar. Dessa forma, destaca-se a necessidade de implementação de políticas públicas direcionadas a esse grupo, a fim de melhorar a sua qualidade de vida e prevenir doenças na idade adulta.
OCORRÊNCIA E COEXISTÊNCIA DE COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DA BAHIA: CENÁRIO PÓS-PANDEMIA DE COVID-19
Pôster Eletrônico
1 UFG
2 UFOB
3 UFSC
Apresentação/Introdução
A adolescência é marcada pela transição entre a infância e a vida adulta, em que ocorrem mudanças físicas e psicossociais, incluindo a adoção, intensificada pela pandemia, de diversos comportamentos que colocam em risco a sua saúde. Paralelo a isso, a escola possui papel essencial na formação e desenvolvimento do indivíduo, no acompanhamento e na promoção de hábitos de vida saudáveis.
Objetivos
Descrever a ocorrência de comportamentos de risco à saúde entre adolescentes de 15 a 19 anos matriculados em escolas públicas do município de Barreiras, Bahia, considerando a sua frequência isolada e conjunta.
Metodologia
Estudo transversal, de base escolar, com adolescentes de 15 a 19 anos, matriculados em escolas públicas e que responderam a um questionário auto aplicado. Foram incluídas as variáveis relacionadas à comportamentos considerados de risco à saúde: uso de tabaco, álcool e drogas; automedicação; não uso de preservativos na última relação sexual; sedentarismo; tempo excessivo de uso de telas; consumo de alimentos ultraprocessados e; adoção de práticas não saudáveis para o controle de peso. Foram calculadas frequências relativas e absolutas das variáveis e criado um escore para identificar a quantidade de comportamentos adotados pelos adolescentes. As análises foram realizadas no software Stata 14.
Resultados
Dos 668 adolescentes entrevistados, 8,5, 39,7 e 11,5% relataram o uso de tabaco, álcool e drogas, respectivamente; 19,6% se automedicaram; 34,2% não usaram preservativos na última relação sexual; 79,4% eram sedentários; 9,8% fazia uso de telas por mais de 8 horas/dia; 47,3% tinham alto consumo de alimentos ultraprocessados; e 20% tinham práticas não saudáveis em relação ao peso. A adoção de 1 a 2 comportamentos de risco foi encontrada para 50,1% dos adolescentes e 46,6% apresentaram 3 ou mais fatores, sendo que as principais coexistências foram entre o uso de tabaco, álcool e drogas, e entre o sedentarismo e alto consumo de alimentos ultraprocessados.
Conclusões/Considerações
A adoção de comportamentos de risco está presente no cotidiano dos adolescentes entrevistados, sendo que esta prática não ocorre de maneira isolada, demonstrando a necessidade de uma abordagem em promoção da saúde mais holística e integrada. Destaca-se também a necessidade de implementação de políticas públicas direcionadas a esse público de forma mais abrangente, evitando que esses comportamentos de risco sejam perpetuados na vida adulta.
CONSUMO DE PORNOGRAFIA ENTRE ADOLESCENTES: CONTRIBUIÇÃO DE GRUPOS FOCAIS EM UMA ESCOLA PÚBLICA
Pôster Eletrônico
1 IFRJ
Apresentação/Introdução
O acesso precoce à pornografia é hoje considerado um problema de saúde global. Nos últimos anos, médicos vêm discutindo o uso problemático de pornografia, que apresenta sintomas parecidos com o das adicções. A literatura alerta que os conteúdos acessados são problemáticos e desafiam a formação de concepções saudáveis sobre sexualidade, consentimento e relações interpessoais.
Objetivos
Conhecer a percepção dos adolescentes sobre o tema para auxiliar a elaboração de instrumento de coleta de dados em pesquisa em uma unidade federal de ensino médio do Rio de Janeiro.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, transversal, baseado na técnica de grupo focal, especialmente útil para a elaboração de instrumentos de pesquisa. Os estudantes foram recrutados na condição de especialistas, com diversidade sexual e racial em ambos os grupos. O acesso à pornografia não foi pré-requisito para a participação ou seleção dos mesmos. Os estudantes foram separados por sexo e se reuniram nas salas de aula da própria instituição de ensino, onde exploraram livremente questões relacionadas a acesso, tipo de conteúdo visualizado, motivação, emoções envolvidas, percepções e comportamentos relacionados, ideias aprendidas.
Resultados
A maior parte dos estudantes teve o primeiro contato com pornografia na faixa etária de 6 a 10 anos. Praticamente todos foram expostos, desde então, a conteúdos extremos ou violentos, como cenas de incesto, violações, agressões e pedofilia, entre outros. Meninos descreveram a pornografia como uma forma de adicção, difícil de resistir. Ambos relataram aumento da pressão estética e reforço de estereótipos racistas. Meninos relataram que desejavam reproduzir o que viam e muitas meninas já haviam passado por episódios de violência inspirados pelo que era transmitido nos videos de pornografia.
Conclusões/Considerações
Os relatos convergiram significativamente com os achados da literatura, que mostram que a pornografia online vem atuando como "currículo paralelo", reproduzindo estereótipos de gênero, hierarquias sociais e riscos à saúde. Os temas levantados pelos estudantes confirmaram a pertinência de investigar mais esse fenômeno junto aos adolescentes e a importância do envolvimento da escola na educação para a saúde.
PREVALÊNCIA E PREDITORES DE ANEMIA EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS NA ÁFRICA SUBSAARIANA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
2 . Institute of Collective Health, Federal University of Bahia
Apresentação/Introdução
A anemia é um importante desafio de saúde pública na África Subsaariana, afetando particularmente crianças menores de cinco anos e gerando sérias consequências para a saúde e o desenvolvimento.
Objetivos
Esta revisão sistemática com meta-análise tem como objetivo quantificar a prevalência e identificar os preditores de anemia nesse grupo etário vulnerável em toda a região.
Metodologia
Foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise conforme diretrizes PRISMA. Incluíram-se estudos observacionais que relataram prevalência e preditores de anemia em crianças menores de cinco anos na África Subsaariana. A busca foi feita nas bases PubMed, Scopus, Web of Science e Embase. As ferramentas do Instituto Joanna Briggs (JBI) foram usadas para avaliação crítica. Um modelo de efeitos aleatórios estimou a prevalência combinada. Heterogeneidade e viés de publicação foram avaliados com o software R.
Resultados
Foram incluídos 32 estudos, com 93.388 crianças. A prevalência agrupada de anemia foi de 55%, indicando um grave problema de saúde pública, com alta heterogeneidade (I² = 99,7%). Os principais preditores foram idade mais jovem (especialmente 0 a 23 meses), sexo masculino e sinais de má nutrição, como o retardo de crescimento (stunting). Fatores socioeconômicos e ambientais, como viver em área rural e baixa escolaridade materna, também se associaram a maiores taxas de anemia. A variação entre os estudos reflete a complexidade dos determinantes da anemia na região.
Conclusões/Considerações
A alta prevalência consistente de anemia entre crianças menores de cinco anos na África Subsaariana ressalta a necessidade de estratégias integradas de saúde pública. Esforços para enfrentar deficiências nutricionais, melhorar a educação materna e aprimorar as condições de vida são essenciais para reduzir o impacto da anemia e melhorar os desfechos de saúde infantil na região.
HÁBITO DE FUMAR DE GESTANTES ASSOCIADO AO EXCESSO DE PESO DOS FILHOS: COORTE NISAMI
Pôster Eletrônico
1 UEFS
2 ISC/UFBA
3 UFRB
Apresentação/Introdução
O tabagismo na gestação está associado a efeitos adversos para o binômio mãe-filho, como pré-eclâmpsia, prematuridade e baixo peso ao nascer. A longo prazo, estudos têm demonstrado a associação do hábito tabágico durante a gestação no desenvolvimento do excesso de peso infantil.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo investigar a associação entre o tabagismo gestacional e o excesso de peso em crianças em um município do Recôncavo da Bahia.
Metodologia
Estudo de coorte prospectiva com 310 pares mães-filhos acompanhados entre 2012 e 2022. As gestantes foram entrevistadas na ocasião do pré-natal; a segunda etapa ocorreu na maternidade e em domicílio, no pós-parto; a terceira etapa ocorreu dez anos após o baseline e foi composta pela obtenção dos dados antropométricos das crianças, obtidos através do SISVAN. As análises estatísticas foram realizadas no softwere Stata versão 14.0 e incluíram a análise exploratória, o teste qui-quadrado e a análise multivariada com a regressão logística (p<0,05 e IC95%).
Resultados
17,7% das gestantes fizeram uso do fumo durante a gestação. A prevalência de excesso de peso infantil foi de 37,1%, sendo 38,2% entre filhos de fumantes. A chance de desenvolver excesso de peso infantil nos filhos de mães fumantes foi de 1,06 (IC95%=0,58–1,93), contudo a associação não foi estatisticamente significante. Quando ajustado, os filhos de mães com IMC pré-gestacional elevado e filhos com macrossomia tiveram maior chance de desenvolver excesso de peso. A interação entre tabagismo e IMC pré-gestacional aumentou a chance de excesso de peso (OR= 4,89; p=0,009).
Conclusões/Considerações
Embora a associação direta entre tabagismo gestacional e excesso de peso infantil não tenha sido significativa, observou-se tendência positiva e interação com outros fatores. O estudo reforça a importância de ações integradas no pré-natal para prevenir a obesidade infantil, com foco na cessação do tabagismo e no controle do ganho de peso materno.
FRENOTOMIA, DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO E DOR MAMILAR: UM ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVA EM CENTRO DE PARTO NORMAL PERI-HOSPITALAR
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Triângulo Mineiro
2 Universidade de São Paulo
3 Centro de Parto Normal Casa Ângela
Apresentação/Introdução
A anquiloglossia (frênulo lingual curto) pode dificultar a sucção e causar dor mamilar, prejudicando a amamentação. A frenotomia (ruptura cirúrgica do frênulo) é indicada em alguns casos, mas seus efeitos geram controvérsias. Compreender seu impacto em contextos com suporte pós-parto qualificado pode ampliar estratégias de cuidado, melhorar o manejo clínico e evitar intervenções desnecessárias.
Objetivos
Avaliar se a frenotomia influencia a duração da amamentação exclusiva e a dor mamilar materna durante a lactação em bebês com anquiloglossia.
Metodologia
Estudo de coorte retrospectiva realizado no Centro de Parto Normal Casa Ângela (CPNCA), no município de São Paulo, com mães e bebês atendidos em 2022. A triagem da anquiloglossia foi feita com o Protocolo de Bristol. Os bebês foram categorizados em três grupos: sem anquiloglossia (n=124), com anquiloglossia sem frenotomia (n=13) e com anquiloglossia submetidos à frenotomia (n=38). Os dados foram obtidos de prontuários e questionários semiestruturados aplicados às mães após seis meses. Avaliaram-se tempo de amamentação exclusiva, dor materna, uso de bicos, internações e ganho ponderal. Realizou-se a análise descritiva dos dados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFTM.
Resultados
Dos 383 binômios mãe-bebês atendidos em 2022, 175 participaram do estudo e 92,1% deles tiveram apoio profissional no CPNCA durante a amamentação. As mães tinham entre 21 e 30 anos, a maioria com Ensino Médio completo, pretas e pardas e renda de 1 a 2 salários mínimos. Não houve diferenças significativas na duração da amamentação exclusiva até os 6 meses do bebê na comparação entre os grupos, bem como não houve influência de uso de bicos, internações ou ganho ponderal na amamentação (p > 0,05). No entanto, entre as mães cujos bebês realizaram frenotomia, observou-se um aumento de 233,3% na ausência de dor ao amamentar e redução total de relatos de dor intensa.
Conclusões/Considerações
O estudo revelou que a frenotomia não prolongou a amamentação exclusiva até os 6 meses, mas um ambiente com suporte qualificado e contínuo, tal como os Centros de Parto Normal, parece minimizar a necessidade de cirurgia. Contudo, a frenotomia reduziu significativamente a dor materna, melhorando a experiência de amamentar. A abordagem individualizada e o suporte contínuo são essenciais para o sucesso do aleitamento.
TENDÊNCIA CRESCENTE DO PESO AO NASCER NO BRASIL, 1996-2019
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
O peso ao nascer (PN) reflete as condições nutricionais da gestante e do neonato e tem influência direta no crescimento e desenvolvimento da criança e nas condições de saúde do indivíduo na vida adulta. O monitoramento do PN é importante pois permite o planejamento e avaliação de ações voltadas à melhoria da saúde materno-infantil.
Objetivos
Verificar se o PN das crianças brasileiras está aumentando ao longo do tempo.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, de série temporal, utilizando dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Foram incluídas todas as crianças nascidas a termo no Brasil, entre 1996 e 2019, de gestação única, com dados válidos de PN (em gramas) (n=62.839.646). Utilizou-se modelos de regressão linear de Prais-Winsten para verificar a tendência da média de PN no período, estratificada por Grandes Regiões, variáveis maternas, obstétricas e sociodemográficas.
Resultados
Entre 1996 e 2019, a média do PN aumentou 0,04% ao ano (IC95%:0,02;0,06; p<0,001) no Brasil, sendo a menor média registrada em 1998 (3.244g) e a maior em 2018 (3.287g). Há uma tendência crescente da média do PN no Sudeste, Sul e Nordeste (p<0,035) e estacionária nas demais Regiões. A tendência crescente é observada em crianças de ambos os sexos (p<0,001), de cor de pele branca, preta ou parda (p<0,005), independentemente da idade, estado civil e paridade da mãe. A média do PN também é crescente em crianças de mães com ≤ 7 anos de estudo e com ≥ 7 consultas de pré-natal (p=0,001). Tendência decrescente foi observada nos partos realizados fora dos estabelecimentos de saúde (p<0,001).
Conclusões/Considerações
A média do PN está crescendo no Brasil, especialmente na população de raça negra e com baixa escolaridade, fato que pode estar associado às políticas públicas direcionadas à saúde materno-infantil e de melhores condições socioeconômicas e de saúde da população. No entanto, investigação mais aprofundada precisa ser realizada em casos de nascimentos ocorridos fora dos estabelecimentos de saúde.
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA MORTALIDADE POR CÂNCER INFANTOJUVENIL E USO DE AGROTÓXICOS NO MATO GROSSO
Pôster Eletrônico
1 UFMT
2 UNIVAG
Apresentação/Introdução
Mato Grosso é o estado brasileiro reconhecido como celeiro do agronegócio, que utiliza milhões de litros de agrotóxicos anualmente com a justificativa de aumentar a produtividade agrícola e combater ervas daninhas e microrganismos nas culturas agrícola. Em contrapartida, evidencia-se também o aumento de várias doenças e agravos à saúde em regiões agrícolas, tais como o câncer infantojuvenil.
Objetivos
Descrever a distribuição espacial das taxas de mortalidade por câncer infantojuvenil e o uso de agrotóxicos em Mato Grosso no período de 2001-2018.
Metodologia
Estudo descritivo do tipo ecológico com base nos dados secundários de óbitos por câncer infantojuvenil (0 a 19 anos) do Sistema de Informação de Mortalidade e disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso. O uso de agrotóxicos foi estimado a partir de dados de culturas temporárias e permanentes da Produção agrícola municipal do IBGE/SIDRA. As taxas de mortalidade foram calculadas por sexênios (1 milhão de hab.) e padronizadas pela população mundial. Os mapas temáticos foram elaborados no software geográfico ArcGIS versão 10.5.
Resultados
Entre 2001 e 2018, ocorreram 805 óbitos, sendo a maioria no sexo masculino (56,5%) e com média de idade de 10,1 anos. A taxa média de mortalidade (1 milhão hab.) variou ao longo dos anos analisados: 26,4 (2001-2006), 19,9 (2007-2012) e 30,5 (2023-2018). No último sexênio, os municípios de maior população de 0 a 19 anos e com taxas de mortalidade maior que 20,0 por 1 milhão hab. foram: Campo Verde, Sorriso, Cáceres, Colíder, Tangará da Serra, Rondonópolis, Sinop, Guarantã do Norte, Juara Peixoto de Azevedo. Verificou-se ampliação geográfica dos municípios com altas taxas de mortalidade e com o consumo de agrotóxicos em todo o estado, que chegou a 226 milhões de litros no ano de 2018.
Conclusões/Considerações
Os achados deste estudo apontam para uma preocupante relação entre o uso intensivo de agrotóxicos e as altas taxas de mortalidade por câncer infantojuvenil no Mato Grosso, evidenciando a urgência de políticas públicas, voltadas à vigilância do câncer e a proteção da saúde de populações vulneráveis e expostas aos agrotóxicos, especialmente crianças e adolescentes.
MORTALIDADE POR CÂNCER INFANTOJUVENIL NO ESTADO DE MATO GROSSO 2018 A 2023: DIFERENÇAS REGIONAIS
Pôster Eletrônico
1 UFMT
Apresentação/Introdução
O câncer infantojuvenil, que acomete indivíduos de 0 a 19 anos, representa um grave problema de saúde pública, especialmente em países com baixo Índice de Desenvolvimento Humano. No estado de Mato Grosso, observam-se desigualdades regionais, com a concentração de recursos em áreas mais desenvolvidas.
Objetivos
Descrever as taxas de mortalidade por câncer infantojuvenil nas macrorregiões de Mato Grosso de 2018 a 2023, visando compreender as desigualdades regionais e orientar políticas públicas de enfrentamento.
Metodologia
Estudo ecológico com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade por câncer infantojuvenil em Mato Grosso no período de 2018 a 2023. Mato Grosso está localizado na região Centro-Oeste e é dividido em seis macrorregiões de saúde (Norte, Centro Norte, Leste, Oeste, Sul, Centro Noroeste). Foram calculadas as taxas brutas de mortalidade específica por câncer infantojuvenil por ano, macrorregião de saúde e para o estado (por 100.000 habitantes). Para análise de tendência das taxas de mortalidade foi utilizado o método joinpoint. A direção e a magnitude dos resultados das tendências foram descritas pela Variação Percentual Anual (VPA).
Resultados
Entre 2018 e 2023, Mato Grosso registrou 288 óbitos por câncer em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, sendo 56,9% no sexo masculino, 28,5% de 10 a 14 anos e 25,0% de 15 a 19 anos, e 52,8% em pardos. As principais causas de óbito foram leucemia (32,3%) e câncer de sistema nervoso central (27,1%). A taxa de mortalidade variou de 4,6 em 2018 para 4,1 por 100.000 habitantes em 2023, com tendência estável (VPA = 0,30; valor- p=0,958). As macrorregiões Sul, Oeste e Norte apresentaram taxas mais altas, também com tendência de estabilidade.
Conclusões/Considerações
Os resultados mostraram que a tendência temporal das taxas de mortalidade por câncer infantojuvenil nas macrorregiões de saúde e no estado de Mato Grosso foram estáveis de 2018 a 2023. É fundamental implementar estratégias específicas para as regiões com maiores taxas de mortalidade, promovendo o fortalecimento da atenção oncológica pediátrica, o acesso a diagnósticos precoces e tratamentos eficazes.
UMA DESCRIÇÃO DAS CAUSAS BÁSICAS E MÚLTIPLAS DE ÓBITOS NEONATAIS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO NOS ANOS DE 2022 E 2023
Pôster Eletrônico
1 IESC
Apresentação/Introdução
O estudo analisa os óbitos neonatais no Rio de Janeiro em 2022 e 2023, enfocando as mortes precoces e tardias. Utiliza causas básicas e múltiplas para identificar fatores contribuintes além da causa principal, visando compreender melhor as desigualdades e melhorar ações de vigilância e prevenção na saúde neonatal.
Objetivos
Este estudo investiga o perfil dos óbitos neonatais no município do Rio de Janeiro nos anos de 2022 e 2023, utilizando duas abordagens analíticas: análise de causas múltiplas e análise restrita à causa básica de morte.
Metodologia
Estudo transversal com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade , focado nos óbitos neonatais de residentes do município do Rio de Janeiro entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023. Após a exclusão de registros incompletos, foram analisados 998 óbitos, classificados como precoces (0–6 dias) ou tardios (7–27 dias). Categorizamos as causas segundo a CID-10. Calculou-se a razão entre menções e causas básicas para identificar condições subestimadas. A qualidade dos dados foi avaliada pela proporção de óbitos investigados e ausência de causas mal definidas. As análises descritivas, com auxílio de software estatístico
Resultados
Dos 998 óbitos analisados, 71,4% ocorreram no período neonatal precoce, com predomínio entre prematuros e de baixo peso. Já os óbitos tardios foram mais frequentes em recém-nascidos a termo e com peso adequado. As principais causas básicas dos óbitos precoces foram transtornos respiratórios, cardiovasculares, complicações maternas e infecções. Nos tardios, destacaram-se infecções, malformações e transtornos metabólicos. A análise de múltiplas causas revelou subnotificações, com razões menção/causa básica elevadas, superando 100 em alguns casos tardios. A qualidade dos dados foi alta: 80% dos óbitos precoces e 85% dos tardios foram investigados, sem causas mal definidas
Conclusões/Considerações
A análise de múltiplas causas aprofundou a compreensão da mortalidade neonatal, revelando fatores omitidos na abordagem tradicional. A boa qualidade dos dados permitiu identificar diferenças entre óbitos precoces e tardios. Recomenda-se incorporar essa análise à vigilância epidemiológica, como apoio à tomada de decisões e políticas públicas. Melhorar a coleta e análise dos óbitos é essencial para reduzir a mortalidade neonatal no Rio de Janeiro.
A BAIXA AUTOESTIMA É MAIS FREQUENTE EM ADOLESCENTES MENINAS E COM EXCESSO DE PESO
Pôster Eletrônico
1 UECE
2 UFC
Apresentação/Introdução
O bullying representa um problema de escala global descrito em diversos países. Esse tipo de violência tem se tornado cada vez mais frequente, estando associado a diversas consequências negativas, tais como sentimentos de medo, evasão escolar, baixa de rendimento na execução de atividades ou até mesmo o autocídio.
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo avaliar a associação do sexo e estado nutricional com a vitimização por bullying em adolescentes de escolas públicas.
Metodologia
Realizou-se estudo transversal com 824 adolescentes de escolas públicas de Fortaleza, Ceará, de agosto/2023 a outubro/2024. Dados sociodemográficos foram obtidos por entrevistas, registradas em formulário específico. Para identificar a vitimização por bullying, utilizou-se a Escala Californiana de Vitimização ao Bullying (ECVB). Utilizou-se o teste do qui-quadrado para comparar a frequência de vitimização por bullying, segundo sexo e variáveis do estado nutricional (baixa estatura, elevada circunferência da cintura e excesso de peso), adotando-se como significante p valor<0,05. As análises foram processadas no software Stata 15.0.
Resultados
Os adolescentes estudados eram em sua maioria do sexo feminino (54,0%), de raça parda (59,4%) e tinham idade média de 13,4 (dp 1,1) anos. A maioria relatou ter acesso à internet (98,4%), não fumar (96,2%) e não beber (85,1%). Os dados antropométricos apontaram baixa estatura apenas em 2,1% dos adolescentes. O excesso de peso e a circunferência da cintura elevada apareceram, respectivamente, em 61,8% e 13,0% deles. A vitimização por bullying foi identificada em 26,6% dos adolescentes, sendo maior (p=0,003) entre as meninas (30,8%), que entre os meninos (21,6%). Não houve diferença segundo as variáveis baixa estatura, elevada circunferência da cintura e excesso de peso (p >0,05).
Conclusões/Considerações
O estudo observou uma elevada ocorrência de vitimização por bullying entre os adolescentes das escolas públicas investigadas, especialmente entre as meninas, reforçando a necessidade do olhar atento por parte dos educadores, da família e da sociedade. Não houve associação entre o estado nutricional e a vitimização por bullying.
VITIMIZAÇÃO POR BULLYING É MAIOR ENTRE ADOLESCENTES MENINAS EM ESCOLAS PÚBLICAS
Pôster Eletrônico
1 UECE
2 UFRGS
Apresentação/Introdução
O bullying representa um problema de escala global descrito em diversos países. Esse tipo de violência tem se tornado cada vez mais frequente, estando associado a diversas consequências negativas, tais como sentimentos de medo, evasão escolar, baixa de rendimento na execução de atividades ou até mesmo o autocídio.
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo avaliar a associação do sexo e estado nutricional com a vitimização por bullying em adolescentes de escolas públicas.
Metodologia
Realizou-se estudo transversal com 824 adolescentes de escolas públicas de Fortaleza, Ceará, de agosto/2023 a outubro/2024. Dados sociodemográficos foram obtidos por entrevistas, registradas em formulário específico. Para identificar a vitimização por bullying, utilizou-se a Escala Californiana de Vitimização ao Bullying (ECVB). Utilizou-se o teste do qui-quadrado para comparar a frequência de vitimização por bullying, segundo sexo e variáveis do estado nutricional (baixa estatura, elevada circunferência da cintura e excesso de peso), adotando-se como significante p valor<0,05. As análises foram processadas no software Stata 15.0.
Resultados
Os adolescentes estudados eram em sua maioria do sexo feminino (54,0%), de raça parda (59,4%) e tinham idade média de 13,4 (dp 1,1) anos. A maioria relatou ter acesso à internet (98,4%), não fumar (96,2%) e não beber (85,1%). Os dados antropométricos apontaram baixa estatura apenas em 2,1% dos adolescentes. O excesso de peso e a circunferência da cintura elevada apareceram, respectivamente, em 61,8% e 13,0% deles. A vitimização por bullying foi identificada em 26,6% dos adolescentes, sendo maior (p=0,003) entre as meninas (30,8%), que entre os meninos (21,6%). Não houve diferença segundo as variáveis baixa estatura, elevada circunferência da cintura e excesso de peso (p >0,05).
Conclusões/Considerações
O estudo observou uma elevada ocorrência de vitimização por bullying entre os adolescentes das escolas públicas investigadas, especialmente entre as meninas, reforçando a necessidade do olhar atento por parte dos educadores, da família e da sociedade. Não houve associação entre o estado nutricional e a vitimização por bullying.
TEMPO ATÉ O INÍCIO DO TRATAMENTO ONCOLÓGICO EM ADOLESCENTES E JOVENS ADULTOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DAS DESIGUALDADES E DOS EFEITOS DA LEI N° 12.732/2012
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
O câncer entre adolescentes e jovens adultos (15–29 anos) representa um desafio crescente. Essa população enfrenta barreiras no diagnóstico e no início oportuno do tratamento. A Lei nº 12.732/2012 visa reduzir atrasos no SUS, mas persistem desigualdades sociodemográficas e regionais que comprometem a efetividade dessa política.
Objetivos
Analisar o tempo até o início do primeiro tratamento oncológico em adolescentes e jovens adultos no Brasil e investigar possíveis desigualdades sociodemográficas e por tipo de câncer.
Metodologia
Estudo de coorte observacional, com dados secundários do Registro Hospitalar de Câncer, no período de 2010–2019. Foram descritas as frequências do tempo até o primeiro tratamento (<30 dias, 31–60 dias, >60 dias), segundo sexo, faixa etária, raça/cor da pele, região de moradia, escolaridade, tipo de tumor e pelos anos de diagnóstico organizados em três períodos (2010-2012, 2013-2015 e 2016-2019). Foi aplicado o teste quiquadrado. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados
Observou-se aumento na proporção de casos com início do tratamento oncológico após 60 dias do diagnóstico, passando de 25,8% (2010-2012) para 27,6% (2016-2019) (p<0,001). Esse padrão repetiu-se entre mulheres (28,8% para 32,7%) (p<0,001), jovens de 20–24 anos (24,5% para 27,2%) (p<0,001) e 25–29 anos (29,0% para 32,2%) (p<0,001), moradores do Centro-Oeste (19,3% para 29,1%) (p<0,001) e Sudeste (24,1% para 28,7%)(p<0,001), pessoas com maior escolaridade, ensino médio completo (24,5% para 29,0%) (p<0,001), superior completo (20,4% para 25%) (p<0,001), tumores epiteliais/melanomas (33,7% para 37,1%) (p<0,001). Entre indígenas, essa proporção caiu de 42,3% para 7,89% (p=0,006).
Conclusões/Considerações
Apesar da Lei 12.732/2012, os dados revelam piora nos atrasos para início do tratamento oncológico, especialmente na proporção após 60 dias, em diversos grupos, destacando desigualdades regionais e sociodemográficas. Em contrapartida, observa-se avanço positivo entre a população indígena, com expressiva redução nos casos com início tardio, evidenciando a importância de políticas específicas e efetivas para grupos historicamente vulneráveis.
ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES ESTRATÉGICAS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA NO MUNICÍPIO DE SALVADOR NO PERÍODO DE 2018 A 2023
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Embora tenha decorrido quase dez anos da criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), poucos são os trabalhos sobre sua implementação. São necessárias investigações para explorar como tem caminhado a implementação da política nos diferentes territórios do Brasil, como em Salvador, que possui uma parcela considerável de crianças em situação de vulnerabilidade social.
Objetivos
Objetivo: analisar as ações estratégicas da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança nos instrumentos de gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador no período de 2018 a 2023.
Metodologia
Metodologia: trata-se de um Trabalho de Conclusão de Residência (TCR), no qual foi realizada uma análise documental utilizando os Relatórios Anuais de Gestão (RAGs) da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), do período de 2018 a 2023. Para a análise, foram selecionadas apenas as ações dos RAGs que possuíam metas alinhadas a pelo menos uma ação estratégica definida pela PNAISC. O alinhamento foi determinado pela comparação direta entre o conteúdo das ações descritas nos relatórios e os eixos e ações estratégicas propostas pela política. A análise buscou identificar quais áreas da PNAISC estavam mais representadas no planejamento municipal e quais apresentavam lacunas.
Resultados
Resultados: a PNAISC não foi citada em nenhum dos documentos analisados. Contudo, foram identificadas ações e metas planejadas que se alinham aos eixos e ações estratégicas da política. As ações aumentaram com o passar dos anos, sendo maior em 2023. As ações estavam relacionadas principalmente ao eixo de atenção à gestação, parto e recém-nascido. O eixo de aleitamento materno também teve uma quantidade expressiva de ações, mas com dificuldades no cumprimento das metas. Foram identificadas lacunas: ausência de ações alinhadas ao eixo de agravos prevalentes na infância e doenças crônicas e apenas uma ação alinhada ao eixo de crianças com deficiência/vulnerabilidade, que não foi cumprida.
Conclusões/Considerações
Considerações finais: há ações e metas alinhadas à PNAISC nos RAGs da SMS, mas não contemplam integralmente as ações estratégicas propostas. É importante que a SMS incorpore explicitamente a PNAISC em seu planejamento, com atenção especial aos eixos da política que apresentam lacunas. Por fim, são necessários novos estudos para acompanhar a implementação da PNAISC em Salvador, bem como seus efeitos nos indicadores de saúde das crianças.
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA MORTALIDADE POR CÂNCER ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SEGUNDO REGIÕES DE SAÚDE DE MATO GROSSO
Pôster Eletrônico
1 UFMT
Apresentação/Introdução
O câncer infantojuvenil compreende um conjunto de neoplasias raras que apresentam pequena proporção da carga global do câncer e ocorrem com maior frequência em países de baixo Índice de Desenvolvimento Humano. Embora corresponda a 3% do total de casos brasileiros de câncer, são a primeira causa de morte por doença em crianças e adolescentes no Brasil, excluindo causas externas.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial das taxas de mortalidade por câncer infantojuvenil nas regiões de saúde do estado de Mato Grosso, 2001 a 2018.
Metodologia
Estudo ecológico da mortalidade por câncer infantojuvenil segundo as 16 regiões de saúde do estado. Foram incluídos os óbitos por neoplasias (Capítulo II da Classificação Internacional de Doenças (CID) 10 - neoplasias, ou tumores, em malignos e benignos e de comportamento incerto ou indeciso). As taxas foram padronizadas com base na população mundial. As análises foram feitas por triênios e incluíram variáveis como sexo, faixa etária e causa do óbito. Os mapas temáticos foram elaborados no software ArcGIS versão 10.5
Resultados
Foram registrados 805 óbitos, dentre as quais 56,5% eram do sexo masculino e 30,8% tinham de 15 a 19 anos. As causas mais frequentes foram a leucemia (34,9%) e tumores do sistema nervoso central (22,7%). A região da Baixada Cuiabana apresentou as maiores taxas de mortalidade no período de 2001 a 2018 (4,0/ 100.000), seguida das regiões Oeste Mato-grossense e Sul Mato-grossense. Houve aumento nas taxas de mortalidade nas regiões Alto Tapajós, Garças Araguaia, Norte Mato-grossense, Oeste Mato-grossense e Sul Mato-grossense. As regiões de saúde com as maiores taxas de mortalidade por triênios apresentaram uma variação da taxa de 5,40 a 7,19/100 mil crianças e adolescentes.
Conclusões/Considerações
Os resultados deste estudo destacam a urgência de implementar ações direcionadas à vigilância, prevenção e a rede de atenção do câncer no estado, visando assegurar uma linha de cuidado em tempo oportuno, contínuo para que as crianças e adolescentes adoecidos por câncer tenham melhores prognósticos e assim contribuindo para a redução da mortalidade com oferta de serviços de oncológico igualitário e acessível a todos(as).
ADOLESCÊNCIA E ENTORPECENTES: UM ESTUDO DE BASE ESCOLAR NA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE VITÓRIA
Pôster Eletrônico
1 UFES
Apresentação/Introdução
O consumo de substâncias psicoativas na adolescência é um problema mundial, causando impactos severos na saúde mental e bem-estar, podendo resultar em morte. Dentre elas, os entorpecentes - medicamentos derivados do ópio e da morfina - têm se destacado. Seus efeitos de sono e analgesia são atrativos, mas podem gerar tolerância e dependência quando usados sem orientação médica e de forma crônica.
Objetivos
Descrever a prevalência de experimentação e consumo atual de entorpecentes por estudantes do Ensino Médio, e os fatores associados.
Metodologia
Estudo epidemiológico transversal, de base escolar, realizado nos meses de março e dezembro de 2023, em escolas públicas e privadas da Região Metropolitana da Grande Vitória. A coleta de dados foi feita através do programa Redcap, posteriormente analisados pelo software Stata versão 17.0. Os desfechos do interesse foram a experimentação alguma vez na vida e uso atual de medicamentos entorpecentes para se sentir alterado/diferente. As variáveis de exposição foram as características socioeconômicas e demográficas e formas de acesso ao medicamento.
Resultados
O estudo incluiu dados de 4614 adolescentes. Desses, 2,8% (n=131) afirmaram já ter experimentado algum medicamento entorpecente, enquanto cerca de 1% (n=33) fazem uso atualmente. Para aproximadamente 48% (n=61) a idade de primeira experimentação foi aos 15 anos ou mais, e, para 20% (n= 26) a aquisição do entorpecente foi através da compra em loja, bar, botequim, padaria, banca de jornal ou vendedor de rua. A experimentação na vida foi maior entre os adolescentes autodeclarados LGBT+ (p<0,001), com vínculo empregatício (p=0,004) e de religiões que não eram católica ou evangélica (p=0,008).
Conclusões/Considerações
É fundamental repensar em formas de enfrentamento ao uso não prescrito de entorpecentes, utilizando ações que envolvam a saúde, escola e a família, principalmente quando se trata de populações socialmente vulneráveis. Dada a escassez de estudos na área, também é necessária a condução de pesquisas de outras abordagens, a fim de investigar fatores que levam os adolescentes ao uso não supervisionado de medicamentos.
PREVALÊNCIA DE PRÁTICAS PARENTAIS DE DISCIPLINA VIOLENTA NA PRIMEIRA INFÂNCIA EM FAMÍLIAS BRASILEIRAS DE BAIXA RENDA NO ANO DE 2024
Pôster Eletrônico
1 UFC
2 UFPel
Apresentação/Introdução
Práticas parentais, compreendidas como estratégias usadas por pais/cuidadores para cuidar, educar e promover o desenvolvimento dos filhos, tendem a ser punitivas e violentas em famílias de baixo nível socioeconômico. A prevalência dessas práticas pode propiciar a transmissão intergeracional de padrões comportamentais prejudiciais, impactando substancialmente no desenvolvimento infantil.
Objetivos
Descrever a prevalência de práticas disciplinares violentas na primeira infância e a distribuição dos escores agregados de agressão psicológica e agressão física entre famílias brasileiras de baixa renda.
Metodologia
Estudo baseado em dados de uma coorte com 3.242 crianças de famílias brasileiras, recrutadas até 1 ano de idade, em 30 municípios de seis estados do Brasil. Foram utilizados dados da quarta onda (1.064 crianças), coletados em 2024, quando tinham entre 5 e 6 anos. As informações foram coletadas por meio de entrevistas telefônicas com os cuidadores principais e incluíram práticas de agressão psicológica (gritar/berrar, chamar nomes) e agressão física, tanto moderada (palmadas, tapas, sacudir) quanto severa (bater com objeto, no rosto, espancar). Estimaram-se prevalências para cada prática negativa bem como escores cumulativos que indicam a frequência dessas práticas em cada subgrupo.
Resultados
Aproximadamente um terço dos cuidadores relatou o uso de pelo menos uma prática disciplinar negativa com seus filhos. As práticas mais prevalentes foram gritar ou berrar com a criança (42,1%), dar palmada (23,4%) e bater nas extremidades (13,9%). Quanto aos escores agregados, que computou o número de práticas violentas reportadas por cada cuidador, 43,8% relataram uma ou duas práticas de agressão psicológica. Para a agressão física moderada 29,2% relataram entre 1 a 2 práticas, enquanto 2,1% relataram de 3 a 4 práticas violentas. Já a agressão física severa foi menos frequente, com somente 0,9% dos cuidadores admitindo pelo menos uma prática.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que, embora formas extremas de violência física sejam raras, práticas de agressão verbal e punições físicas ainda são utilizadas por uma proporção considerável de famílias brasileiras. A prevalência dessas práticas em contextos de vulnerabilidade social pode refletir tanto a ausência de alternativas responsivas quanto padrões intergeracionais e culturais, demandando intervenções voltadas à promoção da parentalidade positiva.
DINÂMICAS DE ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL ENTRE REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE E UNIDADES DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO ESTADO DO PARANÁ
Pôster Eletrônico
1 UFPR
Apresentação/Introdução
Os adolescentes cumprindo medida socioeducativas têm o direito à saúde, segundo os princípios do SUS e da PNAISARI. A política propõe a integração da Saúde e da Socioeducação para efetivar o cuidado. A pesquisa desenvolveu-se como necessidade de melhorar a compreensão da articulação intersetorial, bem como verificar a garantia do direito a saúde destes adolescentes cumprindo medida socioeducativa.
Objetivos
Investigar as dinâmicas intersetoriais entre saúde e socioeducação no estado do Paraná, em relação ao atendimento de saúde dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, a partir da percepção de trabalhadores e gestores.
Metodologia
Realizou-se uma pesquisa qualitativa exploratória, envolvendo 42 entrevistas com profissionais da saúde e socioeducação envolvidos na execução da PNAISARI. As entrevistas foram subsidiadas em um roteiro semiestruturado contendo perguntas disparadoras que visavam identificar como ocorria o cuidado no território. Os temas abordados versavam sobre como, onde e de que forma ocorre o cuidado em saúde dos adolescentes. O estudo abrangeu 12 municípios paranaenses que abrigam centros socioeducativos. A análise dos dados foi conduzida por meio de uma abordagem hermenêutica, incluindo a transcrição das entrevistas, leituras sucessivas e identificação de categorias e núcleos argumentais.
Resultados
Identificamos práticas como ações de educação em saúde, de matriciamento, estratégias para um acesso facilitado, de articulação de redes de cuidado que fortaleceram o disposto na PNAISARI. Arranjos organizacionais como encontros entre as equipes de saúde e da socioeducação, a definição de um profissional de referência e a formalização de grupo de trabalho intersetorial foram identificadas como fundamentais para a aproximação entre as políticas. Foram identificadas no discurso dos participantes diversas práticas e arranjos organizacionais realizados tanto pelas equipes de saúde, da socioeducação, ou mesmo por ambas. Tais arranjos e práticas foram simplificados e esquematizados nas categorias.
Conclusões/Considerações
A pesquisa permitiu identificar práticas de articulação e formação de redes de cuidado entre profissionais de saúde e socioeducação. Desta forma, vemos a importância na indução de práticas de cuidado como proposto pela PNAISARI.
VIOLÊNCIA ONLINE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: SUBSÍDIOS PARA A PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ/IFF
Apresentação/Introdução
A violência contra crianças e adolescentes representa uma grave violação de direitos humanos e é uma questão de saúde pública. Os crimes virtuais no Brasil mostram um aumento alarmante e desafiador para responsáveis, sociedade e Estado. Apesar da internet ter se consolidado como um espaço de socialização, lazer e aprendizado, se tornou um ambiente de vulnerabilidade para a infância e adolescência.
Objetivos
O presente trabalho pretende refletir sobre os crimes de internet denunciados contra crianças e adolescentes, bem como identificar violação de direitos que ocorrem no âmbito virtual e destacar medidas de prevenção a este fenômeno social e cultural.
Metodologia
É um estudo bibliográfico e documental, com com análise de dados secundários extraídos de relatórios públicos sobre os crimes virtuais contra crianças e adolescentes. A análise considerou variáveis como: faixa etária, tipo de violência, gênero da vítima e autores da violência. O estudo adota a perspectiva dos direitos humanos de crianças e adolescentes, previstos na Convenção sobre os Direitos da Criança e no Estatuto da Criança e do Adolescente, visando subsidiar a abordagem do problema no campo da saúde pública com enfoque na interseccionalidade e intersetorialidade.
Resultados
A visibilidade dos dados é essencial para a prevenção e o enfrentamento da violência online contra crianças e adolescentes. Em 2025, entre janeiro e abril, foram registradas 3.438 denúncias no Disque 100. São variadas formas de violência entre elas: cyberbullying, indução a automutilação, violência sexual e suas diversas expressões. Esta crescente violação na internet expõe crianças e adolescentes à violências e cultura de ódio, se tornando alvos para aliciadores, agressores e extremistas. O anonimato na internet facilita o ódio às mulheres, que já existe estruturalmente na sociedade machista, e a mesma ideologia é usada para cooptar meninos, que vivem inseguranças naturais na adolescência.
Conclusões/Considerações
A violência online contra crianças e adolescentes exige respostas urgentes e integradas para prevenir agravos na saúde mental e física. É essencial investir em campanhas de prevenção, formação de profissionais e educação digital sobre monitoramento parental. Crianças devem acessar espaços digitais adequados às suas capacidades psicossociais, com educação digital. Garantir essa proteção é prioridade absoluta da infância em tempos digitais.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA COMO INSTRUMENTO DA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM UM ESTADO DO CENTRO OESTE DO PAÍS
Pôster Eletrônico
1 Secretaria de Estado da Saúde - Goiás
Apresentação/Introdução
A violência sexual contra crianças e adolescentes é influenciada por diversas dimensões socioculturais e suas interseccionalidades. Relatório da UNICEF mostra que no Brasil/2023 ocorreram 63.430 estupros de crianças e adolescentes. 48,3% das vítimas possuem entre 10 e 14 anos, mas 35,8% destes crimes ocorreu contra crianças de até 9 anos. 87,3% dos casos vitimaram meninas, 55,4% vítimas negras
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico das notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes no estado de Goiás, no período de 2015 a 2024
Metodologia
Estudo observacional de série temporal, a partir de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), coletados da Ficha de Notificação de Violência Interpessoal/Autoprovocada, notificadas de 01/01/2015 a 31/12/2024 no estado de Goiás. Dados de 2024 são preliminares. Dados extraídos pelo TabWin, e exportados para o Microsoft Office Excel. Foram consideradas as variáveis: tipo de violência sexual, faixa etária, sexo, raça/cor local de ocorrência, escolaridade, reincidência da violência, vínculo do provável autor da violência, ciclo de vida do provável autor da violência e encaminhamentos realizados. As variáveis foram descritas na forma de frequência e proporção.
Resultados
De 2015 a 2024, houve 14.474 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em Goiás. A maioria ocorreu no sexo feminino (84,9%), entre 5 a 14 anos (62,4%) e na raça negra (71,3%). Houve recidiva em 40,3% entre crianças 46,3% em adolescentes e predomínio de assédio sexual em crianças e adolescentes (77,3%). A residência foi o principal local de ocorrência (72,6%). Encaminhamentos: ao conselho tutelar (72,7%) de crianças ambos os sexos e (61,5%) de adolescentes do sexo masculino; adolescentes do sexo feminino à rede de saúde (59,0%). A maioria dos casos envolveu um agressor (78,4%), sexo masculino (85,2%) e familiar (40,2% para crianças) e amigo/conhecido (26,4% para adolescentes).
Conclusões/Considerações
O estudo possibilitou conhecer o contexto da violência sexual entre crianças e adolescentes, suas dinâmicas e identificar a população mais vulnerável. Marcadores sociais de cor/raça e sexo da vítima interagem entre si. Estas informações subsidiam avaliações de políticas públicas e o desenvolvimento de estratégias direcionadas e mais eficazes de promoção da saúde, prevenção da violência sexual e atenção às crianças e adolescentes.
RELIGIOSIDADE E TABAGISMO ENTRE ADOLESCENTES ESCOLARES: UM ESTUDO TRANSVERSAL NO ESTADO DE GOIÁS
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário Mais (UniMais), Faculdade de Odontologia
2 Universidade Federal de Goiás (UFG), Faculdade de Odontologia
3 Instituto Federal de Goiás, Câmpus Inhumas, Serviço Odontológico
Apresentação/Introdução
O tabagismo se inicia principalmente na adolescência e está associado a diversas doenças, representando um grave problema de saúde pública. Estudos prévios sugerem que a religiosidade atua como um fator de proteção em relação ao tabagismo entre adolescentes. Contudo, as investigações ainda são escassas, especialmente no Brasil, o que indica a necessidade de mais estudos sobre essa temática.
Objetivos
Investigar se há associação entre religiosidade e tabagismo entre adolescentes escolares do estado de Goiás.
Metodologia
Realizou-se um estudo transversal em 14 escolas federais localizadas em 13 municípios de Goiás. Os escolares responderam presencialmente um questionário autoexplicativo sobre fatores sociodemográficos, comportamentais e psicossociais. A variável dependente foi o tabagismo nos últimos 30 dias (sim/não). A religiosidade foi medida com a Escala de Religiosidade da Universidade Duke (DUREL), captando-se escores médios de três dimensões da religiosidade: Organizacional (RO), Não organizacional (RNO) e Intrínseca (RI). Realizou-se análise descritiva, bem como testes bivariados (α=5%) e regressão logística com estimação da razão de chances (OR) e intervalos de confiança (IC) de 95%.
Resultados
Participaram 3034 escolares de 13 a 19 anos (M=16,0; DP= 1,1), em maioria meninas (53,6%), de cor/raça não branca (68,2%), cujas mães tinham uma alta escolaridade (69,2%). No total, 241 estudantes (7,9%) eram fumantes. Os escores médios da RO, RNO e RI foram, respectivamente, 3,9 (DP=1,7), 3,2 (DP=1,8) e 10,2 (DP=3,8). Na análise bivariada, o tabagismo se associou às três dimensões de religiosidade (P<0,05). Na análise de regressão logística ajustada por fatores sociodemográficos dos adolescentes (idade e cor/raça), observou-se associação entre tabagismo e RO (OR=0,69; IC=0,63-0,74), RNO (OR=0,74; IC=0,68-0,80) e RI (OR=0,84; IC=0,81-0,86).
Conclusões/Considerações
Diante dos resultados apresentados, observa-se uma associação significativa e inversamente proporcional entre as três dimensões da religiosidade (RO, RNO e RI) e o tabagismo, mesmo após o ajuste por variáveis sociodemográficas. Adolescentes com maiores escores de religiosidade apresentaram menor chance de fumar. Esses achados reforçam o papel da religiosidade como fator de proteção frente ao tabagismo entre adolescentes.
AUTOPERCEPÇÃO DA NECESSIDADE DE TRATAMENTO ODONTOLÓGICO E FATORES ASSOCIADOS ENTRE ADOLESCENTES ESCOLARES DO ESTADO DE GOIÁS
Pôster Eletrônico
1 Instituto Federal de Goiás
2 Faculdade de Odontologia - Universidade Federal de Goiás
Apresentação/Introdução
A autopercepção da necessidade de tratamento odontológico (APNTO) é um importante indicador subjetivo de necessidades odontológicas negligenciadas. Pouco se sabe sobre os fatores associados à APNTO em adolescentes, uma vez que os estudos prévios nesta população se concentraram principalmente na comparação entre necessidades subjetivas e normativas de tratamento odontológico.
Objetivos
Investigar a prevalência de APNTO e fatores associados entre adolescentes escolares do estado de Goiás.
Metodologia
Estudo transversal realizado em 14 escolas federais sediadas em 13 cidades de Goiás. Os escolares (N=3034) responderam presencialmente um questionário autoexplicativo sobre fatores sociodemográficos, comportamentais e psicossociais. A variável dependente APNTO foi avaliada com a pergunta: Você acha que precisa de tratamento odontológico atualmente? Categorias de resposta: Sim/Não/Não sei. Realizou-se análise descritiva, testes bivariados (α=5%) e regressão logística com estimação da razão de chances (OR) e intervalos de confiança (IC) de 95%. O modelo hierárquico adotado incluiu fatores sociodemográficos dos escolares, bem como sua autopercepção da saúde bucal e comportamentos relacionados.
Resultados
APNTO foi relatada por 41,4% da amostra. Adolescentes mais velhos foram mais propensos a ter APNTO do que os mais jovens (OR=1,14). Aqueles que autoavaliaram sua saúde bucal negativamente tinham 3,92 mais chances de ter APNTO do que aqueles que a avaliaram positivamente. APNTO foi diretamente associada a percepções negativas da aparência dentária (OR=2,97), mastigação (OR=1,80) e relacionamentos com outras pessoas (OR=1,59), bem como ao relato de dor de dente (OR=1,78) e sangramento gengival (OR=1,41). Alto consumo de doces e ir ao dentista devido à dor de dente em vez de exames periódicos aumentaram as chances de APNTO em 1,46 e 2,36, respectivamente.
Conclusões/Considerações
Observou-se uma elevada prevalência de APNTO entre os adolescentes participantes. A APNTO foi associada à idade mais avançada, autopercepções negativas e comportamentos de risco relacionados à saúde bucal.
EU ACREDITO É NA RAPAZIADA: CONCEPÇÕES DE ADOLESCENTES E TRABALHADORES DA SAÚDE SOBRE FUTURO E ADOLESCÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFG
Apresentação/Introdução
A adolescência, fase de transformação e construção de futuro, tem sido atravessada por crises que afetam a saúde mental e ampliam incertezas. Freire (1992) destaca a esperança como essencial para a existência e transformação da realidade. Este estudo busca compreender as concepções de adolescentes e profissionais da saúde sobre essa fase da vida, sua relação com o futuro e seus impactos na saúde.
Objetivos
Mapear as concepções de adolescência e futuro entre jovens e trabalhadores da saúde, oferecendo espaço de escuta, fortalecendo o protagonismo juvenil e contribuindo para práticas mais humanizadas e sintonizadas com as subjetividades juvenis.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, prospectivo e exploratório, orientado pela cartografia como método de pesquisa-intervenção. A coleta será realizada por meio de grupos focais em CAPSij de Goiânia com adolescentes (12-18 anos) e trabalhadores da saúde. A amostra será por conveniência. Serão utilizados instrumentos como questionário sociodemográfico, roteiros semiestruturados e diário de campo. Os dados qualitativos serão analisados segundo análise temática, conforme Braun & Clarke (2006). O estudo seguirá os princípios éticos estabelecidos pelo CNS (Res. 466/2012), com consentimento livre e esclarecido e estratégias para minimizar riscos para os participantes.
Resultados
Espera-se identificar como os adolescentes e trabalhadores da saúde mental concebem a adolescência e o futuro em contextos marcados por precariedade, sofrimento psíquico e desigualdades. A partir das falas e interações dos grupos focais, será possível construir categorias que revelem sentidos atribuídos à juventude, ao cuidado em saúde e à esperança. A análise poderá evidenciar práticas que reforçam a medicalização ou, ao contrário, experiências que promovem escuta, vínculo e protagonismo juvenil. Tais achados servirão como subsídio para propor ações mais sintonizadas com a realidade dos adolescentes e contribuirão para o fortalecimento da RAPS no cuidado em saúde mental.
Conclusões/Considerações
A pesquisa busca contribuir com a construção de práticas de cuidado em saúde mental que reconheçam a adolescência como espaço de potência e transformação. Ao mapear as concepções de futuro e juventude presentes nos serviços, será possível fortalecer intervenções alinhadas às necessidades juvenis e à promoção da esperança como elemento central no cuidado em saúde coletiva.
INFLUÊNCIA DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO ESTADO ANTROPOMÉTRICO DE CRIANÇAS: COORTE NISAMI
Pôster Eletrônico
1 UFBA/ISC
2 UEFS
3 CESUPI
4 UFRB
Apresentação/Introdução
A expansão da assistência à saúde proporcionou um declínio nos indicadores de mortalidade em menores de cinco anos, assim como, tem-se também observado melhoria da condição nutricional. Estes achados podem ser explicados pela inserção da saúde da criança como prioridade nas políticas públicas, como a inclusão no Programa Bolsa Família (PBF).
Objetivos
Estimar a influência do Programa Bolsa Família sobre o estado antropométrico de crianças beneficiárias registradas no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional em um município da Bahia.
Metodologia
Estudo de coorte, com 310 crianças cadastradas na rede pública de um município da Bahia. Adotou-se como variável desfecho o estado antropométrico em crianças, categorizado: [(0) adequado (>-2 e +1 e +2 e +3 escores Z), (1) inadequado (<-3 e <-2 escores Z e >+2 escores Z)]. Primeiramente, foi realizada uma análise descritiva para caracterização da população e adotou-se o modelo hierarquizado estruturado em três níveis, de acordo com suas relações proximais-intermediárias-distais. Após, foi realizada análise multivariada com Regressão de Poisson. Os índices foram calculados no WHO Anthro 3.1.0. E toda a análise foi realizada no Data Analysis and Statiscal Software 15.
Resultados
Os indicadores: A/I, P/I e IMC/I, foi evidenciado que 98,39%, 80,32% e 60,32%, respectivamente, tiveram maiores médias de escores-Z. Observada associação positiva entre o não recebimento do benefício e desfechos pelos indicadores de P/I (RP 1,17; IC=0,61 – 2,24) e IMC/I (RP 1,44; IC=0,84-2,47). Não foi observado significância estatística para P/I, porém, o PBF foi um fator protetor (RPA= 0,83; IC95% = 0,36-1,87) no modelo final. O IMC/I, observam-se os efeitos permanecendo no modelo final as variáveis: estado Antropométrico Pré-Gestacional (p=0,005) e situação conjugal (p=0,047). E a altura materna maior do que 1,50m foi um fator protetor (RPA= 0,81; IC95% = 0,29-2,22) no modelo final
Conclusões/Considerações
Este estudo é um dos primeiros a associarem o recebimento do PBF com os desfechos antropométricos entre crianças beneficiárias menores de cinco anos registradas no SISVAN e a concluir também que as crianças não beneficiárias apresentaram maior probabilidade de apresentarem peso e IMC inadequados para a idade.
MORTALIDADE NEONATAL DE FILHOS DE MÃES ADOLESCENTES E ADULTAS JOVENS E OS FATORES OBSTÉTRICOS E DO RECÉM-NASCIDO ASSOCIADOS: UM ESTUDO ECOLÓGICO.
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana - BA
2 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
3 Universidade do Estado da Bahia - BA
Apresentação/Introdução
A mortalidade neonatal (MN) permanece elevada e se constitui como desafio para diversos países. Nesse cenário, a literatura tem apontado que filhos de adolescentes, especialmente entre aquelas menores de 16 anos, são mais predispostos à prematuridade, baixo peso ao nascer, problemas respiratórios neonatais, entre outros, em decorrência da antecipação do ciclo reprodutivo nessa faixa etária.
Objetivos
Investigar o nível de correlação entre o Coeficiente de Mortalidade Neonatal (CMN) e variáveis obstétricas e do recém-nascido (RN) de adolescentes e adultas jovens, no estado da Bahia, no período de 2011 a 2020.
Metodologia
Estudo ecológico com análise de série temporal. Os dados foram obtidos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), ambos de domínio público e acesso gratuito, utilizando o total de registros de óbitos neonatais (precoce e tardio) de mães adolescentes (15 a 19 anos) e adultas jovens (20 – 24 anos) residentes no Estado da Bahia, no período de 2011 a 2020. A análise de correlação entre o CMN e variáveis obstétricas e do RN foi através do Coeficiente de Spearman. Os dados foram analisados no software R. Por se tratar de dados secundários, sem a identificação individual, não foi necessária a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Na Bahia, no período de 2011 a 2010 foram registrados 10.171 óbitos neonatais (precoce 82,1%; tardio: 17,9%), 49,8% de mães adolescentes e 50,2% de adultas jovens. A maioria dos óbitos foram do sexo masculino, de raça/cor parda; prematuros limítrofes, de muito baixo peso; nascidos por via de parto vaginal; e escolaridade ≥ 8 anos de estudo para as mães adultas jovens. Os óbitos por causas evitáveis mostraram maiores proporções entre aquelas relacionadas por falta de atenção ao feto e RN. No grupo de mães de 20 a 24 anos, houve correlação forte e direta (estatisticamente significante) com evolução da proporção de nascidos pré-termos limítrofes (idade gestacional - IG 32-36 semanas e 6 dias).
Conclusões/Considerações
Neste estudo, foi observada correlação positiva entre IG de RN pré-termos limítrofes com o CMN. Os óbitos considerados evitáveis por intervenções dos serviços de saúde, apontam a necessidade da consolidação de comitês de prevenção da mortalidade infantil e de ações voltadas a melhorias na qualidade da assistência, cobertura do pré-natal, atendimento durante o parto e pós-parto, bem como o aperfeiçoamento profissional.
NEAR MISS MATERNO DE ADOLESCENTES E ADULTAS JOVENS NO ESTADO DA BAHIA.
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana - BA
2 Universidade do Estado da Bahia - BA
Apresentação/Introdução
O Organização Mundial da Saúde (OMS), define Near Miss Materno (NMM) como “uma mulher que quase morreu, mas sobreviveu a uma complicação grave durante a gestação, parto ou até 42 dias após o término da gravidez”. O NMM é um indicador efetivo para avaliar a qualidade da assistência obstétrica, orientar melhorias nos serviços de saúde contribuindo na redução da mortalidade materna.
Objetivos
Estimar a prevalência de NMM e analisar possíveis associações com variáveis sociodemográficas de mães adolescentes e adultas jovens internadas durante a gestação, residentes no Estado da Bahia, no ano de 2023.
Metodologia
Estudo transversal, utilizando dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH-SUS) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Foram analisados os registros de internação de gestantes e puérperas adolescentes (10-19 anos) e adultas jovens (20-24 anos), no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2023, no estado da Bahia. Os critérios para identificação dos casos de NMM foram organizados em seis grupos de disfunções graves: cardiovascular, respiratória, renal, hematológica, hepática e neurológica. Foi realizada análise descritiva, bivariada (qui-quadrado). Por se tratar de dados públicos e anônimos, o estudo foi dispensado de aprovação ética.
Resultados
Em 2023, na Bahia, foram registradas 99.357 internações de mulheres na faixa etária de 10 a 24 anos, das quais 3.075 corresponderam a casos de NMM. Com predomínio de mães adultas jovens (53,4%), negras (94,5%), disfunção cardiovascular (66,0%), gestação de risco (99,7%), necessitaram de atendimento de urgência (92,9%) e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (13,7%). Na análise bivariada entre os casos de NMM e o grupo etário, quatro variáveis apresentaram significância estatística: entre as adolescentes - necessidade de internação em UTI (58,9%; p=0,000) e alta complexidade (61,9%; p=0,045) e jovens adultas - disfunção cardiovascular (60,1%; p=0,000) e gestação de risco (53,3%; p=0,005).
Conclusões/Considerações
Os achados deste estudo revelam a expressiva ocorrência de NMM entre adolescentes e adultas jovens negras, evidenciando desigualdades raciais e regionais no Estado da Bahia, na atenção obstétrica. A frequência de internações de urgência e a baixa utilização de UTI, mesmo diante de gestações de risco, podem indicar deficiências na resposta dos serviços de saúde, frente às complicações graves.
CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS, MAIORES RISCOS: FATORES ASSOCIADOS À REINTERNAÇÃO HOSPITALAR POR ASMA, UMA CONDIÇÃO SENSÍVEL À ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster Eletrônico
1 IFMG/UFMG
2 UFMG
Apresentação/Introdução
Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP) são agravos considerados evitáveis pelo atendimento adequado da Atenção Primária. No Brasil, a asma é categorizada como CSAP e uma das doenças crônicas infantis mais comuns, responsável por grande parte das internações e reinternações nessa população. No entanto, há escassez de estudos sobre reinternações por asma nos menores de 5 anos.
Objetivos
Descrever o perfil das crianças menores de 5 anos reinternadas por asma, entre 2009 e 2015, no Sistema Único de Saúde e identificar seus fatores associados.
Metodologia
Coorte retrospectiva da Base Nacional de Saúde, banco de dados centrado no indivíduo, construído por pareamento determinístico-probabilístico dos sistemas de informação do SUS. Foram incluídas crianças <5 anos hospitalizadas por Asma (CID-10: J450, J451, J458, J459, J46), Grupo 7 da Lista Brasileira de CSAP, entre 2009 e 2015. A variável resposta foi a reinternação em até 365 dias após a alta e, como variáveis independentes foram considerados fatores sociodemográficos, clínicos, referentes à hospitalização e aos serviços hospitalares. A análise de associação incluiu os testes Qui-quadrado de Pearson e regressão logística binária. A pesquisa foi aprovada no CAAE nº44121315.2.0000.5149.
Resultados
Identificou-se 206.947 crianças hospitalizadas por asma, destas, 14,75% (n=30.525) apresentaram reinternação. Os lactentes apresentaram 132% mais chance de reinternar, enquanto os pré-escolares apresentaram 87% mais chance de reinternar, comparados aos neonatos. Em relação à região de residência da criança, quando comparado à região Sudeste, residir em qualquer outra região do país foi um fator de proteção para a reinternação, respectivamente, o Centro-Oeste (OR=0,76), Norte (OR=0,79), Sul (OR=0,90) e Nordeste (OR=0,94). Estar hospitalizado em instituição Privada (OR=1,08) ou Privada Sem Fins Lucrativos (PSFL) (OR=1,04) também foi associado ao aumento na chance do desfecho
Conclusões/Considerações
As faixas etárias de lactentes (28 dias a 2 anos) e pré-escolares (2 a 4 anos) apresentaram a maior força de associação com o desfecho. O tipo de instituição em que a criança é hospitalizada (Privada/PSFL) também aumentou as chances de reinternação. Residir no Centro-Oeste, Norte, Sul e Nordeste foi considerado fator de proteção para a reinternação. Tais resultados são inéditos para o SUS e qualificam os saberes sobre a saúde desta população.
TÊNDENCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE DE FILHOS DE ADOLESCENTES E ADULTAS JOVENS NO ESTADO DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
2 Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
Apresentação/Introdução
Em escala global, tem sido evidenciada redução significativa nos óbitos infantis, entretanto as mortes neonatais têm apresentado reduções pouco expressivas, constituindo-se ainda um desafio para a saúde. A importância desses indicadores é legitimada pela inclusão nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) permitindo a avaliação da situação de saúde de uma população, em nível mundial.
Objetivos
Analisar a tendência temporal da mortalidade neonatal (precoce e tardia) e comparar as tendências, segundo faixas etárias de adolescentes e adultas jovens, na década estudada.
Metodologia
Estudo de série temporal sobre mortalidade neonatal e componentes (precoce – 0 a 6 dias; tardia - 7 a 27 dias), entre filhos de mães adolescentes e adultas jovens do estado da Bahia, 2011 a 2020, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade e Nascidos Vivos. Para análise da tendência temporal foi utilizada a regressão linear simples através do método de Newey e West visando estimar os parâmetros da regressão e corrigir a autocorrelação serial de várias ordens, sendo o desfecho o Coeficiente de Mortalidade Neonatal (CMN - precoce e tardio). A análise considerou cada grupo etário e estimou as variações percentuais anuais (VPA) com intervalos de confiança de 95%.
Resultados
Entre 2011 e 2020, do total de óbitos (13.076) de menores de um ano, no estado da Bahia, filhos de mães adolescentes e adultas jovens, 10.171 (77,8%) ocorreram no período neonatal, sendo 8.347 (82,1%) neonatais precoces e 1.824 (17,9%) neonatais tardios. Observou-se tendência decrescente estatisticamente significante para o Coeficiente de Mortalidade Neonatal geral (CMN) e para o Coeficiente de Mortalidade Neonatal Precoce (CMNP), em ambos os grupos etários maternos. Já o coeficiente de mortalidade neonatal tardio (CMNT) apresentou tendência estável, sem significância estatística (p > 0,05).
Conclusões/Considerações
Entre 2011 e 2020, no estado da Bahia, a tendência dos coeficientes de mortalidade neonatal geral (CMN) e neonatal precoce (CMNP) foram decrescentes, com resultados significantes, para os dois grupos etários maternos; enquanto neonatal tardio (CMNT) mostrou tendência estável. Esses achados revelam a necessidade de ampliação das políticas visando criar estratégias mais eficazes e equitativas no cuidado à essa população, no estado da Bahia.
ANÁLISE DOS ÓBITOS INFANTIS POR RISCOS ACIDENTAIS À RESPIRAÇÃO SEGUNDO FAIXA ETÁRIA NO ESTADO DA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 UESB
Apresentação/Introdução
A mortalidade infantil reflete as condições biopsicossociais da população e apesar de avanços no Brasil, causas externas como sufocação, aspiração e obstruções respiratórias são recorrentes. Cerca de 1 milhão de crianças morre anualmente em todo o mundo devido a causas acidentais, sendo a sufocação a principal causa entre menores de 1 ano, evidenciando a gravidade deste problema.
Objetivos
Analisar os óbitos infantis por riscos acidentais à respiração, de acordo com a faixa etária, no estado da Bahia, entre os anos de 2016 e 2022.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, com dados secundários obtidos do banco do DATASUS, coletados em maio de 2025 via sistema TABNET, para analisar óbitos infantis no estado da Bahia entre 2016 e 2022. Foram selecionados registros cuja causa básica foi classificada como “Outros riscos acidentais à respiração” (códigos W75 a W84 da CID-10), abrangendo crianças de 0 a 14 anos, distribuídas em faixas etárias: menores de 1 ano, 1 a 4, 5 a 9 e 10 a 14 anos.
Resultados
A maior parte dos óbitos ocorreu em crianças menores de 1 ano (125 casos), o que representa aproximadamente 62% do total. Em seguida, destacam-se as faixas de 1 a 4 anos, com 42 óbitos (21%), de 10 a 14 anos, com 21 óbitos (10%), e de 5 a 9 anos, com 14 óbitos (7%). Em relação à variação anual, observa-se um comportamento oscilante, com os maiores números de óbitos registrados em 2021 (36 casos) e em 2019 (33 casos). Já o ano de 2022 apresentou uma redução significativa, com 25 óbitos, o menor valor desde 2018. As faixas etárias de 5 a 9 anos e de 10 a 14 anos apresentaram menor frequência de casos, o que indica uma maior variabilidade e menor risco nessas idades.
Conclusões/Considerações
A compreensão dos óbitos infantis por causas evitáveis exige olhar crítico sobre a eficácia das políticas públicas, o acesso desigual à informação e a responsabilização social pelo cuidado na infância. É urgente fortalecer estratégias preventivas integradas, que promovam ambientes mais seguros e o direito à vida desde os primeiros anos.
MENARCA PRECOCE: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS EM ADOLESCENTES DE UMA COORTE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas, observou-se tendência secular de antecipação na idade da menarca, associada a desfechos negativos como excesso de peso, síndrome metabólica, distúrbios cardiometabólicos, câncer de mama e alterações psicossociais. Fatores genéticos são determinantes, mas fatores sociais, ambientais e nutricionais também influenciam.
Objetivos
Estimar a prevalência e fatores associados à menarca precoce em adolescentes.
Metodologia
Estudo longitudinal analítico, com uso de dados do terceiro seguimento da Coorte BRISA. Foram incluídas as adolescentes nascidas em 2010, residentes no município de São Luís, Maranhão, acompanhadas nas fases do nascimento (2010) e da adolescência (2022-2023), com registro da idade da menarca. A amostra inicial foi de 1.626 adolescentes, sendo excluídos 878 meninos e meninas sem informação sobre a menarca. Os dados foram analisados no software RStudio®. Realizou-se análise descritiva (frequências absolutas e relativas), avaliação da normalidade (testes de Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov) e testes de associação (Qui-quadrado e Exato de Fisher), adotando-se nível de significância de 0,05.
Resultados
A amostra final foi de 748 adolescentes. A maioria era de cor da pele não branca (77,4%); não referiu asma (94,4%); tinha peso ao nascer adequado (60,0%) e mães sem menarca precoce (85,0%) e sem comorbidades (hipertensão: 97,7%; diabetes: 99,5%). Houve maior percentual de gordura corporal baixo (37,7%) e em domicílios de três residentes com a adolescente (36,9%). A prevalência de menarca precoce foi 59,3%. Houve associação estatisticamente significante com percentual de gordura (p=0,002), menarca precoce materna (p<0,001) e número de residentes no domicilio (p=0,049). Não houve associação com asma (p=0,3), peso ao nascer (p=0,12), cor da pele (p=0,6), diabetes (p>0,9) e hipertensão maternas (p=0,6).
Conclusões/Considerações
A tendência de redução na idade da menarca aumenta a vulnerabilidade de meninas a efeitos adversos da puberdade precoce. A alta prevalência observada e as associações com gordura corporal, menarca precoce materna e tamanho da família reforçam a importância de compreender fatores de risco e promover ações intersetoriais de promoção, prevenção e cuidado às adolescentes.
DESENVOLVIMENTO DE PROTOCOLO DE ACOLHIMENTO E SAÚDE MENTAL EM ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO NA REGIÃO DOS INCONFIDENTES, MINAS GERAIS
Pôster Eletrônico
1 Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto
2 Prefeitura Municipal de Ouro Preto - MG
3 Escola de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Apresentação/Introdução
Dados coletados em uma pesquisa-intervenção realizada com estudantes do ensino médio de 3 escolas da região dos Inconfidentes, em Minas Gerais, neste ano, revelaram um cenário alarmante: muitos estudantes participantes relataram já ter sentido vontade de desaparecer, não saber a quem recorrer quando sentem sofrimento mental, e confessaram ter se auto lesionado, carecendo de acolhimento e rede de apoio.
Objetivos
Desenvolver um protocolo de acolhimento e saúde mental voltado para estudantes do ensino médio em sofrimento mental, baseado no cuidado, rede de apoio e atenção especializada do SUS, SUAS, Corpo de Bombeiros e escolas públicas.
Metodologia
O protocolo foi desenvolvido no âmbito do projeto de pesquisa-intervenção “Saúde Mental nas escolas e fora delas”, da Universidade Federal de Ouro Preto, aprovado pelo conselho de ética em pesquisa. Conta com equipe de acolhimento especializada no atendimento dos estudantes participantes. Utilizou-se uma abordagem participativa, para identificar sintomas de ansiedade, depressão, isolamento, autolesão e ideação suicida. Elaborou-se protocolo fundamentado na formação de professores, escuta ativa, apoio psicossocial e articulação com serviços públicos, familiares e escolas. As ações do protocolo envolvem, atendimento individualizado, rodas de diálogo e construção de redes de apoio.
Resultados
O desenvolvimento do protocolo fortalece o acolhimento nas escolas com escuta ativa, abordagem direta e diálogo contínuo com a comunidade escolar. A criação de grupos de WhatsApp e o envio sistemático de mensagens permitem respostas rápidas às situações de crise ou sofrimento mental. A história dos estudantes guia a construção de redes de apoio individualizadas. A integração com SUS, SUAS, Corpo de Bombeiros e famílias amplia a proteção e o cuidado em saúde mental. O protocolo resultou em maior confiança dos estudantes para buscar ajuda, promoção da saúde mental, bem - estar e valorização da vida nas escolas.
Conclusões/Considerações
O desenvolvimento do protocolo evidenciou a importância da escuta ativa, da articulação intersetorial e do envolvimento da comunidade escolar na promoção da saúde mental. Conclui-se que ações contínuas de acolhimento e apoio são fundamentais para a prevenção do sofrimento mental entre estudantes e para o fortalecimento de uma rede de cuidado efetiva e humanizada nas escolas.
BEBÊS REBORN E SAÚDE MENTAL À LUZ DA SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 Unirio
Apresentação/Introdução
No limiar entre o brinquedo e objeto de afeto, os bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos com riqueza de detalhes — vêm ganhando espaço no imaginário popular e nas dinâmicas de consumo afetivo. Mais do que um fenômeno estético ou artesanal, esses objetos levantam questões complexas no campo da psiquiatria, da psicanálise e das relações humanas na sociedade contemporânea.
Objetivos
Analisar, por meio de revisão da literatura, como o fenômeno dos bebês reborn se relaciona com sofrimento mental, determinantes em saúde e vulnerabilidades na infância e adolescência, e discutir suas implicações para as políticas públicas de saúde.
Metodologia
Realizada pesquisa de revisão narrativa de literatura, tendo como foco artigos publicados em bases de dados científicos e materiais publicados na internet por veículos sérios de comunicação, que incluíssem as temáticas de saúde mental e infância, objetos transicionais, bebês reborn, boneca terapêutica e relações materno-fetais.
Resultados
A literatura sobre o tema ainda é escassa, e a ausência de descritores específicos dificulta a sistematização das buscas. No entanto, há ampla circulação de debates sobre os bebês reborn nas mídias e no espaço público. Historicamente, bonecos ultrapassam o papel de brinquedos, representando vínculos afetivos e arquétipos sociais. Freud apontou a importância das mediações psíquicas no luto, e Winnicott destacou o papel dos objetos transicionais como suporte emocional. Embora em alguns contextos clínicos os reborns sejam utilizados terapeuticamente, seu uso fora de ambientes supervisionados pode reforçar mecanismos de negação e regressão emocional.
Conclusões/Considerações
O uso de bebês reborn pode representar uma estratégia de enfrentamento de sofrimento psíquico, solidão crônica e traumas afetivos, até em crianças e adolescentes. Esse fenômeno fala não apenas do indivíduo que o procura, mas também falhas sociais em acolher o luto e a fragilidade. Ainda há muito o que se discutir sobre esse tema, inclusive o papel da Saúde Coletiva, que deve fortalecer políticas que acolham o sofrimento psíquico de forma integral.
TENDÊNCIA DA MORTALIDADE INFANTIL POR CAUSAS EVITÁVEIS NA BAHIA ENTRE 2012 E 2022
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde (UFBA-IMS)
2 Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)
3 Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde (UFBA-IMS); Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
Apresentação/Introdução
A mortalidade infantil por causas evitáveis indica falhas na atenção à saúde e desigualdades sociais. Analisar suas tendências permite avaliar o impacto das políticas públicas e orientar estratégias de prevenção mais eficazes, especialmente em contextos como o da Bahia, marcado por vulnerabilidades regionais.
Objetivos
Avaliar a tendência das taxas de mortalidade infantil por causas evitáveis na Bahia entre 2012 e 2022, segundo componentes do óbito e grupos de causas evitáveis.
Metodologia
Estudo ecológico de séries temporais com dados secundários de 2012 a 2022. Foram utilizados dados do SIM e do SINASC, vinculando nascimentos e óbitos infantis de residentes na Bahia. As causas de morte foram classificadas segundo a lista de causas evitáveis do SUS. Calcularam-se taxas de mortalidade infantil evitável total, neonatal e pós-neonatal por 1.000 nascidos vivos. Aplicou-se modelo de regressão Joinpoint com cálculo da Variação Percentual Anual (APC) e IC95%. As variáveis incluíram características maternas, da gestação, parto, recém-nascido e macrorregião de residência. As análises foram feitas com Joinpoint Regression Program.
Resultados
Foram registrados 23.459 óbitos infantis evitáveis (82,1% neonatais). A mortalidade infantil evitável total apresentou tendência decrescente (APC: -1,75%; IC95% -2,3; -1,3), assim como o componente neonatal (APC: -1,8%). O componente pós-neonatal foi estável. Houve maior frequência de óbitos entre filhos de mães com baixa escolaridade, parto pré-termo, peso <1000g, sexo masculino e cor parda. Houve queda nas causas reduzíveis por atenção à gestação, parto e promoção da saúde. A mortalidade pós-neonatal aumentou para algumas causas maternas e doenças hemolíticas. Pneumonia, infecções perinatais e doenças infecciosas intestinais apresentaram tendência decrescente.
Conclusões/Considerações
Houve redução das taxas de mortalidade infantil por causas evitáveis, especialmente no componente neonatal, indicando avanços na atenção materno-infantil. A estabilidade do pós-neonatal e desigualdades regionais e sociodemográficas persistem, exigindo ações de equidade, continuidade do cuidado e fortalecimento da APS.
OS CUIDADOS EM SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
A produção de dados será realizada sob três modalidades: observação participante, entrevistas com gestoras(es) dos SAICAS, roda de conversa com crianças, adolescentes, profissionais dos serviços de acolhimento. Será utilizado o referencial da pesquisa participante, no qual crianças, adolescentes, gestores e educadores do serviço de acolhimento serão acompanhados por um período de três meses.
Objetivos
O objetivo deste estudo é analisar a produção dos cuidados em saúde de crianças e adolescentes em acolhimento institucional e a sua relação com o SUS.
Metodologia
Neste estudo o pesquisador fará uma imersão de 03 meses nos SAICAS, acompanhando o dia a dia em estreita relação com as crianças, adolescentes, trabalhadores dos SAICAS e com foco também nas relações dos SAICAS com os serviços de saúde. Terá o protagonismo das crianças, adolescentes e trabalhadores do SAICA nos processos de cuidado em saúde e seus encontros no caminhar pelas redes formais ou informais.
Resultados
Nesse sentido o trabalho dos profissionais do judiciário e dos serviços acolhimento precisa de muita atenção e cuidados para entender o contexto de maneira global e sem preconceitos/estigmas em relação as famílias de origem.Nesta perspectiva, pesquisar as muitas dimensões que atravessam o processo de acolhimento institucional e sua relação com o cuidado em saúde pode favorecer a reflexão sobre as redes de cuidado e as políticas públicas nessa área.
Conclusões/Considerações
Nesse contexto os cuidados em saúde surgem como um dos princípios básicos na vida de crianças e adolescentes em acolhimento institucional, motivando a realização desse estudo e a escuta dessas crianças e adolescentes. Nesta perspectiva, pesquisar as muitas dimensões que atravessam o processo de acolhimento institucional e sua relação com o cuidado em saúde pode favorecer a reflexão sobre as redes de cuidado e as políticas públicas nessa área.
COBERTURA VACINAL EM MENORES DE 2 ANOS NA REGIÃO NORDESTE: UMA ANÁLISE ESPACIAL DE 2012 A 2022
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A imunização infantil é uma estratégia eficaz que desempenha um papel essencial na diminuição dos casos de mortalidade infantil, bem como na erradicação e controle de doenças que podem ser prevenidas. São necessários estudos que analisem a distribuição espacial da cobertura vacinal, pois a região Nordeste apresenta taxas de cobertura mais baixas, comparadas com outras regiões do Brasil.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial da cobertura vacinal em crianças menores de 2 anos na região Nordeste do Brasil, no período de 2012 a 2022.
Metodologia
Estudo ecológico, utilizando dados secundários do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações referentes à cobertura vacinal de crianças menores de 2 anos nos 1.794 municípios da região Nordeste do Brasil, de 2012 a 2022. Foram analisadas as coberturas das principais vacinas do calendário infantil, que foram BCG, Hepatite B, Pentavalente, VIP, Rotavírus, Tetra Viral, DTP, Hepatite A e Febre Amarela, calculadas automaticamente pelo sistema com base nas doses aplicadas e na população alvo. As taxas foram representadas espacialmente por meio de mapas temáticos elaborados com os softwares GeoDa v. 1.22® e QGIS v.3.40.7®.
Resultados
Os mapas mostram variações nas coberturas vacinais por estado e tipo de vacina. BCG e Hepatite B, aplicadas ao nascer, apresentam taxas entre 85% e 100%, refletindo boa atuação das maternidades. Vacinas com múltiplas doses, como Pentavalente e VIP, têm coberturas de 60% a 85%, com destaque negativo para Maranhão e Alagoas. Rotavírus varia entre 70% e 90%, e pneumocócica 10, entre 75% e 95%, com áreas críticas. Vacinas do segundo ano, como tetra viral, DTP e hepatite A, têm coberturas mais baixas, inferiores a 70%, ficando abaixo de 50% em alguns estados. Febre amarela também tem baixos índices, entre 40% e 70%, sobretudo onde foi incorporada recentemente.
Conclusões/Considerações
Os dados do estudo evidenciam que poucas vacinas atingem a meta de 95% de cobertura recomendada pelo Ministério da Saúde, representando risco para o reaparecimento de doenças imunopreveníveis. Exigindo ações urgentes, como intensificação das campanhas de vacinação, busca ativa de não vacinados, ampliação dos horários e dias de funcionamento dos postos e reforço da comunicação com a população para aumentar a confiança nas vacinas.
VACINAÇÃO OPORTUNA CONTRA HEPATITE B AO NASCIMENTO E FATORES ASSOCIADOS
Pôster Eletrônico
1 UFSJ
Apresentação/Introdução
A administração oportuna da vacina contra Hepatite B é recomendada nas primeiras 12 horas de vida, sendo ideal, no máximo, até 24 horas após o nascimento. Essa medida é fundamental para prevenir a transmissão vertical do vírus e contribuir para o controle da doença no âmbito da saúde pública.
Objetivos
Analisar a administração oportuna da vacina contra Hepatite B e fatores associados em crianças ao nascimento.
Metodologia
Estudo transversal analítico realizado com crianças nascidas em um município de Minas Gerais. Os dados foram obtidos por meio de questionário aplicado em uma pesquisa maior intitulada: “Fatores associados à completude do calendário vacinal de crianças em coorte de nascidos vivos”. As variáveis qualitativas foram descritas em frequência absoluta e percentual. As quantitativas tiveram a normalidade rejeitada (Shapiro-Wilk). Utilizou-se teste de Fisher para associação entre dose oportuna, problemas de saúde e idade gestacional; Qui-Quadrado para raça/cor; e Mann-Whitney para idade gestacional e peso ao nascer. As análises foram feitas no software SPSS versão 25 com nível de significância de 5%.
Resultados
Foram analisadas 53 crianças. Dentre elas, 9(17%) receberam a vacina contra hepatite B no período oportuno, enquanto 44(83%) foram vacinadas fora do intervalo recomendado. Ao comparar a presença de problemas de saúde, observou-se apenas 1 criança com histórico de problema de saúde (11,1%) foi vacinada oportunamente, em comparação a 7 crianças sem problemas de saúde (15,9%), sem diferença estatisticamente significativa (p=0,999). Variáveis como idade gestacional, baixo peso ao nascer, raça e cor também não apresentaram associação estatisticamente significativa com a vacinação oportuna (p > 0,05). Dessa forma, nenhuma das variáveis apresentou relação com a administração oportuna da vacina.
Conclusões/Considerações
Este estudo não identificou associações estatisticamente significativas entre a administração oportuna da vacina e as variáveis analisadas. Contudo, a vacinação nas primeiras 24 horas de vida é um importante indicador da qualidade da atenção neonatal e reflete a efetividade do Programa Nacional de Imunizações.
SAÚDE E SEGURANÇA NAS ESCOLAS: ANÁLISE DA ADEQUAÇÃO À LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO EM ESCOLAS PÚBLICAS DA REGIÃO DOS INCONFIDENTES, MINAS GERAIS
Pôster Eletrônico
1 CBMMG
2 ESCOLA DE MEDICINA DA UFOP
Apresentação/Introdução
O bem-estar emocional e a saúde mental dos estudantes e profissionais estão diretamente relacionados à existência de escolas seguras e acolhedoras. No âmbito de projeto de pesquisa-intervenção voltado para saúde mental nas escolas, foi avaliado o atendimento às exigências da Lei nº 14.130/01 em 3 escolas públicas de ensino médio na região dos Inconfidentes em Minas Gerais
Objetivos
Mapear os riscos relacionados à segurança contra incêndio e pânico; fortalecer a cultura de prevenção, analisar como a percepção de segurança pode promover a saúde mental de estudantes e profissionais em 3 escolas públicas de Minas Gerais.
Metodologia
Esse trabalho integra as ações do projeto de pesquisa-intervenção “Saúde Mental nas Escolas e Fora Delas”, da Universidade Federal de Ouro Preto e Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com equipe de acolhimento multidisciplinar disponível para os participantes em sofrimento mental. Foram realizadas vistorias técnicas orientativas em três escolas públicas de ensino médio em Itabirito, Mariana e Ouro Preto/MG, mapeando riscos e orientando adequações de segurança nas escolas. Foi avaliada a regularidade das escolas em relação à Lei nº 14.130/2001 e elaborado projetos de saúde e segurança para as escolas públicas.
Resultados
As três escolas vistoriadas não estão regularizadas junto ao Corpo de Bombeiros Militar. Apesar de duas das três edificações possuírem sinalização de emergência, não foi elaborado projeto técnico específico para as edificações. Em relação ao armazenamento/utilização de gás GLP, as três escolas possuem riscos à segurança. Na abordagem dos profissionais que atuam na escola, foi relatada preocupação em relação ao manuseio dos botijões, a possibilidade de vazamentos de gás e a utilização do extintor em caso de incêndio. As três edificações já haviam sido fiscalizadas anteriormente e agora constroem seus projetos de saúde e segurança para as escolas, por meio do projeto de pesquisa - intervenção.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam que as 3 edificações possuem irregularidades em relação à legislação estadual vigente, normas e instruções técnicas de segurança contra incêndio e pânico aplicadas em Minas Gerais. Torna-se necessário a adequação das edificações, tendo em vista que a saúde e segurança nas escolas depende, entre outros fatores, de espaços físicos seguros para emergências relacionadas à ocorrências de incêndio e/ou pânico.
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À IDEAÇÃO SUICIDA E AUTOAGRESSÃO EM ADOLESCENTES AOS 18 ANOS: COORTE DE NASCIMENTOS DE PELOTAS DE 2004
Pôster Eletrônico
1 USP
2 UFPel
Apresentação/Introdução
A ideação suicida reflete sofrimento psicológico e demanda por atenção em saúde mental. Envolve pensamentos sobre a própria morte e resulta de fatores biopsicossociais, socioeconômicos e relacionais. A prevalência global ao longo da vida é de 10% a 14%, sendo maior entre adolescentes vulneráveis e com pouco suporte psicossocial.
Objetivos
Investigar a frequência, distribuição e fatores de risco associados à ideação suicida em adolescentes aos 18 anos participantes da Coorte de Pelotas de 2004.
Metodologia
O estudo utiliza dados longitudinais da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, acompanhando os participantes desde o nascimento até os 18 anos de idade. Foi analisado o desfecho de ideação suicida aos 18 anos, bem como os fatores de risco iniciais e contemporâneos associados a esses comportamentos. As análises serão realizadas no software STATA, incluindo cálculos de distribuições de frequência, medidas de tendência central e dispersão, teste de chi-quadrado, e análise multivariada com modelos de regressão logística ou de Poisson.
Resultados
Investigamos associações entre ideação suicida aos 18 anos e exposições desde o período perinatal em coorte de nascimento. As exposições incluíram características ao nascer, fatores maternos, depressão materna, saúde mental da criança e adolescente, bullying, sono, estressores e uso de substâncias. A prevalência de ideação suicida foi de 6,96% (IC 95%: 6,01–7,90). Houve associação significativa com sexo feminino, raça materna, depressão materna, estressores, violência, relação intrafamiliar, sono, orientação sexual e uso de substâncias.
Conclusões/Considerações
A análise dos fatores associados ao desfecho de ideação suicida na adolescência amplia as evidências sobre esse fenômeno. Além disso, fornece subsídios para a prevenção desses comportamentos entre jovens, com potencial para reduzir suas consequências a longo prazo. Além disso, o aprimoramento do planejamento e das ações das redes e serviços intersetoriais voltados a essa população.
USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO DIAGNÓSTICO DA APENDICITE AGUDA PEDIÁTRICA: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Pôster Eletrônico
1 UECE
2 ESTACIO-IDOMED
Apresentação/Introdução
A apendicite aguda é a emergência cirúrgica abdominal mais comum em crianças, mas seu diagnóstico é desafiador. A Inteligência Artificial (IA) surge como ferramenta promissora para integrar variáveis clínicas, laboratoriais e de imagem, otimizando o diagnóstico e reduzindo erros que impactam negativamente o prognóstico.
Objetivos
Mapear e sintetizar evidências sobre o uso da IA no diagnóstico da apendicite aguda pediátrica, identificando algoritmos aplicados, acurácia diagnóstica, comparação com métodos tradicionais e lacunas para futuras pesquisas.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo conforme PRISMA-ScR e JBI. Realizou-se busca sistemática em 8 bases de dados e literatura cinzenta, sem restrição de idioma ou data. Foram incluídos estudos sobre uso de IA em pacientes de 0–18 anos com suspeita ou diagnóstico de apendicite. Dois revisores atuaram na triagem e extração dos dados. Foram analisadas variáveis como algoritmos utilizados, métricas de acurácia, interpretabilidade dos modelos e comparações com métodos diagnósticos tradicionais. A síntese dos resultados foi narrativa e descritiva, com apoio de tabelas.
Resultados
Sete estudos foram incluídos, com predomínio de modelos Random Forest, Gradient Boosting, CNNs e CBMs. Os algoritmos de IA mostraram desempenho superior ou equivalente aos escores clínicos tradicionais (PAS, AIR), com AUROC frequentemente >0.80. Houve ênfase crescente em modelos interpretáveis (XAI). As variáveis mais preditivas foram leucócitos, PCR, dor em QID e achados de imagem. A maioria dos estudos utilizou validação interna, com escassa validação externa, o que limita a generalização clínica.
Conclusões/Considerações
A IA apresenta grande potencial no diagnóstico da apendicite pediátrica, com alta acurácia e capacidade de integrar dados multimodais. Modelos explicáveis são tendência crescente. No entanto, a adoção clínica requer validação externa robusta, integração nos fluxos assistenciais, análise de custo-efetividade e atenção a questões éticas e de viés. Pesquisas futuras devem focar em validação multicêntrica e aplicabilidade real.
ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 6 A 42 MESES FREQUENTADORAS DE CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL EM GOIÂNIA, GOIÁS
Pôster Eletrônico
1 Instituto Federal Goiano
2 Universidade Federal de Goiás
Apresentação/Introdução
O estado nutricional de crianças na primeira infância é um relevante indicador de saúde coletiva, especialmente em contextos de vulnerabilidade. A avaliação de condições nutricionais em Centros Municipais de Educação Infantil possibilita identificar desigualdades sociais e subsidiar políticas de promoção, proteção e cuidado à saúde na infância.
Objetivos
Avaliar o estado nutricional de crianças de 6 a 42 meses matriculadas em Centros Municipais de Educação Infantil de Goiânia, Goiás, com base em indicadores antropométricos padronizados pela Organização Mundial da Saúde.
Metodologia
Estudo transversal analítico, realizado em 10 Centros Municipais de Educação Infantil de Goiânia, com 167 crianças de 6 a 42 meses. Foram coletados dados sociodemográficos e antropométricos por formulário estruturado e aferição direta. Utilizaram-se os índices peso por altura, altura por idade, peso por idade e Índice de Massa Corporal por idade, conforme padrões da Organização Mundial da Saúde. A análise estatística incluiu frequências, medidas de tendência central e dispersão. A normalidade foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, e associações entre variáveis categóricas pelo teste Exato de Fisher.
Resultados
Entre as crianças, 52,7% eram do sexo feminino, a mediana de idade foi de 24 meses e renda per capita de R$ 750. A idade média das mães foi de 30 anos. De acordo com o Índice de Massa Corporal para idade, 57,8% estavam eutróficas, 27,3% em risco de sobrepeso e 14,9% apresentaram excesso de peso. Cor da pele e turno escolar não apresentaram associação estatisticamente significativa com os indicadores nutricionais. Peso/altura apresentou associação significativa com o sexo (p=0,036), sendo que a obesidade foi mais prevalente no sexo masculino. De forma semelhante, no índice de massa corporal/idade os meninos também apresentaram maiores níveis de obesidade (p=0,037).
Conclusões/Considerações
Apesar da maioria das crianças apresentar estado nutricional adequado, a prevalência de obesidade identificada pelo Índice de Massa Corporal por idade e pelo peso por idade foram significativamente maiores nas crianças do sexo masculino quando comparadas às crianças do sexo feminino.
PANORAMA DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NA POPULAÇÃO DE ADOLESCENTES NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS-SP - ISACAMP 2023/24
Pôster Eletrônico
1 Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo
2 Faculdade de Ciências Médicas- Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo.
3 Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Universidade Estadual de Campinas Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo.
Apresentação/Introdução
Diversos estudos têm apresentado que o início precoce do consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes representa um fator de risco significativo para o desenvolvimento de padrões abusivos de consumo ao longo da vida e, ainda, a associação entre o uso inicial de álcool e desfechos prejudiciais à saúde na juventude e na vida adulta tem sido evidenciada.
Objetivos
Identificar e descrever o padrão de consumo de bebidas alcoólicas e fatores associados na população adolescente de Campinas-SP em 2023-24.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, utilizando dados do último Inquérito de Saúde de Base Populacional no município de Campinas (ISACamp 2023/24). Foi analisado o consumo de bebidas alcoólicas (BA) entre adolescentes de 13 a 19 anos, no que se refere a frequência de consumo e quantidade. Características como idade, sexo, qualidade da alimentação foram investigadas como possíveis fatores de confusão. Realizou-se análise descritiva com frequências e médias, a influência das características sociodemográficas no consumo foi avaliada por meio de regressão linear. Todas as análises foram ponderadas considerando a estratificação e o peso amostral utilizando o software Stata 16.1 SE.
Resultados
Dos 548 adolescentes do ISACamp, com 13 a 19 anos, 84 (15,3%) relataram ingestão de álcool, com idade média de 17,7 anos (DP=0,16), sendo 54,1% do sexo masculino, 53,1% brancos e 36,1% pardos; 26,1% não possuem religião; a maioria relatou boa qualidade de alimentação (78,8%). Em relação ao consumo de BA, 39,6% relataram consumo raro, 35,6% indicaram consumo mensal e 24,8% relataram consumo semanal, houve tendência de aumento da frequência conforme o avanço da idade. Quando consomem álcool, 44,1% ingere 1 a 2 doses, 36,4% 3 a 4 doses e os demais 5 ou mais doses. O consumo médio ajustado pelas características sociodemográficas foi de 3,8 doses, sem diferença significativa entre os estratos.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam uma prevalência relevante de consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes que tende a se estabelecer com a idade. O consumo independente de sexo, raça/cor e religião aponta necessidade de ações intersetoriais voltadas à promoção de hábitos saudáveis na adolescência.
CONHECENDO AS VIVÊNCIAS EM SERVIÇOS DE SAÚDE DE PAIS HESITANTES À VACINAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP-EPM
Apresentação/Introdução
Nos últimos anos um número crescente de pais que recusam, evitam ou atrasam a vacinação total ou parcialmente apesar da sua disponibilidade. Este fenômeno é denomidao Hesitação Vacinal (HV). A queda das coberturas vacinais no Brasil aponta para a ocorrência desse fenomeno em nosso meio. Entender a perspectiva desses pais é fundamental para elaborar estratégias de comunicação mais efetivas.
Objetivos
investigar e refletir sobre as motivações de pais hesitantes no que se refere à vacinação de seus filhos. Entender as vivências desses pais nos serviços de saúde no contexto da vacinação dos seus filhos.
Metodologia
pesquisa qualitativa com pais que se enquadravam na definição de (HV) – pais que atrasam, recusam ou evitam uma, algumas ou todas as vacinas disponíveis recomendadas pelo calendário brasileiro. Foram feitas entrevistas individuais, em profundidade com pais hesitantes maiores de 18 anos e residentes no Brasil de dezembro de 2020 a julho de 2021. As entrevistas foram gravadas digitalmente e transcritas verbatim. A amostra foi obtida a partir da estratégia de bola de neve. O tamanho da amostra foi definido por saturação temática. A definição e a análise dos temas foram feitas empregando a fenomenologia interpretativa. Todos os participantes assinaram termo de consentimento.
Resultados
Foram incluídos dez participantes (metade do sexo feminino). Todos os participantes tinham nível de escolaridade alto e tinham filhos em escolas privadas. Os participantes descreveram interações com profissionais de saúde marcadas por julgamentos ou ameaças. Os embates sobre (não) vacinação iniciaram ainda na maternidade. Foi relatada a necessidade de omitir o status vacinal para evitar confrontos com médicos que eles acreditavam discordar das suas opiniões sobre vacinas. Muitos pais apresentavam dúvidas acerca da vacinação e não se sentiam à vontade para discuti-las em serviços de saúde. A adoção de outras racionalidades médicas se relacionavam com o comportamento de HV.
Conclusões/Considerações
A HV é um fenômeno dinâmico, complexo e multidimensional que varia conforme época, vacina e fatores culturais. Experiências negativas na interação com profissionais de saúde sobre vacinação pode afastar os pais dos serviços de saúde. Estabelecer uma comunicação pautada na escuta ativa e menos confrontacional, que considere os anseios e medos dos pais, pode permitir uma melhor interação e melhores resultados na adesão à vacinação.
DESAFIOS PARA A PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS VOZES DOCENTES
Pôster Eletrônico
1 EEFERP-USP
Apresentação/Introdução
A Educação Física (EF) escolar pode contribuir para formação integral e promoção da saúde, sendo abordada na BNCC e relacionada, em políticas públicas, ao eixo de práticas corporais e atividades físicas (PCAF), como exemplo, o Programa Saúde na Escola. Reformas recentes no Ensino Médio impactaram a prática pedagógica da EF, exigindo reflexão sobre os fatores que limitam a participação estudantil.
Objetivos
Analisar os fatores que dificultam a participação dos estudantes nas aulas de EF escolar no EM, a partir das percepções de docentes da rede estadual de Pernambuco, destacando as implicações para a promoção da saúde e inclusão escolar.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, de campo, com sete docentes de EF do Ensino Médio, da rede pública estadual de Pernambuco, durante a pandemia da covid-19. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas em 2023 de forma online, sendo na sequência, transcritas e analisadas com base na análise temática de Bardin. Utilizaram-se as técnicas de Critical Friend e Member Checking, para reforçar a validade dos dados. As transcrições e análises foram enviadas aos participantes, que puderam validar, complementar e sugerir alterações. A análise seguiu três etapas: pré-análise, categorização temática e interpretação dos dados, buscando identificar fatores limitantes da participação estudantil nas aulas de EF.
Resultados
A categoria "Fatores que dificultam a participação dos estudantes" revelou barreiras socioeconômicas, estruturais e psicossociais. Docentes apontaram a necessidade de trabalhar, a falta de recursos, a ausência de espaços inclusivos e o uso excessivo de tecnologias como fatores limitantes. Desigualdades de gênero também se expressam na exclusão de meninas. Timidez, insegurança corporal, medo de lesões e desinteresse foram frequentes. A carência de materiais, a repetição de conteúdos e a baixa diversidade de PCAF se mostraram como limitadores. Apesar disso, estudantes praticam PCAF fora da escola, indicando o potencial da EF para ressignificar sentidos e significados com a prática.
Conclusões/Considerações
A baixa participação dos estudantes nas aulas de EF reflete desigualdades sociais, culturais e estruturais que ultrapassam o espaço escolar. A escuta qualificada das experiências docentes revela caminhos para entender e reconfigurar a prática pedagógica, articulando escola e saúde. Os achados indicam a necessidade de políticas intersetoriais e propostas curriculares que valorizem a diversidade e ampliem o acesso ao direito à saúde e à educação.
REFLEXÕES A PARTIR DA ENTREVISTA DE CRIANÇAS COM OBESIDADE: REPENSANDO SEU CUIDADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A obesidade infantil é historicamente construída, marcada pela valorização do corpo magro e normatização do corpo. O modelo biomédico centrado em normas e risco, reduz o cuidado ao controle. As entrevistas de crianças com obesidade revelam sentidos que desafiam essa lógica; apontam caminhos para repensar o seu cuidado na Atenção Primária, com escuta, vínculo e outras práticas, como a homeopatia.
Objetivos
Apresentar reflexões sobre a obesidade infantil a partir das entrevistas de crianças com obesidade, articulando suas percepções sobre corpo e saúde às dimensões históricas, normativas e institucionais do cuidado na Atenção Primária.
Metodologia
Estudo qualitativo realizado em uma Unidade Básica de Saúde de Jundiaí/SP, sem equipe de Saúde da Família e com apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Foram entrevistadas 11 crianças com idades entre 8 e 11 anos, diagnosticadas com obesidade e atendidas entre outubro de 2020 e outubro de 2021. As entrevistas foram abertas, com espaço para a criança falar livremente e aprofundamento conforme os temas emergiam. As entrevistas aconteceram na UBS ou nas casas, com ou sem acompanhantes, utilizando recursos como desenhos para facilitar a escuta. As falas foram transcritas e analisadas segundo a Análise de Conteúdo de Bardin.
Resultados
A análise revelou a matriz "Relação com corpos e afetos", com três eixos: relação com o corpo, com a comida e com os afetos. As crianças expressam o desejo de um corpo que “caiba” — nas roupas, nos espaços e nos padrões — e relatam sofrimento com comentários gordofóbicos. Ao mesmo tempo, valorizam seu corpo e não se percebem doentes, desafiando o rótulo biomédico. A comida aparece ligada a emoções, como conforto ou celebração. Mesmo diante de conflitos familiares e ausência de lazer, preservam afetos positivos. Os relatos revelam a complexidade da obesidade infantil e apontam para a necessidade de práticas de cuidado que ultrapassem normas e protocolos.
Conclusões/Considerações
O estudo e as entrevistas revelam um paradoxo: embora muitas crianças com obesidade expressem sofrimento, também dizem gostar de si e não se percebem doentes. Ainda assim, são classificadas como tal por protocolos biomédicos que normatizam corpos. Para lidar com essa complexidade, é preciso repensar o cuidado, ampliando a clínica para além do peso, incorporando outras racionalidades, como a homeopatia na Atenção Primária.
KERNICTERUS COMO AGRAVO EVITÁVEL: ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA PROTEÇÃO NEONATAL NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UNIEURO
2 UNICEUB
Apresentação/Introdução
O termo kernicterus refere-se a uma manifestação neurológica severa decorrente da toxicidade da bilirrubina indireta no tecido cerebral do recém nascido, trata-se de uma rara ocorrência no Brasil. Sua prevenção envolve ações contínuas de vigilância e cuidado, coordenadas pela APS no âmbito da linha materno-infantil, desde o pré-natal até o período neonatal.
Objetivos
Analisar as estratégias adotadas na Atenção Primária à Saúde para a prevenção do kernicterus, com base em diretrizes nacionais voltadas à proteção neonatal no contexto da linha de cuidado materno-infantil.
Metodologia
Trata-se de uma revisão narrativa de caráter descritivo, fundamentada na análise de documentos técnico-normativos e literatura científica relacionada à prevenção do kernicterus no âmbito do SUS. Foram examinadas diretrizes nacionais publicadas pelo Ministério da Saúde entre 2010 e 2023, incluindo o Manual de Atenção à Icterícia Neonatal (2021) e o AIDPI Neonatal. A busca foi complementada por publicações indexadas nas bases SciELO e PubMed, com foco em ações da Atenção Primária à Saúde voltadas à proteção neonatal na linha de cuidado materno-infantil.
Resultados
As diretrizes analisadas, como o Manual de Icterícia Neonatal (2021), definem critérios clínicos e laboratoriais para fototerapia, com base em nomogramas específicos por idade gestacional e horas de vida. O AIDPI Neonatal orienta o rastreamento da icterícia, priorizando avaliação precoce da pele e esclera e a triagem sorológica da gestante. Já a Rede Cegonha organiza a linha de cuidado materno-infantil, articulando pré-natal, parto e seguimento domiciliar. A APS executa essas diretrizes por meio da testagem sanguínea, uso de imunoglobulina anti-D, vigilância clínica no período neonatal e ações educativas com a família.
Conclusões/Considerações
A aplicação integrada das diretrizes analisadas fortalece a prevenção do kernicterus como agravo evitável na atenção neonatal. A APS, ao articular rastreamento sorológico, continuidade do cuidado e ações educativas, sustenta a linha materno-infantil no SUS. A persistência de casos configura evento sentinela e reforça a importância da vigilância clínica qualificada.
DESFECHOS COMPORTAMENTAIS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SOBREPESO OU OBESIDADE EXPOSTOS A INTERVENÇÕES DE ATIVIDADE FÍSICA: UMA UMBRELLA REVIEW
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
2 UFC
3 PUCRS
4 UFSM
Apresentação/Introdução
O excesso de peso infanto-juvenil representa um desafio global à saúde pública. Intervenções com atividade física são amplamente recomendadas como estratégia de prevenção e tratamento. No entanto, os desfechos comportamentais ainda são relatados de forma heterogênea e escassa, dificultando a comparação entre estudos e a consolidação de evidências consistentes.
Objetivos
Investigar a frequência dos desfechos comportamentais relatados em revisões sistemáticas sobre intervenções de atividade física em crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade.
Metodologia
Foi conduzida uma revisão de revisões sistemáticas com ou sem meta-análise que incluíram crianças e adolescentes (4 a 19 anos) com sobrepeso ou obesidade, participantes em intervenções de atividade física que avaliaram desfechos de saúde. A busca foi realizada em 7 bases de dados e a extração de dados foi feita por pares de forma independente. Os desfechos foram classificados em domínios com base em uma taxonomia previamente definida. Nesta análise, foram destacados os desfechos comportamentais.
Resultados
Foram incluídas 137 revisões sistemáticas, das quais 17 (12,4%) relataram “tempo gasto em atividade física”, 12 (8,8%) reportaram “comportamento sedentário” e 9 (6,6%) avaliaram “comportamento dietético”. Outros desfechos menos frequentes incluíram “atitudes saudáveis”, “atitudes sobre aparência” e “uso de álcool e cigarro”, representando apenas 0,7% cada um. No total, foram extraídos 841 desfechos, sendo 169 únicos, classificados em 16 domínios. Porém, a variedade e a baixa frequência de relato de desfechos comportamentais evidenciam a necessidade de um olhar mais amplo para esses determinantes sociais, tão importantes quanto os parâmetros clínicos para essa população.
Conclusões/Considerações
Apesar da importância dos comportamentos relacionados à saúde, poucos estudos os utilizam como desfechos principais. A escassez e a variabilidade na escolha desses desfechos limita a comparabilidade entre as intervenções. A criação de um conjunto de desfechos principais pode fortalecer futuros estudos de intervenção com atividade física contemplando aspectos de comportamento em saúde das crianças e adolescentes com excesso de peso.
PESQUISA-AÇÃO NA PROMOÇÃO DO LETRAMENTO EM SAÚDE ENTRE ADOLESCENTES ESCOLARES
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
A adolescência é uma fase marcada por intensas transformações biopsicossociais e pela necessidade crescente de acesso a informações qualificadas sobre saúde. Contudo, lacunas conceituais e a influência de conteúdos digitais sem respaldo científico dificultam o desenvolvimento do letramento em saúde entre adolescentes, impactando sua autonomia e adesão a práticas preventivas.
Objetivos
Relatar a experiência de uma pesquisa-ação voltada à promoção do letramento em saúde entre adolescentes escolares, destacando temáticas transversais à vida e à saúde e demandas específicas desse público.
Metodologia
Estudo qualitativo, descritivo, de base participativa, realizado entre maio e novembro de 2024 em duas escolas públicas do Rio de Janeiro, com a participação de 72 adolescentes entre 14 e 19 anos. Foram utilizadas as técnicas de “chuva de ideias” e rodas de conversa, seguidas da análise temática dos dados e mapeamento das mídias sociais mais utilizadas para busca de informações em saúde. Com base nos achados, reformulou-se o conteúdo do perfil Adoleque no Instagram e criou-se um canal no TikTok.
Resultados
Observou-se baixo nível de compreensão conceitual sobre saúde mental, sexualidade, ISTs, racismo, nutrição e violência. Instagram e TikTok foram identificados como as mídias preferenciais para informação. A intervenção demonstrou potencial para engajar adolescentes com temas relevantes à sua saúde, ao adaptar linguagem, ampliar acessibilidade e integrar plataformas digitais às práticas educativas. A ação revelou o desafio de sustentar estratégias diante dos algoritmos digitais, que modulam o alcance da informação, além da necessidade de regulação das plataformas e da institucionalização de práticas intersetoriais.
Conclusões/Considerações
A pesquisa-ação mostrou-se efetiva ao identificar demandas e aprimorar estratégias educativas voltadas ao letramento em saúde de adolescentes, ao articular práticas presenciais e digitais. A experiência evidencia a importância de políticas públicas que consolidem abordagens participativas e digitais no âmbito da saúde escolar, com alocação de recursos e envolvimento juvenil contínuo, garantindo maior equidade no acesso à informação.
DESIGUALDADES SOCIAIS NA PATERNIDADE ADOLESCENTE: UMA ANÁLISE MULTINÍVEL COM ABORDAGEM INTERSECCIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 USP
Apresentação/Introdução
A paternidade adolescente no Brasil é pouco estudada sob uma perspectiva interseccional. Este estudo analisa como raça, escolaridade, região e faixa etária articulam-se na configuração de perfis sociodemográficos associados a essa experiência, utilizando dados nacionais.
Objetivos
Analisar, numa perspectiva interseccional, como marcadores sociais se articulam na configuração de perfis sociodemográficos associados à paternidade adolescente entre homens brasileiros de 20-49 anos.
Metodologia
Estudo transversal com dados da PNS 2019 (n=22.718). Aplicou-se a análise multinível de heterogeneidade individual e acurácia discriminatória com abordagem interseccional (I-MAIHDA) para modelar 180 estratos sociais (combinações de raça/cor, escolaridade, região e faixa etária). Estimamos a prevalência de paternidade adolescente (primeiro filho antes dos 20 anos) - desfecho do estudo. Modelos nulo (A) e ajustado (B) avaliaram efeitos aditivos (Odds Ratio - OR) e de interação, com cálculo do Coeficiente de Partição da Variância (VPC) e Área Sob a Curva (AUC). As análises foram realizadas no software R.
Resultados
A prevalência de paternidade adolescente foi de 9,5% (IC95%: 8,7-10,2). O modelo nulo (VPC=13%; AUC=0,68) indicou efeito contextual moderado. Homens pretos (OR=1,42), pardos (OR=1,35), com fundamental incompleto (OR=5,64) e residentes no Norte (OR=1,51) tiveram maiores chances de terem vivido o desfecho. Probabilidades variaram de 2.0% (brancos, 20-29 anos, ensino superior, Sul) a 25.3% (pretos, 40-49 anos, fundamental incompleto, Centro-Oeste). O modelo ajustado (VPC 2%; PCV 88.3%) mostrou que efeitos aditivos explicaram a maior parte das disparidades, mas 11,7% da variância permaneceu atribuível a interações interseccionais.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam desigualdades interseccionais na paternidade adolescente. O I-MAIHDA revelou maior vulnerabilidade em relação a esse desfecho em homens pretos/pardos, com baixa escolaridade e residentes no Norte/Centro-Oeste. Apesar da redução entre gerações mais jovens, o fenômeno persiste marcado por iniquidades estruturais. Destaca-se a necessidade de políticas públicas sensíveis a essas intersecções para saúde reprodutiva masculina.
INSTRUMENTO PSICOMÉTRICO PARA IDENTIFICAÇÃO DE COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA BULLYING NA ADOLESCÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O bullying representa uma forma de violência intencional e prejudicial comprometendo o desenvolvimento biopsicossocial de adolescentes, sendo considerado um problema de saúde pública com impactos em sua saúde. A ausência de instrumentos válidos e específicos para identificação de comportamentos de risco relacionados ao bullying na adolescência limita ações preventivas e estratégias intersetoriais.
Objetivos
Desenvolver e validar o conteúdo de um instrumento psicométrico para identificação de comportamentos de risco para o bullying na adolescência.
Metodologia
Estudo metodológico, descritivo e quantitativo, com base na psicometria. O processo envolveu revisão de literatura, construção de 12 itens distribuídos em quatro dimensões, aplicação piloto com 32 adolescentes, validação de conteúdo por 10 especialistas das áreas da saúde e educação, validação aparente com 20 adolescentes e análise de fidedignidade com 102 adolescentes do ensino médio. A consistência interna foi verificada pelo alfa de Cronbach e a estabilidade temporal pelo teste-reteste.
Resultados
O instrumento apresentou índice médio de validade de conteúdo de 90,9% para adequação e 91,8% para clareza. A consistência interna foi satisfatória (?=0,73) e a estabilidade temporal excelente (94,1%). As dimensões com melhor desempenho foram “apoio social” e “comportamentos agressivos”, refletindo a capacidade dos adolescentes em reconhecer situações interpessoais e redes de apoio. A dimensão “influência do ambiente familiar” apresentou menor clareza, apontando para a complexidade das dinâmicas familiares. O instrumento também demonstrou sensibilidade para captar comportamentos de risco relacionados ao ciberbullying.
Conclusões/Considerações
O instrumento demonstrou propriedades psicométricas satisfatórias, com validade de conteúdo adequadas. Pode ser utilizado por profissionais de saúde como ferramenta de rastreio e vigilância no ambiente escolar, subsidiando ações intersetoriais, diagnósticos situacionais, práticas educativas e estratégias de promoção da saúde mental de adolescentes. Sua aplicação fortalece políticas públicas voltadas à proteção integral e prevenção da violência.
INFRAESTRUTURA PARA APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO EM CRECHES PÚBLICAS BRASILEIRAS
Pôster Eletrônico
1 UFF
Apresentação/Introdução
O ambiente escolar, especialmente as creches, deve assegurar condições para a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, em consonância com diretrizes federais. A Nota Técnica nº 3049124/2022/COSAN/CGPAE/DIRAE orienta a estruturação de espaços e rotinas institucionais que viabilizem a continuidade da amamentação no contexto da alimentação escolar.
Objetivos
Descrever as condições estruturais de apoio ao aleitamento materno em creches públicas, com base em informações de nutricionistas do Programa Nacional de Alimentação Escolar e analisar sua conformidade à Nota Técnica nº 3049124/2022/COSAN/CGPAE/DIRAE
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo, baseado na aplicação de questionário estruturado a nutricionistas vinculados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar, durante o Curso Amamenta PNAE (CECANE-UFF). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFF sob Parecer nº 6.071.946. Analisaram-se as seguintes condições estruturais: geladeira para armazenamento de leite materno, sala com pia, local reservado com cadeira para amamentação, potes para acondicionamento, bolsa térmica e recursos humanos capacitados. A pergunta permitia múltiplas respostas, e os percentuais referem-se à frequência de marcação por item. Os dados foram submetidos à análise estatística descritiva.
Resultados
Responderam ao questionário 142 nutricionistas de 105 municípios das cinco regiões do país. A ausência total de condições estruturais foi indicada por 31,7% dos nutricionistas. Os recursos mais citados como estrutura de apoio à amamentação foram geladeira (36,6%) e local com cadeira para amamentação (26,8%). Sala com pia (16,2%), potes (4,2%) e bolsa térmica (2,8%) foram menos frequentes. Recursos humanos capacitados foram mencionados por 18,3%, e 8,5% não souberam informar.
Conclusões/Considerações
As condições estruturais observadas mostram-se insuficientes e em desconformidade com o preconizado na Nota Técnica nº 3049124/2022. A baixa frequência de sala com pia e equipe capacitada compromete a segurança sanitária e a oferta de leite materno. Evidencia-se a necessidade de investimentos em infraestrutura, planejamento e capacitação nas creches públicas.
AQUISIÇÃO DE FÓRMULAS NO ÂMBITO DO PNAE E OS DESAFIOS À PROTEÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO
Pôster Eletrônico
1 UFF
Apresentação/Introdução
A promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno compõem diretrizes centrais do Programa Nacional de Alimentação Escolar na atenção à primeira infância. A aquisição de fórmulas infantis, quando indicada, deve seguir a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes (Lei nº 11.265/2006) e as normas do programa, embora práticas locais revelem dissociação desse marco regulatório.
Objetivos
Analisar os critérios informados por nutricionistas para especificação de fórmulas infantis em processos licitatórios do PNAE.
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo, baseado no formulário de inscrição no Curso de Amamentação no contexto do Programa Nacional de Alimentação Escolar, ofertado pelo Centro Colaborador de Nutrição e Alimentação Escolar da Universidade Federal Fluminense. Participaram do curso nutricionistas responsáveis técnicos ou do quadro técnico do programa. Foram investigados os critérios para aquisição de fórmulas infantis para oferta na alimentação escolar. Os dados foram submetidos à análise descritiva de frequência relativa. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense ( Parecer nº 6.071.946).
Resultados
Foram incluídas 109 respostas após aplicação dos critérios de elegibilidade. Observou-se que a aquisição de fórmulas infantis foi baseada, majoritariamente, na composição nutricional (75,2%), seguida da lista de ingredientes (47,7%), marca ou fabricante (38,5%), categoria da fórmula (33,9%) e preço (27,5%). Além desses, 17,4% dos participantes mencionaram outros fatores considerados no processo de escolha, como restrições alimentares, orientações médicas específicas e exigências previstas em especificações técnicas.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam diversidade de critérios utilizados por nutricionistas na especificação de fórmulas infantis no PNAE, com predomínio de parâmetros técnico-nutricionais, mas presença de elementos mercadológicos. Observa-se fragilidade na regulação e a necessidade de diretrizes unificadas e de fortalecimento da proteção institucional ao aleitamento materno.
ANÁLISE ESPACIAL DAS TAXAS DE INTERNAÇÃO POR BRONQUITE E BRONQUIOLITE AGUDA EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL (2013–2024)
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A bronquite e a bronquiolite agudas são infecções respiratórias de caráter sazonal, responsáveis por um elevado número de internações hospitalares de crianças no Brasil. A análise espacial de internações por esses agravos em regiões como a Nordeste é escassa e poderá orientar gestores de saúde a implementar medidas preventivas e assistenciais mais eficazes.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial das taxas de internação por bronquite e bronquiolite agudas em crianças menores de 5 anos na região Nordeste do Brasil, no período entre 2013 e 2024.
Metodologia
Estudo ecológico, utilizando dados secundários sobre internações por bronquite e bronquiolite agudas em crianças menores de 5 anos, obtidos do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) para o período de 2013 a 2024. As taxas de internação foram calculadas por município da região Nordeste do Brasil e analisadas por meio de técnicas de análise espacial. Aplicou-se a suavização bayesiana empírica para reduzir variações aleatórias e permitir uma visualização mais precisa da distribuição do risco. A análise foi conduzida com o uso dos softwares GeoDa v. 1.22® e QGIS v.3.40.7®.
Resultados
A análise das taxas brutas revelou que a maioria dos municípios do Nordeste apresenta taxas de internação por bronquite e bronquiolite agudas de 0 a 2,53%, predominando as faixas mais baixas (0 a 0,94%). Porém, observou-se municípios com taxas mais elevadas, entre 2,53 e 12,5%, concentrados sobretudo no sudoeste da Bahia, oeste do Maranhão e sertão de Pernambuco e Sergipe. Após a aplicação da suavização bayesiana empírica, observou-se uma distribuição espacial mais homogênea e fidedigna. A maioria dos municípios passou a apresentar taxas entre 0,1 e 1,2%, com alguns pontos de maior risco superando 7,9%. As áreas críticas anteriormente identificadas mantiveram-se relevantes após a suavização.
Conclusões/Considerações
A análise espacial revelou desigualdades na ocorrência de internações por bronquite e bronquiolite agudas entre os municípios nordestinos, com destaque para algumas regiões da Bahia, Maranhão e Pernambuco. A aplicação da suavização bayesiana mostrou-se essencial para uma representação mais precisa do risco, contribuindo para o planejamento e a tomada de decisão em saúde pública.
ALTO INTERESSE NO USO DE DOXYPEP ENTRE ADOLESCENTES DA DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
2 UNEB e Fiocruz
3 UFMG
4 USP
Apresentação/Introdução
No Brasil, tem sido observado altas taxas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) bacterianas, tais como sífilis, gonorreia e clamídia, entre adolescentes da diversidade sexual e de gênero. Estudos recentes demonstraram a eficácia da doxiciclina quando usada como profilaxia pós-exposição (DoxyPEP), mas pouco se sabe sobre a DoxyPEP no contexto de países de baixa e média renda.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento, interesse e motivações para o uso da DoxyPEP entre adolescentes homens cis que tem relações sexuais entre homens (AHSH), pessoas trans (PT) e não binárias designados no masculino ao nascer (ANB) no Brasil.
Metodologia
O estudo PrEP15-19 Escolhas é uma coorte prospectiva e multicêntrica de demonstração de três modalidades de PrEP, voltada para AHSH, PT e ANB com idades entre 15 e 19 anos. A pesquisa está sendo desenvolvida em três capitais brasileiras: Salvador (BA), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG). Para esta análise transversal, foram incluídos 258 adolescentes recrutados entre setembro de 2023 e agosto de 2024. Foram examinados o perfil sociodemográfico e comportamental dos participantes, bem como o conhecimento, interesse no uso da DoxyPEP e motivações para sua adoção.
Resultados
A maioria dos participantes era AHSH (74,0%), entre 18 e 19 anos (61,6%), pretos e pardos (74,5%) e cursando o ensino médio (64,9%). Uma grande proporção relatou ter tido relações sexuais com parceiros casuais nos últimos três meses (75,9%), mas apenas um terço usou preservativo de forma consistente nessas relações. Além disso, 15,5% relataram histórico de IST. A maioria desconhecia a DoxyPEP (93,0%); no entanto, uma expressiva maioria demonstrou interesse em seu uso (97,7%). As razões para considerar a DoxyPEP incluíram valorização de opções adicionais de prevenção (73,3%), conforto com essa estratégia (16,3%) e reconhecimento de que a PrEP não protege contra outras ISTs (5,6%).
Conclusões/Considerações
Adolescentes da diversidade sexual e de gênero demonstram forte disposição para utilizar a DoxyPEP, apesar do conhecimento limitado sobre essa estratégia de prevenção. Expandir sua disponibilidade, melhorar o acesso e integrá-la ao sistema público de saúde são passos cruciais para implementar de forma eficaz essa tecnologia de prevenção entre adolescentes em contexto de elevado risco de infecção de IST no Brasil.
DESIGUALDADES RACIAIS E TIPO DE PARTO: ANÁLISE DOS ÓBITOS INFANTIS NA BAHIA
Pôster Eletrônico
1 UESB
2 UNEB
Apresentação/Introdução
A mortalidade infantil é um indicador sensível das condições de saúde e desigualdades sociais. No Brasil, aspectos como cor/raça e tipo de parto influenciam os desfechos no período neonatal, refletindo assimetrias no acesso e na qualidade da assistência obstétrica. Esses elementos expressam dinâmicas complexas entre determinantes biológicos, socioeconômicos e institucionais.
Objetivos
comparar os óbitos infantis por tipo de parto (vaginal e cesáreo) segundo cor/raça na Bahia entre 2018 e 2023.
Metodologia
trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa, realizado em junho de 2025. Foram analisados dados extraídos do Sistema de informação sobre Mortalidade (SIM). Incluíram-se óbitos infantis (menores de 1 ano) ocorridos na Bahia entre 2018 e 2023, estratificados por tipo de parto (vaginal e cesáreo) e cor/raça (branca, preta, amarela, parda, indígena e ignorada). Foram calculadas frequências absolutas e relativas para cada categoria. A análise comparativa foi embasada na literatura atual sobre desigualdades raciais e saúde perinatal.
Resultados
observa-se que o parto vaginal resultou em maior número de óbitos (8.828; 58%) em relação ao cesáreo (6.389; 42%). Em ambos, a maior proporção foi entre crianças pardas: 71,8% nos vaginais (6.336/8.828) e 68,3% nos cesáreos (4.365/6.389), reforçando desigualdades raciais, que associam maiores riscos à população negra devido ao acesso desigual a serviços de qualidade. O número de óbitos entre pretos também foi maior no parto vaginal (5,1%) do que no cesáreo (4,8%). Entre os partos cesáreos, a proporção de óbitos com cor ignorada foi discretamente maior (13,3%) do que a observada nos partos vaginais (12,9%). Isso evidencia desigualdades no cuidado obstétrico e incompletude dos dados.
Conclusões/Considerações
Cor/raça e tipo de parto são marcadores sociais que estruturam desigualdades no cuidado obstétrico e nos desfechos da mortalidade infantil. Essas variáveis interagem em um contexto de acesso desigual a serviços de saúde qualificados. Nesse sentido, é fundamental o fortalecimento de políticas públicas que promovam equidade no cuidado perinatal, com ênfase na redução das iniquidades raciais no sistema de saúde.
TENDÊNCIA DA MORTALIDADE INFANTIL POR BRONQUIOLITE AGUDA NO BRASIL ENTRE 2002 E 2022
Pôster Eletrônico
1 UNIT
2 UFS
Apresentação/Introdução
A bronquiolite viral aguda (BVA) é uma infecção respiratória que afeta lactentes, sendo uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil. O vírus sincicial respiratório é o principal agente etiológico. Este estudo busca compreender os padrões temporais e regionais de mortalidade por BVA ao longo de vinte anos no Brasil.
Objetivos
Analisar a tendência temporal da mortalidade por bronquiolite viral aguda em crianças menores de um ano no Brasil, entre 2002 e 2022, considerando variáveis sociodemográficas e regionais que impactam nos desfechos de saúde infantil.
Metodologia
Estudo ecológico, retrospectivo, baseado em dados secundários do SIM e SINASC extraídos do DATASUS, referente ao período de 2002 a 2022. Foram incluídos óbitos por BVA (CID-10: J21) em crianças menores de um ano. Os dados foram analisados por sexo, faixa etária, raça/cor e região. Utilizou-se regressão joinpoint para identificar tendências, com cálculo da variação percentual anual (APC) e média (AAPC), com IC de 95%. A análise espacial foi realizada por meio do software QGIS. As faixas etárias foram categorizadas em neonatal precoce, tardio e pós-neonatal.
Resultados
Foram registrados 3.712 óbitos por BVA no Brasil. A maior proporção ocorreu no sexo feminino (57,5%) e no período pós-neonatal (96,6%). Regionalmente, o Sudeste concentrou mais da metade dos óbitos (51,5%). A tendência nacional foi estável, mas com crescimento significativo no Norte (APC = 4,37), no Sudeste (APC = 2,24) e em subperíodos no Nordeste e Centro-Oeste (2020-2022). A mortalidade pós-neonatal cresceu no Norte e em subperíodos das regiões Nordeste e Centro-Oeste. Neonatos precoces e tardios apresentaram tendências estáveis. A distribuição espacial evidenciou desigualdades regionais associadas a fatores socioeconômicos e de infraestrutura em saúde.
Conclusões/Considerações
A bronquiolite aguda permanece um desafio para a saúde pública infantil no Brasil, com disparidades regionais marcantes. Embora políticas como o PHPN e a Rede Cegonha tenham estabilizado a mortalidade neonatal, o aumento em pós-neonatos em regiões vulneráveis evidencia a necessidade de fortalecer a atenção primária, vigilância epidemiológica e acesso equitativo a estratégias preventivas, como a vacinação contra o VSR.
A INVISIBILIDADE DO RACISMO NA ATENÇÃO À SAÚDE DE CRIANÇAS NEGRAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA: PERCEPÇÕES PROFISSIONAIS
Pôster Eletrônico
1 PUC-Rio
Apresentação/Introdução
Embora reconhecidas como sujeitos de direitos, crianças negras seguem afetadas por iniquidades na saúde, marcadas pelo racismo estrutural. Este estudo investigou percepções de profissionais de saúde sobre o tema, apontando a urgência de práticas antirracistas na atenção à primeira infância.
Objetivos
Analisar as percepções de profissionais da saúde sobre o racismo na atenção à primeira infância e às crianças negras, identificando lacunas e desafios nas práticas institucionais voltadas a efetivação de direitos na saúde infantil.
Metodologia
Pesquisa de natureza qualitativa identificando as percepções dos sujeitos envolvidos a partir de suas aspirações, valores e atitudes. Quanto ao delineamento realizou-se pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva. A pesquisa de campo foi realizada presencialmente em novembro de 2024 em uma unidade pública da Atenção Primária à Saúde em um município do estado do Rio de Janeiro. Foi aplicado um questionário semiestruturado entrevistando 07 profissionais de saúde que atendem crianças na primeira infância das áreas médica, enfermagem, serviço social e administrativa. A análise de conteúdo foi a técnica utilizada para a discussão dos dados que emergiram do campo.
Resultados
O racismo na primeira infância foi reconhecido e os impactos na saúde, trajetórias e desenvolvimento de crianças negras. Se expressa nas instituições, políticas públicas, famílias, subjetividades, relações interpessoais e espaços de convívio, exigindo proteção e estímulos ao desenvolvimento infantil. A maioria não percebe racismo nas demandas no serviço público de saúde se parte significativa atendida é negra e pobre: sequer saberiam como agir. Ocorre racismo na escola onde socializam. Duas entrevistadas reconheceram a saúde como área estratégica para enfrentar o racismo, as iniquidades na primeira infância e as implicações estruturais e condicionantes desde a gestação para crianças negras.
Conclusões/Considerações
O racismo estrutural, em suas múltiplas expressões, evidencia profundas iniquidades em saúde e configura uma violação contínua dos direitos humanos de crianças negras no Brasil. A não identificação dessas opressões por profissionais da saúde reforça sua invisibilidade e reprodução institucional. Recomenda-se a qualificação permanente para práticas antirracistas na atenção à saúde infantil, assegurando direitos desde os primeiros anos de vida.
É CULTURAL, CONTEXTUAL OU FAMILIAR? UMA ANÁLISE DE MÉTODOS MISTOS SOBRE AMBIENTES DE RISCO PARA O CONSUMO DE ÁLCOOL NA ADOLESCÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
O ambiente alcoogênico é influenciado por fatores que podem favorecer ou normalizar o consumo de álcool, especialmente entre adolescentes. Normas locais, práticas comunitárias e dinâmicas familiares variam entre territórios e afetam os padrões de consumo. No Brasil, país de grande heterogeneidade social e cultural, compreender essas variações é fundamental para orientar estratégias de prevenção.
Objetivos
Comparar os ambientes relacionados ao álcool em quatro cidades brasileiras e identificar fatores contextuais associados às diferenças nos padrões de consumo de álcool entre adolescentes.
Metodologia
Aninhado no Prev.Action – uma intervenção comunitária multicomponente para a prevenção do consumo de álcool entre adolescentes – foi conduzido um estudo de métodos mistos, com dados coletados entre 2023 e 2024 com 3.996 estudantes do 7º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio; 39 grupos focais com 346 adolescentes; e entrevistas com 41 informantes-chave em quatro cidades do interior de São Paulo. Foram analisadas variáveis como: padrão de consumo, facilidade de acesso ao álcool, normalização do uso e o papel da família. Os dados quantitativos foram analisados com estatísticas descritivas e inferenciais, por regressões logísticas, e os qualitativos, por análise temática.
Resultados
Embora os dados qualitativos indiquem um ambiente alcoogênico semelhante, os dados quantitativos revelaram que Cordeirópolis apresentou maior consumo mensal (24%) e binge drinking (20%), com menor percepção de risco (p = 0,03), maior facilidade de acesso (38%, p < 0,001) e maior permissividade dos pais, além de predomínio do estilo parental negligente (31%, p < 0,001). Biritiba-Mirim apresentou níveis mais baixos em todos os indicadores, sugerindo um ambiente mais protetivo. Salesópolis, embora com uso intermediário, apresentou maior proporção de pais autoritativos (37%, p < 0,001). Iracemápolis, apresentou maior percepção de risco (p < 0,001), apesar de níveis médios de consumo.
Conclusões/Considerações
A análise comparativa mostrou que, apesar da presença de elementos comuns do ambiente alcoogênico, como normalização do consumo e acesso facilitado, fatores locais como estilos parentais, crenças normativas e percepção de acesso variam entre os municípios e impactam os padrões de consumo. A prevenção deve ser territorializada, sensível ao contexto e articulada às políticas públicas.
DIAGNÓSTICO DA REDE DE ENSINO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE ENSINO MÉDIO DA REGIÃO DOS INCONFIDENTES/MG PARTICIPANTES DO PROJETO SAÚDE MENTAL NAS ESCOLAS E FORA DELAS
Pôster Eletrônico
1 UFOP
Apresentação/Introdução
O estudo analisa a rede de ensino das escolas estaduais de ensino médio de Mariana, Ouro Preto e Itabirito, a partir de dados institucionais sobre desempenho, fluxo escolar, perfil dos profissionais e nível socioeconômico. O objetivo é compreender como esses fatores se articulam com a promoção da saúde mental dentro e fora do ambiente escolar.
Objetivos
Analisar a rede de ensino de 3 escolas de Ensino Médio de Mariana, Ouro Preto e Itabirito/MG, para compreender como a estrutura da rede de ensino pode influenciar práticas de cuidado, acolhimento e saúde mental nas escolas.
Metodologia
Este estudo integra o projeto de pesquisa - intervenção “Saúde Mental nas escolas e fora delas”, aprovado pelo conselho de ética em pesquisa. A pesquisa utiliza dados extraídos dos boletins institucionais da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) referentes à 3 escolas estaduais de ensino médio dos municípios de Mariana, Ouro Preto e Itabirito. São analisados indicadores como IDEB, fluxo escolar (aprovação, reprovação e evasão), composição do quadro de servidores (efetivos e convocados) e o nível socioeconômico das unidades escolares. Os dados subsidiam a caracterização da rede de ensino e análise contextual das condições que impactam a saúde mental no ambiente escolar.
Resultados
Os dados revelam disparidades entre os municípios e escolas analisadas. O IDEB médio foi de 4,0 em Mariana, 3,8 em Ouro Preto e 4,5 em Itabirito. O fluxo escolar, considerando reprovação e evasão, variou de 2,8% (Mariana) a 12,8% (Ouro Preto). A maioria dos trabalhadores da educação são contratados temporariamente. A alta rotatividade de profissionais, pode comprometer a continuidade das ações pedagógicas e de cuidado. O fluxo escolar elevado em algumas unidades indica fragilidades nos processos de permanência e aprendizagem dos estudantes. Além disso, as variações nos índices de desempenho (IDEB) revelam desigualdades no território que impactam diretamente o bem-estar da comunidade escolar.
Conclusões/Considerações
Esses achados reforçam a necessidade de políticas públicas integradas, intersetoriais e territorializadas que articulem escola, saúde e assistência social para fortalecer redes de cuidado e proteção da saúde mental de estudantes e trabalhadores da educação nestas cidades e escolas. O projeto de pesquisa - intervenção segue realizando atividades de acolhimento e promoção da saúde mental nas 3 escolas, apesar dos desafios enfrentados
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE NASCIDOS VIVOS COM ANOMALIA CONGÊNITA EM MATO GROSSO ENTRE OS ANOS 2001 A 2020
Pôster Eletrônico
1 UFMT
2 UNIVAG
Apresentação/Introdução
Define-se anomalia congênita qualquer déficit no desenvolvimento fetal provocado por algum fator externo antes do nascimento, os déficits ou alterações podem ser estruturais, funcionais e/ou metabólicas, causando na criança alguma alteração de funcionalidade de ordem física ou mental que estão relacionadas diretamente no desenvolvimento do feto podendo levar até a morte fetal.
Objetivos
Analisar as taxas de nascidos vivos com anomalia congênita entre os anos 2001 a 2020 em Mato Grosso.
Metodologia
Estudo ecológico com análise espacial das taxas de nascidos vivos dos municípios de Mato Grosso no período de 2001 a 2020. Para a análise do período de 19 anos utilizaram-se dados agrupados em quatro quinquênio e as bases populacionais e territoriais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados sobre nascidos vivos com anomalias congênitas foram obtidos no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Foram construídas taxas médias de cada quinquênio para cada município. O uso da inferência bayesiana teve o objetivo de construir mapas de taxas de nascidos vivos com anomalia congênita para análise exploratória, os mapas foram confeccionados pelo software Qgis.
Resultados
Pudemos observar que nos quatro quinquênios houveram aumento progressivo de nascidos vivos com anomalia congênita, em destaque ao 3º período que representa os anos de 2011 a 2015 na região sudeste de Mato Grosso conhecida como Vale do Araguaia, onde estão localizados os municípios de Ribeirãozinho, Ponte Branca, Araguainha, Alto Araguaia, Alto Garças e Alto Taquari, destacaram-se com maior índice de casos. Conforme o boletim epidemiológico de Mato grosso, esse aumento neste período pode estar relacionado com o vírus Zika, que posteriormente foi controlada, assegurando a saúde da população mato-grossense.
Conclusões/Considerações
Mato Grosso apresentou aumento de nascidos vivos com anomalia congênita importante no período estudado com destaque nos anos que representam o 3º quinquênio e que podem ter relação com o período do surto do vírus Zika, os tipos de anomalias mais frequentes são cardiopatias congênitas, defeitos de tubo neural e síndromes genéticas, é importante ressaltar que elas podem ser detectadas no pré-natal.
CRIANÇA LAUDADA TEM COR? UM ESTUDO SOBRE RACISMO, PODER PSIQUIÁTRICO E EDUCAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Esta dissertação traça a trajetória da psiquiatria na construção da infância como alvo de normalização e intervenção, articulando-a à conformação do campo desenvolvimentista contemporâneo. Em seguida, mobiliza o dispositivo de racialidade de Sueli Carneiro e referenciais decoloniais para compreender a racialização das infâncias e sua relação com processos de exclusão no ambiente escolar.
Objetivos
Contribuir à compreensão da categoria "crianças laudadas" em território escolar a partir do dispositivo de racialidade.
Metodologia
Analisamos cinco crianças laudadas, além de registros de rodas de conversa com profissionais da educação. Para a compreensão da criança laudada enquanto categoria figurativa que propomos, esta foi analisada sob o conceito de extimidade de Erica Burman. Adotamos um plano teórico decolonial para fundamentar operações analíticas dialogando autores, conceitos e ensaios. Os laudos médicos foram investigados como um dos eixos desta figuração a partir da abordagem etnográfica de documentos. Interrogamos a presença da categoria raça nos laudos selecionados e a operacionalizamos na performance destes documentos no contexto investigado.
Resultados
A figura da criança laudada, analisada sob o conceito de criança extímica, de Erica Burman, evidenciou um sujeito situado em um lugar liminar: incluído sob vigilância permanente, sem nunca ser plenamente reconhecido como pertencente ao espaço escolar. Apontamos que os laudos não apenas descrevem crianças, mas as produzem como sujeitos medicalizados e racializados, justificando itinerários de adaptação e acompanhamento contínuos que, na prática, reforçam um modelo educacional excludente. Concluímos que a medicalização da criança laudada negra deve ser compreendida não apenas como um fenômeno que pode ser isolado, mas como um mecanismo de regulação racial que perpetua desigualdades.
Conclusões/Considerações
Se esta dissertação principia de um incômodo diante das "crianças laudadas", concluímos com a urgência dos protagonismos de suas próprias presenças e narrativas. O desafio que se impõe a partir daqui é disputar o dispositivo psiquiátrico que apresentamos e reposicionar a racialidade na análise e em nossos cotidianos. Que sigamos ampliando as fronteiras contrárias à colonização, teimando por tudo que ainda temos por desaprender e transformar.
DEMANDAS CLÍNICAS DA INFÂNCIA IDENTIFICADAS E TRATADAS EM GRUPOTERAPIAS NA CONTEMPORANEIDADE: RELATOS DE UNIVERSITÁRIOS DE PSICOLOGIA DO INTERIOR PAULISTA
Pôster Eletrônico
1 UNESP, Assis
Apresentação/Introdução
O público infantil busca frequentemente espaços de cuidado psicológico para tratar problemáticas vinculadas ao desenvolvimento socioemocional. Nesse sentido, os serviços com a presença de universitários se destacam por oferecerem atendimento psicológico gratuito, supervisionado, de qualidade e comprometido com a saúde integral, estabelecendo relação sobretudo com as redes de saúde e da educação.
Objetivos
Objetivou-se apresentar as principais queixas e demandas clínicas da infância identificadas e trabalhadas, especificamente em grupoterapias realizadas por estagiários de Psicologia, sob supervisão acadêmica, em diferentes contextos institucionais.
Metodologia
Os dados aqui apresentados são componentes de uma pesquisa previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, sob o CAEE nº 68525823.8.0000.540. Utilizou-se como instrumento de pesquisa um roteiro de entrevista semiestruturada que fora aplicada com dez participantes, sendo nove estagiários do último ano do curso de Psicologia de uma universidade pública paulista e uma psicóloga recém-formada na mesma instituição. Incluiu-se participantes que desenvolveram, durante a graduação, práticas grupais com crianças. Analisou-se os dados coletados seguindo os procedimentos da técnica de análise temática, adotando uma leitura interpretativa da teoria psicanalítica inglesa.
Resultados
As ações grupais se desenvolveram com crianças institucionalizadas e frequentadoras de serviço de saúde mental público e serviço-escola. Houve prevalência do público da terceira infância, isto é, com faixa etária maior que 6 anos. Notou-se o encaminhamento das escolas e indicativo de familiares apontando para dificuldades de aprendizagem, agressividade, quadros psicopatológicos, dificuldades em lidar com emoções e socialização, ansiedade e complicações no processo de alfabetização durante o período da pandemia da Covid-19. Tratou-se do possível confronto entre queixas verbalizadas e demandas tratadas grupalmente, e considerou-se que estas se complementaram de modo orientador à intervenção.
Conclusões/Considerações
Considerou-se que lidar com as variadas demandas de sofrimento psíquico na infância, ainda na graduação, potencializou o processo de aprendizagem dos universitários. Diferenciou-se conteúdos latentes das queixas verbalizadas, aprofundando e singularizando o tratamento de cada criança, associando ao contexto sócio-histórico no qual elas estão inseridas, bem como ampliou as habilidades de intervir com grupos de crianças com perfis semelhantes.
IDENTIFICANDO RISCOS AO DESENVOLVIMENTO MOTOR INFANTIL: UM ESTUDO COM CRIANÇAS DE 6 A 11 ANOS NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA
Pôster Eletrônico
1 FAEFI/UFU
Apresentação/Introdução
Estudo realizado no contexto escolar, voltado ao desenvolvimento motor de crianças, com base no Programa Saúde na Escola (PSE). Considera-se que fatores socioeconômicos e ambientais influenciam diretamente o desenvolvimento psicomotor e a necessidade de intervenções multidisciplinares protetoras e promotoras de saúde, o que reforça a importância de estratégias na Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Avaliar o desenvolvimento motor de crianças, identificando possíveis comprometimentos que possam demandar futuras intervenções da fisioterapia para promover melhor qualidade de vida.
Metodologia
Participaram 98 crianças de 6 a 11 anos, de ambos os sexos, atendidas em instituição do terceiro setor em contraturno escolar. A avaliação do desenvolvimento motor foi realizada por fisioterapeutas, utilizando a Escala de Desenvolvimento Motor, proposta por Rosa Neto, que contempla dimensões como esquema corporal (consciência do próprio corpo), organização temporal (noção de tempo e sequência) e espacial (orientação e localização no espaço). O estudo fundamenta-se no Programa Saúde na Escola (PSE), reforçando a importância da atenção primária na promoção da saúde infantil.
Resultados
Na dimensão esquema corporal, 57,9% das meninas e 63,4% dos meninos não pontuaram na tarefa, evidenciando maior dificuldade nos meninos. Na organização temporal, o desempenho foi equilibrado: 49,1% das meninas e 48,8% dos meninos não pontuaram. Já na organização espacial, 28,1% das meninas e 41,5% dos meninos não pontuaram, indicando melhor desempenho das meninas. Esses resultados apontam desafios importantes no desenvolvimento motor, com variações entre as dimensões avaliadas.
Conclusões/Considerações
As dimensões avaliadas relacionam-se a saúde e qualidade de vida das crianças. Dificuldades no esquema corporal, organização temporal e espacial afetam o desenvolvimento global, o aprendizado e a socialização. Profissionais da saúde, educação e pais devem ater-se a fatores socioeconômicos e ambientais que influenciam essas limitações. Políticas que considerem desigualdades são essenciais para acesso a cuidados e desenvolvimento mais equitativo.
DETERMINANTES E CONTEXTOS DE USO DE SUBSTÂNCIAS DE ADOLESCENTES COM DIFERENTES PADRÕES DE CONDUTA DELITUOSA: INTERFACES ENTRE SAÚDE E SOCIAL
Pôster Eletrônico
1 FFCLRP - USP
Apresentação/Introdução
Uso de substâncias e prática de delitos são condutas que podem se manifestar na adolescência e se retroalimentar, aumentando reciprocamente suas chances de persistência e agravamento. Investigações de variáveis pessoais e contextuais implicadas no uso de substâncias por adolescentes infratores podem auxiliar na compreensão desta relação e na diminuição de prejuízos biopsicossociais.
Objetivos
Este estudo buscou descrever e comparar as características pessoais e contextuais implicadas em diferentes padrões de uso de substâncias de jovens que apresentavam variados perfis de engajamento na prática de infrações
Metodologia
Participaram 21 adolescentes com idades entre 15 e 18 anos, que haviam sido detidos por prática de infrações e encaminhados a um Núcleo de Atendimento Integral. Esses responderam a um questionário socioeconômico e instrumentos para avaliação dos padrões de ambas as condutas, bem como para a análise de contingências do primeiro uso e uso atual de álcool e maconha. Os participantes foram divididos em quatro grupos de acordo com o engajamento infracional (maior – frequente/grave; menor - pouco frequente/grave) e o padrão de uso de maconha (uso esporádico e uso frequente). Análises quanti/qualitativas permitiram descrever e comparar os contextos de uso de substâncias e as variáveis associadas.
Resultados
Observou-se semelhanças entre o primeiro uso de álcool e maconha de todos os grupos: busca por sensações, fácil acesso às substâncias, percepção de maturidade atrelada, expectativas positivas em relação aos efeitos das substâncias, normalização do uso, familiares e pares usuários, ambientes de socialização e baixa supervisão parental. Os grupos com engajamento infracional maior se diferenciaram ao apresentar o início associado a pares infratores em contextos criminalizados. A análise do uso atual evidenciou a função de regulação emocional em situações de emoções aversivas, especialmente para o grupo de condutas mais graves, com destaque para o ambiente do tráfico como fator associado.
Conclusões/Considerações
Foi possível observar que a manifestação do uso de substâncias e da prática de infrações na adolescência podem estar associados a fatores de risco em comum, embora padrões mais graves estejam associados a fatores de risco específicos. A função de regulação emocional do uso de substâncias e os contextos criminalizados, como o tráfico de drogas, parecem ser fatores que articulam e contribuem para a intensificação e agravamento de ambas as condutas.
MORTALIDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR ACIDENTES DE TRÂNSITO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Pôster Eletrônico
1 UFES
2 Unioste
Apresentação/Introdução
Os acidentes de trânsito configuram-se como um agravo à saúde. São eventos multifatoriais ligados à ausência de políticas preventivas, a infraestrutura precária e ao excesso de velocidade. Crianças e adolescentes apresentam maior risco de envolvimento em acidentes devido as vulnerabilidades, pois dependem de terceiros para garantir sua proteção, ficando mais expostos a comportamentos de risco.
Objetivos
Analisar as mortes de crianças e adolescentes por acidentes de trânsito no estado do Espírito Santo (ES), entre os anos de 2003 e 2022, utilizando dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, utilizando os dados do SIM do ES. Fizeram parte da pesquisa dados de óbitos vítimas de acidentes de trânsito com crianças e adolescentes de 0-19 anos, residentes no ES, no período de 2003-2022. A mortalidade foi categorizada segundo as causas de acidentes de trânsito e as faixas etárias de 0-1 ano; 1-4 anos; 4-9 anos; 0-9anos; 10-14 anos; 15-19 anos e 10-19 anos. Os dados foram descritos por meio de frequências absolutas e relativas. Calculou-se as taxas de mortalidade. As análises foram realizadas por meio do Excel.
Resultados
Entre 2003 e 2022, foram registradas 2.065 mortes de crianças e adolescentes de 0-19 anos por acidentes de trânsito no ES. O ano com o maior número de óbitos totais foi em 2008, com 138 e taxa de mortalidade de 11,81, e o menor, em 2022, com 56 e taxa de mortalidade de 5,35. Adolescentes 15-19 anos, representaram a faixa etária com o maior número de óbitos, no período, com 1.367 casos e taxa de mortalidade 22,02. Desses, o ano de 2012 obteve maior número de óbitos com 92 (8,95%) e a menor em 2022 com 37 óbitos (5,35%). Dentre os tipos de acidentes de trânsito, a motociclista traumatizado em um acidente de transporte obteve maior taxa de mortalidade de 2003-2022, com 2,97.
Conclusões/Considerações
É necessário compreender os acidentes de trânsito como uma forma de violência, visto que, por vezes, resultam de omissões estruturais, como as más condições das vias públicas, falhas na fiscalização, além de imprudência e negligência por parte dos responsáveis, dos órgãos gestores e das instituições ligadas ao setor. Um esforço multidisciplinar é essencial para tornar as vias mais seguras e garantir os direitos das crianças e adolescentes.
VITIMIZAÇÃO E PRÁTICA DE DELITOS COMO DETERMINANTES DE SINTOMATOLOGIAS DE TRANSTORNOS DE SAÚDE MENTAL NA ADOLESCÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 FFCLRP - USP
2 FFCLRP - USP/Histórias de Crescer
3 Universidade Tuiuti do Paraná
Apresentação/Introdução
Adolescentes com problemas de saúde mental são mais vulneráveis a sofrerem vitimização e a praticarem delitos. Da mesma forma, adolescentes vitimizados e autores de delitos apresentam maiores sintomatologias de transtornos mentais. No Brasil, ainda são necessários estudos a respeito da sobreposição entre vitimização e prática de delitos e seus desfechos em saúde mental.
Objetivos
Identificar se diferentes formas de envolvimento em violência — apenas como autor, apenas como vítima ou como vítima-autor (em comparação com indivíduos controles) — estão associadas a diferentes níveis de problemas de saúde mental.
Metodologia
Os dados são do aporte brasileiro ao International Self-Report Delinquency Study 4 (ISRD4), levantamento multinacional sobre vitimização e delinquência na adolescência. A partir do protocolo, foram sorteadas salas de aula de 54 escolas de Ribeirão Preto e Sertãozinho (SP), coletando-se dados junto a 1.624 adolescentes de 13 a 17 anos, entre setembro e dezembro de 2022. O questionário ISRD4 incluiu itens sobre delinquência, saúde mental (ansiedade, depressão, ideação suicida e TDAH) e vitimização. A amostra foi dividida em quatro grupos: controle, vítimas, autores e vítimas-autores. Regressões lineares investigaram diferenças entre os grupos e os efeitos sobre desfechos de saúde mental.
Resultados
Adolescentes com perfil de sobreposição (vítimas-autores de delitos) apresentaram níveis mais altos de problemas de saúde mental. Os efeitos sobre ansiedade/depressão, especificamente, foram maiores para as vítimas somente, em comparação aos autores somente. Já os efeitos sobre ideação suicida foram mais altos para autores e os efeitos sobre TDAH inexistentes. Se identificar com o gênero feminino, vivenciar mais eventos adversos de vida (como a morte de um familiar) e ter uma percepção relativa baixa da própria posição econômica foram associados a maior probabilidade de apresentar problemas de saúde mental. O abuso parental grave foi mais associado a ideação suicida e ansiedade/depressão.
Conclusões/Considerações
O estudo destaca as necessidades de saúde mental dos adolescentes vítimas-autores e chama atenção para as demandas específicas daqueles que são apenas vítimas ou apenas autores. Pesquisas futuras devem considerar covariáveis adicionais, como presenciar situações de violência e ter familiares com transtornos mentais.
ANÁLISE DAS CONSULTAS DE PUERICULTURA REALIZADAS NO PERÍODO PANDÊMICO EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual Paulista (UNESP )
Apresentação/Introdução
A pandemia de Covid-19 teve impacto significativo nos cuidados prestados às crianças em nível global, uma vez que, com a priorização dos casos de Covid-19, a oferta de serviços e a atenção à primeira infância foram reduzidas ou interrompidas, especialmente no âmbito da Atenção Primária, resultando em ruptura do vínculo com as famílias e prejuízos na vigilância do crescimento e desenvolvimento.
Objetivos
Analisar os registros de consultas de puericultura na Atenção Primária à Saúde (APS) de um município paulista durante o período da pandemia de COVID-19, comparando os modelos de Unidade Básica de Saúde Tradicional (UBS-T) e Saúde da Família (USF).
Metodologia
Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva realizado na APS de um município de médio porte, com 399 crianças acompanhadas da primeira semana até os 24 meses de vida. A amostra foi definida por cálculo amostral, incluiu 1.919 consultas de puericultura através de dados secundários extraídos de prontuários eletrônicos. A qualidade do cuidado foi avaliada por meio de indicadores de processo, conforme o referencial de Donabedian (1980), com base nos protocolos do Ministério da Saúde. Os modelos de atenção foram comparados por regressão linear simples com resposta de Poisson e testes do Qui-quadrado ou Exato de Fisher. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 77545624.8.0000.5411).
Resultados
Observou-se que mais da metade das crianças do estudo foram atendidas até os 6 meses, com maior prevalência na consulta de 1 mês (92,7%) e a menor na primeira semana de vida (50,8%). Houve queda nos registros a partir dos 9 meses (48,1%), com menores índices aos 18 (22,3%) e 24 meses (30,1%). Comparando os modelos de atenção, à USF apresentou melhor desempenho para registro de testes de triagem neonatal (46,4%; p=0,012), exame físico (47,7%; p<0,001) e vacina (45,5%; p=0,002) na primeira semana de vida e no registro de peso (98%; p= 0,046) no primeiro mês. No segundo, quarto e sexto mês, a USF evidenciou predomínio nos registros de estatura, peso e vacina em relação à UBS-T.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou que apenas metade das crianças receberam registro de atendimento na primeira semana de vida e que as USF apresentaram melhor desempenho nos primeiros meses, especialmente na vigilância do crescimento e situação vacinal. No entanto, após os seis meses, houve queda das consultas preconizadas e na qualidade do acompanhamento em ambos modelos, revelando fragilidades na continuidade e efetividade do cuidado em saúde infantil.
ADIPOSIDADE CORPORAL E CRESCIMENTO DA INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA SEGUNDO PESO AO NASCER E ALEITAMENTO MATERNO: RESULTADOS PARCIAIS DO ESTUDO ELPRO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Viçosa
Apresentação/Introdução
A Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo para as crianças nos primeiros seis meses de vida, que tem sido associado ao menor risco de desenvolver obesidade, diabetes, hipertensão arterial e dislipidemias na vida adulta. Mas, alimentação e estilo de vida inadequados podem resultar em excesso de gordura corporal e em doenças cardiovasculares na infância e adolescência.
Objetivos
Avaliar a adiposidade corporal e crescimento da infância à adolescência segundo peso ao nascer e aleitamento materno.
Metodologia
O Estudo Longitudinal do Programa de Apoio à Lactação (ELPRO) é uma coorte prospectiva que avaliou 410 crianças entre 4 e 7 anos que foram reavaliadas na adolescência. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Parecer: 892476/2014; 6575462/2024). Os adolescentes incluídos assinaram o Termo de Consentimento e/ou Assentimento Livre e Esclarecido. Foi determinado o delta do percentual de gordura corporal (Δ% GC) pela subtração do %GC na adolescência do % GC na infância. Foi realizado o teste T para o Δ% GC e escore z de peso e altura para idade segundo o peso ao nascer (<3000g) e aleitamento materno aos 4 meses (p = 0,05).
Resultados
Foram avaliados dados parciais de 86 adolescentes entre 13 e 20 anos de idade com resultado de gordura corporal segundo Dual-Energy X-ray Absorptiometry. A média do Δ %GC da infância à adolescência foi de 9,2% (± 6,9%), sendo 53,4% (n = 46) do sexo masculino. Ainda, 31,4% (n = 27) da amostra apresentou peso insuficiente ao nascer e 55,8% (n = 48) recebeu leite materno exclusivamente até os 4 meses. Na comparação entre os grupos, a média do Δ %GC foi menor no grupo amamentado até os 4 meses comparado ao não amamentado (p = 0,05). O grupo com peso insuficiente ao nascer apresentou menores valores de escore z de peso para idade (p = 0,013) e estatura para idade (p = 0,001) na infância.
Conclusões/Considerações
Portanto, observou-se o papel protetor da amamentação exclusiva em relação a adiposidade corporal e que o peso insuficiente ao nascer afetou o crescimento durante a infância. Esse cenário reforça a importância do acompanhamento nutricional para o adequado desenvolvimento e para prevenir que o excesso de gordura corporal persista na adolescência e contribua com o aumento dos indicadores epidemiológicos de morbimortalidade.
DESENVOLVIMENTO GLOBAL DE CRIANÇAS NA PRIMEIRÍSSIMA INFÂNCIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Pôster Eletrônico
1 UFVJM
Apresentação/Introdução
O desenvolvimento infantil é um processo multifacetado, que se inicia desde a concepção e abrange a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança. Os contextos nos quais uma pessoa cresce e se desenvolve podem afetar sua susceptibilidade a diversos riscos, que podem ser específicos de certas etapas do desenvolvimento ou decorrentes de circunstâncias da vida.
Objetivos
O objetivo do estudo é investigar os fatores que influenciam o desenvolvimento de crianças entre 24 e 36 meses de idade, estudantes de creches de Diamantina-MG, e se eles explicam as habilidades de crianças com desenvolvimento típico.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, exploratório, utilizando questionários e instrumentos validados, como o Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD) e o Survey of Well-being of Young Children (SWYC), para coletar dados sobre as condições de vida e desenvolvimento das crianças. A amostra incluiu crianças matriculadas em dois Centros Municipais de Educação Infantil em Diamantina-MG. Os dados foram analisados no SPSS 22.0, com testes de associação conforme a normalidade das variáveis. Aplicou-se regressão linear univariada e multivariada, usando correlação de Pearson e p < 0,05 como critério de seleção para as análises.
Resultados
O estudo contou com 72 crianças, igualmente distribuídas entre os sexos. A maioria era de famílias de baixa renda (classes C2 e D-E), com pais majoritariamente com ensino médio completo. Os resultados indicam que a escolaridade materna, a qualidade dos espaços externos nas residências, e a frequência da leitura para as crianças estão significativamente associados com melhores marcos de desenvolvimento infantil. Em particular, a leitura regular mostrou-se como um forte preditor do desenvolvimento cognitivo e de linguagem.
Conclusões/Considerações
O estudo conclui que o desenvolvimento infantil na primeiríssima infância é profundamente influenciado por fatores ambientais e educacionais. A educação da mãe, em particular, foi identificada como um fator chave para o desenvolvimento infantil, junto com a existência de espaços adequados para a atividade física e cognitiva das crianças e a frequência da leitura em casa.
COMUNICAÇÃO DE NOTÍCIAS DIFÍCEIS NA INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA: UMA PERSPECTIVA DA EQUIPE DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Goiás - UFG
2 Universidade Federal da Bahia - UFBA
Apresentação/Introdução
A comunicação de notícias difíceis é um desafio no cotidiano dos profissionais de saúde que atuam junto às crianças, quando são hospitalizadas precisam enfrentar o afastamento do seu convívio familiar e a vivência de um ambiente desconhecido. De modo geral, é comum que as crianças sejam excluídas das interações que os envolvem e sejam consultados apenas para prover informações.
Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo analisar a compreensão da equipe de saúde sobre a comunicação de notícias difíceis às crianças, contribuindo, assim, com a assistência e formação continuada dos profissionais.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, desenvolvido na unidade pediátrica de um hospital universitário do centro-oeste brasileiro. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários sociodemográficos e os dados foram analisados a partir da análise do discurso. Participaram do estudo 20 profissionais efetivos ou residentes.
Resultados
Foi possível a elucidação de cinco categorias discursivas, quais sejam: 1) compreensão do conceito de comunicação de notícias difíceis; 2) a especificidade da pediatria; 3) dificuldades e desafios; 4) estratégias; 5) cuidados paliativos e morte. Os resultados apontam que os entrevistados apresentam compreensão compatível sobre a comunicação de notícias difíceis, mas dificuldades em lidar no contexto pediátrico em virtude de crenças sociais, como àquelas relacionadas ao desenvolvimento da criança saudável e à ideia de que a criança não possui condições de compreensão deste tipo de informação.
Conclusões/Considerações
A comunicação é desafiada pela ausência de formação teórica e técnica prévia para lidar com este tipo de situação. A assistência em casos de cuidados paliativos, prognósticos reservados e óbitos configuram-se como os temas mais difíceis de manejar pela irreversibilidade da notícia. Os dados enaltecem a importância de discutir e refletir sobre estratégias de comunicação adequadas ao público infantil e que a equipe tenha embasamento teórico e prático.
TRANSTORNO DE OPOSIÇÃO DESAFIANTE E MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa mapeou o desenvolvimento do Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) como forma de medicalização da infância. Presente no contexto clínico e escolar, o TOD tem sido usado para justificar intervenções sobre comportamentos infantis, sendo considerado fator de risco para condutas antissociais.
Objetivos
O objetivo é mapear a medicalização, com foco na infância, analisando a construção da psiquiatria infantil, o surgimento dos transtornos do comportamento disruptivo e a consolidação do TOD nos manuais diagnósticos.
Metodologia
Para o acesso aos materiais utilizamos as bases de dados PUBMED e SCIELO utilizando como descritores Oppositional Disorder; Oppositional Defiant Disorder; ODD, bem como as combinações Oppositional Disorder and Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder; Oppositional Defiant Disorder and Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder; Oppositional Defiant Disorder and Conduct Disorder. Não houve limitação quanto ao ano de publicação dos artigos. Também foram incluídos capítulos de livros que versam sobre comportamentos disruptivos. Todos os materiais selecionados tinham o TOD como assunto principal
Resultados
A pesquisa aponta a importação de diagnósticos dos EUA e a disputa em torno do TOD. A psiquiatria biológica o entende como fator de risco para criminalidade e fracasso social, baseando-se em fundamentos epigenéticos (Uhr, 2014; Caponi, 2018; Riley, 2016). Já a perspectiva crítica, inspirada em Foucault, interpreta o TOD como resultado da ação de dispositivos de segurança sobre corpos desviantes (Caponi, 2018). Sintomas como birra e recusa a ordens são patologizados, reforçando a medicalização de aspectos comuns da infância. Cria-se um mercado de controle com foco em condutas de crianças pobres e racializadas, alinhado a lógicas neoliberais.
Conclusões/Considerações
Trata-se de um diagnostico angloxasão e que vem possuindo penetração em nosso território, atingindo principalmente crianças racializadas e moradoras de localidades periféricas, fato que contribui para a medicalização de aspectos sociais e raciais. Além disso cabe a responsabilidade de vigiar e medicar seus filhos, visando reduzir os riscos de criminalidade futura. Por fim, o TOD retoma teses eugênicas a partir de um viés neurobiológico.
ASSOCIAÇÃO ENTRE SEXO E MARCOS DO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 24 À 36 MESES: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Pôster Eletrônico
1 UFVJM
Apresentação/Introdução
O desenvolvimento infantil é um processo complexo, influenciado por fatores biológicos, ambientais e psicossociais. Dentre esses, o sexo da criança tem sido apontado como uma variável relevante, com estudos sugerindo diferenças nos marcos do desenvolvimento e na percepção parental sobre comportamentos e aprendizagem.
Objetivos
O objetivo deste estudo, é investigar a possível influência do fator biológico (sexo) no desenvolvimento infantil e na percepção dos pais sobre o comportamento e aprendizado de suas crianças.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, exploratório, utilizando questionário SWYC-BR para avaliar marcos do desenvolvimento e preocupações parentais. A amostra incluiu crianças matriculadas em dois Centros Municipais de Educação Infantil em Diamantina-MG. Foi realizada uma análise de associação por meio do teste qui-quadrado de Pearson, pelo software SPSS, em uma amostra de 65 crianças (32 meninos e 33 meninas).
Resultados
Os resultados indicaram que meninos apresentaram maior risco de atraso (9 em 32) comparados às meninas (2 em 33) (*p=0,018*).Pais de meninos relataram maior preocupação com comportamento e aprendizado (20 em 31) em relação aos pais de meninas (10 em 32) (*p=0,008*). Correlações negativas moderadas (R de Pearson ≈ -0,29 a -0,33) reforçaram a associação entre sexo masculino e desfechos menos favoráveis.
Conclusões/Considerações
Os resultados deste estudo evidenciam disparidades significativas no desenvolvimento infantil associadas ao sexo, com meninos demonstrando maior vulnerabilidade a atrasos no desenvolvimento e despertando níveis mais elevados de preocupação parental em comparação com meninas. Esses achados reforçam a importância da realização de estudos longitudinais para compreender os mecanismos subjacentes a essas diferenças.
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA PREMATURIDADE NAS MACRORREGIÕES DA BAHIA, 2013-2024.
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFMT
Apresentação/Introdução
A prematuridade, é definida como o nascimento que ocorre antes das 37 semanas completas de gestação, é atualmente a principal causa de mortalidade neonatal. Na Bahia, a taxa de prematuridade tem apresentado um aumento crescente na última década, o que pode refletir a persistência de desigualdades regionais que dificultam avanços na sua prevenção.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial da taxa de prematuridade por macrorregiões de saúde da Bahia, nos anos 2013 a 2024.
Metodologia
Estudo ecológico baseado em dados secundários do Sistema de Informações sobre nascidos vivos (SINASC no estado da Bahia de 2013 a 2024, abrangendo as nove macrorregiões de saúde do estado. Para o cálculo da taxa de prematuridade considerou-se no numerador o número de nascidos vivos prematuros (<37 semanas gestacionais) XXX) e no denominador o total de nascidos vivos, por macrorregião de saúde e por ano, multiplicada por 100. Foram elaborados mapas temáticos por meio do software Qgis 3.36.3.
Resultados
As macrorregiões Sul, Leste e Centro-Leste apresentaram uma taxa de prematuridade de 5 – <10%, que permaneceu constante no período. Enquanto que as demais macrorregiões apresentaram maior variação no período e com taxas mais altas (10 a < 15%). Destaca-se a macrorregião Norte, que manteve durante todo o período taxas entre 10 a < 15%. Por último, nenhuma macrorregião foi classificada com uma prematuridade <5%.
Conclusões/Considerações
Entre 2013 e 2024, ao menos cinco das nove macrorregiões de saúde apresentaram proporções altas de prematuridade, com destaque na macrorregião Norte. Essa concentração indica um padrão geográfico, sugerindo que a prematuridade é frequente em determinadas áreas do estado. Por tanto, é necessário ações especificas e direcionadas para cada macrorregião, a fim de reduzir a taxa da prematuridade e melhorar os desfechos materno-infantis.
ECOLOGIA DE SABERES NA PRODUÇÃO DO CUIDADO PARA O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: SUPERANDO DESAFIOS DA INTERPROFISSIONALIDADE
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O Programa Saúde na Escola (PSE) busca aproximação entre a saúde e a educação para alcançar melhorias nas políticas públicas, por medidas de prevenção e ações intersetoriais e interprofissionais, mas ainda encontra barreiras na sua implantação, seja pela desarticulação entre os setores, a prática disciplinar e fragmentada ou mesmo o desalinhamento temático com a realidade dos estudantes.
Objetivos
Discutir a interprofissionalidade na produção de cuidado no Programa Saúde na Escola, na perspectiva da ecologia de sabres, partindo das percepções de profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) na cidade do Rio de Janeiro.
Metodologia
Recorte da pesquisa intitulada “Cuidado e ecologia integral como perspectivas para um agir pedagógico na Atenção Básica à Saúde”, aprovado no comitê de ética e atendido todos os preceitos. Como subprojeto, trata-se de um estudo participativo, exploratório e de abordagem qualitativa, realizado no período entre maio e julho de 2024, em um Centro Municipal de Saúde da Área Programática 2.2, no município do Rio de Janeiro. O público-alvo foram profissionais da atenção primária que desenvolvem ações de PSE. Os dados foram produzidos em rodas de conversa, com a participação ativa de 18 profissionais, bem como observação participante. Os dados foram analisados a partir da hermenêutica dialética.
Resultados
Na perspectiva da ecologia de saberes, a partir do conjunto de experiências, saberes e práticas dos participantes, as discussões trilharam na busca por um olhar sistêmico, holístico e transdisciplinar sobre o cuidado proposto nas ações do PSE, a luz dos desafios e potencialidades. Como desafios, destacou-se a insipiente adesão médica, a pouca flexibilidade temática pelas escolas, a falta de diagnóstico situacional da comunidade escolar, sobretudo para moradores de fora do território da unidade de saúde. Como potência, o empenho dos agentes comunitários e enfermeiros, a grande parcela de estudantes estarem nos territórios das equipes da APS, a possibilidade do planejamento compartilhado.
Conclusões/Considerações
Pela ecologia de saberes foi possível notar as intenções e contradições que permeiam a produção de cuidados nas escolas. A tomada de consciência cidadã, crítica e livre de opressões, na formulação de agendas compartilhadas com as escolas foi amplamente discutido e compreendida como ponto focal da proposta. Espera-se que isto estimule o diálogo na avaliação permanente das ações, com vistas a práticas exitosas no enfrentamento das fragilidades.
ACESSO DE MENINAS ADOLESCENTES À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM MANAUS
Pôster Eletrônico
1 UEA
2 FMT-HVD
Apresentação/Introdução
A adolescência, período de transformações físicas e sociais, demanda atenção integral à saúde, contudo barreiras no acesso aos serviços da atenção primária (APS) são relatados.
Objetivos
Avaliar o acesso aos serviços de saúde por adolescentes e descrever as percepções sobre as barreiras de acesso aos serviços e ações adotados pela APS em Manaus.
Metodologia
Estudo descritivo e exploratório, com abordagem mista, realizado com adolescentes do sexo feminino de 12 anos, matriculadas em uma escola pública de tempo integral em Manaus. Foi utilizado o instrumento Primary Care Assessment Tool (PCATool) para avaliar o acesso à APS. Para avaliar as percepções das adolescentes foram realizadas entrevistas semiestruturadas, individualmente, seguida da análise temática.
Resultados
De 16 adolescentes avaliadas, a maioria não possuía caderneta da adolescente (68,8%, 11/16) e metade sem vacinação atualizada. A maioria procurou a APS nos últimos seis meses (56,3%; 9/16), acompanhada pelos pais/representantes legais (88,9%; 8/9). Os escores do PCATool foram baixos [afiliação (média 2,6 ± 1,12); utilização (média 3,4 ± 0,72); acessibilidade (média 2,7 ± 0,68)]. Os resultados indicaram presença de barreiras no acesso aos serviços, como conflitos de horário escolar, dificuldades para comparecer desacompanhadas e desconforto ao serem atendidas por profissionais de outro gênero. As adolescentes apresentaram desconhecimento sobre seus direitos à saúde na APS.
Conclusões/Considerações
Destaca-se a necessidade de estratégias que aproximem as adolescentes da APS, promovendo um ambiente mais acolhedor e acessível, bem como fortalecer ações educativas e ampliar o diálogo entre profissionais de saúde, escola e adolescentes.
ASSOCIAÇÃO ENTRE MICROBIOTA INTESTINAL E ASMA EM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR: ESTUDO DE COORTE
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Medicina de Botucatu/FMB/UNESP
2 Instituto de Biociências de Botucatu/IBB/UNESP
Apresentação/Introdução
A microbiota intestinal desempenha papel essencial na regulação do sistema imune. Alterações em sua composição podem favorecer doenças alérgicas, como a asma. Evidências sugerem que Lactobacillus podem atuar na prevenção da asma ao reduzir a hiperresponsividade brônquica e a inflamação pulmonar.
Objetivos
Avaliar a relação entre o perfil da microbiota intestinal e a presença de asma em crianças em idade escolar.
Metodologia
Estudo com dados da Coorte de Lactentes de Botucatu, iniciada no ano de 2023. Utilizou-se o International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). As amostras de fezes foram acondicionadas em frascos contendo glicerol e congeladas a -80ºC. A análise da microbiota intestinal foi baseada na comparação de sequências da região V6 do gene 16S rRNA por meio da PCR e sequenciamento dos amplicons. A classificação das sequências das amostras foi realizada no nível taxonômico de Filo e Família e contemplaram a diversidade alfa (Índice de Shannon). A análise estatística foi realizada pelo teste de Kruskal-Wallis e para avaliar associações entre bactérias biomarcadoras, utilizou-se o MaAsLin 2.
Resultados
Foram analisadas 158 amostras de fezes das crianças participantes da coorte com idade entre seis e nove anos. Destas, 62 crianças tinham asma (39,2%), de acordo com o ISAAC. A análise do índice de Shannon (diversidade alfa) revelou maior abundância de bactérias intestinais nas crianças diagnosticadas com asma (p=0,020), em comparação àquelas sem a condição. Também foi possível identificar as bactérias biomarcadoras no nível de família associadas às crianças que não apresentavam asma: Bacillaceae (p=0,008), Family XI Clostridiales (p=0,006) e Micrococcaceae (p=0,013), comparadas àquelas que tinham a doença.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que a composição da microbiota intestinal difere entre crianças com e sem asma, com maior diversidade bacteriana nas que apresentam a doença. Algumas famílias bacterianas, como Bacillaceae, Clostridiales Family XI e Micrococcaceae, foram associadas à ausência de asma, sugerindo possível papel protetor.
VIOLÊNCIAS AUTOPROVOCADAS EM ESCOLARES: ANÁLISE DE TENDÊNCIA EM FLORIANÓPOLIS (2018-2023)
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Santa Catarina
Apresentação/Introdução
A violência autoprovocada, incluindo suicídio e automutilação, é um grave problema de saúde pública, com aumento de 81% nas taxas entre adolescentes (2010-2019). Dados do SINAN (2021) mostram 114.159 casos, 70,3% em mulheres, com maior prevalência em adolescentes. A escola, espaço de convívio intenso, pode ser tanto fator de risco quanto de proteção (acolhimento, fortalecimento emocional).
Objetivos
Este estudo analisa a evolução dos casos em escolares da rede pública e privada de Florianópolis nos últimos 6 anos, visando subsidiar estratégias de prevenção.
Metodologia
Este estudo ecológico analisou violência autoprovocada entre estudantes (6-19 anos) de Florianópolis, notificados no SINAN (2018-2023). Dados secundários foram coletados em maio/2025 via DATASUS, incluindo variáveis como local, sexo, raça/cor e faixa etária (5-9, 10-14, 15-19 anos). Foram realizadas análises descritivas (frequências, medidas de tendência central/dispersão). A taxa de violência escolar foi calculada (casos/matriculados × 10.000). Dados escolares estavam ausentes em 2020-2021. Dispensou-se aprovação ética.
Resultados
O estudo analisou 6.908 casos de violência autoprovocada em Florianópolis (2018-2023), com destaque para 122 ocorrências em escolas (1,8% do total). A residência concentrou 74,4% dos casos. Nas escolas, observou-se predominância do sexo feminino (65,2-90% dos casos) e da raça branca (69,6 -100%). A faixa etária mais afetada foi 10-14 anos (54,4% em 2023). As taxas escolares apresentaram aumento significativo, de 2,3 (2022) para 5,6/10.000 alunos (2023). Dados de 2020-2021 estavam indisponíveis. Os resultados evidenciam a necessidade de estratégias específicas para prevenção da violência autoprovocada no ambiente escolar, com enfoque em adolescentes do sexo feminino.
Conclusões/Considerações
Estudo em Florianópolis mostrou que 74% dos casos de violência autoprovocada ocorreram em casa, principalmente entre meninas brancas (10-14 anos). Após a pandemia (2022-23), as notificações escolares aumentaram 143%. Destaques: vulnerabilidade doméstica, impacto pós-pandêmico na saúde mental, necessidade de capacitar educadores e articulação saúde-educação. Escola é espaço-chave para detecção e prevenção.
QUANDO O FUTURO CHEGA CEDO: UM OLHAR EPIDEMIOLÓGICO SOBRE OS ECOS DA PANDEMIA NA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO MARANHÃO (2019–2023)
Pôster Eletrônico
1 UFMA
2
Apresentação/Introdução
A gravidez na adolescência é um desafio relevante na saúde coletiva. Estima-se que uma em cada sete crianças nasça de mãe adolescente, sendo a desinformação sobre sexualidade, o racismo estrutural e o difícil acesso a contraceptivos fatores centrais. Crises sanitárias, como a pandemia de COVID-19, agravaram essa vulnerabilidade ao limitar serviços e ampliar barreiras de acesso.
Objetivos
Analisar, de forma quantitativa, os casos notificados de gravidez na adolescência no estado do Maranhão entre 2019 e 2023, destacando variações ao longo do período e possíveis impactos relacionados ao contexto da pandemia de COVID-19.
Metodologia
Estudo observacional e descritivo, com dados secundários obtidos do DATASUS/Estatísticas Vitais, seção Nascidos Vivos. Foram analisados casos de gravidez na adolescência no estado do Maranhão entre 2019 e 2023, contemplando as seguintes variáveis: faixa etária materna (10–14 e 15–19 anos), escolaridade, tipo de parto, duração da gestação, número de consultas de pré-natal, peso ao nascer e cor/raça. Os dados foram tabulados e analisados por estatística descritiva, em frequências absolutas e relativas. Por se tratar de dados públicos, não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Foram notificados 111.364 casos de gravidez na adolescência no Maranhão (2019–2023), correspondendo a 21% de todos os partos registrados no estado nesse período. A maioria ocorreu entre adolescentes de 15 a 19 anos (94%) e mulheres pretas/pardas (89,4%), com 8 a 11 anos de escolaridade (70,6%). O parto vaginal foi mais frequente (58%), com predominância de nascidos a termo (84,3%). No contexto pandêmico, observou-se redução nessa via de parto (de 59,7% para 53,1%), além de aumento nas cesarianas. Quanto ao pré-natal, 48,2% realizaram sete ou mais consultas e 2,7% não o realizaram. Em 2019 houve o maior número de casos (25.744) e em 2023 o menor (19.136), representando um declínio de 25,6%.
Conclusões/Considerações
Observa-se uma incidência relevante de gravidez na adolescência no Maranhão, com predominância entre meninas pretas e pardas de 15 a 19 anos, apesar da redução no número de partos entre 2019 e 2023. Essa queda pode estar associada ao medo da exposição durante a pandemia e ao avanço da educação em saúde, embora não se descarte subnotificação. Persistem fragilidades no pré-natal, reforçando a necessidade de políticas públicas efetivas.
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA EM IPATINGA, MINAS GERAIS: FATORES ASSOCIADOS AO BAIXO PESO AO NASCER
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste)
Apresentação/Introdução
A gravidez na adolescência é um tema de grande relevância na saúde sexual e reprodutiva no Brasil. O histórico familiar, a baixa escolaridade e a sexarca antes dos 15 anos contribuem para a problemática, e a gestação tende a manifestar intercorrências maternas e repercussões neonatais desfavoráveis. Logo, é imperativo identificar os desfechos adversos para melhorar a qualidade de vida deste grupo.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico das gestantes adolescentes atendidas na atenção primária à saúde do município de Ipatinga, Minas Gerais, entre 2019 e 2023, e analisar os fatores associados ao baixo peso ao nascer dos recém-nascidos.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, de caráter descritivo e natureza quantitativa, com gestantes adolescentes, de 10 a 19 anos, que realizaram o pré-natal na atenção primária à saúde do município de Ipatinga, Minas Gerais, durante o período de 2019 a 2023. Os dados foram coletados por intermédio do prontuário das gestantes e analisados de forma descritiva e inferencial, sendo feitos cálculos das medidas de média, desvio padrão, frequências absolutas e relativas, através do programa IBM SPSS Statistics for Windows, versão 22.0 (Armonk, NY: IBM Corp).
Resultados
Participaram deste estudo 1.182 puérperas: 21,7% (n=257) de 13-16 anos e 78,3% (n=925) de 17-19 anos. A média de idade foi de 17,6 ± 1,39 anos. 2019 e 2020 apresentaram a maior incidência de casos: 21,7% (n=256). 79,4% (n=938) eram primíparas. 70% (n=827) eram pardas. 86,5% (n=1022) não tinham companheiro. 59% (n=697) estavam com a escolaridade inadequada. 84,3% (n=997) não possuíam trabalho remunerado. 87,9% (n=1039) nasceram a termo. Ao associar o baixo peso ao nascer (<2500g) com as demais variáveis, observou-se associação entre a raça preta/parda (p=0,012), situação conjugal sem companheiro (p=0,071), menos de 6 consultas (p<0,001), gestação gemelar (p<0,001) e parto cesariana (p<0,001).
Conclusões/Considerações
Portanto, a alta prevalência de vulnerabilidades sociais é presente, haja vista as taxas de adolescentes pardas/pretas, com escolaridade inadequada, sem trabalho remunerado e sem companheiro. Outrossim, é importante frisar que o estudo do perfil epidemiológico e da assistência pré-natal é imprescindível para identificar entraves sociais, clínicas e gestacionais, e melhorar o acompanhamento às adolescentes grávidas.
ENTRE SETORES E TERRITÓRIOS: PERCEPÇÕES DE GESTORES ESTADUAIS SOBRE A EFETIVIDADE DA GESTÃO INTERSETORIAL NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA.
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Brasília
2 UnB
3 UCB-DF
4 Fiocruz RJ
Apresentação/Introdução
O Programa Saúde na Escola (PSE) propõe ações integradas entre saúde e educação no território escolar. O estudo é parte da Pesquisa Nacional de Avaliação da Efetividade da Gestão Intersetorial do PSE e investiga como gestores estaduais compreendem e operacionalizam essa articulação. Os resultados apresentam uma visão exploratória sobre o diálogo entre setores no período da pesquisa.
Objetivos
Analisar a efetividade da gestão intersetorial do PSE no nível estadual a partir das narrativas de gestores de saúde e educação.
Metodologia
Trata de estudo exploratório de abordagem mista que analisou 52 entrevistas com gestores das secretarias estaduais de saúde (26) e de educação (26) que atuam diretamente na coordenação do PSE. Os relatos foram processados com apoio do software IRAMUTEQ, por meio da Classificação Hierárquica Descendente e da Análise de Conteúdo. O Projeto foi aprovado pelo CEP da Fiocruz Brasília, CAAE 625477228, Parecer de número 5656695.
Resultados
Os gestores da educação valorizam a realização das ações temáticas e o papel das formações, enfrentam dificuldades para manter a regularidade dos GTIs e consolidar parcerias. Já os gestores da saúde enfatizam o desafio da sustentação financeira, da rotatividade das equipes e da desigualdade de acesso aos territórios. Ambos relatam que a articulação intersetorial depende, em grande parte, da disposição dos atores locais e da habilidade política de condução. Há avanços em algumas regiões, sobretudo onde há formalização de fluxos e participação de conselhos e universidades, a insuficiência de recursos ainda compromete a efetividade em larga escala.
Conclusões/Considerações
O estudo evidencia que, embora o PSE avance em promover uma cultura de integração entre saúde e educação, a gestão estadual permanece condicionada a fatores como instabilidade institucional, carência de recursos e informalidade nos processos de governança. Fortalecer os GTIs, garantir financiamento estável e ampliar a participação social são passos cruciais para consolidar essa política pública intersetorial.
PREFERÊNCIAS DE ADOLESCENTES DAS DIVERSIDADES SEXUAIS E DE GÊNERO NO BRASIL POR MODALIDADES DE TESTAGENS PARA HIV
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado da Bahia
2 Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia.
3 Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz.
4 Universidade Federal de Minas Gerais.
5 Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.
6 Universidade do Estado da Bahia; Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia; Instituto Gonçalo Muniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, Bahia, Brasil.
Apresentação/Introdução
O autoteste para HIV (ATHIV) é essencial para ampliar a testagem, sobretudo entre populações com dificuldades de acesso ao teste rápido (RT) nos serviços de saúde. O autoteste por punção digital (ATPD) é uma opção adicional ao autoteste com fluido oral (ATFO) para detecção oportuna do HIV, inclusive entre aqueles que fazer desejam iniciar o uso da Profilaxia Pré exposição ao HIV (PrEP).
Objetivos
Avaliar as preferências de adolescentes das diversidades sexuais e de gênero (ADSG) no Brasil por modalidades de testagem para o HIV, como o ATPD, ATFO e RT.
Metodologia
Esta análise transversal faz parte do estudo PREP15-19 Escolhas, que avalia a implementação da PrEP oral e da injetável de longa duração, entre ADSG em três cidades brasileiras. A amostra é composta de homens cisgênero que fazem sexo com homens (HSH), pessoas transgênero e pessoas não-binárias, com idades entre 15 e 19 anos, que já haviam realizado o ATFO. Os participantes foram solicitados a realizar o ATPD antes de responderem a um questionário no qual classificaram suas preferências entre três modalidades de testagem: RT realizado por profissional de saúde (TR), ATFO e ATPD. Estimaram-se estatísticas descritivas das preferências.
Resultados
O estudo envolveu 196 adolescentes, majoritariamente HSH (69,9%), entre 15 e 17 anos (54,1%), de cor preta (41,8%) e estudantes do ensino médio (70,4%). Apenas 30,0% conheciam previamente o ATPD; 8,7% já o haviam utilizado, e 69,8% relataram uma experiência fácil. As preferências de testagem foram: TR (37,8%), ATPD (36,7%) e ATFO (25,5%). A maioria (93,4%) usaria novamente o ATPD, principalmente pela rapidez no resultado (51,5%) e pela maior confiança em testes com sangue (51,0%). O medo de agulhas (81,8%) foi a principal barreira entre os que não desejaram repetir o uso.
Conclusões/Considerações
Este estudo destaca que a testagem rápida continua sendo o método preferido entre os ADSG. No entanto, uma proporção significativa de participantes achou o ATPD fácil de usar e demonstrou disposição para utilizá-lo novamente, citando maior confiança em seu resultado. Ampliar o conhecimento sobre o ATPD é essencial para promover a testagem oportuna e garantir o acesso equitativo às opções de testagem para o HIV.
ATUAÇÃO DE GESTORAS E PROFESSORAS PARA ASSEGURAR A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DURANTE O LOCKDOWN EM MUNICÍPIO CEARENSE
Pôster Eletrônico
1 UNIFOR
2 MPCE - UNIFOR
Apresentação/Introdução
A Covid-19 repercutiu nos direitos de crianças e adolescentes em nível global. Assegurar o direito à educação desafiou gestores e professores para criar ações e mitigar vulnerabilidades. Assim, quais ações realizadas no lockdown em um município cearense? Crianças e adolescentes foram privados da liberdade de expressão e de manter os vínculos afetivos e sociais construídos na escola.
Objetivos
O estudo tem como objetivos identificar e ressaltar ações desenvolvidas nas escolas para assegurar a educação de crianças e adolescentes no período do lockdown, em um município cearense.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, tipo estudo de caso sobre as ações intersetoriais no enfrentamento de violência contra criança/adolescente no lockdown (2020-2021). Neste trabalho, opta-se por ressaltar ações de quatro escolas municipais. Foram entrevistadas 4 diretores, 3 coordenadores, um dirigente escolar e 4 professores escolas, situadas em áreas socialmente vulneráveis. Na entrevista indagou-se sobre ações realizadas para assegurar as aulas desse grupo, durante o lockdown no Ceará. A organização e análise dos dados deu-se por meio do software IRaMuTeq®, resultando em 5 classes que trataram sobre incertezas, educação, saúde e articulação intersetorial. Estudo aprovado pelo CEP/UNIFOR, nº 6.425.857.
Resultados
Durante o lockdown, gestoras e professoras transpuseram limitações impostas e criaram ações para garantir as aulas dos alunos, em cenário de perdas importantes e incertezas. Dentre as ações promovidas, destacaram-se a escuta qualificada no modo virtual, e o programa de mediação de conflitos. Apesar dos desafios postos e do isolamento social, as ações das escolas permitiram que estudantes compartilhassem sonhos, realidade familiar conflitante. O setor da educação conseguiu criar uma rede de apoio e acolhimento, assim como retomar o diálogo, debater sobre autoestima e fortalecer vínculos afetivos para mitigar os efeitos da pandemia entre o grupo.
Conclusões/Considerações
As principais ações adotadas convergiram para a escuta qualificada e para o programa de mediação de conflito. Gestoras e professoras fortaleceram a rede de apoio emocional e de acolhimento aos estudantes, em ambiente controlado, o que permitiu assegurar a continuidades das aulas, identificar sentimentos, promover diálogo e fortalecer vínculo entre a comunidade escolar.
SELEÇÃO DOS INDICADORES COMPONENTES DE UM ÍNDICE DE QUALIDADE DA PUERICULTURA NA PRIMEIRA INFÂNCIA NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, 2017–2023
Pôster Eletrônico
1 UFC
2 UFBa
3 CIDACS / FIOCRUZ Bahia
4 CIDACS
5 FIOCRUZ Ceará
6 UFMa
7 UFC / Tulane University
Apresentação/Introdução
A puericultura é essencial para o crescimento e desenvolvimento infantil. Este estudo propõe um índice baseado em indicadores municipais, para avaliar a qualidade da puericultura em crianças na primeira infância (<6 anos). Partindo de referenciais como a PNAISC e RIPSA, buscou-se integrar indicadores válidos, confiáveis, sensíveis, específicos e relevantes, visando subsidiar políticas públicas.
Objetivos
Descrever o processo de seleção e validação de indicadores municipais para compor um índice de qualidade da puericultura entre crianças menores de 6 anos no Brasil.
Metodologia
Foram selecionados indicadores potenciais de 5570 municípios brasileiros, incluindo Fernando de Noronha e o Distrito Federal, no período de 2017 a 2023. A seleção foi subsidiada por uma revisão crítica na literatura, consulta a documentos do Ministério da Saúde e reuniões com especialistas da área de saúde da criança, epidemiologia, nutrição, ciências sociais e políticas de saúde. As fontes de dados foram: SISAB, SINASC, SI-PNI, SISVAN, SIH, IPEA, PDD, SIOPS, CNES, entre outras. Foram analisados os percentuais de observações zeradas ou ausentes; valores aberrantes; distribuição de frequências; e variabilidade.
Resultados
A seleção inicial contou com 183 indicadores. Após as reuniões com especialistas, permaneceram 30 indicadores. Após novas revisões, 11 indicadores foram selecionados: Cobertura da Atenção Primária à Saúde; Cobertura da Saúde Bucal na APS; Proporção de pré-natal adequado; Atendimento puerperal na APS; Atendimentos a recém-nascidos até 7 dias de vida; Atendimentos de puericultura em menores de 1 ano; Visitas domiciliares por Agentes Comunitários de Saúde em crianças até 6 anos; Cobertura vacinal completa em menores de 6 anos; Cobertura do SISVAN em crianças até 5 anos; Primeira consulta odontológica programada em menores de 6 anos; Tratamentos odontológicos concluídos em menores de 6 anos.
Conclusões/Considerações
Os indicadores selecionados tem disponibilidade periódica, captam diferentes dimensões do modelo de atenção à saúde da criança e destacam as diversidades entre os municípios. Os desafios incluem a má qualidade de alguns dados importantes que potencialmente poderiam ser utilizados, bem como a influência da pandemia em anos recentes. Recomenda-se sua utilização para identificar desigualdades regionais e priorizar investimentos em saúde infantil.
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE UM INSTRUMENTO DE BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA COM O NÍVEL DE SUPORTE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Apresentação/Introdução
O autismo é uma condição cada vez mais presente e tem crescido a luta por ampliação do atendimento e apoio das pessoas com transtorno do espectro autista. Existem vários instrumentos para diagnóstico e avaliação de crianças e adolescente com autismo, entre eles o Autism Treatment Evalution Checklist (ATEC) É necessário construir instrumentos que sejam mais simples e sucintos.
Objetivos
Avaliar a relação entre o ATEC e um instrumento de bem-estar e qualidade de vida em crianças e adolescentes com transtorno do espectro autismo, fazendo uma relação entre a qualidade de vida, bem-estar, e os níveis de suporte do ATEC.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, individuado.
A coleta de dados ocorreu em 2025. Utilizou-se o ATEC, composto por quatro subescalas (fala/linguagem, sociabilidade, cognição/sensorial e saúde), além de seis questões sobre bem-estar e qualidade de vida (ansiedade, irritação, autorregulação, qualidade do sono, interação social e qualidade de vida). A análise foi realizada no Jamovi por meio do teste t de Student, comparando médias entre grupos com alto e baixo/moderado suporte, com nível de significância de 0,05. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética (CAAE: 19765919.6.0000.5188).
Resultados
A ansiedade alta esteve significativamente associada com maiores escores nas subescalas de Sociabilidade (diferença de médias = 5,19; p = 0,015), Sensibilidade Sensorial (diferença de médias = 6,96; p = 0,007) e Saúde (diferença de médias = 7,65; p = 0,001). Também foi observada uma diferença de média de 19,1 pontos no escore total do ATEC (p = 0,001).Ter um alto nível de interação social esteve associado com menor necessidade de suporte nas subescalas de Comunicação (diferença de médias = 2,94; p = 0,030), Sociabilidade (diferença de médias = 6,55; p = 0,001), Saúde (diferença de médias = 4,25; p = 0,035), além de uma diferença média de 12,73 no escore total do ATEC (p = 0,006)
Conclusões/Considerações
A escala de bem-estar e qualidade de vida mostrou associação significativa entre ansiedade alta e maior necessidade de suporte no ATEC, além de apontar que maior interação social está ligada a menor suporte. Esses achados reforçam a importância dessas variáveis e abrem caminhos para novos métodos que busquem instrumentos mais práticos e com boa acurácia para avaliar intervenções no TEA.
MENARCA PRECOCE E QUALIDADE DO SONO EM ADOLESCENTES DA COORTE RPS EM SÃO LUÍS, MARANHÃO
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A menarca, evento frequentemente utilizado como indicador da maturação sexual em adolescentes, tem ocorrido de forma cada vez mais precoce ao longo dos anos. A literatura científica aponta a associação entre sua precocidade e diversos desfechos negativos à saúde da mulher, incluindo distúrbios metabólicos, psicológicos, comportamentais e do sono.
Objetivos
Avaliar a associação entre a menarca precoce e a qualidade do sono em adolescentes da coorte de nascimento RPS - São Luís.
Metodologia
Estudo longitudinal com dados da primeira e terceira fases da coorte de nascimento RPS em São Luís, Maranhão. Foram analisadas 1.293 adolescentes com 18 e 19 anos quanto à idade da menarca, considerada precoce quando <12 anos, e à qualidade do sono, mensurada pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), sendo escore >5 indicativo de qualidade ruim. Para seleção de confundidores, elaborou-se um gráfico acíclico direcionado (DAG) no software DAGitty®. A associação entre menarca precoce e qualidade do sono foi estimada por regressão de Poisson robusta, ajustada por cor da pele autorreferida e classe econômica brasileira (CEB). As análises estatísticas foram realizadas no STATA 15.0.
Resultados
Das 1.293 adolescentes investigadas, 32,2% apresentaram menarca em idade precoce (<12 anos), com mediana da idade da menarca de 12 anos, e a qualidade do sono foi classificada como ruim em 59,9% da amostra. Entre as adolescentes com menarca precoce, 63,4% apresentaram qualidade do sono ruim, enquanto essa proporção foi de 58,3% entre as que apresentaram menarca em idade não precoce. Na regressão de Poisson robusta, não foi observada associação estatisticamente significante entre menarca precoce e qualidade do sono ruim (RP = 1,04; IC95% = 0,87-1,24; p-valor = 0,629).
Conclusões/Considerações
Neste estudo, a menarca precoce não constituiu fator de risco para a qualidade do sono ruim entre as adolescentes. Entretanto, são necessários estudos adicionais para investigar a possível atenuação desses efeitos ao longo do tempo, bem como para identificar outros fatores que influenciam a qualidade do sono nesta população.
HOSPITALIZAÇÕES PEDIÁTRICAS POR PNEUMONIA: IMPACTOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA, DA COBERTURA DA VACINA PNEUMOCÓCICA (VPC-10) E FATORES SOCIOECONÔMICOS
Pôster Eletrônico
1 PUCRS
Apresentação/Introdução
A Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) é uma das principais causas de hospitalizações evitáveis em menores de 5 anos, sobretudo entre populações vulneráveis com acesso precário à saúde. A prevenção e o tratamento precoce são essenciais para reduzir os impactos na saúde infantil. Neste cenário, a vacinação e a Atenção Primária à Saúde (APS) são essenciais para prevenir hospitalizações.
Objetivos
O estudo busca investigar os impactos da cobertura vacinal da vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC-10) e da cobertura de APS nas taxas de hospitalizações por pneumonia em crianças menores de 5 anos nos municípios brasileiros.
Metodologia
Estudo ecológico com dados públicos de hospitalizações por pneumonia em crianças menores de 5 anos (2008–2022), obtidos do DataSUS. Coberturas vacinal (SI-PNI), da APS (e-Gestor) e dados sociodemográficos/socioeconômicos (IBGE) foram analisados. Avaliou-se a evolução anual das taxas e, em seguida, a associação entre cobertura vacinal, APS e hospitalizações, por meio de regressão binomial negativa multivariada. Também se estimou a associação dessas variáveis com o IDH para explorar desigualdades socioeconômicas.
Resultados
A partir de 2010, houve redução significativa nas hospitalizações por pneumonia em crianças menores de 5 anos no Brasil, com queda de 101 casos por 100 mil habitantes (IC 95%: -159 a -42; p < 0,01). A cobertura da APS e da VPC10 estão associadas à redução das hospitalizações, com maior impacto da APS (-0,294%; p < 0,001) em relação à vacinação (-0,258%; p < 0,001). Não observou-se interação entre elas (p = 0,193). Municípios com IDH médio e alto apresentaram maior cobertura vacinal, mas menor cobertura da APS (-9,77%; p < 0,001). Nossos achados indica que a cobertura da APS aumenta a vacinação em 0,21% para cada 1% de aumento (p < 0,001).
Conclusões/Considerações
O estudo confirma que a cobertura de APS e a cobertura vacinal contribuem para a redução das hospitalizações por pneumonia em crianças menores de 5 anos, sendo que a APS apresentou um efeito mais expressivo. A ausência de interação entre as coberturas indica que seus efeitos são independentes, sugerindo mecanismos distintos de proteção que, somados, potencializam a redução das hospitalizações.
ASSOCIAÇÃO ENTRE A EXPOSIÇÃO A SMARTPHONES E TABLETS E O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 24 MESES DO EXTREMO SUL DO BRASIL: DADOS TRANSVERSAIS DO PROJETO SMARTKIDS
Pôster Eletrônico
1 FURG
2 UNICENTRO
Apresentação/Introdução
O desenvolvimento motor é essencial para a autonomia e o bem-estar infantil, com reflexos na saúde ao longo da vida. A exposição precoce a smartphones/tablets (SP/T) tem se intensificado, podendo reduzir o tempo dedicado a experiências motoras e sociais fundamentais. Contudo, a relação com esses dispositivos ainda é pouco explorada quanto aos seus efeitos no desenvolvimento motor na primeira infância.
Objetivos
Verificar a prevalência de alterações no desenvolvimento motor nos domínios de motricidade ampla (MA) e fina (MF) em crianças de 24 meses de idade e analisar a associação entre o tempo de exposição aos SP/T e essas alterações.
Metodologia
Estudo transversal com dados do Projeto SmartKids, incluindo 519 mães/cuidadores. A coleta dos dados ocorreu em 2024, por relato parental, através de questionário adaptado de instrumentos validados e pela aplicação do IDADI-Breve. O desenvolvimento nos domínios de MA e MF foi classificado como típico, limítrofe ou alerta para atraso. A exposição aos SP/T foi definida em h/dia. Utilizou-se regressão logística ordinal, com entrada sequencial de variáveis agrupadas em cinco blocos. Apenas variáveis com p<0,20 foram mantidas nos modelos seguintes. A exposição aos SP/T foi inserida por entrada forçada em todos os modelos. Significância estatística: p<0,05. Resultados em odds ratio (OR) com IC95%.
Resultados
Verificou-se que 42,9% das crianças estavam expostas aos SP/T por até 2h/dia e 11,8% ≥2h/dia (média = 0,6 ± 1,0 h/dia). Na MA, 10,1% eram limítrofes e 7,3% em alerta para atraso; na MF, 4,3% eram limítrofes e 20,1% em alerta para atraso. Não houve associação significativa entre SP/T e MA (OR = 0,85; IC95% = 0,68;1,07; p = 0,17), e na MF a associação inicial (OR = 1,19; IC95% = 1,01;1,40; p = 0,03) perdeu-se após ajustes (OR = 1,12; IC95% = 0,96;1,31; p = 0,13) sugerindo a influência de outros fatores. Alimentação saudável e interação com adultos foram protetores para MA e MF. Crianças pretas/pardas e com cuidadores com uso problemático de SP tiveram maiores chances de atraso na MF.
Conclusões/Considerações
A exposição aos SP/T não apresentou associação independente com atrasos motores após ajustes. A relação inicial com MF desapareceu ao considerar interação com adultos e alimentação saudável, indicando que aspectos contextuais podem explicar melhor o desenvolvimento e que o efeito dos SP/T deve ser analisado em conjunto com variáveis psicossociais. Estudos longitudinais são necessários para avaliar os impactos desses dispositivos a longo prazo.
AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSCIOMÉTRICAS DE UM QUESTIONÁRIO AUTOAPLICADO DE LITERACIA EM SAÚDE BUCAL PARA ADOLESCENTES BRASILEIROS
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
2 UFMS
Apresentação/Introdução
Literacia em saúde bucal (LSB) está relacionada com habilidade de obter, processar e compreender informações sobre saúde bucal, permitindo tomadas de decisão adequadas sobre saúde bucal. Em adolescentes brasileiros, o baixo nível de LSB foi associado a características socioeconômicas e de saúde bucal desfavoráveis, mas existem poucos questionários validados especificamente para este público.
Objetivos
Avaliar as propriedades psicométricas do questionário Brazilian Oral Health Literacy - Youngs Questionnaire (BOHL-YQ) entre adolescentes de 15 a 19 anos de idade de escolas públicas.
Metodologia
Baseado em um instrumento desenvolvido para adultos no Irã, depois traduzido e validado para população brasileira, o BOHL-YQ, é uma versão adaptada e autoaplicável para adolescentes, composta de 12 questões, 15 itens pontuáveis. A verificação da adequação da linguagem foi realizada por meio de grupo focal e a avaliação das propriedades psicométricas foi realizada por meio do alpha de Cronbach, análise fatorial exploratória e confirmatória (AFE/C). A validade convergente foi estimada utilizando-se variáveis sociodemográficas e frequência e local da última consulta odontológica. Foram utilizados o software Stata® e o Jamovi®. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FSP/USP.
Resultados
Participaram 348 adolescentes. A AFE com 15 itens do instrumento identificou 5 fatores retidos e 1 item apresentou carga abaixo do ideal. A AFE com 14 itens apresentou boa consistência interna (α Cronbach 0,71) e fatores agrupados em 2 domínios: Cognitivo e Compreensão/Tomada de decisão. AFC explicou 84% da variabilidade dos achados. Quanto ao nível de LSB 36,3% apresentaram nível baixo, 24,6% intermediário e 39,1% alto. Na validade convergente, os escores de LSB foram estatisticamente maiores entre meninas, residentes da área urbana, com mães de mais de 9 anos de estudo, não recebem benefício do governo, tiveram última consulta no dentista há até 1 ano e esta no serviço privado.
Conclusões/Considerações
O Brazilian Oral Health Literacy - Youngs Questionnaire demonstrou ser um instrumento confiável e de fácil aplicação para mensurar a literacia em saúde bucal em adolescentes brasileiros e identificar os diferentes níveis desse construto.
CONCORDÂNCIA DOS ENFERMEIROS COM O MANUAL DE ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 SES-DF e UNB
2 UNB
3 AGSUS
Apresentação/Introdução
O acolhimento é uma tecnologia técnico-assistencial que qualifica o cuidado em saúde. Associado à classificação de risco, permite a priorização clínica. No DF, foi instituído um manual com 24 protocolos pediátricos para orientar enfermeiros. Avaliar a concordância com o manual é fundamental para sua efetividade.
Objetivos
Descrever a concordância entre enfermeiros da rede pública do DF sobre os conteúdos presentes no Manual de Acolhimento com Classificação de Risco instituído pela SES-DF.
Metodologia
Estudo descritivo e documental, recorte de projeto de pesquisa de mestrado, analisou prontuários pediátricos classificados no 1º semestre de 2023 no Hospital Regional de Ceilândia, unidade com maior volume de atendimentos pediátricos no DF em 2022. Amostra aleatória de 373 prontuários. Foram analisadas a cor da classificação de risco e a descrição do caso que justificasse a escolha. Coleta com instrumento próprio; análise descritiva. Aprovado pelo Comitê de Ética
Resultados
Verificou-se 78,66% de concordância com o manual, enquanto 10,93% não apresentaram concordância. Em 10,4% não havia dados suficientes para análise. Todas as classificações vermelhas estavam corretas. A maior não concordância ocorreu nos casos classificados como amarelo (17%), sendo que 65% deles deveriam ser verdes e 35% laranja, segundo os critérios do manual.
Conclusões/Considerações
Os resultados revelam convergências e divergências na aplicação do manual por enfermeiros, indicando a importância de estratégias de capacitação, revisão técnica de protocolos e ações para fortalecer a adesão. A padronização da classificação é essencial para garantir segurança e efetividade no cuidado.
ATRASO NO ESQUEMA BÁSICO DE IMUNIZAÇÃO ATÉ OS 15 MESES DE IDADE: UMA ANÁLISE NOS TERRITÓRIOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE SORRISO, MT
Pôster Eletrônico
1 UFR
Apresentação/Introdução
A vacinação até os 15 meses de idade é fundamental para o desenvolvimento de imunidade coletiva e individual contra diversas doenças infecciosas. Conhecer o perfil da população adscrita à Estratégia Saúde da Família que apresenta incompletude vacinal poderá contribuir com a proposição de políticas e estratégias públicas que busquem ampliar a cobertura vacinal infantil.
Objetivos
Analisar o perfil das crianças cadastradas na Estratégia Saúde da Família do Município de Sorriso, Mato Grosso, que apresentaram atraso em alguma vacina preconizada até os 15 meses de idade.
Metodologia
Estudo transversal, com amostra probabilística de 355 pais/responsáveis de criança menores de 2 anos de idade cadastradas na Estratégia Saúde da Família de Sorriso, MT. A coleta de dados foi realizada nos domicílios através de um questionário estruturado. A caderneta de vacinação da criança foi fotografada e posteriormente analisada. Considerou-se atraso vacinal se a criança recebeu alguma vacina preconizada até 15 meses após esta idade. Aplicou-se a estatística descritiva. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Rondonópolis, parecer Nº 5.891.237.
Resultados
A frequência de atraso no esquema básico de imunização até os 15 meses de idade foi de 8,73% (n=31). A idade média das crianças com atraso vacinal foi de 16,83 meses, pardas (70,96%), renda familiar de 1 a 2 salários mínimos (51,61%), mães com companheiro (90,32%) e que atuam no mercado de trabalho (58,06%). Todas (100%) as crianças realizam a imunização exclusivamente na Unidade Básica de Saúde, 83,87% receberam visita de Agente Comunitário de Saúde (ACS) nos últimos 60 dias e 90,32% dos pais/responsáveis informaram receber orientação sobre imunização de ACS. As vacinas com esquemas incompletos mais prevalentes foram tríplice viral (6,35%), hepatite A (3,38%), DPT (3,38%) e VOP (3,38%).
Conclusões/Considerações
A maioria das crianças recebeu as vacinas do esquema básico de imunização até os 15 meses em período oportuno. Os resultados indicam o papel da Estratégia Saúde da Família como importante ferramenta para o processo de imunização no município em estudo, com destaque para os ACS.
PREDIÇÃO DE CRESCIMENTO INFANTIL EM RIBEIRÃO PRETO E SÃO LUÍS USANDO TÉCNICAS DE MACHINE LEARNING
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Maranhão -UFMA. Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva - (PGSC-UFMA)
Apresentação/Introdução
O catch-up de peso é um processo de crescimento acelerado que ocorre após um período de restrição, especialmente relevante nos primeiros 1000 dias de vida — fase crítica para o desenvolvimento infantil. A ausência desse crescimento compensatório está associada a piores desfechos em saúde a curto e longo prazo.
Objetivos
Desenvolver modelos de aprendizado de máquina para prever crianças com risco de não apresentar catch-up de peso nos primeiros 1000 dias de vida em coortes do BRISA.
Metodologia
Analisou-se uma subamostra de 401 crianças nascidas com baixo ou muito baixo peso, das coortes de Ribeirão Preto e São Luís. Foram usados preditores maternos e infantis, incluindo características demográficas, clínicas e do pré-natal. Os dados passaram por imputação KNN, normalização, codificação de dummies e balanceamento de classes. Divididos em treino (80%) e teste (20%), com validação cruzada 5-fold. Testaram-se algoritmos (Random Forest, Regressão Logística, XGBoost, SVM, Árvore de Decisão). Métricas utilizadas para avaliar os modelos foram acurácia, F1-score, sensibilidade, especificidade, AUC-ROC e Brier Score.
Resultados
O modelo Random Forest com técnica de downsampling apresentou o melhor desempenho comparado aos outros modelos avaliados, alcançando acurácia de 0,70, F1-score de 0,71, sensibilidade de 0,82, especificidade de 0,58, AUC-ROC de 0,74 e Brier Score de 0,22. Entre os preditores mais influentes destacaram-se o perímetro cefálico, cor da mãe, histórico de internação desde o nascimento e idade materna
Conclusões/Considerações
Modelos de aprendizado de máquina, especialmente Random Forest, são eficazes para prever o não alcance do catch-up de peso. Esses modelos podem auxiliar profissionais de saúde na identificação precoce de crianças em risco,A implementação desses modelos pode favorecer a detecção precoce de crianças em risco e guiar estratégias de intervenção em saúde infantil oportunas para promover o crescimento adequado.
FATORES ASSOCIADOS AO CONTATO PELE A PELE APÓS O PÓS-PARTO IMEDIATO: EVIDÊNCIAS DOS ESTABELECIMENTOS VINCULADOS À REDE CEGONHA
Pôster Eletrônico
1 UFAL
2 UFMA
3 Fiocruz
Apresentação/Introdução
Persistem muitos desafios para que no que tange atenção à gestante pautada nas boas práticas nas maternidades brasileiras. Não há evidências de estudos de base populacional que explorem os fatores associados ao contato pele pele, após a implantação da Rede Cegonha em estabelecimentos que realizem parto no Brasil.
Objetivos
Analisar os fatores associados à implantação da prática de realização de contato pele a pele mãe-bebê no pós-parto imediato no Brasil.
Metodologia
Este é um estudo transversal, incluindo 606 estabelecimentos e 8.114 díades (puérperas e recém-nascidos). O contato pele a pele na sala de parto foi o desfecho. As covariáveis foram agrupadas em: 1) Nível distal – Local do parto; 2) Nível intermediário - características puérpera (escolaridade, cor da pele, idade e estado civil) e características da maternidade; e 3) Nível proximal (perfil obstétrico da parturiente) – profissional que assistiu o parto, qualidade do pré-natal, primípara, planejamento da gestação e tipo de parto. Foram realizados mapas coropléticos e análises de regressão de Poisson hierarquizadas, estimando-se razões de prevalências (RP) brutas e ajustadas (α=5%).
Resultados
A prevalência de CPP foi de 51,2%, com variação entre as regiões brasileiras, (p<0,001). Nas análises ajustadas, foram associados significativamente à maior ocorrência de CPP na sala de parto: residir no Sudeste (RP=1,15; p<0,001) e Sul (RP=1,21; p<0,001) em comparação ao Norte, parir por via normal (RP=2,38; p<0,001), em hospitais de gestão estadual (RP=1,07; p=0,017), de grande porte (RP=1,22; p<0,001) e certificados pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (RP=1,23; p<0,001), na presença de acompanhante (RP=1,35; p<0,001) e assistido por enfermeiro obstetra (RP=1,08; p=0,004).
Conclusões/Considerações
O contato pele a pele no pós-parto imediato está moderadamente implantado nos estabelecimentos da Rede de Cegonha. Esta boa prática foi mais frequente em mulheres residentes nas regiões mais ricas do país, que pariram por via normal, acompanhadas, nas maternidades mais bem estruturadas e assistidas por profissional não médico. É necessário ampliar o incentivo ao contato pele a pele ainda no local do parto, fortalecendo a saúde materna-infantil.
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS ENTRE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLAS MUNICIPAIS
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFES
Apresentação/Introdução
As escolas são ambientes propensos a acidentes, exigindo preparo dos estudantes para atendimentos iniciais em emergências. Embora a Lei nº 13.722/2018, Lei Lucas, preveja capacitação em primeiros socorros nas escolas anualmente, sua implementação ainda é limitada. Destaca-se o papel da educação em saúde e a atuação do enfermeiro na formação de alunos capazes de agir com segurança diante de intercorrências.
Objetivos
Avaliar o nível de conhecimento em primeiros socorros entre estudantes do ensino fundamental de escolas públicas municipais em São Mateus (ES).
Metodologia
Estudo transversal quantitativo realizado entre 2023 e 2024 em cinco escolas municipais do município de Sao Mateus. Participaram estudantes com mais de 10 anos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. A coleta ocorreu por formulário eletrônico aplicado presencialmente, com perguntas sociodemográficas e sobre conhecimento e experiências em emergências. Análise com STATA 13.0, estatística descritiva e teste qui-quadrado. Aprovado pelo Comitê de Ética do CEUNES/UFES (parecer nº 6.515.063).
Resultados
Foram entrevistados 125 estudantes, majoritariamente do 6º e 7º anos (63,4%), residentes em área urbana (86,4%) e com acesso à internet (96%). Apenas 20% relataram receber orientação sobre primeiros socorros na escola. As emergências mais presenciadas fora da escola foram cortes (80%), queimaduras (64%) e engasgos (34,4%). Na escola, prevaleceram cortes (4%) e fraturas (3,2%). Apenas 6,4% conheciam a manobra de Heimlich. Houve associação significativa entre conhecer o SAMU e saber seu número (p=0,008). Condutas incorretas, como conter a vítima (40,8%) e abrir a boca durante convulsão (45,6%), foram comuns.
Conclusões/Considerações
Os pontos de dificuldade apresentados pelos alunos podem ser trabalhados a partir de palestras, oficinas e capacitações. Algo que pode contribuir é realizar as intervenções com apoio da equipe de saúde do município através do PSE, ações integradas entre saúde e educação são fundamentais para reduzir vulnerabilidades, ampliar a resposta a emergências escolares e formar cidadãos conscientes e preparados.
FATORES DE QUALIDADE DA CONSULTA DE ENFERMAGEM EM PUERICULTURA NA ATENÇÃO BÁSICA :REVISÃO DE ESCOPO
Pôster Eletrônico
1 UFPI
Apresentação/Introdução
A puericultura é o acompanhamento sistemático do crescimento e desenvolvimento infantil para identificar vulnerabilidades e riscos e intervir adequadamente. A consulta de enfermagem utiliza métodos científicos para identificar, prescrever e implementar medidas que contribuam para a promoção, prevenção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde fundamentada no processo de enfermagem.
Objetivos
identificar os fatores que interferem na qualidade da consulta de enfermagem em puericultura na Atenção Primária à Saúde.
Metodologia
Revisão de Escopo na LILACS, SCIELO e BDENF, com os descritores Atenção Primária à Saúde, Cuidados de Enfermagem, Cuidado da Criança, Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde, isolados ou combinados por AND e OR. Os critérios de inclusão foram documentos publicados em periódicos indexados na área da saúde, nos últimos 5 anos, incluindo literatura cinzenta. Excluíram-se artigos que não abordavam o tema. Os dados foram organizados em categorias empíricas e analisados por análise temática. Foram incluídas nos resultados 33 publicações, sendo 28 artigos e 6 publicações do Ministério da Saúde, políticas públicas de saúde da criança, protocolos de saúde da criança e literatura cinzenta.
Resultados
Foram definidas três grandes categorias que influenciam diretamente nos fatores de qualidade da consulta de enfermagem em puericultura: Fatores Relacionados ao Profissional: destaca-se elementos de comunicação e caderneta da criança e a colaboração interprofissional. Fatores Relacionados à Mãe/Família: foca na criança e no núcleo familiar. O vínculo e a confiança com o enfermeiro, construídos desde o pré-natal, o contexto socioambiental, cultural e as crenças familiares impactam a prática dos cuidados; integrar saberes populares é fundamental. Fatores Relacionados ao Serviço: Estrutura adequada, insumos, profissionais capacitados e desburocratização são essenciais.
Conclusões/Considerações
A puericultura é uma atividade complexa na qual o enfermeiro precisa utilizar tecnologias leves e necessita da estrutura e os insumos adequados. A não implementação do processo de enfermagem bem como a relação que o enfermeiro estabelece com a família também afeta a qualidade da consulta. Constatou-se a necessidade da implantação de protocolos e a capacitação dos profissionais.
PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL PARA ADOLESCENTES E JOVENS NO BRASIL: REFLEXÕES A PARTIR DA LITERATURA (2010-2023)
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Pernambuco
Apresentação/Introdução
Revisão da literatura sobre as práticas de cuidado em saúde mental de adolescentes e jovens no Brasil. Tem como marco referencial o ano de publicação das Diretrizes Nacionais para Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde (2010), referência para as políticas de cuidado com esse público.
Objetivos
Analisar as práticas de cuidado em saúde mental produzidas em dispositivos de políticas públicas e equipamentos sociais no Brasil, entre os anos de 2010 e 2023.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, com inspiração teórica nas proposições de Sharon Walker (2015) e Alfonso Montuori (2005) para revisões dialógicas da literatura, buscando construir um debate a partir da articulação entre e com as produções. Foi realizada na Scientific Electronic Library Online (SciELO) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), cruzando os termos/descritores “cuidado”, “adolescente/adolescentes”, “jovem/jovens” e “saúde mental”; com os filtros de tempo de 2010-2023, artigos, idioma português e excluídos os fora do recorte etário, internacionais e temas divergentes. Resultou em 30 artigos que foram fichados, permitindo a associações entre temas emergentes e a criação de linhas narrativas.
Resultados
A análise foi agrupada em três eixos: a) Noções de saúde mental e repercussões nas práticas de cuidado, que integra compreensões sobre cuidado e saúde mental; b) A produção do cuidado em saúde mental, composta por repertórios sobre intersetorialidade, ações e estratégias de cuidado, formação e apoio matricial; c) Dispositivos de cuidado: organização e estrutura das equipes e serviços, com ênfase no debate sobre acesso, articulação dos serviços com os territórios e as desigualdades. As noções de adolescência e juventude, presentes nos documentos, contribuem para reflexões sobre como o cuidado em saúde mental pode ser favorecido quando estes sujeitos são reconhecidos como políticos e diversos.
Conclusões/Considerações
Compreende-se, com as reflexões decorrentes das análises, a necessidade das políticas de cuidado garantirem a diversidade e o respeito às singularidades da população adolescente e jovem. Além disso, para a transformação da lógica do cuidar em saúde mental faz-se necessário a articulação e fortalecimento de redes ampliadas, pautadas no compartilhamento, e tendo como finalidade a garantia da integralidade e continuidade do cuidado.
FILANTROPIA EMPRESARIAL E A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL PELA PRIMEIRA INFÂNCIA: UMA ANÁLISE SÓCIO-HISTÓRICA NO CAMPO DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
O avanço da agenda da primeira infância tem se articulado a um processo de crescente internacionalização de saberes técnico-científicos e à mobilização de organizações da sociedade civil, em especial da filantropia empresarial. Na saúde, essa atuação tem reconfigurado práticas de cuidado, prioridades e estratégias institucionais, nas dinâmicas sobre a formulação de políticas.
Objetivos
Analisar a influência da filantropia empresarial na construção da política municipal pela primeira infância, focando nas disputas simbólicas em torno das lógicas de cuidado, proteção e desenvolvimento orientadoras na agenda pública.
Metodologia
Estudo qualitativo, com abordagem sócio-histórica e fundamentação teórica na sociologia de Pierre Bourdieu. Realizado estudo de caso no município de São Paulo, com triangulação de dados: análise documental, bibliográfica e entrevistas com gestores públicos, representantes de ONGs e consultores envolvidos na política. A análise das trajetórias dos agentes considerou a composição de diferentes espécies de capital (social, político, burocrático, cultural e científico), segundo indicadores adaptados da literatura da Saúde Coletiva. O material empírico foi organizado e tratado por análise de conteúdo temática.
Resultados
Observou-se que a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal exerceu papel central na mobilização de saberes técnico-científicos e na institucionalização da agenda da primeira infância na gestão municipal. Sua parceria com o Center on the Developing Child – Universidade Harvard, foi fundamental na criação do Curso de Liderança Executiva em Desenvolvimento da Primeira Infância, responsável pela formação de quadros estratégicos no Executivo e Legislativo. A adoção de uma linguagem técnico-gerencial, informada por pressupostos do liberalismo econômico, ativou a implementação de estratégias de gestão, redefinindo prioridades, através da ênfase na racionalização do uso de recursos públicos.
Conclusões/Considerações
A atuação da filantropia empresarial em SP revela disputas simbólicas na política de atenção à infância envolvendo não apenas contradições público-privado, bem como diferentes concepções sobre o que significa cuidar, proteger e governar a infância. Evidencia-se a importância de análises sócio-históricas e críticas à Saúde Coletiva, na reflexão dos processos contemporâneos de legitimação de saberes e definição de prioridades no interior do Estado.
DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS MÃES NO CUIDADO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual do Ceará (UECE)
2 Universidade Regional do Cariri (URCA)
Apresentação/Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. O diagnóstico de TEA impõe às famílias uma série de desafios, compreendê-los é essencial para fomentar ações que promovam inclusão, apoio institucional e equidade no cuidado.
Objetivos
Identificar os principais desafios enfrentados pelas mães no cuidado diário dos filhos com transtorno do espectro autista.
Metodologia
Este estudo é de natureza descritiva, com abordagem qualitativa e caráter exploratório. Foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde da zona urbana do município de Jucás, Ceará. A coleta de dados ocorreu entre abril e maio de 2025, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Cariri (CAAE: 87575525.0.0000.5055). Foram conduzidas entrevistas face a face com mulheres maiores de 18 anos, mães de pelo menos uma criança ou adolescente com TEA. Como instrumento de coleta, utilizou-se um formulário com perguntas abertas elaborado pela própria autora. Os dados obtidos foram submetidos à análise temática, conforme proposto por Minayo (2014).
Resultados
As mães relataram preconceito e exclusão social enfrentados por seus filhos com TEA. Sentem que a sociedade os vê como diferentes "Olham pra minha filha de forma diferente... ela é especial" (M1). A resistência da criança para sair de casa "ele não aceita sair" (M2) e a falta de adaptação em ambientes como escolas "não interagem com ele, não botam ele para fazer as atividades" (M5) reforçam o isolamento. Muitas abandonaram trabalho e vida social "eu me afastei das pessoas" (M2), "deixo de sair para cuidar dele" (M4) devido à falta de apoio. As narrativas evidenciam desafios cotidianos, desde a negligência institucional até a solidão imposta pelo preconceito e desinformação.
Conclusões/Considerações
A maternidade de crianças com TEA envolve desafios complexos, desde demandas por cuidados constantes até consequências na vida pessoal e profissional dessas mulheres. Diante do exposto, é urgente que profissionais da saúde atuem no combate ao preconceito e na promoção da inclusão, realizando campanhas de sensibilização sobre TEA, facilitando espaços de diálogo com a comunidade e produzindo materiais educativos sobre a temática.
DETERMINANTES DA IDEAÇÃO SUICIDA EM JOVENS: O PAPEL DA DEPRESSÃO E DA ANSIEDADE
Pôster Eletrônico
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A ideação suicida entre jovens envolve diversos fatores sociais, psicológicos e comportamentais que influenciam o sofrimento psíquico nessa fase da vida. Compreender esses fatores é essencial para orientar intervenções que promovam o bem-estar mental e apoiem a prevenção do suicídio em populações jovens e vulneráveis.
Objetivos
Investigar a associação entre sintomas de depressão e transtorno de ansiedade generalizada com ideação suicida em jovens residentes na Bahia.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional, com amostragem probabilística, realizado com jovens de 15 a 29 anos na Bahia. O desfecho foi ideação suicida, avaliada pelo Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). As exposições principais foram sintomas de depressão e transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Realizou-se análise de regressão logística para identificar associações, incluindo no modelo variáveis com p < 0,20 na análise bivariada, mantendo as significativas (p < 0,05).
Resultados
Entre os 637 participantes, 6,12% relataram ideação suicida no último mês. Além disso, a prevalência de ansiedade e depressão foi de 17,27% e 9,6%, respectivamente. Na análise multivariada, após ajustes, depressão (p < 0,01) e TAG (p < 0,001) mantiveram associação significativa com ideação suicida. De forma independente, outras variáveis, como lazer, tabagismo e situação de trabalho, também apresentaram associação significativa
Conclusões/Considerações
Os achados reforçam a relevância da depressão e da ansiedade como marcadores de sofrimento psíquico associados à ideação suicida em jovens. Estratégias de atenção psicossocial devem ser ampliadas, especialmente entre populações expostas a múltiplas vulnerabilidades sociais.
ASSOCIAÇÃO ENTRE A DURAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E O CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS DOS ADOLESCENTES DA COORTE BRISA
Pôster Eletrônico
1 UFMA
2 UFPI
Apresentação/Introdução
O aleitamento materno é a primeira prática alimentar da criança, trazendo benefícios à saúde materna e infantil ao longo da vida. Na adolescência, compreender os hábitos alimentares é essencial para promover a saúde e prevenir doenças. Com isso, torna-se relevante investigar os impactos da prática do aleitamento materno na formação de hábitos alimentares na adolescência.
Objetivos
Investigar a associação entre a duração do aleitamento materno exclusivo e total e o consumo de alimentos ultraprocessados em adolescentes de 12-13 anos participantes da coorte de nascimento BRISA.
Metodologia
Trata-se de uma coorte prospectiva com dados de adolescentes de 12-13 anos participantes da coorte de nascimentos BRISA, São Luís, Maranhão, 2010. Foi avaliado o tempo de aleitamento materno exclusivo e total no primeiro seguimento da coorte. O consumo alimentar foi coletado aos 12-13 anos por meio de um Recordatório de 24h (R24h). Os alimentos foram classificados de acordo com o nível de processamento, sendo calculado o percentual calórico de alimentos ultraprocessados na dieta dos adolescentes. Foram realizadas análises de regressão multinomial para avaliar a associação entre o tempo de aleitamento materno e o consumo de alimentos ultraprocessados na adolescência, com o nível de significância de 5%.
Resultados
Foram identificadas medianas de aleitamento materno exclusivo e total de 5 e 8 meses, respectivamente. Observou-se que 41,8% das crianças foram amamentadas exclusivamente por até 6 meses e 63,9% foram amamentadas por menos de 12 meses de idade. Os adolescentes consumiram, em média, 1.711,8 Kcal/dia, sendo 510,3 kcal/dia (27,9%) de alimentos ultraprocessados. Não foram observados resultados estatisticamente significativos entre a duração do aleitamento materno exclusivo e total na infância com o consumo de alimentos ultraprocessados na adolescência e após análises de regressão multinomial múltiplas.
Conclusões/Considerações
Ressalta-se a necessidade de mais estudos que investiguem os efeitos protetores do aleitamento materno na formação de melhores hábitos alimentares a longo prazo, bem como do fortalecimento de políticas públicas voltadas à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar adequada, além do alerta para a necessidade da redução do consumo de alimentos ultraprocessados na adolescência.
MORTALIDADE FETAL EM PERNAMBUCO: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE RISCO ATRAVÉS DA ESTATÍSTICA DE VARREDURA ESPACIAL
Pôster Eletrônico
1 Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz-PE
Apresentação/Introdução
A mortalidade fetal é um indicador da assistência obstétrica, que reflete o cuidado integral à mulher, e a qualidade da atenção à saúde ofertada durante o período pré-natal e no momento do parto. A distribuição espacial dos óbitos fetais pode demonstrar desigualdades ao apontar dificuldades no acesso à rede de saúde materna e infantil por determinados grupos populacionais.
Objetivos
Descrever características epidemiológicas e a utilização da técnica de varredura espacial para identificação de clusters de óbitos fetais em Pernambuco.
Metodologia
Estudo ecológico realizado no estado de Pernambuco, com municípios como unidade de análise. Utilizaram-se dados dos Sistemas de Informações sobre Mortalidade, e sobre Nascidos Vivos. Aplicou-se estatística descritiva e teste qui-quadrado para comparação de proporções dos óbitos por quinquênio (2013 a 2017 e 2018 a 2022). Foram analisadas as variáveis: idade da mãe em anos, escolaridade da mãe em anos, tipo de gravidez, semanas de gestação, tipo de parto, sexo, peso ao nascer e local de ocorrência do óbito. Calculou-se o risco relativo, (RR) e foi realizada análise espacial, utilizando-se da técnica de estatística de varredura espacial, por meio do software SatScan 8.2.1.
Resultados
Registou-se 15.336 óbitos fetais, sendo 8.132 (53%) no primeiro quinquênio. Verificou-se significância estatística para as variáveis idade e escolaridade da mãe, tipo de parto, sexo e peso ao nascer. A idade materna inferior a 20 anos (1.557; 57,5%), escolaridade menor que 8 anos (3.458; 59,3%), parto vaginal (5.918; 53,6%), sexo masculino (4.086; 52,1%) e peso ao nascer inferior a 2.500g (5.332; 52,4%) apresentaram maior quantitativo no primeiro quinquênio. A ocorrência de óbitos durante o parto (412; 55,6 %) e fora dos estabelecimentos de saúde foi maior no segundo quinquênio (308; 54%). As regiões de saúde V, VI, VII e XI apresentaram clusters com elevado risco ao óbito fetal.
Conclusões/Considerações
A caraterização dos óbitos fetais permitiu compreender circunstâncias que implicaram na ocorrência das mortes. Os clusters de maior risco ao óbito apontam regiões prioritárias à intervenção do planejamento em saúde para melhoria da rede de assistência materna e infantil.
ASSOCIAÇÃO ENTRE EXCESSO DE GORDURA CORPORAL E TRANSTORNOS MENTAIS EM ADOLESCENTES DA COORTE RPS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Maranhão
2 Universidade Federal do Piauí
Apresentação/Introdução
A obesidade, caracterizada pelo excesso de gordura corporal, é um dos problemas mais preocupantes na saúde pública, afetando diferentes fases da vida. Além dos danos à saúde física, alguns estudos sugerem associação entre a obesidade e transtornos mentais, influenciada por fatores socioeconômicos principalmente em cenários de maior vulnerabilidade social.
Objetivos
Avaliar a associação entre o percentual de gordura elevado, avaliado por método de alta validade diagnóstica, e Fobia Social, Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e Depressão em adolescentes de uma coorte de São Luís-MA.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados do acompanhamento realizado em 2015/2016 com os participantes aos 18 e 19 anos da coorte de nascimento de São Luís 1997/1998. Para avaliar a associação entre excesso de gordura corporal e fobia social e TAG, foram utilizados modelos de regressão logística multivariados. Já a associação entre excesso de gordura corporal e depressão foi analisada por meio de modelos de regressão de Poisson multivariados, com ajuste robusto da variância. Para todas as análises o nível de significância foi de 5%. As análises foram realizadas no software R Studio.
Resultados
O excesso de peso foi identificado em 19% dos adolescentes, e o excesso de gordura corporal em 26,7%. A prevalência de transtornos psiquiátricos foi de 6,1% de fobia social, 3,5% de TAG e 11,8% de depressão. Não foi observada associação entre o percentual de gordura ou gordura corporal elevada com fobia social. No entanto, o aumento de 1% no percentual de gordura corporal esteve associado com aumento de 2% na chance de TAG (OR = 1,02; IC95% = 1,00-1,05; p = 0,027). A gordura corporal elevada (RP = 1,03; IC95% = 1,00-1,06; p = 0,048) e o percentual de gordura corporal (RP = 1,00; IC95% = 1,00-1,00; p = 0,001) apresentaram associação significativa à maior prevalência de depressão.
Conclusões/Considerações
Observou-se associação entre o aumento do percentual de gordura corporal com os transtornos mentais TAG e depressão. Os resultados reforçam a necessidade de intervenções voltadas para essa faixa etária, com foco na melhoria da composição corporal e na redução da prevalência de transtornos mentais, uma vez que esses fatores, além de representarem risco para o desenvolvimento de outras doenças, também reduzem a qualidade de vida.
TEMPO DE EXPOSIÇÃO ÀS TELAS: UMA VARIÁVEL A SER CONSIDERADA NO CUIDADO À PRIMEIRA INFÂNCIA.
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
A interação com as telas tornou-se uma variável importante a ser considerada no cuidado às infâncias, dados os impactos da revolução digital para o desenvolvimento humano. Este estudo faz parte de uma pesquisa de doutorado que investiga a percepção de mulheres-mães sobre relações entre experiências de gestação, parto-nascimento e práticas familiares de cuidado e educação na primeira infância.
Objetivos
Analisar o tempo de exposição de crianças às telas, durante os 6 primeiros anos de idade, como parte da investigação de práticas de cuidado e educação em contexto familiar, na perspectiva de mulheres-mães.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo exploratório, realizado com mulheres-mães participantes da pesquisa-exposição Sentidos do Nascer (2015). Em 2022, após busca de 546 das 650 participantes, 282 retornaram contato e foi distribuído questionário para autopreenchimento no software LimeSurvey, com 60 questões objetivas e 7 discursivas. Dentre as categorias investigadas, estavam as práticas familiares de cuidado e educação, apresentando como uma das variáveis o tempo de exposição às telas com a pergunta: “Qual tempo médio diário de exposição às telas (TV, computador, celular, tablet) na rotina dessa criança de acordo com as idades abaixo? Considerar o tempo de telas de todos os dispositivos”.
Resultados
Dentre as 282 mulheres que retornaram contato, 120 responderam ao questionário de forma completa. Observa-se que até 1 ano, 47,5% foram expostos menos de 1h/dia e 23,3% nunca expostos. Outros: 1-2h (15,8%), 2-3h (7,5%), >3h (4,2%). Aos 2 anos: 35,8% expostos menos de 1h; 33,3% entre 1-2h; 6,7% nunca expostos. Outros: 2-3h (14,2%), >3h (8,3%). Aos 3 anos: 49,2% expostos entre 1-2h; 16,7% menos de 1h; 4,2% nunca expostos. Outros: 2-3h (15,8%), >3h (12,5%). Aos 4 anos: 39,2% expostos entre 1-2h; 24,2% entre 2-3h; 26,7% >3h. Aos 5 anos: Apenas 3,3% expostos menos de 1h; 27,5% entre 1-2h; 31,7% entre 2-3h; 36,7% >3h. Aos 6 anos: 40% expostos por mais de 3h; 25,8% entre 1-2h; 26,7% entre 2-3h.
Conclusões/Considerações
Foi observado aumento de tempo médio de exposição às telas entre o 5ºe 6º ano de vida das crianças, se comparadas às idades anteriores, o que coincide com a faixa etária na qual se encontravam durante o período de isolamento social devido à pandemia de COVID-19. Segundo orientações de organismos internacionais e legislação vigente, é necessário o controle, vigilância parental e educação digital nas vivências das crianças diante das telas.
ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO SOFREM MAIOR INFLUÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS
Pôster Eletrônico
1 UECE
Apresentação/Introdução
A adolescência é uma fase marcada por intensas transformações biopsicossociais. Nos últimos anos, essa fase vem sofrendo ainda mais influência das mídias e redes sociais, uma vez que adolescentes passam muitas horas do dia expostos ao ambiente digital, estando mais vulneráveis a prejuízos para a saúde mental e qualidade de vida.
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo avaliar a associação entre a influência das mídias sociais e fatores sociodemográficos e estado nutricional de adolescentes.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal e quantitativo realizado com adolescentes de escolas públicas municipais de Fortaleza-CE. Coletaram-se dados sociodemográficos, clínicos e antropométricos. Os participantes responderam um questionário contendo dados sociodemográficos e tiveram aferidas as medidas de peso e altura, para cálculo do IMC, e circunferência da cintura, para identificar a obesidade abdominal. Para investigar as influências das mídias sociais, utilizou-se o questionário validado SATAQ-3. A variável de exposição foi o excesso de peso (IMC por idade). Foram utilizados testes estatísticos descritivos e inferenciais (Qui-quadrado), com nível de significância de 5%.
Resultados
Dos 828 adolescentes avaliados, 53,9% eram meninas, 38,2% apresentaram excesso de peso e 13%, obesidade abdominal. A alta influência das mídias sociais foi observada em 62,3% dos adolescentes do sexo feminino. Essa proporção foi ainda maior entre os adolescentes com excesso de peso (61,4%; p<0,001) e obesidade abdominal (64,8%; p<0,05). Não houve associação da influência das mídias sociais com sexo, raça/cor de pele, idade e classe socioeconômica.
Conclusões/Considerações
Foi elevada a proporção de adolescentes expostos à alta influência das mídias sociais, especialmente entre aqueles com excesso de peso e obesidade abdominal. Os achados reforçam a importância de ações preventivas que abordem o uso crítico das mídias, em escolas públicas e privadas.
COBERTURA E OPORTUNIDADE VACINAL EM CRIANÇAS NASCIDAS EM 2022: INQUÉRITO VACINAL EM CONTEXTO RURAL E INDÍGENA NO MUNICÍPIO DE DOIS IRMÃOS DO BURITI-MS
Pôster Eletrônico
1 Mestrado profissional em Saúde da Família (PROFSAÚDE)- Fiocruz Mato Grosso do Sul
2 Escola Nacional de Saúde Pública -Fiocruz
3 Escola Nacional de Saúde Pública- Fiocruz
4 Fiocruz Mato Grosso do Sul
5 Colégio Militar de Campo Grande/Fiocruz Mato Grosso do Sul
6 PROFSAÚDE - Fiocruz Mato Grosso do Sul
Apresentação/Introdução
A vacinação infantil é essencial para prevenir doenças imunopreveníveis. No Brasil, a queda nas coberturas vacinais tem se agravado com desigualdades territoriais e hesitação vacinal, especialmente após a pandemia da COVID-19. Avaliar a cobertura vacinal real é fundamental para orientar estratégias eficazes e sustentáveis no âmbito do SUS.
Objetivos
Analisar a cobertura vacinal de crianças nascidas no ano de 2022 no município de Dois Irmãos do Buriti- MS, identificando os fatores associados ao esquema básico incompleto.
Metodologia
Realizou-se um Inquérito de Cobertura Vacinal (ICV) com 158 crianças nascidas no município em 2022, identificadas via SINASC. A coleta de dados ocorreu por meio de aplicação de questionário estruturado e verificação das cadernetas de vacinação em visitas domiciliares dos ACS previamente treinados, em novembro de 2024. Avaliaram-se as vacinas da Meta 4 do PQA-VS: Pentavalente, Poliomielite, Pneumocócica 10-valente e Tríplice Viral. Foram analisadas variáveis socioeconômicas, acesso e hesitação vacinal. Os dados foram tabulados e submetidos a testes qui-quadrado de associação, considerando-se o nível de significância estatística p<0,05.
Resultados
Das 158 crianças elegíveis, 17,7% foram perdias por mudança de endereço ou ausência de caderneta. A cobertura vacinal pelo ICV no município foi de 35,4%, sendo de 45,1%, 29,2% e 25,7%, respectivamente, nas zonas urbana e rural e nas comunidades indígenas. O ICV mostrou maior cobertura em comparação ao método administrativo, revelando subnotificação. A posse de motocicleta foi o único fator associado ao esquema básico completo (p=0,048), sugerindo influência do transporte e das condições socioeconômicas no acesso à vacinação. A menor escolaridade dos responsáveis e a raça/cor indígena estiveram associadas à vacinação incompleta. A complacência foi um fator importante na hesitação vacinal.
Conclusões/Considerações
O estudo confirma desigualdades territoriais no acesso à vacinação, com impacto negativo entre populações indígenas e rurais com baixas coberturas vacinais pelo ICV de 45,1% na zona urbana e 25,7% nas comunidades indígenas. A metodologia do ICV revelou-se mais sensível que os dados administrativos. A complacência foi identificada como um fator importante na Hesitação vacinal.
ACESSO E ACESSIBILIDADE DE ADOLESCENTES NO SUS:UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 UFBA/ISC
Apresentação/Introdução
Em que pese os avanços das normativas relacionadas ao segmento etário de adolescentes, em diversas áreas, sabe-se que a garantia do acesso e acessibilidade ao SUS nos três níveis de atenção de forma integral, integrada e igualitária ainda apresenta muitos desafios, sobretudo para a população adolescente.
Objetivos
Objetivos: Analisar a partir de uma pespectiva multidimensional, as principais barreiras e fatores facilitadores do acesso e acessibilidade de adolescentes no SUS apontados nos estudos científicos do período de 2010 a 2024.
Metodologia
Para tanto, foram pesquisadas as seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs); MEDLINE e BDENF. Assim, com base na Declaração Prisma 2020, uso do software de revisão sistemática Rayyan-Intelligent Systematic e, em conformidade com matrizes específicas construídas, foi feita uma análise de conteúdo, de forma exploratória e qualitativa, orientada pela problemática norteadora da revisão, seguida de uma interpretação e sistematização dos resultados encontrados.
Resultados
Foram identificados 1.587 artigos, dos quais 68 eram duplicatas, resultando em 1.519 artigos elegíveis para a triagem inicial. Após leitura dos títulos e resumos, 1.417 artigos foram novamente excluídos . Assim, 102 artigos foram selecionados para a leitura na íntegra, dos quais 44 compuseram a amostra final.
A análise geral dos estudos selecionados evidenciou a existência de múltiplas barreiras que comprometem o acesso e acessibilidade de adolescentes aos serviços do SUS, nas diferentes dimensões: psicossocial, relacional, organizacional e estrutural.
Conclusões/Considerações
Apesar normativas legais e dos avanços na ampliação da rede básica de saúde, o acesso e acessibilidade aos serviços ainda constitui um desafiio, sendo evidenciadas muitas barreiras nas 4 dimensões ( psicossocial, relacional, organizacional e estrutural, mas também muitos facilitadores e muitas possibilidades de ações e intervenções, que apontam na direção da conquista de serviços mais amigáveis aos adolescentes brasileiros.
A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE DE ADOLESCENTES EM ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Pôster Eletrônico
1 IMS/UERJ
2 IMS / UERJ
3 EPSJV/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Adolescente em Conflito com a Lei (PNAISARI) redefinida no ano de 2014 através da portaria 1.082/2014 publicada pelo Ministério da Saúde definiu aos municípios a responsabilidade sanitária da gestão da saúde e estabeleceu os princípios que deverão ser considerados na organização do cuidado e dos serviços destinados a essa população.
Objetivos
Identificar e analisar a organização do cuidado e as estruturas dos serviços de saúde destinada ao atendimento de adolescentes privados ou restritos de liberdade no estado do Rio de Janeiro.
Metodologia
A pesquisa adota uma abordagem qualitativa de natureza teórica e exploratória que busca identificar e analisar as estruturas dos serviços de saúde municipais destinados ao cuidado de adolescentes em privação ou restrição de liberdade no estado do Rio de Janeiro. A pesquisa considerou o período de 2014 e 2024 sendo realizada a partir de levantamento bibliográfico e documental e análise de dados secundários, tendo como referência os Planos Operativos e os Plano de Ação Municipais da PNAISARI e os dados do monitoramento dos indicadores da política referente aos eixos de saúde mental e direitos humanos, a promoção da cultura de paz e a prevenção de violências e assistência às vítimas.
Resultados
No estado do Rio de Janeiro há treze municípios com unidades socioeducativas de internação e semiliberdade com a definição de dezoito unidades básicas de saúde de referência para a organização das ações de saúde destinada aos adolescentes em atendimento socioeducativo. Os municípios habilitados na PNAISARI recebem recurso de custeio do Ministério da saúde e da Secretaria Estadual de Saúde. Contudo há uma baixa participação dos Conselhos Municipais na fiscalização da execução dos Planos de Ação e aplicação do recurso de custeio pelos municípios nas ações de saúde voltada aos adolescentes em privação e restrição de liberdade.
Conclusões/Considerações
A atenção básica como coordenadora do cuidado de saúde e responsável pela organização dos serviços e ações destinados aos adolescentes fortalece a perspectiva do cuidado em liberdade nos territórios e de direitos humanos se contrapondo a lógica da instituição total prevista nos espaços prisionais. Contudo é preciso avançar na fiscalização da execução do recurso financeiro para ampliar o cuidado à saúde dos adolescentes.
ATENDIMENTO COMPARTILHADO EM PUERICULTURA: EXPERIÊNCIA DE EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO À SAÚDE INFANTIL
Pôster Eletrônico
1 UFPE
2 UPE
3 Prefeitura do Recife
Período de Realização
21/08/2024 à 23/04/2025
Objeto da experiência
Atendimento multiprofissional compartilhado no acompanhamento de puericultura em Unidade de Saúde da Família (USF)
Objetivos
Compartilhar a experiência de atendimento multiprofissional na puericultura, promovendo acompanhamento integral do crescimento e desenvolvimento infantil, com ênfase na prevenção de problemas alimentares e na promoção da saúde bucal.
Descrição da experiência
As consultas de puericultura são realizadas por enfermeira, residentes de enfermagem, nutrição e odontologia, em atendimento conjunto. Cada profissional contribui com avaliação e orientação às famílias, promovendo cuidado integral e ampliando a prevenção. A prática permitiu identificar alterações no crescimento, na alimentação e na saúde bucal, além de fortalecer o vínculo com as famílias, que se mostraram satisfeitas com o acompanhamento multiprofissional.
Resultados
A prática favoreceu a identificação precoce de alterações no crescimento, hábitos alimentares inadequados e problemas bucais. Houve aumento da adesão às boas práticas alimentares, maior efetividade nas orientações e fortalecimento do vínculo com as famílias, que demonstraram satisfação em serem acompanhadas por vários profissionais ao mesmo tempo.
Aprendizado e análise crítica
O trabalho conjunto permitiu uma visão mais ampla das necessidades infantis e promoveu o aprendizado entre os profissionais. Apesar de alguns desafios logísticos, a prática mostrou-se eficaz para qualificar o atendimento e melhorar a percepção dos usuários sobre o cuidado recebido, destacando a importância da multiprofissionalidade.
Conclusões e/ou Recomendações
O atendimento multiprofissional em puericultura foi bem-sucedido, trazendo benefícios tanto para o cuidado infantil quanto para a formação profissional. Recomenda-se a continuidade e expansão da prática, além do fortalecimento das estratégias de organização interna para otimizar o atendimento compartilhado.
TRANSFORMANDO O MEDO EM CUIDADO: O HOSPITAL DO URSINHO COMO ESTRATÉGIA FORMATIVA NA ATENÇÃO PEDIÁTRICA
Pôster Eletrônico
1 Idomed/Estácio
2 Idomed/Estacio
Período de Realização
01/08/2024 a 31/05/2025
Objeto da experiência
Implantação do "Hospital do Ursinho" em Hospital Público (RJ), visando humanização pediátrica e formação médica qualificada com ludicidade e simulação
Objetivos
Qualificar experiência crianças hospitalizadas rede pública via Hospital do Ursinho: reduzir medo/estresse, fortalecer protagonismo, ampliar repertório saúde. Qualificar formação estudantes em competências clínicas, comunicacionais, humanizadas, para acolhimento e equidade SUS.
Metodologia
Projeto em hospital público na zona norte do Rio de Janeiro: crianças cuidam de ursinhos em estações simulando atendimento pediátrico, orientadas por estudantes de Medicina capacitados para escuta sensível, manejo empático e atenção a vulnerabilidades socioemocionais. Cada etapa é oportunidade para educação em saúde lúdica e contextualizada. A iniciativa articula ludicidade e formação crítica, fortalecendo o acolhimento em cenários de alta complexidade do SUS.
Resultados
A intervenção com 100 participantes (crianças e mães em situação de vulnerabilidade, usuárias do SUS), demonstrou significativa redução da ansiedade infantil e fortalecimento da confiança materna no processo de cuidado. Concomitantemente, estudantes de medicina aprimoraram habilidades essenciais de comunicação, empatia e vínculo terapêutico, traduzindo-se em avanços na humanização do atendimento e na consolidação de um ambiente hospitalar mais acolhedor e equânime
Análise Crítica
A experiência revelou o potencial transformador do cuidado lúdico na rede SUS, ao fomentar a reflexão crítica e a empatia nos estudantes – competências fundamentais para ressignificar o medo infantil e efetivamente humanizar o cuidado. A articulação entre ludicidade e formação prática mostrou-se decisiva para fortalecer uma cultura de cuidado centrada na criança, instrumentalizando futuros profissionais para uma atuação sensível e resolutiva em contextos de alta complexidade no SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
O Hospital do Ursinho revela-se uma potente estratégia replicável, crucial para a educação médica e o cuidado pediátrico humanizado no SUS (ODS 3, 10), ao passo que desenvolve vínculo e competências humanísticas essenciais. Urge sua expansão para outras unidades públicas, incluindo a Atenção Primária, e a valorização da extensão universitária como instrumento chave para a equidade e a qualificação do cuidado infantil.
SAÚDE E ESCOLA: AÇÃO AO COMBATE AO ABUSO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.
Pôster Eletrônico
1 ENSP/FIOCRUZ
Período de Realização
Dia 14 de maio de 2025, na escola municipal Prof.ª Laura Sylvia Mendes Pereira no Caju, RJ.
Objeto da experiência
Ação do Programa Saúde na Escola (PSE) de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.
Objetivos
O objetivo da atividade foi reforçar a importância da temática em virtude do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, solenizado no dia 18 de maio, através de uma ferramenta pedagógica para a promoção da saúde.
Metodologia
Foi realizada uma dinâmica intitulada de “Semáforo do Toque”, utilizada para ensinar às crianças sobre o respeito aos limites do corpo. O PSE foi elaborado pelos residentes em Saúde da Família da ENSP/Fiocruz, em uma escola municipal com alunos entre 6 e 11 anos. Foram utilizados adesivos verdes, amarelos e vermelhos, que representavam diferentes tipos de toques, que foram colados em bonecos de papelão a partir de discussão conjunta com os alunos sobre a adequação dos locais a serem tocados.
Resultados
A atividade foi fundamental para debater a importância do consentimento. Duas crianças sinalizaram terem sido tocadas de forma inapropriada, resultando na notificação de casos de violência, através da ficha individual do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foi realizada uma reunião entre a direção da escola e a equipe de saúde da família para discussão e planejamento de estratégias para acompanhamento dos casos e sensibilização dos profissionais a este tipo de violência.
Análise Crítica
A articulação intersetorial da rede de Atenção Primária à Saúde e da rede de Educação propicia a adesão das escolas à programação do PSE, contribuindo para o desenvolvimento integral dos alunos da rede pública. A carência de ações focadas no combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes, somado ao alto número de notificações, demonstra a importância de trazer visibilidade à temática e elaborar ações nos diferentes espaços do território.
Conclusões e/ou Recomendações
Por fim, constatamos que é indispensável construir ações e atividades que abordem a discussão sobre violência sexual com crianças e adolescentes fora e dentro do ambiente escolar, contribuindo assim para a formação de uma geração mais saudável e consciente através de atividades de promoção e prevenção direcionadas à infância e à juventude.
IMPLANTAÇÃO DE EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS PARA FORTALECER O CUIDADO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SUSPEITA DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA APS DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 SMS - RJ
2 SMS-RJ
Período de Realização
De Outubro de 2023 até o presente momento
Objeto da experiência
Equipe multiprofissonais voltadas para o desenvolvimento infantil - eMulti DI
Objetivos
Relatar a implantação de nove equipes multiprofissionais voltadas para o desenvolvimento infantil no Município do Rio de Janeiro, analisar a estratégia para ampliar o acesso ao diagnóstico de TEA, qualificar o cuidado e o encaminhamento para reabilitação intelectual
Descrição da experiência
As eMulti DI atuam em parceria com a APS, realizando avaliações diagnósticas em crianças e adolescentes com suspeita de TEA. Foi feito diagnóstico da rede, identificado demanda reprimida, dificuldades com os encaminhamentos e os gargalos no acesso ao cuidado. Realizadas encontros com profissionais sobre marcos do desenvolvimento, estabelecidos protocolos de rastreio e fluxos de encaminhamento. A fila para reabilitação foi qualificada, investiu-se em intersetorialidade e monitoramento das ações
Resultados
A implantação das eMulti DI colaborou para qualificação do processo diagnóstico e ampliou o acesso. Melhorou a identificação precoce de sinais de TEA e fluxos de encaminhamento. A iniciativa contribuiu para reduzir a espera e fortalecer a resolutividade da APS. Desafios: poucos profissionais especializados que desejem trabalhar no SUS; ainda há identificação tardia de casos e dificuldades no alinhamento dos processos frente à diversidade territorial e limitações para monitoramento adequado
Aprendizado e análise crítica
Experiência das eMulti DI evidenciou que o cuidado a crianças e adolescentes com suspeita de TEA exige articulação entre níveis de atenção e setores. E, expôs fragilidades, como a escassez de profissionais especializados e a dificuldade em padronizar fluxos em uma rede marcada por desigualdades territoriais. Aprendeu-se que o sucesso da estratégia está diretamente ligado à capacidade da gestão em investir em formação continuada e garantir cuidado centrado na família e no território
Conclusões e/ou Recomendações
A eMulti DI demonstrou potencial para transformar o cuidado à criança e adolescente com suspeita ou diagnóstico de TEA na APS, promovendo maior acesso, qualificação diagnóstica e cuidado integral. São necessários investimentos em formação, articulação intersetorial, escuta territorial e monitoramento. A sustentabilidade da estratégia depende do fortalecimento da rede intersetorial diante das vulnerabilidades e diversidades sócio familiares.
PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL NA ESCOLA: MOMENTO DE CUIDADO COM ALUNOS DO 8° E 9° ANO DE UMA ESCOLA PÚBLICA
Pôster Eletrônico
1 UFC
Período de Realização
A ação foi realizada no mês de outubro do ano de 2024.
Objeto da experiência
Ação de promoção da saúde mental com estudantes de escola pública, ofertada por professor de Educação Física.
Objetivos
Promover a saúde mental dos estudantes; refletir sobre a importância do cuidado em saúde mental; estimular ações de cuidado no ambiente escolar.
Descrição da experiência
Realizou-se uma vivência de cuidado com alunos do 8° e 9° ano por meio de uma “sala das sensações”. Vendados e guiados, os alunos receberam estímulos sensoriais: massagens (tato), aromas (olfato), alimentos (paladar) e música (audição). O professor conduziu a atividade relaxante com comandos simples, como sentar, ouvir, levantar e abraçar.
Resultados
A atividade foi conduzida pelo professor de Educação Física, com especialização em Saúde Mental Coletiva, e contou com o apoio de alunos de outras turmas. A proposta foi bem recebida pelos estudantes e pela gestão escolar, que também participou da experiência. A maioria dos estudantes demonstrou interesse, alguns se emocionaram, e muitos solicitaram novas ações como essa.
Aprendizado e análise crítica
Apesar da dificuldade em se realizar esse tipo de ação atípica, o momento proporcionou aprendizado a todos os envolvidos. Os estudantes refletiram sobre o autocuidado e a saúde mental de forma mais consciente; os alunos que auxiliaram compreenderam o valor do protagonismo e do ato de cuidar e ser cuidado. O professor ampliou sua visão sobre o ato de educar e a sua relação com o cuidado, e a gestão escolar reconheceu a importância de ações como essa no cotidiano escolar.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou a importância de ações de cuidado na escola. Propostas como essa podem ser replicadas com toda a comunidade escolar, promovendo saúde, educação em saúde, melhoria no desempenho escolar e qualificação das relações. Recomenda-se ampliar a ação com articulação intersetorial, aproximando a escola de outros serviços, como a saúde, qualificando as políticas de promoção à saúde e fortalecendo a autonomia no cuidado.
FRENECTOMIAS LINGUAIS EM RECÉM NASCIDOS: MEDICALIZAÇÃO, ALEITAMENTO E OS DESAFIOS PARA A SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 UFES
Período de Realização
Trabalho realizado entre os meses de agosto de 2022 e maio de 2025.
Objeto da experiência
Análise crítica de casos de indicação e realização de frenectomias em bebês recém nascidos, no contexto da promoção do aleitamento materno.
Objetivos
Problematizar o aumento das frenectomias em bebês recém nascidos a partir da perspectiva da Saúde Coletiva; refletir sobre os limites entre clínica, mercado e cuidado no início da vida.
Metodologia
Como cirurgiã-dentista com atuação voltada para amamentação, e formação em Saúde Coletiva, acompanho em minha prática clínica o aumento de casos de indicação de frenectomias em bebês com poucos dias de vida, e as fragilidades da avaliação. Além disso, a experiência inclui reflexão crítica de condutas clínicas, estudos publicados e participação em espaços de discussão científica e institucional sobre o tema.
Resultados
Observou-se um aumento nos encaminhamentos para frenectomia com base em diagnósticos frágeis, desconsiderando singularidades e fatores socioculturais do aleitamento. O encaminhamento cirúrgico muitas vezes antecede o manejo clínico da amamentação, que resolve a maioria dos casos. Essa precipitação resulta em procedimentos desnecessários, com impactos negativos na amamentação e relatos de dor e dificuldades na mamada e controle dos movimentos linguais.
Análise Crítica
experiência revelou a atuação de um mercado de intervenção precoce, com forte apelo nas redes sociais, em um período crítico para a mãe e o bebê, e para a amamentação. O cuidado integral é prejudicado, com atendimento centralizado em poucos profissionais isolados. Questiona-se a redução do processo sociocultural da amamentação a critérios anatômicos descontextualizados e o enfraquecimento das políticas públicas de proteção ao aleitamento materno.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente repensar os critérios para frenectomias, fortalecendo o cuidado interdisciplinar, a escuta ativa e o manejo qualificado em amamentação. A medicalização do aleitamento por cirurgias precoces compromete direitos e perpetua desigualdades, com demanda exagerada e mercantilização do procedimento. Recomenda-se seguir protocolos baseados em evidência e princípios da bioética e saúde coletiva
MOMENTOS MICRO-ÉTICOS NA CONSTRUÇÃO E CONDUÇÃO DE ENTREVISTAS COM CRIANÇAS
Pôster Eletrônico
1 IFF/Fiocruz
2 Ipub/UFRJ
Período de Realização
A pesquisa foi realizada entre agosto de 2022 e agosto de 2024
Objeto da experiência
Construção e condução de entrevistas com crianças de modo eticamente informado, no contexto de uma pesquisa sobre o brincar e mídias digitais.
Objetivos
Apresentar a experiência de entrevistar crianças em pesquisa qualitativa, destacando os momentos micro-éticos durante o processo de pesquisa que se traduzem nas negociações, aprendizados, tensões e estratégias para garantir escuta ativa e respeitosa das crianças.
Descrição da experiência
Trata-se de uma experiência que integra uma pesquisa de doutorado sobre os atravessamentos de vídeos de YouTube no brincar, que teve duas etapas: a) análise de 100 vídeos de crianças “brincando”; b) entrevistas com crianças entre 7 e 9 anos, online e presenciais. Abordaremos aqui as entrevistas, porém, em vez de apresentar os resultados (que ainda estão em análise), refletimos sobre o nosso fazer, destacando os momentos micro-éticos que moldaram a construção e condução das entrevistas.
Resultados
Os convites foram enviados via WhatsApp e respondidos apenas por mães. Enviamos o TCLE e o RALE em vídeo. Os detalhes da entrevista foram negociados conjuntamente entre mãe, criança e pesquisadora. A maioria optou por entrevistas online e demonstrou familiaridade com a plataforma. Utilizamos a metodologia da entrevista-conversa e oferecemos a possibilidade de desenhar. As crianças articularam os vídeos do YouTube ao cotidiano.
Aprendizado e análise crítica
O uso de recursos como vídeo-RALE e entrevista-conversa permitiu maior aproximação à linguagem e modos de expressão das crianças. Contudo, a mediação dos responsáveis revelou desafios relacionados ao adultocentrismo e à invisibilidade das vozes infantis. Foi necessário negociar constantemente espaços de fala e escuta. A experiência reforçou a importância de incluir as crianças desde o início, ampliando seu protagonismo e reformulando ético-metodologicamente futuras investigações.
Conclusões e/ou Recomendações
Nossa experiência ilumina que a ética não se faz evitando a complexidade, mas caminhando com ela. Não é checklist, mas processo vivo, de negociação, flexibilidade, escuta e cuidado. Em vez de seguir normativas universais, propomos práticas situadas, que criem pesquisas nas quais as crianças não apenas sejam objetos, mas sim sujeitos.
A LINGUAGEM COMO CAPITAL SIMBÓLICO E DE RESISTÊNCIA EM SAÚDE NAS PERIFERIAS
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Período de Realização
Julho de 2024.
Objeto da experiência
Imersão da fonoaudiologia em Saúde Mental e Coletiva na Atenção Primária em Saúde em comunidades periféricas no Brasil: São Paulo e Amazonas.
Objetivos
Apresentar e discutir os modos como as práticas de linguagem se manifestam e influenciam as práticas de saúde na atenção básica junto a populações periféricas, com ênfase aos processos culturais e nas relações de poder.
Descrição da experiência
Durante essa imersão, o profissional realizou apoio matricial, visitas domiciliares, atendimentos individuais e grupais, envolvendo-se profundamente com os contextos locais e com os sujeitos. Um diário cartográfico foi elaborado como ferramenta metodológica para registrar experiências e observações durante esse processo, tornando-se fundamental tanto para documentar a experiência, quanto para promover um processo contínuo de reflexão.
Resultados
A análise dos diários revelou contrastes na atenção primária. Em Campinas, a vida urbana e a busca por padronização resultam na medicalização da infância. No Parque das Tribos (Manaus), há um conflito entre práticas tradicionais e o sistema de saúde/educação, que desconsidera a diversidade étnica, apesar da linguagem preservar saberes ancestrais. Já nas comunidades ribeirinhas do Rio Amazonas, a saúde e o cuidado familiar são moldados pela íntima relação com o rio e o ritmo de vida local.
Aprendizado e análise crítica
A imersão em periferias brasileiras mostrou a complexidade dos modos de vida e cuidado, onde o território ativo molda a linguagem e saberes. Mecanismos de controle uniformizam indivíduos, mas a linguagem atua como capital simbólico e resistência. Valorizar narrativas locais e redes de apoio promove saúde inclusiva. Para a fonoaudiologia, a linguagem é fundamental para um cuidado equitativo e culturalmente sensível, superando o modelo biomédico.
Conclusões e/ou Recomendações
A imersão em periferias revelou que a linguagem, como capital simbólico, é crucial na construção do cuidado e resistência à medicalização. É fundamental que fonoaudiólogos e outros profissionais de saúde valorizem narrativas locais e a diversidade cultural, promovendo práticas inclusivas que subvertem a lógica biomédica e combatem a marginalização das populações vulneráveis.
RAP DA SAÚDE: PROTAGONISMO JUVENIL E EDUCAÇÃO ENTRE PARES NA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
Período de Realização
Da reestruturação como curso de formação em 2015 até a última turma formada em março 2025.
Objeto da experiência
Curso de Formação de Adolescentes e Jovens Promotores de Saúde - RAP da Saúde - na Atenção Primária à Saúde (APS) no município do Rio de Janeiro (MRJ).
Objetivos
A qualificação de jovens promotores de saúde visa fortalecer a linha de cuidado de adolescentes e jovens na APS do MRJ, facilitar o acesso e a frequência dessa população aos serviços, fomentar o autocuidado em saúde e contribuir para a transformação de atitudes e comportamentos.
Descrição da experiência
O RAP da Saúde é um projeto da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro que forma adolescentes e jovens cariocas de 14 a 24 anos para atuarem como promotores de saúde nas unidades de saúde e em seus territórios. Eles são qualificados em temas relacionados à promoção da saúde, direitos humanos, cidadania e cultura, planejando e desenvolvendo ações educativas e de mobilização que incentivam o acesso dessa população aos serviços de saúde e fortalecem a participação das juventudes no SUS.
Resultados
Entre 2015 e 2024, foram realizadas seis chamadas públicas para o curso, somando 49.099 inscritos. Desde então, o RAP da Saúde formou 1.207 adolescentes e jovens, realizou 18.867 ações educativas e de mobilização, alcançando 640.422 pessoas. A turma 2024/2025 contou com 197 alunos de todo o município do Rio de Janeiro, uma turma diversa, com migrantes e refugiados, jovens em acolhimento institucional ou cumprindo medida socioeducativa, além de um núcleo de surdos.
Aprendizado e análise crítica
O curso destaca a importância do protagonismo juvenil na construção de estratégias de cuidado para essa população. A educação entre pares potencializa a disseminação de informações em saúde e amplia as ações de promoção nas unidades. A presença dos jovens também qualifica a escuta das equipes de saúde e torna a APS mais acessível. Em todo o caso, ainda enfrentamos desafios para consolidar o apoio dos profissionais ao curso no território e reforçar o acompanhamento longitudinal.
Conclusões e/ou Recomendações
O acesso de adolescentes e jovens à APS ainda é um desafio. A experiência do RAP da Saúde pode inspirar políticas voltadas a essa população, com potencial de adaptação a diferentes contextos territoriais e culturais. Para tanto, é preciso superar barreiras organizacionais, rever práticas profissionais e reconhecer esses sujeitos como protagonistas de seu processo saúde-doença e na melhoria de sua qualidade de vida.
OFICINAS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ESTUDO DO CÂNCER INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz
2 Instituto Federal de Mato Grosso do Sul
Período de Realização
Foi realizada no período de Abril a Maio de 2025.
Objeto da experiência
Realizar oficinas de histórias em quadrinhos com crianças e adolescentes em acompanhamento oncológico em um hospital na cidade do Rio de Janeiro.
Objetivos
Avaliar o uso de oficinas dialógicas de histórias em quadrinhos (HQs) como instrumento investigativo dos saberes e vivências de crianças em acompanhamento oncológico, identificando suas lacunas e potencialidades.
Metodologia
Foram realizadas cinco oficinas piloto com crianças e adolescentes com idade acima de 7 anos de idade, mediante a assinatura dos respectivos termos de assentimento (TALE) e consentimento livre e esclarecido (TCLE), conforme exigido pelos protocolos éticos. Utilizaram-se papel A3, lápis de cor e imaginação como recursos para facilitar diálogos com o público. As pesquisadoras também participaram e disponibilizaram exemplares de HQ da Turma da Mônica estimulando a participação na atividade.
Resultados
Foram 17 participantes e 20 produções. Quanto às potencialidades: (1) aceitabilidade; envolvimento e diversão; (2) diálogos despertados na leitura do TALE no formato de HQ; (3) participação estimulada pela presença de HQs e pesquisadoras desenhando; e (4) presença de emoções como alegria e tristeza, e palavras como medo, super-herói, cura, vencer e morte. Por outro lado, houve (1) interrupções frequentes e (2) desestímulo pela presença de outras atividades na sala, destacando-se o videogame.
Análise Crítica
O câncer infantojuvenil representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes. A desinformação e o medo são as causas mais comuns de abandono do tratamento, que pode levar à diminuição da sobrevida. Conhecer o ponto de vista de crianças e adolescentes sobre seu adoecimento aponta caminhos para construção e uso de abordagens simples, eficazes, lúdicas e envolventes, para processos de ensino e aprendizagem importantes à promoção da saúde em uma temática densa como o câncer.
Conclusões e/ou Recomendações
As oficinas realizadas se apresentaram eficazes como caminho investigativo, favorecendo elaborações do público, apontaram a realização de um número superior a 5 oficinas ampliando os diálogos, os aprendizados e seus desdobramentos. Além disso, as oficinas indicaram a pertinência de outros locais de realização, fora do ambiente hospitalar, de modo a ampliar diálogos, aprendizados, melhora na qualidade de vida dos pacientes e promoção da saúde.
ARTICULAÇÃO INTERSETORIAL PARA O CUIDADO INTEGRAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: A INSERÇÃO DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NO GT BOCA DO RIO
Pôster Eletrônico
1 ISC/ UFBA
2 Distrito Sanitário Boca do Rio / SMS
3 CMEI União da Boca do Rio/SME
Período de Realização
Março de 2023 – em curso.
Objeto da experiência
Atuação intersetorial do Grupo de Trabalho de Proteção à Saúde da Criança e do Adolescente no Distrito Sanitário Boca do Rio (GT Boca do Rio).
Objetivos
Relatar a inserção da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva com Ênfase no Desenvolvimento Infantil (REDICa) no GT Boca do Rio em Salvador/BA, destacando os efeitos formativos da experiência e sua contribuição para o fortalecimento da rede de cuidado à infância e adolescência no território.
Descrição da experiência
Criado em 2022, o GT reúne representantes intersetoriais para discutir e enfrentar situações de vulnerabilidade infantojuvenil no território. Desde 2023, a REDICa participa das reuniões mensais itinerantes, contribuindo para a escuta e sistematização de demandas do território e na produção compartilhada de estratégias de cuidado. A partir da inserção da nova turma em 2025, tem-se intensificado o reconhecimento dos dispositivos e fluxos locais e ampliado as estratégias de atuação em rede.
Resultados
Destaca-se a colaboração da residência no mapeamento inicial dos equipamentos institucionais e comunitários, contribuindo para consolidar práticas integradas de cuidado no território. A permanência da REDICa no GT permitiu aprofundar a compreensão sobre os determinantes sociais no contexto infantojuvenil e fortalecer o cuidado longitudinal, sensível ao contexto comunitário. A articulação intersetorial favoreceu a consolidação de práticas voltadas ao cuidado integral à infância e adolescência.
Aprendizado e análise crítica
A vivência estreita vínculos entre setores e afirma a presença das residentes como trabalhadoras do SUS inseridas nas dinâmicas locais, implicadas na construção de respostas coletivas aos desafios do território e em articulações que aproximam as políticas das realidades vividas. Também revela tensões e desafios na sustentação da intersetorialidade, como a rotatividade de profissionais e a sobrecarga dos serviços, exigindo compromisso institucional para garantir sua continuidade e efetividade.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que os grupos intersetoriais são dispositivos estratégicos para a proteção integral infantojuvenil no território. Recomenda-se o fortalecimento institucional de espaços como o GT, com garantia de agenda, coordenação compartilhada e presença de múltiplos setores. A inserção da residência no GT se fortalece como dispositivo formativo e de produção de cuidado na comunidade.
INFÂNCIA SEGURA: A EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO ALIADA
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Período de Realização
18 de junho de 2024, no turno matutino.
Objeto da experiência
Ação educativa para prevenção da violência sexual infantil, com 250 crianças, de 7 a 10 anos incompletos, em uma escola municipal de Imperatriz/MA.
Objetivos
Conscientizar crianças sobre seus direitos e a segurança do corpo, ensinando a reconhecer toques indesejados e situações abusivas.
Descrição da experiência
A iniciativa ocorreu em uma manhã na Escola Municipal em Imperatriz/MA, foi utilizada uma combinação de palestras com linguagem adaptada e atividades lúdicas interativas, com auxílio de materiais audiovisuais, como vídeos e animações educativas, sendo usados de forma a envolver o público. Criando um ambiente acolhedor e seguro, onde as crianças pudessem compreender a importância de proteger seus corpos, identificar situações de risco e saber a quem recorrer.
Resultados
Percebeu-se o aumento notável do conhecimento das crianças sobre violência sexual infantil, evidenciado pela capacidade de identificar toques seguros e perigosos, e contato com seus direitos. As atividades lúdicas e materiais audiovisuais foram cruciais na absorção das informações. Observou-se também maior abertura das crianças para conversar sobre o assunto, pois permite que as crianças se sintam seguras para expressar suas preocupações e buscar apoio.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou desafios iniciais na obtenção de abertura da escola para a discussão da temática e na adaptação da linguagem para a compreensão infantil. Após a fase de adaptação e construção de um ambiente de confiança, houve grande adesão das crianças, com participação ativa e genuína durante as interações.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência mostrou que metodologias lúdicas e linguagem adaptada capacitam crianças a identificar riscos e buscar ajuda, fortalecendo sua autonomia e segurança. Recomenda-se replicar iniciativas como esta em larga escala, com apoio das secretarias de educação e saúde e capacitação de profissionais multidisciplinares.
SAÚDE PLANETÁRIA E AUTOCUIDADO NA ADOLESCÊNCIA: PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA O BEM-ESTAR HUMANO E AMBIENTAL, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFMS
Período de Realização
Realizada em maio de 2025, através do projeto do Mestrado em Enfermagem “Popularização da Ciência”.
Objeto da experiência
Adolescentes de 11 a 15 anos de uma escola estadual em um município no interior do estado de Mato Grosso do Sul.
Objetivos
Relatar a experiência de mestrandos no desenvolvimento de atividades de educação em saúde focada na relação entre saúde planetária e o autocuidado com adolescentes.
Descrição da experiência
A ação extensionista desenvolveu-se por meio de rodas de conversa, dinâmicas de grupo e o uso da projeção de conteúdo (ilustrações, textos e imagens), abordando os desafios globais contemporâneos, relacionados ao aumento da poluição do ar, água e solo, consequências de irregularidades ao cuidado com o planeta que afetam diretamente o bem-estar humano. Foi proposto registrar ações que cada participante faz para cuidar do planeta, ao final os mediadores descreveram a importância do autocuidado.
Resultados
No total foram 270 alunos e 8 professores da escola envolvidos na ação, participação ativa, proporcionando troca de vivências com o meio ambiente e o autocuidado, os adolescentes elaboraram frases e desenhos sobre práticas de cuidado ao planeta como o lixo no descarte correto, meios de locomoção sustentáveis, conscientização dos membros da família e comunidade. Ao final foi proposto metas para mudanças dos hábitos durante 7 dias para incentivar práticas saudáveis.
Aprendizado e análise crítica
Destaca-se que a escola está localizada em uma região de referência em produção de celulose, responsável por 24% da produção nacional, aproximadamente 5,5 milhões de toneladas por ano. Esse contexto potencializou a importância da abordagem sobre o cuidado planetário. Durante o desenvolvimento das atividades extensionistas, foi possível refletir a importância do desenvolvimento sustentável alinhado com a participação da comunidade, nas questões ambientais.
Conclusões e/ou Recomendações
Compreende-se a necessidade de manter espaços para diálogo com adolescentes, visto que é um público jovem em fase de construção do pensamento crítico demandando intervenções para conscientização de cidadania. O Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação, favorece a inserção de alunos pós-graduação na comunidade, fortalecendo a popularização da ciência e translação do conhecimento técnico-científico junto à comunidade.
BEM TE VI: AUTOESTIMA E CIRURGIA PLÁSTICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Pôster Eletrônico
1 HOSPITAL GETÚLIO VARGAS FILHO
Período de Realização
A experiência foi realizada entre 20 de junho a 26 de setembro de 2024.
Objeto da experiência
crianças e adolescentes entre 2 anos e 14 anos, 11 meses e 29 dias.
Objetivos
Fornecer acompanhamento psicológico pré e pós cirúrgico para crianças, adolescentes e familiares integrantes do Projeto Bem Te Vi, do Hospital Getúlio Vargas Filho, em Niterói. O projeto contempla uma parceria entre as equipes de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Psicologia.
Descrição da experiência
O Projeto Bem Te Vi foi uma iniciativa do Hospital Getúlio Vargas Filho, com os setores de Cirurgia Plástica, Dermatologia e Psicologia. As inscrições foram realizadas por meio do Google Forms, divulgado em redes sociais. Foram atendidos 104 pacientes no ambulatório de cirurgia plástica, e 89 em atividades de psicologia, e 7 Rodas de Conversa com 80 familiares, em sua maioria mães. Todas as atividades foram registradas pela equipe com anotações baseadas em observação psicológica.
Resultados
Foram realizadas atividades lúdicas com desenhos, imagens e recortes de frases afim de que os pacientes pudessem expor aspectos de sua personalidade e questões com a imagem física, relacionamentos interpessoais e demandas relacionadas à cirurgia. Foi criado um ambiente seguro para compartilhamento de experiências, com trocas importantes sobre autoestima, como cada um se reconhece fisicamente, bullying, etc. Questões mais complexas foram encaminhadas para atendimento psicológico clínico.
Aprendizado e análise crítica
Diante das trocas com os pacientes e responsáveis, ressaltamos a importância do acompanhamento psicológico em questões relacionadas à imagem. Ressaltamos que é essencial um relacionamento aberto e uma escuta ativa, principalmente atualmente com o aumento da influência das redes sociais em diversos aspectos da vida social, incluindo questões de autoimagem. Isso também aparece na diferença da postura entre crianças e adolescentes, e na diferença da influência familiar sobre esses grupos.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto Bem Te Vi foi uma experiência muito enriquecedora para todos os envolvidos, tanto do hospital quanto paciente e responsáveis. Principalmente as atividades pré-operatórias. As atividades de follow up não apresentaram o mesmo impacto, sendo recomendado maior dedicação a esse período do acompanhamento.
PAPO RETO: GRUPO COM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL DE SOROCABA
Pôster Eletrônico
1 SES- Prefeitura Municipal de Sorocaba- SP
Período de Realização
A experiência foi realizada entre os meses de abril a novembro de 2024.
Objeto da experiência
Fundamentou-se na atuação de uma residente em Saúde da Família e Comunidade em um Grupo com jovens na APS, no município de Sorocaba/SP.
Objetivos
Promover a saúde e o bem-estar dos adolescentes por meio de ações educativas, escuta ativa e fortalecimento de vínculos, contribuindo para o desenvolvimento saudável e o protagonismo juvenil. Melhorar o rendimento escolar, prevenir agravos à saúde e estimular o ingresso acadêmico.
Descrição da experiência
A experiência contou com a participação de 25 adolescentes. Nos encontros eram realizadas palestras, rodas de conversas e dinâmicas a fim de oferecer informações relevantes sobre: sexualidade, saúde mental, autocuidado e futuro profissional. Os encontros eram realizados a cada 15 dias e os temas variavam conforme adesão do grupo. Os adolescentes responderam um questionário no primeiro dia do grupo e no último sobre quais os planos para o futuro, como estavam suas emoções e temas de saúde.
Resultados
As respostas dos questionários demonstraram a relevância do grupo para os adolescentes. No primeiro questionário relataram que não tinham pensado em qual profissão seguir ou estudar/trabalhar; que não compreendiam suas emoções e algumas dúvidas sobre saúde (sexualidade e autocuidado). No segundo questionário relataram sobre o interesse em realizar uma faculdade e continuar estudando. Além de melhora na compreensão dos sentimentos e as dúvidas sobre saúde foram sanadas.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a importância de espaços de escuta e educação em saúde com adolescentes. O grupo promoveu reflexões sobre o futuro, emoções e autocuidado, favorecendo o autoconhecimento e o interesse pelo estudo. Observou-se que, quando ouvidos e orientados com linguagem adequada, sem julgamentos os adolescentes demonstram maior clareza em suas escolhas e mais segurança sobre si e seu corpo. Além de aproximar e fornecer um cuidado para os jovens que não costumam procurar a UBS.
Conclusões e/ou Recomendações
O grupo trouxe reflexões importantes para a prática profissional. Os grupos com adolescentes são estratégias eficazes para promoção da saúde e apoio ao desenvolvimento pessoal. Recomenda-se a continuidade e ampliação dessas ações na Atenção Primária, com escuta ativa, linguagem acessível e temas definidos com participação dos jovens, fortalecendo o vínculo com os serviços de saúde.
DA ESCUTA CLÍNICA À PESQUISA: A CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO SOBRE PARENTALIDADE E USO DE TELAS NA INFÂNCIA
Pôster Eletrônico
1 UNICESUMAR
Período de Realização
Projeto elaborado e qualificado entre janeiro de 2024 a março de 2025
Objeto da experiência
Relato sobre a construção de projeto de pesquisa baseado em vivências clínicas como psicóloga com pais no sistema de saúde privado.
Objetivos
Apresentar o processo de elaboração de um projeto de mestrado sobre mediação parental no uso de telas, refletindo sobre como experiências clínicas com famílias inspiraram a definição do tema, a revisão teórica e a escolha metodológica para compreender determinantes da saúde na mediação parental.
Descrição da experiência
A pergunta de pesquisa surgiu a partir de atendimentos a pais em operadoras de saúde, cujas queixas revelavam dificuldades no exercício da parentalidade diante da cultura digital. Causava angústia perceber que, mesmo com orientações profissionais, os pais não conseguiam colocá-las em prática, comprometendo os efeitos da intervenção com as crianças e gerando frustração no trabalho na área infantil. Isso motivou a construção de um projeto qualitativo sobre mediação parental e determinantes sociais da saúde.
Resultados
A angústia clínica, somada ao início do mestrado em Promoção da Saúde, fortaleceu a ideia de prevenir o adoecimento a partir das vivências dos pais. Isso impulsionou a construção de um projeto que investigasse a lacuna entre recomendações médicas e a realidade das famílias, evidenciando entraves como estilos parentais e fatores sociais. A revisão de literatura confirmou a escassez de estudos qualitativos e revelou o enfraquecimento dos vínculos diante da sobreposição das tecnologias à função parental.
Aprendizado e análise crítica
O processo revelou que, ao se falar em mediação parental, é preciso considerar múltiplas variáveis que atravessam essa prática: tempo disponível, condições de trabalho, renda, estrutura familiar e acesso a espaços alternativos de convivência. As queixas ouvidas em consultório mostram que as telas são, muitas vezes, uma resposta ao cansaço e à falta de suporte, tornando os dispositivos uma espécie de mediador do cuidado e substituto da presença, gerando impactos na saúde mental das crianças.
Conclusões e/ou Recomendações
A escuta clínica de país em sofrimento diante do uso de telas pelas crianças é um ponto de partida potente para pesquisas que articulem promoção da saúde. No consultório, o profissional acessa realidades sociais concretas, o que exige um olhar crítico e ético. Recomenda-se que pesquisadores considerem suas experiências práticas como fonte legítima de formulação de problemas científicos socialmente relevantes.
INTERNATO DE NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA (INSC): DA FORMAÇÃO ACADÊMICA À AÇÃO PELA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA PRIMEIRA INFÂNCIA.
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Período de Realização
Primeiro semestre de 2024 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Promoção da alimentação saudável na primeira infância por meio de intervenções educativas realizadas no INSC.
Objetivos
Relatar as ações desenvolvidas pelos discentes do INSC na APS voltadas à promoção do aleitamento materno, alimentação complementar e EAN na primeira infância, com foco em atividades educativas e suporte nutricional a crianças em situação de risco.
Descrição da experiência
O INSC desenvolveu ações educativas em uma APS no bairro do Jacaré, voltadas à primeira infância: atendimentos nutricionais, atividades em creches, capacitação de profissionais sobre aleitamento e alimentação complementar, campanhas de doação de leite humano com uso de folhetos e caixas de coleta, produção de conteúdos no Instagram e práticas regulares com o grupo “Comer, Brincar e Sorrir”, fortalecendo o vínculo com a comunidade e a promoção da saúde na infância.
Resultados
As ações do INSC ampliaram o cuidado nutricional na primeira infância ao fortalecer práticas educativas sensíveis ao território. Observou-se maior apropriação do conhecimento sobre alimentação complementar e aleitamento por profissionais e usuários. As vivências também ampliaram o olhar do nutricionista para além da clínica, reforçando sua atuação na APS como educador, articulador e agente de promoção da saúde no território.
Aprendizado e análise crítica
O sucesso das ações esteve condicionado à sua adaptação ao contexto local. As ferramentas digitais e impressas funcionaram como ponto de partida, mas a escuta ativa nos atendimentos e na visita à creche revelou as barreiras reais, moldando o suporte especializado. O principal aprendizado foi que a atuação na APS exige uma prática dialógica, que flexibiliza o conhecimento técnico para construir soluções viáveis e fortalecer a autonomia dos pacientes.
Conclusões e/ou Recomendações
A EAN tem importante papel na promoção da saúde na infância, devendo ser incorporada pelos profissionais de saúde, sendo o nutricionista da eMULTI um importante ator nesse processo. Investir em práticas dialogadas com os usuários da APS, estratégias inovadoras e digitais na disseminação de informação, na capacitação de profissionais, apoio às ações de promoção ao aleitamento materno potencializa os impactos nos indicadores de saúde nesta fase.
SERVIÇO DE PSICOLOGIA EM ONCOLOGIA INFANTOJUVENIL: PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DO CUIDADO MULTIDISCIPLINAR NO SUS.
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Goiás - UFG
2 Universidade Estácio de Sá Goiás
3 Universidade Católica de Santos
Período de Realização
A Instituição foi inaugurada em 09/06/2025 e o serviço de Psicologia implantado desde 01/04/2025.
Objeto da experiência
Um relato sobre a implantação do serviço de Psicologia em um hospital especializado no tratamento de crianças e adolescentes no Estado de Goiás.
Objetivos
Teve como objetivo discorrer sobre a contribuição da Psicologia no campo da determinação social da saúde de crianças e adolescentes em tratamento oncológico e apresentar a trajetória percorrida na sua implementação.
Descrição da experiência
Foram contratados três psicólogos que, após a integração, elaboraram manual da categoria, macroprocesso, protocolo e POPs sobre: avaliação psicológica; atendimentos em ambulatório, UTI e enfermaria; suporte em casos de óbito; comunicação de notícias difíceis; visita infantojuvenil e preparo para alta. Baseados em referenciais do CFP e políticas públicas, os documentos foram validados pela gestão e governança clínica, com treinamentos programados nas áreas envolvidas.
Resultados
A implantação do serviço de Psicologia contribui para a transversalidade e assertividade das ações com crianças e adolescentes com câncer e suas famílias, garantindo acolhimento qualificado, apoio em saúde mental e fortalecimento do trabalho interdisciplinar. Destaca-se, ainda, reuniões com outras categorias profissionais para discussão de documentos e alinhamento de condutas reforçam a segurança e a uniformidade das práticas institucionais.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a importância de atualização constante, com base nas diretrizes do Conselho Federal de Psicologia e Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC). Os materiais elaborados garantem segurança nas intervenções e contribuem para a formação de novos profissionais. A Psicologia tem papel estratégico na oncologia pediátrica ao oferecer suporte emocional, facilitar a comunicação de notícias difíceis e auxiliar na elaboração psíquica do adoecimento.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência da doença na infância e adolescência transcende a dimensão biológica, impactando as esferas psicológica, social e política desses sujeitos em desenvolvimento. Assim, o campo da Psicologia e das políticas públicas de saúde é convocado a elaborar práticas que dialoguem com as determinações sociais da saúde, promovendo atenção centrada na singularidade, visando ampliar o acesso, a equidade e a integralidade do cuidado em saúde.
CUIDAR DESDE O INÍCIO: A EXPERIÊNCIA DE BENEVIDES COMO CIDADE DA PRIMEIRA INFÂNCIA
Pôster Eletrônico
1 SMS
2 PB
3 UFPA
Período de Realização
Desde 2021, Benevides tem se destacado por se comprometer com a primeira infância
Objeto da experiência
O desenvolvimento integral da criança nos primeiros anos de vida é essencial para a formação de indivíduos saudáveis, ativos e responsáveis.
Objetivos
Consolidar Benevides como referência em políticas públicas voltadas à primeira infância, promovendo ações integradas que envolvam saúde, educação, cultura, assistência social e urbanismo.
Sensibilizar a comunidade sobre a importância dos cuidados na primeira infância.
Descrição da experiência
Uma das iniciativas mais importantes do município foi sua participação no projeto Urban95, da Fundação Van Leer, que planejam os espaços urbanos a partir da altura de uma criança de 95 centímetros, ou seja, da perspectiva dos pequenos. A gestão municipal criou um comitê intersetorial da primeira infância, Elaboração de um Plano Municipal da Primeira Infância (PMPI) com metas e ações concretas para saúde, educação, proteção e desenvolvimento das crianças.
Resultados
Requalificação de espaços públicos com enfoque no brincar livre e seguro. Unidades de saúde, escolas e creches com espaços infantis acolhedores. A implantação de rotas escolares seguras. O programa Primeiro Afeto com maior presença paterna/materna nos cuidados e maior vínculo familiar. Implantado um Centro de Referência de Saúde da Mulher e da Criança. Realização do Projeto Rua de Brincar. o Programa Benevides Recicla. Vacinação itinerante em escolas e praças. Aumento dos Indicadores de saúde.
Aprendizado e análise crítica
O município vem sendo reconhecido como referência em políticas para a Primeira Infância. Participa de redes colaborativas, tem inspirado outras cidades da região amazônica a investir nos primeiros anos de vida como estratégia de desenvolvimento sustentável e inclusão social. Os resultados demonstram que, ao priorizar a infância, é possível construir uma cidade mais justa, humana e preparada para o futuro. A experiência revela que investir nas crianças é investir em toda a sociedade.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência de Benevides como Cidade da Primeira Infância demonstra que é possível promover o desenvolvimento integral de crianças por meio de políticas públicas planejadas de forma intersetorial. Contudo, superar as barreiras requer continuidade política, participação social ativa. Investir na primeira infância é investir no futuro e Benevides entendeu essa missão, afinal, uma cidade boa para as crianças é uma cidade boa para todos.
SAÚDE MENTAL E ADOLESCÊNCIA: DESAFIOS PARA A PRODUÇÃO DO CUIDADO NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UNEB
Período de Realização
Acolhimentos em Saúde Mental realizados entre março e maio de 2025 na APS de um município baiano.
Objeto da experiência
Cuidado em saúde mental de adolescentes cadastrados em serviços de APS de um município da região Centro-Norte do estado da Bahia.
Objetivos
Descrever a experiência de uma profissional da E-Multi no acolhimento ambulatorial de saúde mental de adolescentes; Apontar desafios, fragilidades e potencialidades na produção do cuidado.
Descrição da experiência
Trata da escuta clínica ambulatorial de adolescentes (10 a 19 anos) e seus responsáveis, sob o viés da Psicologia da Saúde ocorridos em Unidades Básicas de Saúde. Os atendimentos se sustentaram na proposta da Equipe E-multi Estratégica para contribuir com a ampliação da resolubilidade da APS do município. Os atendimentos duraram, em média, 30 minutos e ocorreram por demanda espontânea ou através de encaminhamentos de profissionais da Rede.
Resultados
Os atendimentos, como previsto, ocorreram mediante participação de um responsável. A experiência revelou que embora haja preocupações relacionadas às transformações biopsicossociais dos adolescentes, os responsáveis tendem a simplificar as emoções dos jovens. Estas são frequentemente traduzidas como “drama”, “frescura” e “falta de ocupação para a mente”. Isso pode contribuir para o isolamento e silenciamento dos jovens, assim como na resistência em procurar atendimento em saúde mental.
Aprendizado e análise crítica
O cuidado em saúde mental na adolescência deve considerar os atravessamentos históricos, culturais e políticos. Os equipamentos de saúde precisam ser espaços seguros para a quebra dos estigmas enraizados socialmente, através de uma atuação profissional ética e sensível em prol do empoderamento, autonomia e dignidade dos adolescentes. A produção do cuidado em saúde mental envolve um trabalho sensível em busca da superação de estigmas, invisibilização e preconceitos da sociedade e famílias.
Conclusões e/ou Recomendações
Há estigmas em relação a saúde mental e a adolescência. A saúde é um setor privilegiado para promoção e garantia dos direitos, vínculos, diálogos e valorização das subjetividades dos adolescentes. Nesse sentido, para além das demandas recebidas em encaminhamentos, é essencial que o trabalho seja fundamentado na lógica de cuidado colaborativo, a partir da interação dos profissionais e equipes em prol da integralidade e resolubilidade do cuidado.
O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR: PRÁTICAS EM SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 Universidade de Brasília - UnB
2 Universidade Estadual da Bahia - UNEB
Período de Realização
As informações foram coletadas entre março de 2024 e maio de 2025.
Objeto da experiência
Pesquisa realizada em um hospital pediátrico no Distrito Federal, analisando práticas de humanização utilizadas com pacientes hospitalizados.
Objetivos
Compreender como a humanização do cuidado se manifesta em um ambiente hospitalar pediátrico.
Descrição da experiência
Por meio desta pesquisa, observamos as práticas de saúde coletiva no contexto hospitalar pediátrico. Foi possível identificar as ações de humanização promovidas pelas equipes envolvidas no processo de internação dos pacientes. Atividades promovem acolhimento e ampliam o olhar do cuidado voltado não só para o paciente como seu acompanhante.
Resultados
Constatou-se um cuidado efetivo voltado ao bem-estar dos pacientes, no qual ações lúdicas e participativas contribuem significativamente para a promoção da saúde de crianças e adolescentes hospitalizados. Essas atividades são realizadas de forma estimulante, incentivando a autonomia dos pacientes no contexto hospitalar, promovendo saúde e estando em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH), com destaque para o acolhimento e a cogestão.
Aprendizado e análise crítica
A partir de ações voltadas para o lúdico é possível promover saúde mesmo em ambientes de cuidado de média e alta complexidade. É necessário estimular o envolvimento e participação ativa de pacientes e acompanhantes, favorecendo a autonomia e coparticipação durante o processo de hospitalização.
Conclusões e/ou Recomendações
A vivência demonstrou que práticas de humanização, mesmo em ambientes hospitalares complexos, fazem diferença no cuidado pediátrico. A valorização do lúdico e da participação ativa dos envolvidos reforça a importância de um cuidado mais sensível, alinhado às diretrizes da PNH e às necessidades integrais dos pacientes.
O PAPEL DO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR E NO FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR EM SÃO FELIPE-BA
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Período de Realização
A ação foi realizada no mês de março de 2025
Objeto da experiência
Reconhecer os impactos positivos da implantação da PNAE, em unidades escolares de um município localizado no recôncavo baiano.
Objetivos
Conhecer de forma prática a alimentação voltada para alunos da rede municipal, assistida pela PNAE, com foco em entender quais os impactos dessa política na promoção da saúde, desenvolvimento dos estudantes, fortalecimento da agricultura familiar e preservação do meio ambiente.
Descrição da experiência
A atividade foi realizada, com o componente curricular Processos de diagnóstico e planejamento de alimentação para a coletividades, ocorreu na cidade de São Felipe com vista a se aprofundar de forma prática na alimentação voltada para alunos da rede municipal, assistidas pela PNAE, e principais fornecedores da agricultura familiar e cooperativas. O município atualmente alcança 50% do valor destinado à alimentação escolar destinado a aquisição de alimentos da agricultura familiar local.
Resultados
A implantação da PNAE no município, evidência impactos positivos na promoção da saúde e do desenvolvimento dos estudantes, no fortalecimento da agricultura familiar local, além da preservação do meio ambiente. A dedicação da gestão em aplicar os princípios do programa, atingindo mais de 30% da aquisição de alimentos oriundos da agricultura familiar garantindo uma alimentação escolar de qualidade, variada, regionalizada e alinhada às diretrizes de segurança alimentar e nutricional.
Aprendizado e análise crítica
A atividade proporcionou às estudantes à possibilidade de estar em contato direto com a alimentação escolar, e analisar criticamente os fatores envolvidos. Evidenciou-se a importância da PNAE na oferta adequada de alimentos para o público observado, garantindo que as necessidades dos alunos sejam supridas, evitando prejuízos no desenvolvimento psicossocial e físico desses indivíduos.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou a importância da PNAE na promoção da saúde dos estudantes, no fortalecimento da agricultura familiar e na sustentabilidade. Destaca-se a importância do comprometimento da gestão local e da formação de nutricionistas críticos, capazes de atuar na efetivação de políticas públicas de alimentação e nutrição com foco social e ambiental.
FUGAS E CUIDADO: ESPAÇO DE MUDANÇAS E SUSTENTAÇÃO DE UM GRUPO DE CRIANÇAS EM UM SERVIÇO-ESCOLA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO INTERIOR PAULISTA
Pôster Eletrônico
1 UNESP Assis
Período de Realização
As ações de estágio de ênfase obrigatório iniciaram em 27/02/2024 e se encerraram em 21/11/2024.
Objeto da experiência
A modalidade de intervenção clínica com grupo operativo com crianças de 6 a 8 anos, em um serviço-escola, mediado por recursos lúdicos e artísticos.
Objetivos
Formar, integrar e intervir a partir da modalidade de grupo operativo com crianças de 6 a 8 anos, no espaço de um serviço-escola, identificando demandas individuais dos pacientes e os desdobramentos delas no contexto grupal, além de proporcionar cuidado e suporte às crianças e seus cuidadores.
Descrição da experiência
De 27/02/2024 a 14/03/2024, formulou-se cartaz para divulgação física e online. Contatou-se os responsáveis pelos participantes do grupo que ocorreu em 2023 e informou-se o retorno das atividades em 2024. O grupo iniciou em 14/03/2024, coordenado por 3 estagiários que ocuparam as funções de coordenador, coordenador e observador. Além das sessões com frequência semanal realizadas com as crianças, fez-se reuniões com responsáveis e, quando necessário, visitas escolares e acolhimentos individuais.
Resultados
Realizou-se 30 encontros e foram trabalhados os temas: luto da configuração grupal anterior, novos vínculos, desafios nas mudanças, crescimento e internalização de regras. Notou-se desafios na identificação com as figuras dos novos estagiários, entraves no convívio social no contexto grupal e desrespeito à noção de regras. Dificuldades relacionadas ao ambiente familiar e manejo das relações sociais e escolares se manifestaram no ambiente grupal, sendo trabalhadas com as crianças e instituições.
Aprendizado e análise crítica
A experiência de favorecer a criação de um campo grupal, proporcionou aos estagiários prática privilegiada na formação profissional, dada a predominância de ações clínicas individuais ofertadas nos estágios de ênfase. O processo de formação grupal na infância exigiu leitura ampliada das demandas individuais e articulação das transferências no ambiente terapêutico com vistas à integração do grupo. Trabalhou-se em supervisão conteúdos contratransferências que emergiram no trabalho com as crianças.
Conclusões e/ou Recomendações
Notou-se diferentes níveis de vinculação grupal no decorrer dos encontros, movimento que evidenciou a não linearidade do trabalho terapêutico. A escuta sensível das queixas revelou necessidade de atendimento individual concomitante ao grupo em certos casos. A experiência como facilitadores de grupo cooperou à formação profissional dos estagiários na aquisição e exercício de diversas habilidades e competências essenciais a coordenadores de grupo.
AÇÃO EDUCATIVA EM ESCOLA PÚBLICA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DO ACESSO AO IMPLANON® EM ADOLESCENTES DE RECIFE
Pôster Eletrônico
1 Faculdade Medicina do Sertão (FMS)
2 Prefeitura do Recife
3 Instituto Materno-Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP)
4 Universidade de Pernambuco (UPE)
Período de Realização
11 de novembro de 2024
Objeto da experiência
32 adolescentes do sexo feminino, com idades entre 11 e 14 anos da Escola Nossa Senhora do Pilar
Objetivos
Promover educação sexual crítica e acessível para adolescentes de 11 a 14 anos; ampliar o conhecimento sobre métodos contraceptivos, com ênfase no Implanon®; fortalecer o vínculo entre serviço de saúde, escola e território; reduzir a gravidez precoce por meio do acesso informado a métodos eficazes.
Descrição da experiência
Foi utilizada metodologia atica com foco em temas como puberdade, menstruação, infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos, em especial o Implanon®, que tem eficácia contraceptiva superior a 99% e duração de até três anos, disponibilizado gratuitamente pelo SUS e associado a taxas crescentes de adesão quando acompanhado de aconselhamento adequado e intervenções educativas que favoreçam a compreensão e o empoderamento das usuárias.
Resultados
Embora os dados quantitativos sobre o impacto da ação na taxa de inserção do método após a ação não possa ser evidenciado, a repercussão comunitária sugere que a oficina gerou não apenas informação, mas uma maior aproximação da USF com o público adolescente local, o que favorece o aumento da acessibilidade ao serviço de saúde.
Aprendizado e análise crítica
Em territórios socialmente vulneráveis, a disponibilização de métodos contraceptivos como o Implanon® deve ser acompanhada de ações de educação em saúde, com abordagem dialógica, sensível e interseccional. A simples existência de políticas públicas não garante seu impacto se não forem efetivamente acessadas, compreendidas e aceitas pela população-alvo.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência realizada na comunidade do Pilar exemplifica o potencial transformador das ações de educação sexual intersetorial e participativa no enfrentamento da gravidez precoce e na ampliação do acesso a métodos contraceptivos seguros e eficazes. Recomenda-se a replicação sistematizada de oficinas como essa em outros territórios, com apoio institucional, formação contínua das equipes da APS e fortalecimento das parcerias com as escolas.
O CUIDADO ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA GRUPAL: UM OLHAR SOBRE AS ADOLESCÊNCIAS
Pôster Eletrônico
1 FMUSP
Período de Realização
O relato se refere à experiência realizada desde abril de 2025 até o presente momento.
Objeto da experiência
O grupo de convivência para adolescentes coordenado por residentes em Saúde Coletiva e Atenção Primária mostra-se enquanto objeto deste trabalho.
Objetivos
Objetiva-se descrever a reestruturação do grupo de adolescentes no contexto do Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa (CSEB), assinalando a singularidade das adolescências do território abrangido pelo serviço.
Descrição da experiência
O “grupo de adolescentes”, iniciado em 2024 por residentes e a psicóloga contratada pelo serviço, foi reestruturado com a chegada dos residentes de 2025, tendo como coordenadoras duas psicólogas, um terapeuta ocupacional e uma assistente social. O grupo possui frequência semanal e caracteriza-se enquanto um espaço de construção coletiva, guiado a partir dos interesses dos adolescentes e da promoção de um local seguro de trocas, aberto à escuta das demandas que emergem.
Resultados
Os residentes têm identificado, a partir do plantão de acolhimento em saúde mental e das reuniões de equipe, um sofrimento psicossocial expressivo que marca a experiência das adolescências no território. Notou-se, assim, que são, em sua maioria, meninos e meninas negras que possuem uma vivência fortemente marcada pelo desamparo de cuidados em âmbito familiar, da sociedade e do Estado. Como resposta às fragilidades relacionais avaliadas, aposta-se na formação de vínculos através do espaço grupal.
Aprendizado e análise crítica
A experiência de coordenação grupal foi muito enriquecedora para as autoras, que tiveram como um de seus desafios a criação de um espaço coletivo, criando uma unidade grupal, ao mesmo tempo em que se respeitava a singularidade de cada um dos participantes. Além disso, as experiências de vulnerabilidade social e relações familiares difíceis revelaram a necessidade de uma análise crítica do contexto das múltiplas vivências dos adolescentes através dos atravessamentos sociais de raça, gênero e classe.
Conclusões e/ou Recomendações
Entende-se que grupos são espaços potentes para a criação de vínculos em um ambiente seguro e acolhedor, diferindo de outros espaços frequentados pelos adolescentes. Assim, a experiência traz reflexões sobre o olhar que se lança para as adolescências em nossa sociedade. Seus sofrimentos e dificuldades jorram enquanto sintomas de uma sociedade marcada pelo desamparo. Conclui-se que respostas só serão efetivas quando realizadas a nível coletivo.
QUALIFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE PARA O CUIDADO À PRIMEIRA INFÂNCIA EM COMUNIDADES RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA
Pôster Eletrônico
1 ILMD/Fiocruz Amazônia
Período de Realização
As atividades foram realizadas entre os meses maio e dezembro dos anos de 2018 a 2023.
Objeto da experiência
A qualificação de Agente Comunitário de Saúde para o cuidado à primeira infância em comunidades ribeirinhas da região amazônica.
Objetivos
Descrever a experiência desenvolvida em territórios de difícil acesso na Amazônia, focada na qualificação de profissionais da saúde para o cuidado integral às famílias com crianças na primeira infância, valorizando práticas locais e fortalecendo a atuação da Atenção Primária à saúde nesses contextos.
Descrição da experiência
O percurso metodológico consistiu em dois encontros teóricos de 40 horas cada, utilizando o Guia de Visitação Domiciliar com 93 visitas conforme a idade da criança, e mais dois encontros práticos denominados supervisões, nos quais os ACS foram acompanhados por facilitadores em visitas domiciliares em suas respectivas áreas de atuação para verificar a aplicabilidade da metodologia, consolidando a atuação no empoderamento de famílias para prevenção e cuidado em saúde da gestação aos seis anos.
Resultados
Foram capacitados 531 profissionais em 14 municípios, promovendo práticas integradas ao saber técnico e comunitário. A experiência contribuiu para o fortalecimento do vínculo entre ACS e comunidades, resultando em maior confiança e reconhecimento local. Observou-se aprimoramento nas práticas de abordagem ao desenvolvimento infantil, assim como incremento no engajamento dos profissionais, que passaram a ser mais valorizados pelas comunidades, o que os motiva e fortalece sua atuação no território.
Aprendizado e análise crítica
O baixo envolvimento das secretarias de saúde e a escassez de recursos humanos configuraram os principais desafios para implementação da proposta. A formação continuada busca ampliar o cuidado à primeira infância, considerando as barreiras territoriais e alinhando-se à Atenção Primária. A qualificação valoriza o conhecimento local e a realidade dos ACS, atores centrais na promoção da saúde, fortalecendo estratégias que garantam direitos e acesso em áreas remotas da Amazônia.
Conclusões e/ou Recomendações
O processo de qualificação envolve conhecer a realidade vivida pelos profissionais de saúde, especialmente os agentes comunitários, indispensáveis à promoção da saúde nas comunidades, fomenta estratégias efetivas para perceber a atenção à primeira infância conforme a realidade territorial, promovendo a garantia de direitos e acesso às políticas públicas de saúde por famílias que vivem em áreas longínquas da Amazônia brasileira.
MONITORAMENTO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER INFANTOJUVENIL: A EXPERIÊNCIA DO UNIDOS PELA CURA PERNAMBUCO (UPC PE)
Pôster Eletrônico
1 Instituto Desiderata
Período de Realização
O monitoramento do UPC PE teve início em setembro de 2023, com previsão de finalização em 2026.
Objeto da experiência
Atividades do eixo de monitoramento do Unidos pela Cura PE para o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil em Pernambuco.
Objetivos
Fornecer informações estratégicas relacionados ao câncer infantojuvenil em Pernambuco, que fortaleçam a tomada de decisões das instituições corresponsáveis pelo Unidos Pela Cura PE e proporcione a avaliação dos impactos da estratégia.
Descrição da experiência
Unidos Pela Cura Pernambuco é uma iniciativa articulada pelo Instituto Desiderata, para promover o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil, com atuação conjunta entre gestores, serviços especializados, sociedade civil e instituições internacionais. A iniciativa se estrutura em 3 eixos: formação, fluxo e monitoramento. O monitoramento se estrutura a partir de um diagnóstico situacional (parceria com Fiocruz/PE) e acompanhamento de indicadores coletados nos 4 centros de referência.
Resultados
Foi realizada uma pesquisa observacional, transversal qualitativa e quantitativa com crianças, adolescentes e seus responsáveis atendidos nos hospitais de referência em oncologia em PE, que identificou desafios e potencialidades no acesso aos serviços. Foram produzidos, 2 relatórios trimestrais com informações acerca do perfil clínico e epidemiológico dos pacientes admitidos nos centros. As evidências contribuíram para discussões sobre o fortalecimento do fluxo de encaminhamento no estado.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou que o monitoramento contínuo e a produção de pesquisas qualificadas são fundamentais para orientar ações concretas no enfrentamento do câncer infantojuvenil. A articulação entre evidências e gestão favoreceu decisões mais assertivas, como a definição das regiões prioritárias. O processo reforça a relevância de dados para avaliar e apoiar políticas públicas, além de qualificar as estratégias do sistema de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
O monitoramento de dados e da produção de pesquisas mostraram-se fundamentais para o direcionamento do projeto. As atividades seguem em andamento, com potencial para fortalecer a resposta do SUS ao câncer infantojuvenil em PE. A expectativa é de que, com o aperfeiçoamento contínuo dos processos de coleta e análise de dados, os resultados gerados possam contribuir ainda mais para a tomada de decisões e o aprimoramento das estratégias do projeto.
OFICINAS SOBRE MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA - CONSTRUINDO NARRATIVAS CRÍTICAS COM PROFISSIONAIS DA SAÚDE E EDUCAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 UFSC
2 SMS Salvador
3 UNIVALI
4 SMS Itajaí
Período de Realização
Entre agosto 2024 e junho 2025
Objeto da experiência
Oficinas sobre medicalização da infância com profissionais de saúde e da educação
Objetivos
Relatar a experiência da realização de oficinas sobre medicalização da infância, destacando a metodologia utilizada, nuvens de palavras produzidas pelos participantes e reflexões e propostas de caminhos de cuidado centrados nas crianças, suas famílias e utilizando recursos comunitários
Descrição da experiência
Foram realizadas três oficinas entre 2024 e 2025. As duas primeiras ocorreram no CS Itacorubi com professoras da educação infantil e profissionais da saúde. A terceira integrou a programação oficial do 18º Congresso Brasileiro de medicina de família e comunidade, reunindo cerca de 120 participantes de diferentes categorias. Todas seguiram estrutura comum: sensibilização, nuvem de palavras, aporte teórico, discussão de casos clínicos em grupos e fechamento com trocas de experiências
Resultados
as oficinas promoveram reflexões críticas sobre a medicalização da infância, com intenso engajamento dos participantes. Os debates revelaram inquietações compartilhadas entre profissionais da saúde e da educação, e destacaram a importância do diálogo intersetorial, com enfoques diferentes quanto ao cuidado. O espaço coletivo possibilitou trocas potentes, abertura para escuta e construção compartilhada de sentidos e possibilidades sobre o cuidado em saúde mental na infância
Aprendizado e análise crítica
as oficinas revelaram paralelos e diferenças nas experiências de saúde e educação, evidenciando os impactos do modo de produção e a falência dos sistemas de proteção de crianças e adolescentes. O espaço coletivo deu voz às inquietações do cotidiano, permitindo o início da construção de contra-narrativas críticas. Esse processo fortaleceu a reflexão compartilhada e a oportunidades de resistência diante dos desafios no cuidado, destacando a importância do diálogo intersetorial.
Conclusões e/ou Recomendações
as oficinas demonstraram o valor do diálogo intersetorial e da reflexão crítica para enfrentar a medicalização da infância. Recomenda-se ampliar espaços coletivos que promovam essas trocas e fortalecer parcerias entre saúde e educação. É fundamental incentivar abordagens que valorizem contextos e subjetividades, apoiando práticas de cuidado mais integradas, sensíveis e comunitárias na atenção à saúde mental de crianças e adolescentes
PROMOÇÃO DA SAÚDE E CUIDADO INTEGRAL A ADOLESCENTES POR RESIDENTES EM SAÚDE DA FAMÍLIA: EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO POSTURAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA
Pôster Eletrônico
1 FioCruz/SeMS - Dourados
Período de Realização
Março/2025 - Junho/2025
Objeto da experiência
Ação de avaliação postural e orientação em saúde à adolescentes, realizada por residentes em uma escola pública de Dourados/MS
Objetivos
Realizar uma ação de avaliação postural como estratégia de cuidado ampliado com adolescentes da rede pública, promovendo a escuta e o encaminhamento em saúde física, mental e nutricional, em articulação com a atenção primária e a escola.
Descrição da experiência
A atividade foi realizada com 150 estudantes do ensino médio de uma escola pública, em parceria com a equipe da atenção primária e residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família – SeMS/Fiocruz Dourados-MS. A escola participou da pactuação e organização da ação, que incluiu estações de avaliação postural, nutrição, saúde mental e palestras educativas, com foco em escuta e encaminhamentos.
Resultados
Com ampla adesão dos 150 estudantes participantes, evidenciou-se através da ação alterações posturais, queixas relacionadas à saúde mental e hábitos alimentares inadequados. A pactuação com a escola contribuiu para o engajamento dos alunos e para o sucesso da logística. Casos com necessidade de atenção contínua foram encaminhados à APS, fortalecendo o vínculo entre escola e rede de saúde.
Aprendizado e análise crítica
A ação evidenciou o potencial do ambiente escolar como espaço estratégico de escuta, triagem e cuidado integral com adolescentes. Apesar dos desafios logísticos, a atuação articulada entre residentes e equipe da APS mostrou-se potente, com pactuação e parceria com a escola, sendo uma estratégia replicável em outros contextos.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência demonstrou que ações intersetoriais envolvendo ambiente escolar e atenção primária favorecem a identificação precoce de demandas em saúde e fortalecem vínculos com adolescentes. A parceria entre residentes, equipe de saúde e escola foi essencial para prevenção de agravos, e recomenda-se a replicação da estratégia em outros territórios com realidade semelhante.
PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS E ESTUDANTES SOBRE O ATENDIMENTO INTERPROFISSIONAL EM UM PROGRAMA DE SAÚDE PARA CRIANÇAS
Pôster Eletrônico
1 PUCPR
Período de Realização
Experiência realizada de agosto a novembro de 2024.
Objeto da experiência
Avaliar a percepção de profissionais e estudantes participantes de um programa de saúde integral para crianças sobre o atendimento interprofissional.
Objetivos
Compreender a dinâmica de cooperação entre profissionais e estudantes da área da saúde no atendimento interprofissional, bem como identificar as contribuições e barreiras desse modelo no desenvolvimento profissional.
Descrição da experiência
A pesquisa foi conduzida por meio de uma abordagem qualitativa, do tipo pesquisa-ação, utilizando a técnica de grupo focal como instrumento principal de coleta de dados. O estudo foi realizado no âmbito do Programa de Saúde Integrada para Crianças (PROSAÚDE Kids), cuja finalidade é promover saúde e incentivar hábitos saudáveis na infância.
Resultados
A troca de informações foi o subtema mais recorrente, sendo apontada como fundamental para a compreensão das necessidades dos pacientes e para a construção de estratégias compartilhadas entre os membros da equipe. A atuação conjunta contribuiu para ampliar o olhar clínico e qualificar o processo de tomada de decisão.
Aprendizado e análise crítica
Ao longo da experiência, observou-se que a introdução do trabalho interprofissional enfrentou desafios, especialmente relacionados à comunicação entre os profissionais. Essa barreira foi gradualmente superada com a adoção de estratégias específicas e reuniões sistemáticas, que favoreceram o compartilhamento de dados e ações.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência demonstrou que o trabalho interprofissional contribui significativamente para a qualificação das decisões clínicas no contexto de um programa de promoção da saúde infantil. Destacou-se o potencial dessa abordagem para fortalecer a comunicação entre os profissionais, favorecer a construção coletiva de estratégias e aprimorar o cuidado centrado nas necessidades dos pacientes.
ENQUANTO SUA CRECHE NÃO VEM: IMPACTOS DA FALTA DE REDE DE APOIO INSTITUCIONAL NA INFÂNCIA DE CRIANÇAS POMERANAS
Pôster Eletrônico
1 UFES
Período de Realização
Realizada entre os meses de agosto de 2022 e maio de 2025.
Objeto da produção
Desenho em grafite sobre papel Canson que retrata a falta de creches em comunidades tradicionais e a adaptação necessária no cuidado com bebês.
Objetivos
Visibilizar infâncias desconsideradas em políticas públicas, evidenciando modos improvisados e algumas vezes insalubres de cuidado, e provocar reflexão sobre desigualdades no acesso ao cuidado infantil institucionalizado.
Descrição da produção
Trata-se de obra visual em técnica de grafite sobre papel A3 de alta gramatura que retrata cena cotidiana de uma comunidade rural: um bebê em uma caixa de papelão, em meio à lavoura, enquanto adultos trabalham. A imagem traz elementos do cotidiano camponês, do trabalho de agricultores e moradores de Comunidade Tradicional Pomerana, e destaca a ausência do Estado.
Resultados
Análise crítica da produção
A obra tensiona a ideia romantizada da infância rural ao revelar a negligência estrutural no cuidado com bebês e crianças. A escolha da linguagem visual busca acessar afetos e memórias, sensibilizar ao cotidiano da população agrícola pomerana, ampliando o debate sobre desigualdades sociais. Utilizar a arte como ferramenta política reafirma sua potência na saúde coletiva como linguagem crítica, sensível e acessível à complexidade dos territórios e atores envolvidos.
Considerações finais
A produção reafirma a arte como linguagem legítima da saúde coletiva, acessível a outras formas de interpretação e capaz de provocar reflexão. A ausência de creches impacta a população, sendo enfrentada com resistência, afeto e atenção compartilhada. Que linguagens sensíveis e criativas comuniquem a seriedade de temas que afetam diferentes grupos, gerando reflexões e discussões que enriqueçam a Saúde Coletiva.
MATERIAIS EDUCATIVOS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA): UMA ESTRATÉGIA DE INCLUSÃO E EQUIDADE
Pôster Eletrônico
1 UNESP
2 FUMIBER
Período de Realização
Dezembro de 2024 a junho de 2025.
Objeto da produção
Desenvolvimento materiais educativos (histórias sociais e rotinas visuais) inclusivos sobre saúde bucal voltados a crianças com TEA.
Objetivos
Desenvolver materiais educativos para promoção da saúde bucal em crianças com TEA, com foco no acolhimento e na inclusão da família no processo de cuidado odontológico. Trata-se, portanto, de um projeto qualitativo baseado na produção de materiais educativos adaptados.
Descrição da produção
A metodologia envolveu revisão da literatura, elaboração de histórias sociais e rotinas visuais voltadas para o atendimento odontológico. O desenvolvimento do material considerou uma abordagem lúdica e sequencial voltada para crianças favorecendo a compreensão visual e a previsibilidade das ações. Adicionalmente, foi elaborado um conteúdo informativo para os responsáveis, com orientações práticas, visando promover o engajamento familiar e a continuidade dos cuidados no contexto domiciliar.
Resultados
Os materiais foram disponibilizados em formatos impressos e digitais, acessíveis a crianças e responsáveis. A aplicação da história social permitiu maior compreensão da rotina odontológica por parte da criança com TEA, resultando em redução de comportamentos de oposição e maior adesão ao atendimento. A participação ativa dos responsáveis mostrou-se essencial para o êxito da intervenção.
Análise crítica e impactos da produção
Os materiais foram disponibilizados em formatos impressos e digitais, acessíveis a crianças e responsáveis. A aplicação da história social permitiu maior compreensão da rotina odontológica por parte da criança com TEA, resultando em redução de comportamentos de oposição e maior adesão ao atendimento. A participação ativa dos responsáveis mostrou-se essencial para o êxito da intervenção.
Considerações finais
A elaboração e aplicação de materiais educativos baseados em histórias sociais mostrou-se eficaz na promoção da saúde bucal de crianças com TEA. A iniciativa contribui para a construção de práticas mais inclusivas, sensíveis às necessidades neurodivergentes e alinhadas aos princípios da equidade em saúde, ressaltando a importância da interdisciplinaridade no cuidado odontológico.
LETALIDADE POR VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA ENTRE JOVENS NO DISTRITO FEDERAL: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE 2017 A 2021
Pôster Eletrônico
1 UnB
Período de Realização
Janeiro de 2022 a dezembro de 2023
Objeto da produção
Violência autoprovocada entre adolescentes e jovens residentes no DF
Objetivos
Identificar padrões e tendências de letalidade por violência autoprovocada em jovens de 10 a 24 anos no DF, subsidiando políticas públicas de saúde mental e prevenção do suicídio
Descrição da produção
Estudo ecológico e retrospectivo baseado em dados do SINAN (tentativas) e SIM (óbitos). Foram calculados coeficientes de incidência, mortalidade e letalidade, segundo sexo, faixa etária, região de saúde e índice de vulnerabilidade social (IVS).
Resultados
Identificaram-se 4.832 tentativas e 273 óbitos. As tentativas predominaram entre mulheres (75,3%), enquanto os óbitos foram mais frequentes em homens (65,9%). A letalidade caiu de 9,4% (2017) para 4,6% (2021). Regiões com maior IVS, como Itapoã e Paranoá, apresentaram maiores taxas.
Análise crítica e impactos da produção
s achados evidenciam disparidades regionais e de gênero e reforçam a urgência de políticas de prevenção do suicídio específicas para juventudes vulneráveis. O estudo fortalece a importância da vigilância ativa e do planejamento de ações intersetoriais em saúde mental.
Considerações finais
A tendência de queda da letalidade é positiva, mas o aumento das tentativas exige respostas estruturadas, que envolvam a rede de saúde, assistência social e educação, com foco na redução de desigualdades e no cuidado em saúde mental.

Realização: