
Programa - Comunicação Oral Curta - COC11.4 - Populações em Contextos de Vulnerabilidade
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ATENÇÃO À SAÚDE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: UM OLHAR A PARTIR DO CENSO MUNICIPAL DE FORTALEZA
Comunicação Oral Curta
1 UFC
Apresentação/Introdução
A população em situação de rua (PSR) enfrenta vulnerabilidades sociais e estruturais que afetam seus processos de saúde e adoecimento. Exclusão social, falta de moradia, violência e precarização de necessidades básicas agravam os problemas de saúde. Este estudo analisa esses agravos e os serviços mais utilizados, com base no 2º Censo Municipal da PSR de Fortaleza.
Objetivos
Evidenciar os principais problemas de saúde que acometem a população em situação de rua em Fortaleza e os serviços de saúde mais acessados, com base nos dados do 2° Censo Municipal sobre a População em Situação de Rua de Fortaleza.
Metodologia
A presente pesquisa tem abordagem quantitativa e se baseia na análise descritiva de dados secundários sobre a saúde da população em situação de rua, extraídos do 2º Censo Municipal da População em Situação de Rua de Fortaleza (2021). Foram examinadas as informações da seção “Condições de Saúde”, com foco em “Acesso aos Serviços de Saúde” e “Problemas de Saúde Indicados”. A interpretação dos dados foi fundamentada nas estatísticas apresentadas no relatório, articuladas à literatura científica, com o objetivo de compreender as vulnerabilidades em saúde dessa população e os limites enfrentados no cuidado ofertado pela rede de atenção.
Resultados
O 2º Censo Municipal de Fortaleza (2021) apontou 2.653 pessoas em situação de rua. Dentre elas, 33,8% relataram dependência química, 20,3% dores crônicas, 19,5% depressão e 19,5% problemas de saúde bucal. Quanto à busca por cuidados, 58,8% recorrem a UBS, 34,2% a prontos-socorros ou hospitais, 10,8% a farmácias e 10,2% ao Consultório na Rua. No entanto, 14,2% não procuram nenhum serviço mesmo diante de problemas de saúde, revelando fragilidades no acesso e na continuidade do cuidado dessa população. A alta incidência de agravos relaciona-se às condições de vida precárias, sendo fundamental o fortalecimento de políticas públicas intersetoriais e ações contínuas de cuidado em saúde.
Conclusões/Considerações
Os dados revelam alta incidência de agravos e fragilidades no acesso à saúde da PSR em Fortaleza. Ainda há barreiras significativas aos cuidados contínuos e às necessidades dessa população. É fundamental ampliar políticas públicas, estratégias específicas, fortalecer a atenção intersetorial e garantir o acesso contínuo, reconhecendo que cuidar da saúde dessa população é também assegurar seus direitos fundamentais à vida e à cidadania.
ATENÇÃO INTEGRAL À GESTANTES E LACTANTES EM VULNERABILIDADE SOCIAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 UFG
Período de Realização
Janeiro de 2025 a junho de 2025, em Unidades de Saúde da Família de um município goiano.
Objeto da experiência
Articulação intersetorial para cuidado integral à gestantes e lactantes em vulnerabilidade social na Atenção Primária à Saúde (APS).
Objetivos
Descrever as ações intersetoriais que articulem saúde, assistência social e universidade para a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) de gestantes e lactantes em situação de vulnerabilidade social.
Descrição da experiência
As ações integraram um projeto de extensão com a ação conjunta de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), equipe E-multi da APS e pesquisadoras de uma universidade pública. As gestantes/lactantes em contextos de risco social foram identificadas nos grupos para gestantes/lactantes e após, encaminhadas às Organizações Não-Governamentais (ONGs) locais para acesso à enxoval, cesta básica de alimentos e leite (Programa de Aquisição de Alimentos), sendo cadastradas e acompanhadas pela rede.
Resultados
As ações alcançaram aproximadamente 60 gestantes/lactantes entre as cinco Unidades de Saúde da Família contempladas pelo projeto. Observou-se aumento do vínculo entre gestantes/lactantes, equipes de saúde e a universidade, ampliação do acesso a benefícios sociais e fortalecimento da rede de apoio. As participantes após as ações relataram melhora na autoestima e no acesso a alimentos saudáveis. Os profissionais envolvidos reconheceram a potência da atuação intersetorial para a promoção da SAN.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou que o cuidado integral às gestantes/lactantes em vulnerabilidade social exige articulação entre saúde, assistência social e sociedade civil. Entre os desafios, destacam-se a necessidade de sensibilização contínua das equipes para a sustentabilidade das ações e os recursos limitados das ONGs parceiras. A escuta qualificada mostrou-se importante para promoção da saúde materno-infantil, prevenção de doenças e agravos nutricionais e a redução de iniquidades.
Conclusões e/ou Recomendações
A parceria com ONGs foi estratégica para auxiliar na garantia de direitos e reduzir iniquidades. A intervenção da universidade pela extensão foi matricial para as estratégias de promoção da Segurança Alimentar e Nutricional. Recomenda-se a formalização de fluxos intersetoriais no cuidado à gestante/lactantes atendidas na APS, o fortalecimento da rede de proteção social e a valorização do trabalho em equipe multidisciplinar.
BARREIRAS ESTRUTURAIS E INVISIBILIDADE: O ACESSO À SAÚDE DE UMA POPULAÇÃO CIRCENSE NO SUL DO BRASIL.
Comunicação Oral Curta
1 Fapi - PR
Período de Realização
A experiência foi desenvolvida entre março a junho de 2025
Objeto da experiência
Identificação das barreiras de acesso à saúde de uma população circense localizada na região metropolitana de Curitiba.
Objetivos
Identificar e compreender as barreiras de acesso à saúde da população circense localizada na região metropolitana de Curitiba - PR, relacionando-os a política pública de equidade.
Descrição da experiência
Para esse relato, foi utilizada a revisão de literatura sobre o acesso à saúde da população circense e dados da Fiocruz e do Ministério da Saúde, que subsidiaram a preparação dos estudantes de Medicina do Centro Universitário de Pinhais – PR para a atividade de extensão. A partir disso, criou-se um roteiro que guiou a roda de conversa com os circenses e nessa interação, identificaram-se barreiras no acesso à saúde, como acolhimento, qualidade do atendimento e a relação com os princípios do SUS.
Resultados
O estudo revela que os circenses enfrentam barreiras no acesso à saúde, como: a recusa de atendimento em UBS por falta de vínculo territorial violando o princípio de universalidade; a descontinuidade no cuidado de doenças crônicas e a busca frequente dessa população pela UPA, o que impede a efetivação do princípio da longitudinalidade; o despreparo dos profissionais para lidar com o modo de vida nômade, característica da população circense, levando ao desencontro do princípio da equidade.
Aprendizado e análise crítica
Essa experiência revelou que a população circense enfrenta barreiras no acesso à saúde, incluindo a recusa de atendimento na APS e a falta de preparo das equipes, resultando em descontinuidade do cuidado. A insegurança dessa população ao buscar a APS é notória, pois não se sentem acolhidos conforme o princípio da equidade. Isso evidencia a urgência de discutir e abordar políticas públicas para populações vulneráveis na formação médica, a fim de garantir maior atenção à execução da equidade.
Conclusões e/ou Recomendações
Para enfrentar as barreiras ao acesso à saúde da população circense existem estratégias a serem implementadas, como as capacitações que envolvam o acolhimento e ações previstas nas políticas de equidade. Tais estratégias se fazem necessárias e devem coincidir com as políticas públicas de saúde, no que diz respeito ao compromisso político institucional e participação ativa dos circenses garantindo e assegurando a execução dos princípios do SUS.
NARRATIVAS DE VIDA COMO ESTRATÉGIA PARA VISIBILIZAÇÃO DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA. REFLEXÕES PARA COMPREENSÃO DA REALIDADE, COM O FOCO NA SINGULARIDADE E EQUIDADE
Comunicação Oral Curta
1 UFF
Apresentação/Introdução
O presente relato de pesquisa tem como objeto pessoas em situação de rua na cidade de Niterói, Rio de Janeiro. As narrativas de vida objetiva compreender o sujeito em sua tragetória e sua história, permitindo através deste maior visibilidade e voz a uma das populações mais invisibilizadas do mundo, garantindo os princípios da universalidade e da equidade.
Objetivos
Mapear através dos estudo cartográfico a rede de assistência à saúde na cidade de Niterói,e os locais onde a população de rua mais se abriga.1-Promover ações resolutivas que corroboram para mitigação dos agravos de saúde da PSR.
Metodologia
A presente pesquisa constitui em um subprojeto do projeto de pesquisa multicêntrico intitulado: Acesso e barreiras ao cuidado em saúde mental, interseccionalidade e equidade para redução das desigualdades. É um estudo exploratório de abordagem qualitativa e método cartogáfico. Este estudo propõe uma abordagem qualitativa descritiva: teórica e empírica, com base em entrevistas semiestruturadas com os profissionais de saúde e com pessoas em situação de rua, diário cartográfico, participação dos encontros, e bibliográfica.
Resultados
Os resultados a serem obtidos, poderão contribuir ainda para o processo de capacitação e conhecimento dos profissionais de saúde acerca da importância da esuta ativa nos processos de cuidar, diante da evidência do aumento da população em situação de rua, casos novos e recorrentes de agravos e doenças negligenciadas desta população.Nessa perspectiva haverá a possibilidade de melhoria dos indicadores dos agravos de saúde e através da intensificação das análises permitir uma proposta de melhorias na qualidade de vida dos indivíduos, das famílias e comunidades expostas.
Conclusões/Considerações
Considera-se o estudo potente na perspectiva da visibiliação das pessoas em situação de rua através das suas narrativas de vida, no qual é possível criar políticas públicas focadas na singularidade do sujeito, das famílias e das comunidades Espera-se que haja a partir desse estudo debates sobre melhoria do cuidado holístico na esfera política, social e acadêmica, propondo minimizar as iniquidades de acesso aos serviços sociais e de saúde.
O PERCURSO ASSISTENCIAL DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NA BUSCA PELO CUIDADO
Comunicação Oral Curta
1 IFSC
Apresentação/Introdução
A População em Situação de Rua, ao recorrer à rua como local de moradia e sustento, enfrenta extrema vulnerabilidade. Embora a Política Nacional para a População em Situação de Rua exista desde 2009, essa população permanece invisível para diferentes níveis governamentais. Compreender seu Percurso Assistencial é crucial para melhorar o acesso aos serviços e fortalecer a rede de saúde.
Objetivos
Dessa forma, o estudo teve como objetivo identificar o Percurso Assistencial da População em Situação de Rua em um município catarinense de grande porte, analisando quais caminhos são percorridos para alcançar a assistência à saúde.
Metodologia
A pesquisa, de abordagem qualitativa, adotou a Análise Temática de Minayo para investigar a realidade social da População em Situação de Rua. Foram entrevistadas 195 pessoas em situação de rua, mediante questionário composto de perguntas objetivas e discursivas. A coleta de dados abrangeu três regiões sanitárias. A análise foi conduzida em sete etapas, envolvendo coleta de dados, transcrição literal, familiarização com o dado, acomodação dos dados, as categorizações por unidade de contexto, núcleo de sentido (códigos) e temática.
Resultados
A pesquisa revelou que o Percurso Assistencial da População em Situação de Rua, é impactado por barreiras como burocracia, estigma e dificuldades de acesso a serviços formais de saúde. A População em Situação de Rua, recorre a meios informais como religião, automedicação e apoio familiar. Embora a Unidade Básica de Saúde da Família seja a mais citada, também há busca por pronto atendimento, hospitais e Centros de Atenção Psicossocial. A condição de rua e as longas distâncias até os serviços dificultam o acesso ao cuidado, evidenciando uma realidade de acesso precário à saúde, com consequências na continuidade do cuidado e no manejo do processo saúde-doença.
Conclusões/Considerações
Este estudo permitiu compreender os caminhos percorridos pela População em Situação de Rua, na busca do cuidado em saúde, destacando a importância de reconhecer sua individualidade e vivências no processo saúde-doença. Embora políticas públicas existam, barreiras como burocracia, preconceito e falhas na rede limitam o acesso à saúde.
ONDE MORA O CUIDADO? DESAFIOS PARA A QUALIFICAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE DAS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz MInas - Instituro René Rachou/IRR
2 Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG
Apresentação/Introdução
Apesar de não haver um distanciamento físico e espacial entre os serviços de saúde e os indivíduos no território, a População em Situação de Rua (PSR) enfrenta barreiras de acesso que impedem a efetivação de seus direitos sociais, sendo recorrente a percepção de estigma e a resistência de parte dos profissionais em atendê-los, muitas vezes identificando-os como o paciente “não desejado”.
Objetivos
Este resumo busca refletir sobre como os marcadores de classe, gênero, raça, escolaridade e condições de saúde interferem nas condições de vida e no acesso aos serviços de saúde das pessoas em situação de rua.
Metodologia
Apesar das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) apontarem para a equidade e considerar o atendimento a grupos vulnerabilizados, o acesso à saúde torna-se um grande desafio à PSR, especialmente para aqueles em sofrimento mental ou em uso prejudicial de álcool e drogas. Com base nos resultados publicados durante o doutorado, em um artigo de revisão integrativa que identificou as barreiras e os facilitadores de acesso da PSR em uso prejudicial de álcool e outras drogas aos serviços de saúde mental no Brasil, este relato reflete sobre as barreiras discriminatórias — como estigma e racismo — enfrentadas no SUS, considerando serem as principais barreiras encontradas na literatura.
Resultados
No Brasil, a PSR é composta majoritariamente por homens, em sua maioria pessoas negras e de baixa escolaridade. Outro marcador que contribui para a sobreposição de estigmas e preconceitos é o adoecimento mental e o uso prejudicial de álcool e drogas. A discriminação é apontada como principal barreira de acesso, manifestando-se como racismo, estigma e preconceitos ligados à pobreza, uso de substâncias psicoativas e condições de higiene. Apesar de possuir os mesmos direitos que a população domiciliada, muitas vezes a PSR não é enxergada como o “paciente desejado”, o que resulta na falta de maior investimento profissional no cuidado desse sujeito, revelando-se como violência institucional.
Conclusões/Considerações
Destaca-se que, além do impacto negativo na autopercepção, a discriminação afeta a interação dos indivíduos com os serviços de saúde e evidencia falhas estruturais reproduzidas pelas instituições. Torna-se urgente pensar estratégias de enfrentamento às barreiras de acesso, fomentar a educação permanente em saúde voltada à qualificação do atendimento à PSR, superar as perspectivas moralizantes e atuar na perspectiva de baixa exigência.
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA SOB RISCO DE ADOECIMENTO POR TUBERCULOSE: ESTUDO MULTICÊNTRICO DE MÉTODOS MISTOS EM PORTO ALEGRE, RS.
Comunicação Oral Curta
1 UFRGS
2 SMS/POA
3 UNISC
4 UFMG
Período de Realização
Março/2025 até o hoje, em diversos territórios urbanos com alta vulnerabilidade social de Porto Alegre, RS.
Objeto da experiência
Entrevistas com profissionais de saúde e pessoas em situação de rua sobre vivências, desafios e cuidados diante da tuberculose.
Objetivos
Refletir sobre os obstáculos enfrentados por pessoas em situação de rua no tratamento da tuberculose, e compreender as estratégias de enfrentamento adotadas por profissionais da saúde, buscando analisar percepções, práticas e potencialidades de intervenção frente às iniquidades sociais.
Descrição da experiência
A experiência faz parte de um estudo multicêntrico com métodos mistos iniciado em março de 2025. Foram realizadas entrevistas com profissionais da saúde e pessoas em situação de rua diagnosticadas ou com histórico de tuberculose. A escuta qualificada e a convivência em campo revelaram desafios no acesso ao tratamento, vínculos fragilizados e limitações na articulação intersetorial, em um contexto de extrema vulnerabilidade social e negligência histórica.
Resultados
Foram identificadas barreiras estruturais ao cuidado relacionadas à ausência de políticas relacionadas ao acesso à moradia/habitação, alimentação e higiene. Profissionais relataram sobrecarga e escassez de recursos, mas, apesar disso, estratégias como o fortalecimento do vínculo, o papel da estratégia Consultório na Rua e abordagens humanizadas demonstraram efetividade na construção de cuidado, apontando para a urgência de ações integradas e políticas públicas efetivas.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a necessidade de superação de uma perspectiva medicalizante de cuidado, dado que a TB é expressão de iniquidades sociais. O estudo vem revelando o quanto a escuta dos sujeitos e o fortalecimento do cuidado pautado no reconhecimento do território, como espaço de vida e de produção, são cruciais. A ausência de políticas habitacionais, o estigma e a descontinuidade do tratamento demandam análise crítica das estruturas de poder, da gestão pública e das práticas de saúde no SUS.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se o fortalecimento da articulação entre saúde e assistência social, com ampliação de equipes de Consultório na Rua e políticas de redução de danos. É essencial garantir a continuidade do cuidado, escuta ativa e respeito à singularidade dos sujeitos. O enfrentamento da tuberculose em pessoas em situação de rua exige respostas intersetoriais, compromisso ético e sensibilidade diante da complexidade social envolvida.
PREVALÊNCIA DE ATENDIMENTOS POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE NAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO PIAUÍ
Comunicação Oral Curta
1 UFPI
2 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
As comunidades quilombolas enfrentam as consequências históricas do racismo estrutural, manifestadas por meio de barreiras no acesso à saúde, educação, saneamento e desenvolvimento social. Com isso, é fundamental que as equipes multiprofissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF) considerem as dinâmicas de vida das comunidades, uma vez que estas apresentam modos próprios de viver e praticar cuidado.
Objetivos
Analisar a prevalência de atendimentos realizados por diferentes categorias profissionais da saúde nos pontos de saúde nos quilombos Lagoas, Caldeirão, Curralinhos, Sumidouro, Tapuio, Vereda dos Anacletos, Macacos e Sítio Velho, localizados no Piauí.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional,descritivo,de caráter quantitativo,realizado com 280 quilombolas com 18 anos ou mais,residentes em 8 quilombos no estado do Piauí. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas,com perguntas fechadas sobre os atendimentos realizados ou não em Unidades Básicas de Saúde (UBS) por profissionais como enfermeiros,técnicos de enfermagem,médicos, dentistas,fisioterapeutas e psicólogos. A coleta ocorreu entre outubro de 2023 e maio de 2025. Os dados foram organizados em planilhas e analisados por meio de estatística descritiva (frequência absoluta e percentual). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 78510124.5.0000.5214)
Resultados
A análise descritiva das entrevistas revelou diferenças marcantes na prevalência de atendimentos por profissionais de saúde nas UBS das comunidades quilombolas visitados. O atendimento por enfermeiros foi o mais frequente, com prevalência geral de 87,14%, variando entre 82,14% e 91,21% conforme a localidade. Médicos também apresentaram alta prevalência com 42,5%. No entanto, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas foram menos acessíveis para a população dessas comunidades, apresentando prevalências de 7,50%, 11,43% e 11,79%, respectivamente. Essas diferenças indicam desigualdades no acesso aos profissionais, especialmente nas áreas de fisioterapia e atenção psicossocial.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que nas comunidades quilombolas entrevistados, há uma alta prevalência de atendimentos por enfermeiros e médicos, mas nota-se uma cobertura limitada de profissionais como fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas. Esses dados evidenciam as desigualdades de acesso aos serviços de saúde nas comunidades quilombolas, indicando a necessidade de ampliar e diversificar as equipes nas UBS.
VIVÊNCIA DURANTE COLETA DE DADOS EM UM INQUÉRITO DE SAÚDE COM POPULAÇÕES DO CAMPO DE PERNAMBUCO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 IAM/FIOCRUZ PE
Período de Realização
A coleta teve início em 2024 e conclusão no primeiro semestre de 2025.
Objeto da experiência
Realização de inquérito de saúde em assentamentos rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco.
Objetivos
Registrar e refletir sobre a experiência vivenciada pelos entrevistadores durante o processo de coleta de dados em assentamentos rurais de Pernambuco, a partir da discussão dos desafios enfrentados, das estratégias metodológicas utilizadas e dos aprendizados gerados a partir desta vivência no campo.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em municípios de Pernambuco participantes do inquérito “Saúde da População do Campo: pesquisa-ação participativa para construção de um modelo decolonial de produção de cuidado para a promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis”. Os pesquisadores realizaram as entrevistas domiciliares utilizando a plataforma REDCap. Além de coletar respostas, os pesquisadores puderam vivenciar e ampliar a compreensão dos contextos sociais e territoriais da população do campo.
Resultados
Durante a coleta de dados, foram visitados assentamentos da Zona da Mata, Agreste, Sertão e Região Metropolitana, cada qual com suas particularidades territoriais e sociais. A articulação com lideranças locais foi essencial para garantir acolhida e confiança. O uso da plataforma REDCap se mostrou uma estratégia eficiente para a coleta digital, mas a instabilidade da internet exigiu coletas offline e posterior sincronização, demonstrando a necessidade de estratégias adaptativas em campo.
Análise Crítica
Além dos questionários, o contato com as famílias revelou narrativas potentes sobre os desafios enfrentados no cotidiano, desde o acesso e qualidade dos serviços de saúde, bem como formas de cuidado, solidariedade e resistência construídas coletivamente. A experiência de estar presente nos territórios e a interação direta com os assentados possibilitou a observação de como os aspectos relacionados como as condições de vida, trabalho e mobilidade impactam a saúde dos assentados.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidencia a importância de metodologias sensíveis ao território e à realidade social das populações rurais. Destaca-se a necessidade de fortalecer políticas públicas que garantam o direito à saúde e valorizem saberes locais. Recomenda-se que futuras pesquisas priorizem o envolvimento comunitário, o uso de tecnologias adaptadas e a valorização das experiências populares como parte fundamental do processo investigativo.
“TODO DIA É DIA DE POSTINHO”: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ITINERANTE EM SAÚDE PARA COMUNIDADES RURAIS NO INTERIOR DA BAHIA
Comunicação Oral Curta
1 UFRB
Período de Realização
Setembro/2024 a março/2025
Objeto da experiência
Implementação de um modelo de atendimento itinerante à saúde nas comunidades rurais atendidas pela USF Carrapatinho, em Olindina-BA.
Objetivos
Facilitar o acesso à atenção básica das comunidades atendidas pela USF Carrapatinho, garantindo atendimento regular e longitudinal por meio de estratégia itinerante, assegurando atendimentos periódicos nas 5 áreas atendidas, buscando reduzir as barreiras de acesso causadas pela distância geográfica.
Descrição da experiência
Realizou-se o Diagnóstico Situacional nos meses de setembro e outubro de 2024, através de dados secundários, com a Estimativa Rápida Participativa feita com representantes das 5 comunidades atendidas. Cada território recebeu um dia fixo de atendimento semanal com consultas médicas e de enfermagem, procedimentos básicos, dispensa de medicações, vacinação, pré-natal, puericultura e atividades educativas. A agenda itinerante foi implementada em novembro de 2024 e mantida até março de 2025.
Resultados
Com um dia fixo de atendimento semanal por comunidade, garantindo previsibilidade destes atendimentos, houve mudança importante da conformação prévia que concentrava a maioria dos atendimentos na sede e melhora na comunicação entre equipe e comunidades, com redução no número de atendimentos diários após 2 meses. Implementou-se salas de espera com abordagem de temas da saúde, tendo um membro da equipe como responsável semanal.
Aprendizado e análise crítica
A distribuição desigual de recursos e serviços de saúde entre regiões urbanas e rurais reflete um padrão histórico de exclusão, onde populações do campo enfrentam maiores dificuldades para acessar cuidados básicos. Com a agenda itinerante semanal as populações relataram sentir maior segurança, pois, todas as semanas tinham a equipe de saúde em seus territórios. As demandas foram ficando cada vez menores e mantendo o tempo de consulta adequado à cada situação.
Conclusões e/ou Recomendações
Essa proposta põe em prática políticas específicas para populações rurais e se configura, portanto, como resposta tecnicamente fundamentada às lacunas identificadas no território, intervindo de forma concreta em problemas historicamente negligenciados no âmbito da atenção à saúde em áreas rurais. Apresenta-se como uma alternativa viável a ser replicada em outras USF cuja barreira geográfica limita o cuidado longitudinal e integral.

Realização: