
Programa - Comunicação Oral Curta - COC16.1 - Educação e ensino em saúde: refletindo sobre gêneros e sexualidades
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
DIVERSIDADE E SAÚDE: ARTICULAÇÃO ENTRE UMA LIGA ESTUDANTIL E COMPONENTE CURRICULAR EM ATIVIDADES DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
Comunicação Oral Curta
1 UNEB
2 PPGEcoH/UNEB
Período de Realização
janeiro de 2024 a junho de 2025
Objeto da experiência
Ensino da atenção às diversidades na formação de enfermagem em articulação com ações de uma liga estudantil
Objetivos
Descrever ações de ensino relacionadas a atenção às diversidades em saúde e a articulação com atividades de uma liga estudantil.
Descrição da experiência
Experiência na formação em enfermagem de uma universidade do norte da Bahia em componente obrigatório da matriz formativa que se relaciona ao ensino da atenção às diversidades em saúde e ações desenvolvidas por uma liga estudantil que se engaja em sistematizar estudos de gênero, sexualidade e interseccionalidade. O componente discute a atuação da Enfermagem frente às diversidades sociais, em especial as relações de gênero, raça/etnia, religião e geração predominantes na sociedade brasileira atual.
Resultados
O componente contribui com a formação de profissionais de enfermagem sensíveis, críticos e que garantam assistência humanizada nos diversos níveis de atenção à saúde. Discute ainda as questões relativas às diversidades tendo em vista os princípios de igualdade e integralidade da assistência de Enfermagem. A liga estudantil formada nessa universidade estuda temas relacionados à gênero e sexualidade e suas ações contribuem para o debate conduzido no componente curricular mencionado.
Aprendizado e análise crítica
Entre os aprendizados podem ser citados a interlocução entre ensino, pesquisa e extensão a partir das ações da liga e atividades formativas na graduação. A liga utiliza diferentes metodologias desde grupos de estudos, cine-debates, ações nas ruas, em escolas, corredores da universidade e debate sobre existências diversas, juventude, fetichização de corpos femininos, desigualdades demarcadas por gênero, desejo e amor.
Conclusões e/ou Recomendações
A existência do componente na grade curricular contribui para uma formação mais sensível e inclusiva. Além disso, as contribuições da liga estudantil, numa perspectiva extensionista que conta com discentes da graduação e pós-graduação, fortalecem na formação problematizadora e visibiliza aspectos do cotidiano que estimulam os estudantes a refletirem e reunirem repertório para uma prática de cuidado que valorize as diversidades.
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO NA SAÚDE: E SE OS PROCESSOS FORMATIVOS FOSSEM CONDUZIDOS PELOS MOVIMENTOS SOCIAIS?
Comunicação Oral Curta
1 UFRN
Apresentação/Introdução
Os processos formativos de Educação Permanente em Saúde podem ser disparados a partir de demandas de representantes de usuários, do controle social. Todavia, a participação de movimentos sociais e/ou usuários neste tipo de experiência ainda é incomum. Nesse sentido, é fundamental compreender as potencialidades da participação desses atores sociais em atividades de Educação Permanente em Saúde.
Objetivos
Compreender as contribuições da participação de movimentos sociais e usuários nos processos pedagógicos de Educação Permanente em Saúde sobre a temática de gênero e sexualidades no contexto da Atenção Primária em Saúde.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa-ação, na qual foram realizadas 4 oficinas de Educação Permanente em Saúde em duas Unidades Básicas de Saúde sobre a temática de gênero e sexualidades. Os processos pedagógicos foram facilitados a partir de uma parceria entre pesquisadores da academia, usuários LGBTI+ do território adscrito e movimentos sociais LGBTI+. Os dados da pesquisa foram coletados e produzidos por meio da técnica de observação-participante, e registrados por gravação de voz e diário de campo. As falas dos usuários e ativistas sociais foram organizadas e analisadas por meio da técnica de análise temática de conteúdo a partir do software Atlas TIⓇ
Resultados
A partir da análise das falas dos usuários e ativistas sociais emergiram 3 categorias: trajetórias de vida; formas de superação e estratégias de enfrentamento de desafios; e contribuições didático-pedagógicas. As categorias elencadas demonstram aspectos explicitados pelos ativistas sociais a exemplo do relato de situações vexatórias do cotidiano em um serviço de saúde, estratégias de superação do preconceito, exemplos práticos de conceitos teóricos e dificuldades concretas vivenciadas pela população LGBTI+, que poderiam não ter sido evidenciadas sem a presença destes atores sociais.
Conclusões/Considerações
Nesta pesquisa verificou-se que a participação de usuários e movimentos sociais em processos formativos sobre gênero e sexualidades trazem contribuições significativas que aproximam o debate teórico da experiência prática. Entretanto, é necessário aprofundar as investigações para verificar se essas contribuições levam a mudanças significativas no cuidado à população LGBTI+ nestes serviços de saúde.
ENSINO DE DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA PÚBLICOS BRASILEIROS
Comunicação Oral Curta
1 UFSC
Apresentação/Introdução
A falta de capacitação profissional é apontada pela população LGBTI+, principalmente por pessoas trans, como uma das principais barreiras no acesso aos serviços de saúde, sendo um mecanismo produtor de sofrimento e que afasta as pessoas usuárias dos serviços de cuidado em saúde.
Objetivos
Este estudo objetivou analisar como estão sendo abordadas as temáticas de diversidade sexual e de gênero no ensino dos cursos de graduação em odontologia das Instituições de Ensino Superior públicas brasileiras.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental, de abordagem quantitativa e descritiva, que, a partir do ensino dos cursos de odontologia das Instituições de Ensino Superior públicas, investigou a presença das temáticas de diversidade sexual e de gênero em seus currículos. Para a composição da amostra, todos os cursos de odontologia públicos ativos no Cadastro e-MEC tiveram seus sites acessados e foram contatados para obtenção da documentação de interesse. Foram incluídos os cursos que disponibilizaram o projeto político de curso ou ementas de disciplinas. Toda a documentação levantada foi lida às cegas por dois pesquisadores, de modo a extrair os dados de interesse para o estudo.
Resultados
Atualmente, o Brasil tem 68 cursos de odontologia públicos em atividade, destes, 45 atenderam ao critério de inclusão e compuseram a amostra. Apenas 4 cursos contemplam a temática de diversidade sexual e 1 a de diversidade de gênero em seus currículos, todas abordando de forma pontual os conteúdos em disciplinas gerais e da área da saúde coletiva. Não foi observada a presença de disciplina específica sobre diversidade sexual e de gênero. Somente 19 cursos adequaram seus currículos com as diretrizes curriculares nacionais de 2021, a qual orienta a abordagem da temática de orientação sexual. Nenhum curso apresentou a Política Nacional de Saúde Integral de LGBTI+ em seus currículos.
Conclusões/Considerações
Persistem lacunas na formação de cirurgiões-dentistas sobre diversidade sexual e de gênero, o que compromete a qualidade do cuidado e perpetua desigualdades. É fundamental inserir essas temáticas de forma efetiva nos currículos, promovendo uma prática profissional mais ética, inclusiva e comprometida com a equidade.
INICIATIVAS PARA FORMAÇÃO EM SAÚDE PARA O CUIDADO DA POPULAÇÃO LGBTQIA+: EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA DO INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral Curta
1 IFRJ
Período de Realização
As ações do Grupo iniciaram em Março de 2023 e encontram-se em pleno funcionamento no período atual
Objeto da experiência
Grupo de Estudos em Saúde da População LGBTQIAPN+ (GESAP+) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RJ Campus Realengo (IFRJ Creal).
Objetivos
Descrever a atuação do GESAP+ IFRJ Creal no que se refere às ações de pesquisa, ensino e parcerias acadêmicas intersetoriais que buscam estimular um novo olhar para a formação de trabalhadores de saúde no cuidado da População LGBTQAPN+.
Descrição da experiência
O GESAP+ desenvolve ações como pesquisas relacionadas à formação profissional com base na saúde da População LGBTQIA+, em parceria com outras iniciativas, realiza ações de educação em saúde LGBTQIA+, capacitação em Metodologias de Pesquisa, letramento e educação permanente para estudantes, docentes e trabalhadores de UBS do território. Realiza grupos de estudos para os estudantes do grupo e administra uma página na rede social Instagram para informes e educação em saúde relacionados à população LGBTQIA+.
Resultados
GESAP+ é formado por 5 estudantes de Iniciação Científica, 1 colaborador externo e 1 coordenadora do grupo e atuou até o momento com 2 pesquisas com bolsas de fomento CNPq (2023-2024 e 2025-2026), capacitação em Metodologias Qualitativas como Grupos Focais e Análise de Conteúdo, 4 encontros de letramento relacionado ao tema, 2 rodas de conversa em parceria com a SMS RJ do território, 2 rodas de conversa sobre o cuidado em saúde da população LGBTQIAPN+ e apoiou 2 ações do PET Saúde Equidade.
Aprendizado e análise crítica
Observa-se que as percepções das pessoas que atuam na formação dos estudantes são, em geral, de desconhecimento e confusões conceituais em relação ao cuidado em saúde da população LGBTQIA+. Observa-se pouco interesse no tema, uso de termos inadequados e estigma sobre identidade de gênero e orientação sexual e pouquíssima representatividade de pessoas Trans na academia e nos ambientes de cuidado. A desigualdade e opressão dificultam o acesso ao cuidado e à formação em saúde mais equânime no Brasil.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente pensar na Formação em Saúde que seja ferramenta potente de garantia de direitos e fortalecimento do Controle Social do SUS, que atenda às necessidades específicas da população LGBTQIA+, acolha as reivindicações dos movimentos sociais que a representam e garanta um cuidado em Saúde resolutivo no SUS, com redução de desigualdades e de violência. Um desafio para a Formação em Saúde no Brasil, ainda eurocentrada e corpo hetero-cisnormativa.
LETRAMENTO CRÍTICO EM SAÚDE: COMO UMA OFICINA AMPLIOU REPERTÓRIOS SOBRE EQUIDADE LGBTIAPN+ NO SUS
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
2 UESB
Apresentação/Introdução
Formar profissionais que desenvolvam reflexões críticas sobre determinantes sociais da saúde é fundamental para um SUS equitativo. O estudo analisou, por meio de análise lexical no IRaMuTeQ, as transformações nas percepções de participantes de uma oficina de letramento em saúde, com foco nos direitos da população LGBTQIAPN+.
Objetivos
Analisar as expectativas e os aprendizados sobre letramento em saúde e direitos LGBTQIAPN+, antes e após a participação em uma oficina educativa.
Metodologia
A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi realizada por meio de uma oficina, com análise lexical realizada no software IRaMuTeQ, a fim explorar os sentidos atribuídos à experiência pelos participantes. A oficina contou com oito participantes, com idades entre 21 e 59 anos, em sua maioria graduandos da área da saúde vinculados ao Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET - Saúde Equidade). Os dados foram coletados por questionários abertos, aplicados antes e após a oficina, com foco nas expectativas, compreensões e percepções sobre o tema. A análise textual incluiu nuvem de palavras e análise de similitude, evidenciando relações semânticas entre os principais vocábulos.
Resultados
Na análise de similitude pré-oficina, “expectativa” destacou-se como núcleo central, conectando três comunidades semânticas. A primeira, voltada à ética do cuidado, reuniu termos como “compreensão”, “respeito” e “preconceito”; a segunda refletiu o interesse pela apropriação de conceitos, com destaque para “identidade”, “orientação sexual” e “gênero”; e a terceira, menos densa, abordou desigualdades no acesso e lacunas na formação. No pós-oficina, o termo “direitos” assumiu a centralidade lexical, articulando-se à responsabilização institucional no SUS, ao enfrentamento da discriminação e à incorporação de conceitos fundamentais como “despatologização” e “processo transexualizador”.
Conclusões/Considerações
A análise realizada indica que a intervenção promoveu um diferencial significativo no letramento em saúde dos participantes, especialmente no que se refere aos direitos da população LGBTQIAPN+ e ao enfrentamento da discriminação. Observou-se uma transição do foco em expectativas conceituais para uma compreensão mais crítica sobre o cuidado em saúde, com temas como acesso, despatologização e estratégias profissionais.
MAIS ACESSO À INFORMAÇÃO E SERVIÇOS DE SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA PARA ADOLESCENTES E MENINAS NO RECIFE: RELATO SOBRE OFICINAS DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NA APS
Comunicação Oral Curta
1 UFPE
2 Bloco A
3 UNB
4
5 UNB, Bloco A
Período de Realização
Maio de 2024, no município de Recife, em unidades de saúde da família dos distritos IV e VII
Objeto da experiência
Educação permanente de trabalhadores da APS sobre saúde sexual e reprodutiva, qualificando o acolhimento a adolescentes e meninas no Recife.
Objetivos
Relatar oficinas de educação permanente na APS de Recife, parte do projeto "Mais acesso à informação e serviços de saúde sexual e reprodutiva para adolescentes e meninas”, além de, através do relato, incentivar atuação em rede, reduzir estigma do aborto e ampliar cuidado digno e integral na APS.
Descrição da experiência
Projeto da ONG Bloco A em que após oferta do curso online AMPARA, foram realizadas oficinas presenciais com 38 profissionais (gestores, nível superior, técnicos e Agentes Comunitários de Saúde) de duas Unidades de Saúde da Família de Recife. As oficinas, conduzidas por equipe da Bloco A, focaram em saúde sexual, planejamento reprodutivo, gravidez indesejada em adolescentes e direito ao aborto legal. As dinâmicas incluíram discussões de situações clínicas na APS através de metodologias ativas.
Resultados
As oficinas revelaram lacunas no conhecimento dos profissionais, principalmente sobre: abordagem e notificação em estupro de vulnerável, direito das adolescentes ao DIU, conduta em gestações indesejadas fora do aborto legal e importância da redução de danos. Após as oficinas, 60% dos gestores, 70% dos ACSs e 100% dos profissionais de nível superior avaliaram seu conhecimento como bom ou muito bom. Entre 75% e 100% acreditam que as oficinas impactarão seus processos de trabalho.
Aprendizado e análise crítica
As lacunas de conhecimento dos profissionais reforçam a urgência da educação permanente. A discrepância entre a percepção dos profissionais sobre seus conhecimentos e os erros nas questões objetivas indica a necessidade de abordagens que vão além da transmissão de informações, focando na mudança de atitudes e superação de barreiras éticas.Metodologia ativa e educação popular foram eficazes, promovendo reflexão e engajamento. Melhora na autoavaliação sugere o potencial transformador dessas ações
Conclusões e/ou Recomendações
As oficinas de educação permanente foram essenciais para qualificar profissionais da APS de Recife em saúde sexual e reprodutiva, especialmente no cuidado a meninas e adolescentes. A experiência revelou lacunas de conhecimentos, mas também potencial de mudança. Recomenda-se a continuidade dessas iniciativas, integrando ensino, serviço e o terceiro setor, para fortalecer a rede de apoio e garantir acesso equitativo e digno a informações e serviços
VIVÊNCIAS LGBTQIA+ NO SUS: EXPERIÊNCIA DE COMUNICAÇÃO POPULAR NO COMBATE À LGBTFOBIA.
Comunicação Oral Curta
1 UFRN
Período de Realização
A experiência foi no dia 19 de maio de 2025, em consideração ao dia mundial contra a LGBTfobia.
Objeto da experiência
O programa de rádio Vozes da Saúde trouxe ao ar o episódio do podcast Fale com Agente sobre Vivências de profissionais LGBTQIA+ no SUS.
Objetivos
Relatar a experiência sobre a realização de um programa de rádio que discutiu as vivências de profissionais LGBTQIAPN+ no SUS, levantando as barreiras causadas pela LGBTfobia no cotidiano e apontando estratégias para a inclusão e o respeito à diversidade sexual e de gênero nos serviços de saúde.
Descrição da experiência
O episódio do podcast “Fale com a Gente”, com foco na inclusão de profissionais LGBTQIA+ no SUS, foi exibido no programa de rádio “Vozes da Saúde”, veiculado pela Rádio Comunitária Santa Cruz. Após a transmissão, bolsistas da pós -graduação em saúde coletiva, FACISA/UFRN, conduziram um debate ao vivo, refletindo sobre os desafios enfrentados pela população LGBTQIA+ no ambiente de trabalho e discutindo estratégias de inclusão com base nas experiências compartilhadas no episódio.
Resultados
A exibição do podcast seguida do debate entre bolsistas permitiu a troca de percepções sobre a presença e invisibilidade da pauta LGBTQIA+ no SUS. Foram destacadas barreiras como uso indevido do nome social, silenciamento institucional e violências simbólicas. O diálogo ampliou a compreensão dos ouvintes e bolsistas sobre a importância da escuta, da representatividade profissional e da atuação crítica frente às iniquidades no trabalho em saúde.
Aprendizado e análise crítica
A atividade demonstrou que vivências compartilhadas em linguagem acessível, como no podcast, aliadas a espaços de diálogo reflexivo, geram aprendizado significativo. Os bolsistas destacaram que o debate após exibição possibilitou não só aprofundar o conteúdo, mas também repensar a atuação profissional. A experiência reforçou a potência da comunicação popular na construção coletiva do conhecimento e no enfrentamento da LGBTfobia institucional.
Conclusões e/ou Recomendações
O uso integrado de mídias populares e debates mostra-se eficaz na sensibilização para temas complexos como diversidade sexual e de gênero. Recomenda-se ampliar ações extensionistas com esse formato, garantindo escuta qualificada e formação crítica. A valorização de experiências LGBTQIA+ no SUS deve ser contínua e institucional, promovendo ambientes de trabalho mais justos, seguros e representativos.
E SE EU SAIR DO ARMÁRIO? TESSITURAS ENTRE ARMÁRIOS, HOMOSSEXUALIDADE E JUVENTUDE EM DINÂMICAS INTERIORANAS.
Comunicação Oral Curta
1 INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA / FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
O presente trabalho é referente à pesquisa realizada durante o curso de Mestrado em Saúde Coletiva, onde foram investigados os processos de reconhecimento e revelação da homossexualidade, por jovens gays, na Região Médio Paraíba do Rio de Janeiro. Foram realizadas entrevistas, onde foram abordadas relações familiares, de amizades, de trabalho e educação, além das redes de apoio e sociabilidade.
Objetivos
Compreender como se deram os processos de autorreconhecimento e revelação da homossexualidade. Analisar quais os diferentes contextos da revelação da homossexualidade. Identificar redes de apoio e sociabilidades nas dinâmicas interioranas.
Metodologia
A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, por meio da análise das experiências pessoais e sociais. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, com dez jovens gays, com idade entre 18 a 29 anos, oriundos dos municípios que compõem a Região Médio Paraíba do Estado do Rio de Janeiro. O recrutamento dos entrevistados se deu a partir de divulgação de cartaz em Centros de Cidadania LGBTI, além da indicação de sujeitos, por meio da técnica bola de neve. A análise dos dados se deu a partir da interpretação de núcleos de sentido (Gomes, 1994). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IFF/Fiocruz.
Resultados
Pode ser percebida a grande influência da religiosidade no processos de reconhecimento e aceitação e, consequentemente, da revelação da homossexualidade. O choque de injúria (Eribon, 2008) evidencia os medos e sofrimentos. As revelações se traduziram de formas diferentes, com alguns pontos de conexão, onde a família ocupou um lugar ambíguo de rejeição-acolhimento, com familiares que rejeitaram e, depois, vieram a se tornar redes de apoio. A escola e o trabalho representaram espaços que forjam a heterossexualidade compulsória. A sociabilidade é o espaço de pertencimento e acolhimento. O acesso às políticas públicas é limitado, onde os sujeitos gays não as reconhecem como espaços acolhedores.
Conclusões/Considerações
A pesquisa se debruçou a investigar e abrir caminhos para novos estudos sobre as vivências da homossexualidade em contextos interioranos, elencando que a interioridade influencia os processos de aceitação e revelação da homossexualidade, revelando particularidades regionais, além da compreensão de que o reconhecimento da homossexualidade e a autoaceitação são fatores que podem contribuir para a saúde mental desse jovens.
QUEM SÃO AS MULHERES BISSEXUAIS BRASILEIRAS? – UMA PESQUISA EXPLORATÓRIA USANDO TRIANGULAÇÃO DE MÉTODOS
Comunicação Oral Curta
1 UFMG
2 USP
3 INED/França
Apresentação/Introdução
Apesar dos recentes avanços, com a intensificação de contribuições teóricas sobre bissexualidade no cenário nacional, especialmente a partir da produção de jovens pesquisadoras e pesquisadores, ainda são escassos estudos científicos sobre a dimensão dessa população e o perfil sociodemográfico das mulheres que se identificam como bissexuais no país.
Objetivos
Analisar o perfil das mulheres jovens que se identificam como bissexuais e como esse processo de identificação se relaciona com marcadores que aludem a certo conservadorismo social (sobretudo às moralidades sexual e de gênero).
Metodologia
Estudo exploratório, com triangulação de métodos. Na etapa quantitativa, foram usados dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, estudo transversal, de base populacional. Foram analisados, por sexo e orientação sexual, dados sociodemográficos e relativos ao exercício da sexualidade de mulheres (n=9.762), com 18 anos ou mais, que responderam ao módulo atividade sexual, dos estados de SP, RJ, BA e RS. Na etapa qualitativa, utilizamos um estudo socioantropológico e multicêntrico, intitulado Jovens da Era Digital. Entrevistas em profundidade (n=81) foram feitas com mulheres de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre, com idades entre 16 e 24 anos, em 2021 e 2022.
Resultados
As bissexuais correspondem a 0,9% (IC95% 0,7%-1,1%) da população de mulheres. A bissexualidade é mais frequente entre as mais jovens e mais escolarizadas. Nos dados qualitativos, 27 entrevistadas se declararam bissexuais, 49 hetero e 4 homossexuais. As bissexuais tiveram mais iniciação sexual antes dos 18 anos, em sua maioria em contexto de namoro, mas com uma participação importante de parcerias menos estáveis, como amigos/as. A maioria delas teve a primeira e a última relação sexual com homens. Declararam atualmente frequentar mais religiões de matriz africana e o espiritismo ou não ter religião em relação às hetero. Apesar de terem tido menos gestações e filhos, tiveram mais abortos provocados.
Conclusões/Considerações
As mulheres bissexuais e suas demandas de saúde sexual e reprodutiva precisam sair da invisibilidade. Especificidades importantes na população de mulheres bissexuais as diferenciam das hetero e homossexuais. Tais dimensões precisam ser compreendidas e incorporadas em suas práticas pelos formuladores de políticas e pelos profissionais de saúde, para que a bissexualidade não continue sendo apagada das políticas e serviços de saúde.

Realização: