
Programa - Comunicação Oral Curta - COC18.1 - Saúde Mental, Sofrimento Social e Comportamentos de Risco
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A DOR SILENCIOSA NA JUVENTUDE: FATORES ASSOCIADOS À IDEAÇÃO SUICIDA EM JOVENS BRASILEIROS
Comunicação Oral Curta
1 UEFS
Apresentação/Introdução
A ideação suicida entre jovens representa um importante problema de saúde pública, associado a contextos de exclusão, discriminação e vulnerabilidades sociais. Compreender os fatores ligados a esse fenômeno é essencial para orientar estratégias de prevenção e enfrentamento que promovam o bem-estar e reduzam o risco de suicídio nessa população.
Objetivos
Estimar a prevalência de Ideação suicida e fatores associados na população jovem da região nordeste do Brasil.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional, com amostragem probabilística, realizado com jovens de 15 a 29 anos residentes no estado da Bahia. Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado, sendo a ideação suicida o desfecho de interesse, avaliada pelo instrumento Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Foram analisadas variáveis sociodemográficas, comportamentais, condições de trabalho e vivências de violência. As variáveis com p < 0,20 na análise bivariada foram incluídas no modelo de regressão logística binária, permanecendo no modelo final aquelas com p < 0,05.
Resultados
Participaram do estudo 637 jovens, dos quais 61,4% eram mulheres, 45,265% pardos, com idade média de 22,60 (dp = 4,07). A prevalência de ideação suicida foi de 6,12%. Apresentaram associações com ideação suicida: idade de 15 a 19 anos (RP = 0.51; IC95%: 0.28 -0.94), orientação sexual (RP = 2,31; IC95% 1,06-4,99), ter sofrido agressão na infância (RP = 2.50; IC 95%: 1.33-4.70) e fumar (RP = 3.15; IC95%: 1.61-6.15). Os resultados evidenciam a influência de múltiplas dimensões sociais sobre o sofrimento psíquico, incluindo discriminação, exclusão social e experiências adversas precoces, especialmente entre populações vulnerabilizadas como jovens LGBTQIA+.
Conclusões/Considerações
Os resultados deste estudo evidenciam a complexidade dos fatores associados à ideação suicida em jovens brasileiros, marcada pela influência de dimensões sociais, como discriminação, exclusão e vivências adversas precoces. Os achados destacam a vulnerabilidade de jovens LGBTQIA+ e reforçam a necessidade de ações intersetoriais e estratégias de prevenção que considerem os determinantes sociais da saúde.
AUTOLESÃO NÃO SUICIDA, IDEAÇÃO SUICIDA E ESTRESSE DE MINORIA ENTRE ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO NA REGIÃO DOS INCONFIDENTES (MG)
Comunicação Oral Curta
1 UFOP
2 CBMMG
Apresentação/Introdução
A autolesão não suicida (ALNS) entre adolescentes é uma prática preocupante associada a fatores psicossociais, como a ideação suicida. A teoria do estresse de minoria sugere que grupos estigmatizados (raça, gênero, sexualidade, deficiência) podem ter piora na qualidade da saúde mental e risco aumentado para ALNS por estarem submetidos a estressores únicos e crônicos.
Objetivos
Analisar a prevalência da ALNS e ideação suicida nos diferentes perfis sociodemográficos entre estudantes do ensino médio, e investigar sua relação com o estresse de minoria no ambiente escolar.
Metodologia
Pesquisa de abordagem mista, com dados quantitativos coletados online via google forms entre setembro e dezembro de 2024 em uma escola de cada município - Itabirito, Mariana e Ouro Preto (MG). Foram utilizados os seguintes questionários: autolesão não suicida e ideação suicida (QIAIS-A), sofrimento mental (SRQ-20) e uma ficha socioeconômica elaborada pelos pesquisadores. Na etapa qualitativa, foram desenvolvidas rodas de conversa com os estudantes. O estudo integra o projeto “Saúde Mental nas Escolas e Fora Delas” e conta com equipe multiprofissional para atendimento dos participantes com risco elevado para autolesão e outros sofrimentos. Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Participaram do estudo 227 estudantes. 50% se autodeclararam pardos e 19,2% pretos. A maioria são mulheres cisgênero (64,1%) e 19,4% pertencem à comunidade LGBTQIAPN+. 22,9% relataram prática de ALNS, e dentre os estudantes que indicaram risco elevado ou muito elevado para ALNS, 80% apresentavam ao menos uma característica de minoria social. 44 (19,4%) estudantes indicaram ideação suicida no cruzamento de itens entre o SRQ-20 e o QIAIS-A, destes, 47,7% encontram-se em risco “muito elevado” e 18,2% “elevado”. Entre os que se autolesionam, 21,2% relataram pensamentos frequentes de morte, desesperança e desejo de desaparecer.
Conclusões/Considerações
O estudo aponta forte relação entre ALNS e estresse de minoria, com maior vulnerabilidade entre adolescentes negros, LGBTQIAPN+ e mulheres. A diversidade de gênero e sexualidade entre os afetados pela ALNS e ideação suicida reforça a tese de que ALNS surge como possível resposta a vivências de exclusão e discriminação e aponta a urgência de escolas inclusivas e ações de cuidado em saúde mental sensíveis às desigualdades estruturais.
EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS PARA O ENFRENTAMENTO DA AUTOLESÃO EM ADOLESCENTES: UMA REVISÃO NARRATIVA.
Comunicação Oral Curta
1 UNISANTOS
2 Unisantos
Apresentação/Introdução
A autolesão não suicida na adolescência expressa formas de sofrimento psíquico atravessadas por desigualdades sociais, culturais e institucionais. Funciona como linguagem corporal de dor e resistência,
revelando lacunas nas políticas públicas e desafios ao cuidado em saúde mental com base em modelos biomédicos e etnocêntricos.
Objetivos
Analisar os significados atribuídos à autolesão por adolescentes e as barreiras enfrentadas na busca por ajuda, a partir de uma revisão narrativa da literatura especializada
Metodologia
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura com abordagem qualitativa e interpretativa, construída com o objetivo de compreender os significados atribuídos à autolesão por adolescentes e as barreiras enfrentadas
na busca por ajuda. Essa abordagem permite integrar diferentes perspectivas teóricas e explorar fenômenos complexos e subjetivos como o sofrimento psíquico juvenil, valorizando a construção crítica e reflexiva da
autora, em articulação com referenciais da fenomenologia existencial e da crítica social em saúde coletiva.
Resultados
Os resultados preliminares indicam que a autolesão é compreendida por adolescentes como forma de expressão do sofrimento psíquico e tentativa de regulação emocional diante de contextos marcados por
violência, negligência e desamparo. Estudos de Cidade e Zornig, Moreira e Ehrenberg revelam que o ato de se ferir também denuncia o fracasso das redes de cuidado. A análise, inspirada na fenomenologia de
Minkowski, destaca a autolesão como linguagem existencial e gesto de agência frente ao silenciamento e à exclusão social.
Conclusões/Considerações
A autolesão juvenil exige respostas que transcendam o modelo biomédico, valorizando a escuta qualificada e a compreensão do sofrimento nas desigualdades. Espera-se que o trabalho contribua para o
fortalecimento de políticas públicas integradas e práticas de cuidado que reconheçam a agência dos adolescentes e superem abordagens etnocêntricas e patologizantes.
JUVENTUDE E SOFRIMENTO SOCIAL: A ESCUTA IMPLICADA EM UM DISPOSITIVO PSICANALÍTICO GRUPAL
Comunicação Oral Curta
1 UFRJ
Período de Realização
O projeto de extensão atua desde 2021 até o momento atual.
Objeto da experiência
A escuta de sofrimentos de origem social, instaurados por estado de privação material, desigualdade e injustiça social a partir da escuta de jovens.
Objetivos
O trabalho discute como a escuta psicanalítica grupal, no projeto “Tá na Roda”, permite reconhecer os sofrimentos juvenis para além do individual, considerando os efeitos do contexto socioeconômico e político sobre os processos de subjetivação.
Metodologia
Através da metodologia de grupos operativos e com o referencial da psicanálise, a equipe de psicólogos e estudantes de psicologia realiza rodas semanais em duas turmas de um pré-vestibular social do Rio de Janeiro, cada uma em média com 30 jovens. Os extensionistas coordenam a roda com a tarefa de promover a circulação da palavra entre os alunos. As intervenções visam incidir sobre a dimensão sócio-política do sofrimento psíquico de sujeitos inseridos em contextos marcados pela precarização.
Resultados
A experiência revelou relatos recorrentes de desamparo, medo, injustiça, cansaço, impotência e fragilidade dos laços sociais. Tais vivências permitiram compreender como o ambiente precarizado repercute subjetivamente e produz sofrimentos sociais. Através de uma escuta psicanalítica implicada é possível legitimar os sofrimentos banalizados, o que permite o deslocamento de posições cristalizadas no laço social.
Análise Crítica
A escuta dos jovens remete ao reconhecimento de um duplo desamparo: um próprio da condição adolescente e outro produzido pela ausência do Estado e/ou sua presença violenta. Percebe-se a incidência da lógica neoliberal que exige altos desempenhos porém não oferece suportes sociais para que eles sejam alcançados. Assim, a roda promove um ambiente de confiança propulsor de elaborações pelo qual se legitima e produz sentido para as vivências dos jovens.
Conclusões e/ou Recomendações
Ao reconhecer os sofrimentos sociais pode-se gerar efeitos clínicos e políticos, proporcionando um espaço de reflexividade sobre si e sobre seu contexto. As intervenções incidem nos laços sociais esgarçados pelos processos de precarização e individualização. A escuta psicanalítica opera como um instrumento de cuidado e ferramenta propiciadora de interações coletivas criadoras de pensamento crítico, evidenciando seu aspecto clínico-político.
NOÇÕES DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL DE MULHERES ADOLESCENTES E JOVENS: ENTRE O ACESSO, ÀS DESIGUALDADES E OS AFETOS
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Pernambuco
Apresentação/Introdução
Este relato é o recorte de uma pesquisa de doutorado, que versa sobre as práticas de cuidado em saúde mental de mulheres jovens, moradoras de uma cidade do interior de Alagoas. O cuidado em saúde mental é abordado a partir do cruzamento entre os marcadores sociais de idade, gênero, pobreza e lugar.
Objetivos
Compreender as noções de cuidado em saúde mental de mulheres adolescentes e jovens de uma cidade de pequeno porte do interior de Alagoas, e as interlocuções com os marcadores de idade, gênero, pobreza e lugar.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo percurso metodológico envolveu a realização de oficinas, definidas pelas "trocas dialógicas que permitem a visibilidade, construção e deslocamento de versões sobre a realidade" (Spink; Menegon; Medrado, 2014, p. 33). Foram realizadas cinco oficinas, com duração média de 2 horas e 30 minutos, uma média de 6 participantes, entre os meses de setembro e dezembro de 2022. Os encontros foram audiogravados, transcritos e a análise foi feita a partir dos mapas dialógicos e a identificação de repertórios linguísticos, componentes fundamentais para os estudos das práticas discursivas (Aragaki; Piani; Spink, 2014; Nascimento; Tavanti; Pereira, 2014).
Resultados
A análise resultou em três linhas narrativas, sendo o foco deste trabalho na primeira delas, cujo a discussão centra-se nas noções de cuidado em saúde mental. Nesse sentido, emergiram quatro conjuntos de sentidos nos encontros: o primeiro, aborda a saúde mental como sinônimo de acesso a bens, serviços e cultura, trazendo uma contraposição entre centro urbano e áreas rurais/periférica; o segundo, debate a saúde mental a partir dos meios que encontramos para lidar com as adversidades da vida; e no terceiro, aponta-se para os cuidados recebidos ao longo da infância e adolescência e a construção de redes afetivas como cruciais para a produção de saúde mental.
Conclusões/Considerações
O cuidado em saúde mental para a população jovem acontece junto a necessidade de se adaptar às demandas e desafios do cotidiano, bem como às mudanças políticas, sociais, culturais e a seus lugares de vida. O contexto de desigualdades vivenciado por sujeitos e coletivos, forjam sua relação com o cuidado, produzindo diferentes noções e modos de cuidar/ser cuidado.
PISTAS PARA O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL SOB A ÓTICA DOS ADOLESCENTES – UMA PESQUISA A PARTIR DOS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS
Comunicação Oral Curta
1 Unicamp
Apresentação/Introdução
Quando se trata da Política de Saúde Mental Infanto-juvenil (SMIJ), observa-se uma lacuna assistencial histórica no setor saúde com a inserção tardia na agenda de debate da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) no Brasil. As estratégias de avaliação e monitoramento que podem indicar pontos a serem desenvolvidos no campo da SMIJ em acordo com a atenção psicossocial vem se mostrando insuficientes.
Objetivos
Objetivou-se analisar os itinerários terapêuticos que adolescentes realizam na busca por cuidado em saúde mental em um município de médio porte. Especificamente, compreender as concepções sobre saúde, tratamento e cuidado para estes adolescentes.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa por meio do desenho dos itinerários terapêuticos (IT) a partir do conteúdo de entrevistas abertas em profundidade. Participaram cinco adolescentes entre 14 e 17 anos que estavam em acompanhamento em saúde mental. A pesquisa ocorreu numa cidade paulista de médio porte entre Novembro de 2022 e Fevereiro de 2023, neste momento não contava com CAPSIJ. Sendo uma das perguntas do roteiro: “Como você acha que poderia ser um bom jeito de cuidar de adolescentes como você aqui no município?”. Para análise, utilizamos a abordagem hermenêutica crítica de Paul Ricoeur através da perspectiva de construção de narrativas de Onocko Campos.
Resultados
Identificamos que os adolescentes realizavam acompanhamento em saúde mental, principalmente, em um ambulatório geral no município e que contava apenas com consultas individualizadas por médicos psiquiatras e psicólogos numa baixa frequência - média de consultas a cada 30 ou 60 dias. Observou-se que medicação foi o recurso terapêutico mais ofertado pelos serviços de saúde. Todavia, os adolescentes destacaram a importância do acolhimento e de profissionais capacitados para lidar com essa população. Demonstraram que espaços coletivos, encontros com outros adolescentes, variedade de dispositivos que incluam a arte, música, esportes, lazer são fundamentais para o cuidado em saúde de adolescentes.
Conclusões/Considerações
O cuidado ofertado pelo Ambulatório Geral foi avaliado como insuficiente pelos adolescentes. A medicação esteve de forma presente na narrativa dos entrevistados, todavia, outras pistas de cuidado para além das tradicionais ofertas formais de saúde também foram destacadas. O acolhimento - enquanto uma postura dos adultos frente à adolescência, na escola, família e serviços de saúde se apresentou como um recurso central.
PRÁTICAS DISCURSIVAS DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO SUS SOBRE A ESCUTA E ATENÇÃO AOS CASOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM COMPORTAMENTO SUICIDA
Comunicação Oral Curta
1 Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Apresentação/Introdução
A prática do profissional da saúde mental ao cuidar de um paciente com comportamento suicida envolve certo nível de mobilização e estresse. Isso acentua-se ainda mais quando se trata de crianças e adolescentes. Nessa situação, o manejo torna-se ainda mais difícil e delicado e exigirá dos profissionais, habilidade técnica para o atendimento
Objetivos
Investigar os sentidos atribuídos à atenção e manejo do sofrimento psíquico presente no comportamento suicida em crianças, adolescentes e suas famílias, na perspectiva dos profissionais de saúde do SUS
Metodologia
O desenho da pesquisa foi construído a partir da abordagem qualitativa por meio da técnica de Grupos Focais com profissionais da saúde do SUS, em um município do Estado da Bahia. A pesquisa foi aprovada no comitê de ética. Foram realizados dois grupos focais, cujos diálogos foram gravados. As falas foram transcritas e analisadas através do referencial teórico com base na Teoria de Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano, que fundamentou a análise de discurso.
Resultados
Os achados foram divididos em categorias e subcategorias: 1) Aborda sobre os aspectos emocionais na relação profissional-usuário, sendo subdividida em três subcategorias: 1.1-Triplo Tabu – o tabu da morte, do suicídio e da morte de crianças e adolescentes por suicídio; 1.2- Produção de vínculo e cuidado a crianças e adolescentes com comportamento suicida no SUS e 1.3 - Manejo da crise suicida. 2) (Des) Cuidado e autocuidado dos profissionais de saúde mental durante o acompanhamento aos casos e a 3) Luto – Aspectos emocionais ligados ao temor da perda e a vivência da perda do paciente por suicídio – escrita em formato de artigo.
Conclusões/Considerações
A partir dos dados coletados, evidenciou-se a complexidade do vínculo terapêutico no manejo dos casos de comportamento suicida infantojuvenil, levando os profissionais a lidar com temas tabus. Os achados apontam para a necessidade de formação técnica dos profissionais da saúde sobre a temática do suicídio, como também a necessidade de oferta de ações de acolhimento e apoio aos trabalhadores envolvidos no cuidado a esse público
SAÚDE MENTAL NAS ESCOLAS E FORA DELAS: PROMOÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO DO SUICÍDIO E AUTOLESÃO EM ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO DE OURO PRETO, MARIANA E ITABIRITO, MINAS GERAIS
Comunicação Oral Curta
1 UFOP
2 Escola Estadual Henrique Michel, Itabirito - MG
3 Escola Estadual de Ouro Preto - MG
4 Escola Estadual Dom Silvério, Mariana - MG
5 Superintendência de Ensino de Ouro Preto - MG
6 Centro Promocional e Educacional Padre Ângelo
7 Secretaria Municipal de Saúde de Mariana - MG
8 Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Preto - MG
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 impactou a saúde mental e a segurança nas escolas, em especial as de ensino médio. As escolas de cidades participantes do estudo - Ouro Preto, Mariana e Itabirito - ainda sentem os efeitos e tensões sociais da mineração. Esta pesquisa aborda a saúde mental nas escolas e a possibilidade de aumento nas taxas de suicídio e de sofrimento mental devido a esse duplo impacto.
Objetivos
O objetivo geral é promover a saúde mental e prevenir suicídio e autolesão, com desenvolvimento de produtos inovadores. Dentre os específicos, se propõe a mapear a saúde mental dos participantes, oferecer vivências, treinamentos e material educativo.
Metodologia
Pesquisa-intervenção, aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa, organizada em 3 componentes: 1)Pesquisa de avaliação: avaliação da saúde mental e risco de suicídio; 2) Intervenções em saúde e educação: produção de ações e materiais para capacitação, acolhimento e promoção da saúde mental; 3)Inovação: desenvolvimento de 3 produtos inovadores: a)manual da saúde mental nas escolas e fora delas, b)aplicativo/plataforma digital saúde mental nas escolas e c)Guia Escolar. Atendimento de até 450 participantes, em 36 meses. Está em andamento desde julho de 2024. Nas atividades, mantém equipe de acolhimento para participantes em sofrimento mental ou com resultados preocupantes durante as atividades.
Resultados
Foram realizados a apresentação do projeto, rodas de conversa e diagnóstico escolar e de saúde mental. O mapeamento, por meio de questionários, abordou saúde, bem-estar, sintomas de depressão, ansiedade, estresse, além de dados sociodemográficos e hábitos de vida, com devolutivas às escolas. As rodas utilizaram os recursos “Varal da Saúde Mental”, com estudantes, e “Mural da Escola Acolhedora”, com professores e comunidade. No Varal se destacaram vivências negativas (luto, conflitos) e positivas (amizades, nascimentos). No Mural, os professores apontaram necessidade de valorização profissional, relataram violência e defenderam maior parceria entre escola, família e rede intersetorial.
Conclusões/Considerações
O projeto “Saúde Mental nas Escolas e Fora Delas” tem promovido espaços de escuta e cuidado nas escolas de ensino médio. As ações realizadas apontam avanços e desafios na promoção da saúde mental e fortalecimento das redes escolares e intersetoriais, evidenciando a importância da continuidade e ampliação dessas estratégias nos territórios e escolas atingidos pela mineração.
DIVERSUS: DIVERSÃO E DIVERSIDADE NA PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz Ceará
2 UFF
3 SMS
4
Período de Realização
Abril a setembro de 2024
Objeto da produção
Jogo DiverSUS para a promoção da saúde mental de adolescentes
Objetivos
Apresentar o jogo DiverSUS como ferramenta de diálogo com adolescentes sobre diversidade e promoção da saúde mental
Descrição da produção
O DiverSUS foi desenvolvido a partir de uma pesquisa com adolescentes de um bairro periférico de Fortaleza. Os encontros ocorreram presencialmente e de forma remota, com reuniões semanais entre os jovens e a equipa de pesquisa. A motivação para o desenvolvimento do jogo surgiu a partir de um convite para participar na Brasil Game Show 2024, em São Paulo. O DiverSUS resultou num jogo digital e físico que, de forma lúdica, aborda e discute diversas temáticas relacionadas à saúde mental e à diversidade.
Resultados
O jogo foi lançado em duas feiras voltadas para adolescentes e jovens, sendo também bem recebido por públicos variados – incluindo idosos, professores, pais, pessoas com deficiência e criadores de jogos. Desde então, vem sendo utilizado por educadores em diferentes contextos.
Análise crítica e impactos da produção
Os relatos dos participantes indicam que o DiverSUS é acessível e promove discussões relevantes sobre saúde e saúde mental de forma ampliada, inclusiva e crítica.
Considerações finais
Recomenda-se que o jogo DiverSUS seja adotado como ferramenta de apoio em instituições de saúde e educação, facilitando o diálogo e a interação com adolescentes sobre temas essenciais para o seu bem-estar.
A CENA COMO UNIDADE DE ANÁLISE PARA PESQUISA E INTERVENÇÃO NA PREVENÇÃO INTEGRAL: INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL COM JOVENS EM CONTEXTO DE EMERGÊNCIAS SANITÁRIAS
Comunicação Oral Curta
1 IP USP
Apresentação/Introdução
A “cena” como unidade de análise é uma proposta metodológica para pesquisa e ações em saúde, já se configurou efetiva na resposta psicossocial à epidemia de HIV e de AIDS nos anos 1990. Desde então, tem orientado abordagens que ressaltam a integralidade do cuidado e da prevenção baseadas em direitos humanos, especialmente em contextos de emergência sanitárias como a que vivemos agora a Covid-19.
Objetivos
Apresentar a cena como unidade de análise e intervenção psicossocial em contextos de emergência sanitária, exemplificando sua aplicabilidade na prevenção de novos e desconhecidos agravos e no cuidado/auto-cuidado de adolescentes e jovens.
Metodologia
Entre 2020-2024, no projeto “Vulnerabilidades de jovens às IST/HIV e à violência entre parceiros: avaliação de intervenções psicossociais baseadas nos direitos humanos” (FAPESP), sustentamos observações do cotidiano, online e presencialmente, realizando oficinas de prevenção, entrevistas, acolhimentos, questionários em 8 escolas públicas de 3 cidades. A “cena” como unidade de análise permitiu compreender e coproduzir a prevenção de ISTs, Covid-19, violências e eventos de saúde mental. A decodificação freireana e consequente construção coletiva de inéditos viáveis, reconstruiu e antecipou cenas cotidianas incorporando práticas de cuidado e prevenção com base em sentidos locais/territoriais.
Resultados
A análise de cenas permitiu acessar a interseccionalidade das vulnerabilidades a diferentes infecções e agravos nas experiências cotidianas dos jovens, apoiando a produção de respostas pessoais e coletivas nos territórios. Entre o avanço do conservadorismo e a crise sanitária, em cinco anos de interação com escolas públicas, a pesquisa beneficiou cerca de 6.000 estudantes do ensino médio, com participação anual de 50 agentes-jovens de prevenção, apoiados por direções e docentes. Os adolescentes decodificaram situações vividas e imaginaram formas mais seguras de interação, incorporando saberes de prevenção.
Conclusões/Considerações
A cena como unidade de análise e intervenção qualificou a prevenção, especialmente em emergências sanitárias que tendem a se repetir com a crise climática. Foi eficaz na promoção de sujeitos de direitos, ativando saberes locais, inovação solidária e fortalecendo a ação em saúde de crianças, jovens e adultos em seus territórios. Em contextos de emergência, possibilitou respostas psicossociais ágeis e adaptáveis a novos agravos.
ACOLHER A INFÂNCIA - PREVENÇÃO AO USO DE CIGARROS ELETRÔNICOS EM ESCOLAS
Comunicação Oral Curta
1 UNINOVE
Período de Realização
Acolher a infância - Prevenção ao uso de cigarros eletrônicos em escolas
Objeto da experiência
Conscientizar adolescentes de 13 a 15 anos que estudam em uma escola pública localizada no ABC paulista quanto aos malefícios do uso do cigarro eletrônico.
Objetivos
O trabalho visa informar de forma acessível os malefícios do cigarro e do cigarro eletrônico, estimular o pensamento crítico, desconstruir mitos, promover hábitos saudáveis e criar um diálogo acolhedor entre acadêmicos de medicina e alunos de 13 a 15 anos.
Descrição da experiência
Realizou-se uma ação educativa, iniciando com a aplicação de um pré-teste para avaliar os conhecimentos prévios. Em seguida, foi desenvolvida a dinâmica “Verdadeiro ou Falso” com afirmações sobre os malefícios do cigarro e do cigarro eletrônico. Ao final, aplicou-se um pós-teste para verificar o aprendizado adquirido após a intervenção.
Resultados
Foram avaliados 391 alunos do 9º ano e 1ª série do Ensino Médio. No pré-teste, 50,1% afirmaram conhecer os efeitos do cigarro eletrônico. No teste de “Verdadeiro ou Falso”, a média de acertos foi 58,75%. Após intervenção educativa, 86% relataram ter aprendido sobre as consequências do uso do cigarro eletrônico.
Aprendizado e análise crítica
A escola apresentava demandas quanto à conscientização dos alunos sobre os malefícios do cigarro e do cigarro eletrônico. No pré-teste, observou-se que apenas metade dos estudantes demonstrava conhecimento sobre os danos causados. Após a intervenção, além de cumprir o objetivo proposto, os alunos manifestaram interesse por como dependência, uso de outras drogas, tabagismo passivo e acesso ao tratamento.temas
Conclusões e/ou Recomendações
Evidencia-se a importância de ações de educação em saúde voltadas à população jovem, com linguagem acessível e sensível à sua competência cultural. Propõe-se a ampliação do projeto para incluir discussões sobre outras substâncias psicoativas, como álcool e maconha. Ressalta-se, ainda, a necessidade de garantir o acesso dos alunos a uma UBS de referência para continuidade do cuidado após a intervenção.
ENTRE INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS E CONSTRUÇÕES DE INFÂNCIAS: NOTAS ETNOGRÁFICAS SOBRE USO DE ANTIPSICÓTICOS NO AUTISMO
Comunicação Oral Curta
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Antipsicóticos são medicamentos recomendados para crianças com comportamento agressivo associado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa recomendação, instável e heterogênea, abrange um conjunto de termos semelhantes, como irritabilidade, agressividade, autoagressão, entre outros. No cotidiano do cuidado, porém, essa indicação terapêutica assume novos contornos.
Objetivos
Descrever a forma como a indicação terapêutica dos antipsicóticos para o comportamento agressivo associado ao TEA é construída nas tessituras diárias do cuidado.
Metodologia
Este trabalho integra uma pesquisa de doutorado que investiga o cuidado medicamentoso com antipsicóticos em crianças com TEA. Trata-se de uma etnografia baseada em observação participante junto a uma família no interior do Rio de Janeiro, entrevistas com cuidadoras e pesquisadores, além de análise documental. O estudo está ancorado nos estudos feministas sobre o cuidado, na crítica feminista à ciência e na antropologia a partir dos medicamentos. Neste trabalho, foco nos dados documentais e nos registros de diário de campo da observação do cuidado de Pedro, realizado predominantemente por sua mãe, Débora.
Resultados
Em 2025, durante um churrasco de família, Débora me mostrou o “Protocolo Terapêutico Singular” de Pedro, recebido no centro especializado de TEA. O documento, datado de 19 de dezembro de 2024, consistia em uma avaliação com diversas perguntas fechadas, a serem respondidas com “Sim (S)” ou “Não (N)”. Entre os sinais e sintomas avaliados pela equipe multiprofissional, estavam comunicação, hiperatividade e agressividade. Este último, único sintoma para os quais os antipsicóticos são formalmente recomendados, aparecia marcado com “Não (N)”, indicando que Pedro não apresentava comportamentos agressivos.
Conclusões/Considerações
A partir dessa breve vinheta etnográfica, mostro que, no cotidiano do cuidado, categorias médicas e indicações terapêuticas ganham novos contornos nas relações. Os antipsicóticos, nesse contexto, integram um conjunto mais amplo de elementos que se busca estabilizar. Argumento, por fim, que as categorias médicas são negociadas e ressignificadas no dia a dia do cuidado caseiro.

Realização: