
Programa - Comunicação Oral Curta - COC27.1 - Atenção Primária, Enfermagem e Organização da Oferta de PICS
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A ACUPUNTURA COMO FERRAMENTA DE FORTALECIMENTO DO VÍNCULO E INTEGRALIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UNESP
Período de Realização
De dezembro de 2024 a junho de 2025
Objeto da experiência
Aplicação da acupuntura como prática integrativa na APS, visando o fortalecimento do vínculo terapêutico, da adesão e do cuidado integral.
Objetivos
Relatar a experiência de integração da acupuntura à rotina assistencial em unidade de saúde da família, analisando seu impacto sobre o vínculo com os pacientes, adesão terapêutica, humanização do cuidado e fortalecimento da integralidade no SUS.
Descrição da experiência
A acupuntura foi incorporada na USF como parte do plano terapêutico singular, atendendo 15 pacientes com dor crônica e ansiedade. Foram 97 sessões às sextas-feiras, com duração média de 30 minutos, ao longo de seis meses. A taxa de adesão foi de 88,99%. As sessões ocorreram em sala reservada, com escuta e acolhimento, promovendo vínculos com o serviço. Houve desafios estruturais, assistenciais e de apoio institucional.
Resultados
A acupuntura aumentou a adesão terapêutica e reduziu o absenteísmo, com alta satisfação dos pacientes e melhora de sintomas físicos e emocionais. Apesar dos benefícios, houve resistência gerencial, falta de insumos e ausência de apoio estratégico. A gestão recusou o fornecimento de materiais e sugeriu transferir o cuidado para um centro municipal que oferece a terapêutica, desconsiderando o princípio da territorialização.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que a acupuntura, quando inserida de forma qualificada na APS, fortalece o vínculo profissional-usuário, melhora a escuta e amplia o olhar sobre o processo saúde-doença. Contudo, mostrou que sua efetiva implementação exige mais que a capacitação: requer apoio institucional, sensibilização das equipes, e financiamento político das práticas integrativas. O modelo biomédico centrado em metas quantitativas permanece como obstáculo à integração plena da PNPIC no SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
A acupuntura se mostra uma prática viável e potente para o fortalecimento da APS, promovendo cuidado integral e humanizado. Recomenda-se ampliar sua implementação por meio de políticas públicas que garantam capacitação, fornecimento de insumos e incorporação nos protocolos da atenção primária. Além disso, é fundamental sensibilizar gestores e profissionais sobre os impactos qualitativos dessas práticas na saúde e no vínculo com os usuários.
ANÁLISE DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DE ENFERMEIRAS(OS) EM PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE ITABUNA-BA
Comunicação Oral Curta
1 UESC
Apresentação/Introdução
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) ganham espaço na Atenção Primária em Saúde (APS) por promoverem cuidado integral e humanizado. A Enfermagem tem papel essencial nessas práticas, por sua forte presença na APS. A pesquisa se apoiou no Plano Municipal de Saúde (2022-2025): Eixo Atenção Primária, Diretriz 1- institucionalizar as ações da Política Nacional de PICS no município.
Objetivos
Analisar a formação, atuação e interesse em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde das (os) enfermeiras (os) da Rede de Atenção Primária à Saúde do município de Itabuna - Bahia.
Metodologia
A população do estudo foi Enfermeiras(os) da APS, composta por 59 participantes elegíveis que responderam uma entrevista guiada por formulário estruturado de 15 questões que versavam sobre formação, atuação e interesse em PICS. A análise foi por estatística descritiva. Como produto final, o estudo produziu, além dos resultados pontuais, um Relatório Técnico intitulado “Proposta de Framework para Implantação das PICS em Itabuna-BA”
Resultados
Verificou-se que 93% dos entrevistados eram do sexo feminino; 21,4 % com formação em PICS, desses, metade atua na APS com PICS; no entanto, de forma esporádica e com recursos próprios. Todos os entrevistados (100%) reconheceram os benefícios para a saúde que tais práticas podem proporcionar e o interesse em adquirir formação ou nova formação em PICS. Apesar do evidente reconhecimento do potencial das PICS, muitos profissionais enfrentam barreiras estruturais para implementação destas nos serviços de saúde como a falta de investimento por parte da gestão. Outro ponto conflitante com esta implementação/ampliação recai sobre a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde.
Conclusões/Considerações
O estudo destaca a importância da capacitação e do apoio institucional para fortalecer a Enfermagem nas PICS. O interesse dos profissionais em aprender e aplicar essas práticas indica a chance de ampliar as opções terapêuticas na APS. Ao investir em formação, melhora-se a qualidade do cuidado e a confiança dos usuários. Com base nos resultados, a gestão pode criar programas de treinamento contínuo e políticas de incentivo às PICS na APS
ARCO DE MAGUEREZ COMO ESTRATÉGIA NA ELABORAÇÃO DE PROJETO COM PICS VOLTADO À SAÚDE DO IDOSO: EXPERIÊNCIA NA UBS PARQUE DOS ESTADOS
Comunicação Oral Curta
1 Escola de Saúde Pública do Paraná
Período de Realização
Abril à junho de 2025, do Curso Saúde Bem Viver, na UBS Parque dos Estados – Santa Terezinha de Itaipu/PR.
Objeto da experiência
Melhoria da qualidade do sono em idosos por meio de práticas integrativas na Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Promover a melhoria da qualidade do sono de idosos acompanhados pela UBS Parque dos Estados, utilizando Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), como auriculoterapia e meditação, a partir da construção coletiva de um projeto de intervenção com base no Arco de Maguerez.
Descrição da experiência
A partir do Arco de Maguerez, iniciou-se com a observação da realidade e identificação do problema: queixas frequentes de insônia entre idosos. A análise crítica evidenciou fatores psicossociais e ausência de práticas de cuidado voltadas ao sono. A proposta de intervenção integrou PICS, como auriculoterapia, meditação guiada, uso de ervas medicinais, fitoterápicos e orientações sobre higiene do sono, organizadas em encontros semanais com o grupo de idosos.
Resultados
Os encontros foram realizados semanalmente durante dois meses, com adesão média de 12 idosos por grupo. Os participantes relataram melhora na qualidade do sono, sensação de relaxamento, redução da ansiedade e maior vínculo com a equipe de saúde. A auriculoterapia foi a técnica com maior aceitação. Além disso, a experiência estimulou o interesse da equipe por formações em PICS e a reativação de ações em grupo na unidade, fortalecendo o cuidado integral e humanizado.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou o potencial das PICS como ferramentas efetivas e de baixo custo no cuidado à saúde do idoso, especialmente em demandas subjetivas como o sono. O uso do Arco de Maguerez permitiu uma construção coletiva, crítica e situada da intervenção. A escuta ativa e a valorização do saber dos usuários foram fundamentais. Por outro lado, identificou-se a necessidade de ampliar o número de profissionais capacitados e garantir apoio institucional para continuidade das ações.
Conclusões e/ou Recomendações
Intervenções baseadas em PICS podem qualificar o cuidado na APS, promovendo bem-estar e fortalecendo vínculos com a comunidade. Recomenda-se a ampliação de formações em práticas integrativas para as equipes, a criação de espaços permanentes de cuidado coletivo e o incentivo à construção de projetos com base em metodologias participativas, como o Arco de Maguerez, que favorecem o protagonismo local.
AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS NO SUS: UM CAMINHO ENTRE O DIAGNÓSTICO SITUACIONAL E O MONITORAMENTO NA REDE DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE SALVADOR
Comunicação Oral Curta
1 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO SALVADOR
2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA
Período de Realização
O período da análise do trabalho transcorreu entre dezembro/2023 a abril/2025.
Objeto da experiência
A ampliação da oferta práticas integrativas na Rede de Serviço de Saúde (RSS) nos três níveis de atenção da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.
Objetivos
O objetivo é relatar a experiência do caminho percorrido entre o diagnóstico situacional e o monitoramento das Prática Integrativas e Complementares (PICS) na (RSS), e ainda descrever o cenário de implementação PICS e analisar a efetivação a Política de Práticas Integrativas de Salvador.
Descrição da experiência
A partir do Diagnóstico Situacional em dezembro de 2023, apontou que as PICS estavam presentes em 64, dos 164 serviços de saúde. A oferta era realizada na Atenção Primária, na Atenção, no Serviço Móvel de Urgência e Emergência e no nível central da gestão municipal. Diante do panorama, iniciou-se o monitoramento de dados registrados no Sistema VIDA, e assim, melhorando o planejamento de ações e de atividades, bem como a avaliação da ampliação das PICS no município de Salvador.
Resultados
A gestão do Campo Temático de PICS da Secretaria de Saúde evidenciou em abril de 2025, a ampliação das práticas na RSS, contabilizando o aumento de 110 serviços de saúde. Entre as estratégias empregadas, destacam-se a parceria em processo formativos com as instituições de ensino superior e profissionais da RSS com expertise em PICS e a sensibilização da gestão por meio de ações transversais com áreas técnicas de Pessoa com Deficiência, Violência, Programa Saúde na Escola e Saúde do Idoso.
Aprendizado e análise crítica
A utilização desses instrumentos contribui para o planejamento, como na implementação das PICS na RSS, e reforça o princípio da equidade presente na oferta da PICS, pois os dados analisados retratam a garantia acesso dos usuários que buscam na PICS o cuidado integral. Desta forma, o processo de trabalho deixar de ser “fazer por fazer” para uma abordagem mais estratégica e humanizada, focada na integralidade em saúde e na melhoria da oferta no Sistema Único de Saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Diante do exposto, reforça-se, no recorte temporal deste trabalho, que os instrumentos de planejamento contribuíram para a gestão das PICS na Rede Municipal de Saúde do Salvador, visto que permitiram acompanhar a implementação, identificar gargalos, ajustar ações e avaliar o impacto das abordagens terapêuticas na saúde da população, garantindo que a política atinja seus objetivos e se adapte às necessidades do território.
DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE A PARTIR DA PERSPECTIVA DE ENFERMEIROS DO CENTRO-OESTE DO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Catalão
2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Apresentação/Introdução
Às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são recursos terapêuticos voltados à promoção, manutenção e recuperação da saúde, conforme definição do Ministério da Saúde. Em 2006, por meio de normativa legal, as PICS foram integradas às disponibilidades de cuidado dos serviços de saúde. Sua oferta é permeada por desafios significativos, que dificultam sua expansão e consolidação.
Objetivos
Descrever os desafios da implementação das PICS nos serviços de saúde, a partir da concepção de enfermeiros da região Centro-Oeste do Brasil.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória e descritiva, integrante do estudo multicêntrico denominado: “Estudo Brasileiro: Inquérito Nacional Sobre o Perfil Educacional e Profissional de Enfermeiros(as) de Saúde Integrativa e Práticas Tradicionais”. Para coleta de dados, adotou-se um questionário online disponibilizado em site próprio da pesquisa e divulgado por diferentes instituições, tais como: Cofen e ABENAH. Ao total, 53 enfermeiros do Centro-Oeste que atuam com PICS e que responderam ao questionário concordaram em participar da etapa qualitativa, coletada por meio de entrevistas virtuais, que foram transcritas e analisadas mediante o método temático de Bardin.
Resultados
Dos participantes, 86,8% eram mulheres e 13,2% homens, com idades entre 30 e 59 anos (73,6%). Os enfermeiros entrevistados apontaram como um dos principais obstáculos para a incorporação das Práticas nos serviços de saúde, o conhecimento incipiente sobre medicina tradicional e complementar entre usuários e os demais profissionais de saúde. Mencionaram, ainda, que a elevada carga horária de trabalho, a oferta reduzida das PICS nos diferentes serviços, a ausência de valorização institucional e a falta de remuneração específica para profissionais que executam as PICS, compõem fatores adicionais para gênese do problema, dificultando sua implementação e promoção.
Conclusões/Considerações
Observa-se, de acordo com o relatado pelos enfermeiros, que os principais entraves envolvidos na implementação das práticas integrativas e complementares nos serviços de saúde são oriundos da desvalorização de abordagens que não integram a lógica sistemática do modelo biomédico, implicando a oferta incipiente das PICS nos serviços.
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA E PRÁTICAS INTEGRATIVAS: PERSPECTIVAS DA PRÁTICA AVANÇADA NO SUS
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Minas Gerais
Apresentação/Introdução
O cuidado obstétrico permanece atravessado pela hegemonia médico-hospitalar, que limita abordagens centradas na mulher. Como contraponto, experiências com práticas integrativas conduzidas por enfermeiras obstétricas no SUS mobilizam escuta, vínculo e integralidade, favorecendo a valorização das potencialidades das gestantes e aproximando-se dos princípios da Prática Avançada em Enfermagem (PAE).
Objetivos
Compreender a experiência de cuidado de gestantes ofertado por enfermeiras obstétricas que utilizam Práticas Integrativas e Complementares (PICs) durante a gestação, à luz dos princípios da PAE e do referencial do Cuidado Baseado em Forças (SBN).
Metodologia
Estudo exploratório-descritivo de abordagem qualitativa, com base epistemológica no construtivismo e referencial metodológico da análise temática reflexiva de Braun e Clarke. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com 13 gestantes atendidas no Núcleo de Terapias Integrativas e Complementares (NTIC) do Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, entre outubro e dezembro de 2022. O processo interpretativo articulou os fundamentos da PAE e o referencial SBN, considerando a experiência de cuidado gestacional com PICs ofertado por enfermeiras obstétricas.
Resultados
As gestantes relataram experiências de cuidado marcadas por escuta qualificada, vínculo terapêutico e intervenções personalizadas com PICs, que promoveram alívio de sintomas físicos e emocionais, sensação de acolhimento e fortalecimento da autonomia. As práticas foram percebidas como oportunidades de reconexão com o corpo, resgate da confiança na gestação e fortalecimento de forças internas. O cuidado ofertado por enfermeiras obstétricas foi descrito como singular e transformador, promovendo bem-estar e protagonismo. Os achados evidenciam práticas que integram competências clínicas ampliadas, vínculo e valorização da gestante como sujeito ativo do cuidado, expressando fundamentos da PAE
Conclusões/Considerações
O cuidado com PICs oferecido por enfermeiras obstétricas no SUS mostrou-se integral, equânime e centrado na pessoa, contribuindo para melhorar o bem-estar físico e emocional das gestantes. A articulação entre PAE, SBN e PICs reforça um modelo de atenção obstétrica humanizado, com potencial para qualificar as práticas no SUS e orientar políticas públicas de saúde.
OFERTA E PRODUÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NO SUS NO ESTADO DO CEARÁ: ANÁLISE TEMPORAL 2008–2018
Comunicação Oral Curta
1 ESP/CE
2 Uninassau
3 Unifor
Apresentação/Introdução
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são estratégias de cuidado que promovem autonomia, autocuidado e humanização. O estudo analisa a oferta e a produção das PICS no SUS no Ceará entre 2008 e 2018, evidenciando desigualdades regionais e baixa produção em relação à oferta.
Objetivos
Avaliar a oferta e a produção das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado do Ceará no período de 2008 a 2018, identificando possíveis desigualdades regionais.
Metodologia
Estudo ecológico, exploratório, com análise temporal sobre a oferta e produção das PICS no SUS no Ceará entre 2008 e 2018. As unidades de análise foram os estabelecimentos de saúde cadastrados no CNES com oferta de PICS. Os dados foram coletados nos sistemas SIASUS, CNES e IBGE. Foram identificados 293 estabelecimentos cadastrados com oferta de PICS, sendo que um mesmo local poderia ofertar mais de um tipo de serviço. As práticas foram analisadas segundo registros de produção ambulatorial, considerando a frequência e a distribuição por municípios, tipos de práticas e volume de atendimentos.
Resultados
Foram registrados 209.282 atendimentos em PICS no Ceará entre 2008 e 2018. Acupuntura foi a prática mais registrada (69,3%), seguida por homeopatia (15,2%) e auriculoterapia (7,3%). As práticas corporais representaram 6,1% dos atendimentos. Houve discrepância entre oferta e produção: 69,3% dos estabelecimentos ofertam e não produzem, 24,3% ofertam e produzem, e 6,4% produzem sem ofertar formalmente. Juazeiro do Norte (39%) e Fortaleza (37%) concentraram a maior parte dos atendimentos. Municípios menores apresentaram produção mínima (<4%).
Conclusões/Considerações
A produção de PICS no Ceará é baixa e desigual, concentrada em poucos municípios. A ausência de financiamento específico, formação profissional limitada e subnotificações contribuem para essa realidade. É necessário investir em capacitação para registros adequados, estimular a formação em PICS e ampliar políticas públicas que incentivem a adoção dessas práticas no SUS.
ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL DA OFERTA DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NO CUIDADO À DOR MUSCULOESQUELÉTICA
Comunicação Oral Curta
1 IFPE
2 UFPE
3 UNINASSAU
4 UFAL
5 Fiocruz/IAM
Apresentação/Introdução
As Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS) ampliaram sua abrangência no Sistema Único de Saúde (SUS) após a aprovação da política nacional (PNPIC). Estudos apontam seu potencial no alívio de sintomas e na qualidade de vida de indivíduos com dor musculoesquelética, uma das principais demandas do SUS, mas pouco se discute sobre a organização da oferta das PICS nos serviços de saúde.
Objetivos
Descrever as evidências quanto à organização da oferta de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde no manejo de dores musculoesqueléticas.
Metodologia
Foi realizada uma revisão sistemática a partir das bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde e PubMed, utilizando descritores relativos às Terapias Complementares e a dor musculoesquelética. Os critérios para inclusão foram: publicações entre 2020 e 2024 (5 anos), nos idiomas português, espanhol e inglês, e que utilizaram como intervenção alguma das 29 PICS da PNPIC para população adulta com diagnóstico de dor musculoesquelética primária. Foram excluídos artigos duplicados, sem dados primários, não realizados com humanos ou com textos incompletos. Os dados quanto ao provedor, nível de atenção, estabelecimento e profissionais foram organizados em uma planilha para análise descritiva.
Resultados
Foram selecionados 25 artigos ao final. A maioria dos estudos foram realizados em serviços públicos, em estabelecimentos da média e alta complexidade (hospitais universitários e ambulatórios), onde as intervenções ocorreram em ambiente clínico supervisionado. As PICS mais utilizadas foram acupuntura, yoga, osteopatia, meditação e hipnoterapia. Os profissionais atuantes incluíam fisioterapeutas, médicos especialistas e instrutores certificados. A diversidade na oferta das PICS é reflexo dos diferentes arranjos dos países de origem dos estudos, marcando a diferença entre a abordagem brasileira, cuja oferta se concentra na atenção primária, por meio das equipes de saúde da família.
Conclusões/Considerações
O cuidado à dor musculoesquelética com PICS foi estudado em hospitais e ambulatórios, com profissionais especializados, enquanto às instituições internacionais orientam a oferta por meio da atenção primária. Essa pluralidade organizacional reflete a capacidade de adaptação das PICS a diferentes contextos, cabendo à gestão conhecer o potencial das PICS e identificar formas de incorporá-la no cuidado à dor musculoesquelética.
PERFIL ASSISTENCIAL E DE CLIENTELA DO AMBULATÓRIO DE TERAPÊUTICAS INTEGRATIVAS DA UFSCAR
Comunicação Oral Curta
1 UFSCar
Apresentação/Introdução
Desde agosto de 2023, o Ambulatório de Terapêuticas Integrativas (ATI) oferece atendimentos em Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Antroposófica e Fitoterapia, racionalidades médicas reconhecidas no Brasil. O ATI é ação de extensão vinculada à Unidade Saúde Escola (USE/UFSCar), serviço de atenção especializada do Sistema Único de Saúde (SUS), que atende pacientes do município de São Carlos, SP.
Objetivos
Caracterizar a clientela e o perfil assistencial do ATI. É parte da pesquisa “Avaliação do cuidado em saúde em processos de integração entre racionalidades médicas e sistemas terapêuticos de tradições diversas” (CAAE 74618423.6.0000.5504).
Metodologia
Estudo descritivo transversal. Período de agosto de 2023 a maio de 2025. Dados colhidos mediante TCLE. Fontes 1) cadastro de pacientes na admissão ao serviço; 2) encaminhamento da APS; 3) prontuário eletrônico. Os dados anônimos foram padronizados e tabulados para análise de frequência nas categorias: perfil sociodemográfico de clientela (sexo, idade, gênero, orientação sexual, raça/cor; escolaridade, religiosidade/espiritualidade, cidade de residência, estado civil, renda, ocupação, nº de filhos e nº de pessoas no domicílio); perfil assistencial (forma de acesso, vínculo UFSCar, motivo do encaminhamento, nº de encaminhamentos, racionalidades por atendimento, atendimentos por racionalidade).
Resultados
Foram atendidas 150 pessoas e realizados 617 atendimentos (MTC 49%, Medicina Antroposófica 31%, Fitoterapia 20%). A idade variou de 21 a 90 anos de idade (79% até 59 anos). Sexo feminino 80%; LGBTQIA+ 19%; Solteiros 43%; Brancos 67%; Pardos 23%; Pretos 7%; Indígenas 2%; 6% pessoas com deficiência; Ensino médio 41%; Fundamental incompleto 13%; 35% com renda menor que 2 salários-mínimos. A forma predominante de acesso foi através de chamadas públicas a populações específicas (68%), como pessoas em vulnerabilidade social e de comunidade rural; 23% foram encaminhados pela Atenção Básica municipal (50% em 2025). Para 35% dos pacientes atendidos foram oferecidas mais de uma racionalidade.
Conclusões/Considerações
Considera-se que o ATI apresenta clientela diversa, maioria feminina, de baixa renda. O aumento de encaminhamentos da atenção básica mostra melhoria do acesso da clientela externa. Um terço dos pacientes tiveram acesso à mais de uma racionalidade, demonstrando as características interprofissionais e a busca pela integralidade no cuidado. Demonstra que o ATI apresenta potencial para estudos sobre a integração de racionalidades médicas na clínica.
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE: UM CAMINHO PARA REORIENTAÇÃO DAS PRÁTICAS DE CUIDADO NA PERSPECTIVA DA PROMOÇÃO DA SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/FIOCRUZ/RJ
2 Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/FIOCRUZ/RJ
Apresentação/Introdução
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), possibilitam um cuidado em saúde onde a atenção é voltada para o indivíduo e seu objetivo é a reparação da saúde e a sua expansão. A discussão sobre cuidado é uma estratégia imprescindível à promoção da saúde. Neste sentido, vislumbrou-se nas PICS um caminho para reorientação das práticas de cuidado no tocante a promoção da saúde.
Objetivos
Analisar como as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) possibilitam a reorientação de práticas de cuidado na perspectiva da promoção da saúde na Atenção Primária no município do Rio de Janeiro.
Metodologia
A pesquisa é parte do mestrado acadêmico que está em finalização. Possui abordagem qualitativa exploratória, utilizando como estratégias metodológicas a análise documental, a entrevista semiestruturada e a observação participante. A análise dos dados foi realizada pelo método de Análise de Conteúdo, onde os dados foram categorizados em núcleos temáticos, interpretados à luz das concepções teóricas da temática do presente estudo, possibilitando fazer inferências sobre a realidade empírica encontrada. As entrevistas foram realizadas com os (as) trabalhadores (as) que utilizam PICS em seus atendimentos, assim como, com os gestores das unidades de saúde da Atenção Primária.
Resultados
Foram evidenciadas aproximações entre PICS e promoção da saúde, dentre estas, as PICS se apresentam como prática de cuidado que difere do modelo biomédico, contribuem para o indivíduo buscar o cuidado com sua saúde e favorecem a construção de um ambiente mais saudável. Entretanto, esta aproximação das PICS não abarca toda a discussão existente do que constitui uma prática de cuidado na perspectiva da promoção da saúde. Quanto a formação, muitas vezes, se dá com foco na dor o que evidencia que estas práticas estão distantes de seu contexto tradicional. Outro aspecto, é que a formação em PICS é ofertada principalmente por instituições privadas, sem um olhar integrado para o SUS.
Conclusões/Considerações
O diálogo entre PICS e promoção da saúde é algo que precisa ser aprofundado, mas elucidar alguns aspectos neste caminho nos mostra e evidencia o quanto a dimensão do Cuidado envolve aspectos que necessitam serem visibilizados e valorizados na Atenção em Saúde. Diante dos desafios apresentados, as PICS ainda não compõem uma estratégia de reorientação da prática de cuidado, porém, podem contribuir para tal.
PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS LINHAS DE CUIDADO EM DOR CRÔNICA E SAÚDE MENTAL COM A OFERTA DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES (PICS) PARA O CUIDADO INTEGRAL
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz
2 Ministério da Saúde
3 Secretaria Estadual do Rio Grande do Sul
4 Secretaria Estadual do Maranhão
5 Ministário da Saúde
6 Universidade Federal de São Carlos
Período de Realização
O Projeto foi realizado no decorrer do ano de 2024.
Objeto da experiência
Criar uma formação-intervenção a partir de conhecimento e tecnologia de cuidado em PICS para as Linhas de Cuidado em Saúde Mental e Dor Crônica
Objetivos
Criar caminho político, pedagógico e metodológico pautado pela racionalidade em uso das PICS para cada nível de atenção da linha de cuidado tendo o território como soberano
Descrição da experiência
Foi desenvolvido um esquema metodológico de formação-intervenção com formato híbrido, contendo 6 módulos com oficinas de trabalho presenciais e mais 6 encontros de apoio pedagógico em formato virtual. Cada encontro presencial teve um objetivo específico relacionado com organização do processo de trabalho, uso de PICS e linha de cuidado temática. O percurso de formação foi acompanhando por um Grupo de Trabalho formado por trabalhadores de todos os níveis de atenção do município.
Resultados
Os resultados obtidos se apresentam a partir de ações micropolíticas, com mudanças objetivas de reorganização do trabalho em equipe, qualificação dos dispositivos trabalhados em curso e também macropolíticas, como ajustes de governança entre estados, municípios e federação para manutenção da ampliação das PICS. Trouxe modificações nas formas instituídas de compreensão das PICS, sua indicação e uso, problematizando antigas crenças, incluindo novamente as PICS no debate das equipes
Aprendizado e análise crítica
Adequações para desenvolvimento de um projeto com autonomia entre os entes federativos, formação e qualificação dos facilitadores locais, apoio matricial aos facilitadores que devem ter encontros de matriciamento pedagógico e institucional para realização das oficinas dos módulos e desenvolvimento das ações previstas nos Planos Operativos. Indicamos que seja feita mais uma rodada de implementação conjunta entre entes federados e instituições de apoio para teste de novas aplicações da modelagem
Conclusões e/ou Recomendações
É importante ter a dimensão que o caminho percorrido é que torna possível chegar a estruturação das Linhas de Cuidado, a caminhada é tão necessária quanto o resultado final. As PICS é que induz este processo respeitando a necessidade do usuário para o cuidado integral e no território e sua problematização permitiu uma linha de cuidados integral com ferramenta para discutir as racionalidades presentes na atenção à dor crônica e à saúde mental
SAÚDE E BEM VIVER: CUIDADO INTEGRAL PARA A SAÚDE MENTAL NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
Comunicação Oral Curta
1 Escola de Saúde Pública/SES/MS
2 Secretaria de Estado de Saúde/MS
Período de Realização
Relato de experiência sobre a implementação do curso em Mato Grosso do Sul, de janeiro e junho de 2025.
Objeto da experiência
Curso promovido pelo OBSERVAPICS/FIOCRUZ Recife, realizado pela ESP/MS, com 120h e três eixos: cuidado de si, viver em equipe e agir no território.
Objetivos
Relatar a experiência de Mato Grosso do Sul na qualificação de profissionais da Atenção Primária em saúde mental e PICS, com foco no cuidado de si, no cuidado com o outro e na identificação das demandas psicossociais dos territórios de atuação.
Descrição da experiência
Relato de experiência sobre a implementação do curso em Mato Grosso do Sul. Foram selecionadas equipes da APS de diferentes municípios, abrangendo 44 municípios, totalizando 192 alunos e 10 tutores. As turmas foram compostas majoritariamente por profissionais do gênero feminino, atuantes da APS. O curso, em formato híbrido, atividades práticas nos territórios com uso das PICS e encontros virtuais. A equipe de tutoria contou com acompanhamento pedagógico e reuniões técnicas de alinhamento.
Resultados
Foram realizadas reuniões de alinhamento a cada 15 dias, três encontros presenciais e 50 projetos de intervenção elaborados e em execução. Os temas mais frequentes envolveram o enfrentamento da ansiedade e depressão em usuários e trabalhadores do SUS, com uso de PICS. As equipes avaliaram as ações antes e depois. Em agosto foi realizado uma mostra para apresentação dos projetos em formato de pôster e comunicação oral, promovendo troca de experiências e inspirando novas práticas nos territórios.
Aprendizado e análise crítica
O curso híbrido, mostrou-se bastante abrangente, envolvendo 192 profissionais de 44 municípios. Os resultados, como a elaboração de 50 projetos de intervenção e a realização de uma mostra final, indicam que a formação foi prática e impactante, promovendo troca de experiências e inovação nas ações de saúde mental. Por outro lado, embora os resultados sejam positivos, seria interessante aprofundar a avaliação do impacto dessas ações na rotina dos profissionais e na saúde dos usuários dos territórios.
Conclusões e/ou Recomendações
A formação evidenciou o potencial das PICS tanto para o cuidado de si quanto como de estratégias eficazes para as ações na saúde mental no SUS. O envolvimento dos profissionais e o apoio institucional foram fundamentais para os resultados. A mostra final fortaleceu o reconhecimento das práticas em PICS e ajudou a ampliar sua visibilidade, fortalecendo o seu impacto na atenção à saúde mental.

Realização: