Programa - Comunicação Oral Curta - COC12.4 - Arboviroses em foco
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
ANÁLISE ESPACIAL SOBRE OS CASOS DE DENGUE NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL, COM AUXÍLIO DAS GEOTECNOLOGIAS
Comunicação Oral Curta
Souza, J. T. S1, Ribeiro, M. G. C1
1 UCSAL
Apresentação/Introdução
Dengue é a arbovirose mais incidente nas Américas, com o Brasil entre os países mais afetados. A doença é típica das regiões tropicais/subtropicais que abrigam países de menor desenvolvimento socioeconômico, sendo sensível às mudanças climáticas em curso. Sua caracterização epidemiológica pressupõe uma análise territorial para a qual o mapeamento geográfico se mostra uma ferramenta indispensável.
Objetivos
Analisar os índices de morbidade dos casos de dengue no estado da Bahia entre os anos de 2014 a 2023, utilizando geotecnologias.
Metodologia
Desenvolveu-se estudo ecológico espaço-temporal sobre as notificações dos casos prováveis dengue na Bahia, Brasil, entre os anos de 2014 e 2023. Como variáveis dependentes foram calculados os Coeficientes de Incidência anuais e médios, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Como variáveis independentes estão indicadores socioeconômicos, ambientais e de saúde. Utilizou-se o Microsoft Excel para tabulação dos dados e cálculos dos indicadores, o QGIS Desktop 3.26.1 para confecção de mapas temáticos e o software Jamovi 2.2.5 para a análise estatística
Resultados
Entre 2014 e 2023 a Bahia registrou 418.254 casos prováveis de dengue, com maior pico epidêmico em 2019-2020 (36,3%). Foram maioria indivíduos do sexo feminino (56,4%), pardos (50,3%), com idade entre 20 e 59 anos (60,1 %), residentes das macrorregiões Sul, Leste e Centro leste (58,0%). Os meses de março, abril e maio concentraram 49,8% dos casos. Apresentaram maior risco o sexo feminino (309,5 casos/100 mil), os amarelos (1.805 casos/100 mil), a faixa-etária de 15 a 19 anos (337,8 casos/100 mil) e a macrorregião Sul (541,0 casos/100 mil). A distribuição da dengue é, no geral, bastante heterogênea entre os municípios baianos.
Conclusões/Considerações
Na Bahia, a dengue tem apresentado picos epidêmicos cada vez mais elevados. A doença é influenciada por uma complexa interação de fatores socioeconômicos e ambientais. Sua dinâmica de transmissão tem sido favorecida pelas mudanças climáticas em curso, com temperaturas mais elevadas e alta pluviosidade. O trabalho pode subsidiar a compreensão da dinâmica da doença no estado e planejamento das suas ações de combate.
DENGUE NA GESTAÇÃO E RISCO DE DENGUE NO PRIMEIRO ANO DE VIDA: ESTUDO DE COORTE COM DADOS ADMINISTRATIVOS
Comunicação Oral Curta
Pincelli, A.1, Cerqueira-Silva, T.2, Boaventura, V.S.3, Teixeira, M.G.4, Barreto, M.L.1, Paixão, E.S.2
1 CIDACS
2 London School of Hygiene & Tropical Medicine, CIDACS
3 UFBA
4 UFBA, CIDACS
Apresentação/Introdução
A dengue sintomática na gestação está associada com aumento do risco de desfechos gestacionais adversos. No entanto, o impacto dessa exposição na saúde infantil, para além do período perinatal, ainda é pouco compreendido. Acredita-se que a transferência transplacentária de anticorpos maternos IgG anti-DENV possa influenciar o risco de infecção por dengue após o nascimento.
Objetivos
Investigar se a exposição à dengue sintomática durante a gestação influencia o risco de ocorrência de dengue ao longo do primeiro ano de vida pós-natal em crianças brasileiras.
Metodologia
Este é um estudo de coorte de base populacional com dados vinculados do SINASC, SINAN-Dengue e SIM. Utilizamos modelos de regressão de Cox para comparar o risco de diagnóstico de dengue ao longo do primeiro ano de vida entre nascidos vivos expostos à dengue na gestação, e nascidos vivos filhos de mães que tiveram registro de suspeita de dengue no SINAN durante a gestação, mas não tiveram diagnóstico de dengue confirmado (referência). Os modelos foram ajustados para idade materna, escolaridade materna, mês e ano de concepção, e estratificados para município de residência. Participaram da análise 92.550 nascidos vivos entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2019 (47% expostos e 53% referência).
Resultados
Identificamos 165 casos de dengue no primeiro ano de vida no grupo exposto e 114 no grupo referência. Em 21% dos casos do grupo exposto e 6% do grupo de referência, os sintomas começaram ainda na primeira semana de vida. O grupo exposto foi responsável por 83% (n=15) dos diagnósticos de dengue grave, dos quais 60% (n=9) tiveram início de sintomas na primeira semana de vida. Quando comparados com o grupo de referência, nascidos vivos expostos à dengue no 3° trimestre de gestação tiveram maior risco de diagnóstico de dengue no primeiro ano de vida (HR 1,90 IC 95% 1,35-2,68). O risco foi mais elevado nos casos de exposição à dengue grave na gestação (HR 4,78 IC 95% 2,59-8,82).
Conclusões/Considerações
O risco de dengue no primeiro ano de vida foi, em geral, semelhante entre expostos e não expostos durante a gestação. No entanto, nascidos vivos expostos à dengue no 3° trimestre ou à dengue grave na gestação, tiveram maior risco de serem diagnosticados com dengue no primeiro ano de vida, em comparação àqueles não expostos. A incidência de dengue nos primeiros 7 dias de vida foi relativamente alta, sugerindo ocorrência de transmissão vertical.
FATORES ASSOCIADOS AO ÓBITO POR DENGUE NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: ESTUDO TRANSVERSAL COM DADOS DE VIGILÂNCIA DE 2020 A 2024
Comunicação Oral Curta
Dela Costa, AES1, Cola, JP1, Znotti, RL1, Del Carro, KB1, Coelho, LAL1, dos Santos, APB1, Chamovitz, A1, Bezerra, DP1, Prado, TN2, Vicente, CR2
1 Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo
2 Universidade Federal do Espírito Santo
Apresentação/Introdução
A dengue é uma arbovirose de alta incidência no Brasil, com potencial para formas graves e óbito. O Espírito Santo enfrenta epidemias recorrentes, com forte impacto na saúde pública. Identificar os fatores associados ao óbito por dengue é essencial para aprimorar as ações nos serviços de saúde, especialmente nos períodos de maior transmissão, e direcionar estratégias de prevenção e controle.
Objetivos
Analisar os fatores associados ao óbito por dengue no estado do Espírito Santo entre os anos de 2020 a 2024.
Metodologia
Estudo transversal com dados secundários do Sistema de Vigilância em Saúde do estado do Espírito Santo (e-SUS VS). Foram incluídos casos confirmados de dengue grave (DG) e/ou com sinais de alarme (DSA) notificados entre janeiro de 2020 a dezembro de 2024. Excluíram-se as notificações com evolução óbito por outras causas. Calcularam-se as frequências relativas e absolutas das variáveis sociodemográficas e clínicas entre os óbitos e não óbitos por dengue. O teste qui-quadrado de Pearson foi utilizado para analisar as diferenças entre os grupos. Utilizou-se regressão de Poisson de variância robusta para calcular razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Resultados
Foram notificados 6.928 casos de DG e/ou DSA, desses, 160 (2,3%) com evolução de óbito por dengue, sendo que 111 (69,3%) foram encerrados por critério laboratorial. Entre os óbitos, 88 (55,0%) eram do sexo masculino, 92 (57,5%) ≥ 60 anos, 98 (61,2%) raça cor da pele não brancos, 70 (43,7%) com cardiopatia, 31 (19,3%) diabéticos, 5 (3,1%) eram portadores de doenças hematológicas e 5 (3,1%) renal crônico. A prevalência do óbito foi maior entre os com ≥ 60 anos (RP 4,96; IC95% 2,57-9,56), pessoas com doenças hematológicas (RP 3,68; IC95% 1,43-9,45), diabetes (RP 2,93; IC95% 2,00-4,29) e cardiopatias (RP 1,79; IC95% 1,27-2,54).
Conclusões/Considerações
A prevalência do óbito por dengue foi associada às pessoas com 60 anos ou mais e a presença de comorbidades, como cardiopatias, diabetes mellitus e doenças hematológicas. Os achados reforçam a atenção prioritária a grupos vulneráveis com suspeita de dengue, especialmente idosos e pessoas com condições crônicas. Políticas de saúde voltadas ao diagnóstico precoce e manejo adequado desses grupos são essenciais para a redução da letalidade.
CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DOS LOCAIS DE RESIDÊNCIA E TRABALHO DOS PRIMEIROS CASOS DE FEBRE DO OROPOUCHE EM SANTA CATARINA, 2024
Comunicação Oral Curta
Novaes, R. P.1, Sá, B. J.1, Santos, I. G.1, Feijó, V. P.2, Folster, I. C.3, Eyng, L. C. P.4, Marchi, N. A. C.5, Martendal, R.6, Carneiro, A. J. B.1, Castanha, D. C.1
1 Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EpiSUS), Departamento de Emergência em Saúde Pública (DEMSP), Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Ministério da Saúde (MS), Brasília, DF, Brasil
2 Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses (CGARB), Departamento de Doenças Transmissíveis (DEDT), Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Ministério da Saúde (MS), Brasília, DF, Brasil
3 Coordenação Estadual das Arboviroses, Gerência de Zoonoses, Acidentes por Animais Peçonhentos e Doenças Transmitidas por Vetores, Diretoria de Vigilância Epidemiológica, Superintendência de Vigilância em Saúde, Secretaria de Estado da Saúde, Florianópolis
4 Setor de Vigilância Epidemiológica, Departamento de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, Botuverá, SC, Brasil
5 Coordenação de Vigilância Epidemiológica, Diretoria de Vigilâncias em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, Brusque, SC, Brasil
6 Setor de Vigilância Epidemiológica, Secretaria Municipal de Saúde, Luiz Alves, SC, Brasil
Apresentação/Introdução
Em 2024, foram registrados os primeiros casos autóctones de febre do Oropouche (FO) em Santa Catarina (SC). Há evidências do envolvimento do vetor Culicoides spp. no ciclo urbano da doença, no entanto, é necessária uma caracterização mais detalhada dos ambientes e dos fatores que favorecem sua presença, a fim de subsidiar estratégias e medidas eficazes de prevenção e controle da doença.
Objetivos
Descrever as características ambientais dos locais de residência e trabalho dos casos de FO.
Metodologia
Foi realizado um estudo descritivo, tipo série de casos, em residentes dos municípios de Luiz Alves, Botuverá, Brusque, Ilhota, Guabiruba e Blumenau, estado de SC, com detecção laboratorial para vírus Oropouche entre 25/04/2024 e 12/06/2024. Foi utilizado questionário semiestruturado com variáveis sociodemográficas e ambientais. As análises foram realizadas através de estatística descritiva. CAAE 88060725.4.0000.0008.
Resultados
Dos 42 casos detectados, 34 foram entrevistados, sendo 12 (35%) residentes de Luiz Alves, 10 (29%) de Botuverá, cinco (15%) de Brusque, cinco (15%) de Ilhota, um (3%) de Guabiruba e um (3%) de Blumenau. A maioria residia em área urbanizada (59%), próximo de corpos hídricos (79%), áreas de mata (88%) e culturas agrícolas (68%), principalmente bananicultura (57%). Quanto à ocupação, a maior parte trabalhava em área urbanizada (64%), próximo de corpos hídricos (82%), áreas de mata (79%) e culturas agrícolas (54%), com destaque para bananicultura (47%). A presença do vetor Culicoides spp. foi relatada em 91% dos domicílios e 86% dos locais de trabalho.
Conclusões/Considerações
Embora a maioria dos casos residissem e trabalhassem em área urbana, esses locais situavam-se próximos a corpos hídricos, áreas de matas e agrícolas, sobretudo bananicultura, favoráveis a proliferação de Culicoides spp. Portanto, o ambiente possivelmente exerce papel relevante na sustentação da transmissão e na magnitude da doença. Há que se compreender outros fatores que possam contribuir para a emergência da doença em regiões não endêmicas.
FEBRE DO OROPOUCHE NA REGIÃO EXTRA-AMAZÔNICA DO BRASIL: UM SURTO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.
Comunicação Oral Curta
Cola, JP1, Dela Costa, AES1, Zanotti, RL1, Del Carro, KB1, Coelho, LAL1, Dos Santos, APB1, Prado, TN2, Freire, BS2, Miranda, AE2, Vicente, CR2
1 Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo
2 Universidade Federal do Espírito Santo
Apresentação/Introdução
O vírus Oropouche (OROV) tem provocado surtos na América Latina, sobretudo na região amazônica, causando doença febril aguda, podendo ocorrer casos graves. Em 2024, o OROV expandiu-se para regiões extra-amazônicas do Brasil, com rápida disseminação no estado do Espírito Santo. Compreender o perfil clínico-epidemiológico e a dinâmica da ocorrência dos casos é essencial para orientar ações de controle.
Objetivos
Analisar o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados da febre do Oropouche no estado do Espírito Santo.
Metodologia
Foram analisados os dados do sistema de vigilância em saúde do estado do Espírito Santo (e-SUS VS) dos casos confirmados para febre do OROV entre março de 2024 a maio de 2025. O Critério de confirmação dos casos foi o resultado detectável do teste de biologia molecular através da reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR). Foram testados os casos com suspeita de dengue em amostra de soro até o 5º dia do início dos sintomas e urina ou liquor cefalorraquidiano até o 15º dia. Foram calculadas as frequências absolutas e relativas das variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais.
Resultados
Foram confirmados 12.135 casos, mais frequentes entre pessoas de 20 a 39 anos (34,5%), 40 a 59 anos (34,8%), sexo masculino (53,5%), não brancos (56,3%) e residentes de zona rural/peri-urbana (52,1%). As comorbidades mais frequentes foram hipertensão (10,2%), diabetes mellitus (3,6%). Maioria apresentou febre (84,5%), cefaleia (83,9%), mialgia (76,5%), náusea (37,1%) e dor nas costas (31,5%). Manifestações graves com internação ocorreu em 29 (0,2%) casos, sendo 8 manifestações hemorrágicas, 4 disautonomia , 3 encefalite e 14 com piora da comorbidade de base. Foram registrados 2 (0,02%) óbitos por OROV e 5 (0,06%) por outras causas.
Conclusões/Considerações
A febre do Oropouche teve ampla disseminação no Espírito Santo, afetando principalmente adultos jovens, homens e moradores de áreas rurais/periurbanas. A maioria dos casos foi leve, com sintomas semelhantes a outras arboviroses, embora tenham ocorrido casos graves e óbitos. Os achados reforçam a necessidade de vigilância ativa, diagnóstico preciso e ações de controle voltadas às populações mais vulneráveis.
PLANEJAMENTO E AÇÃO: ESTRATÉGIAS CONTRA ARBOVIROSES EM MINAS GERAIS NO PERÍODO SAZONAL 2023/2024
Comunicação Oral Curta
Eziliano, M. S.1, Arantes, E. A. M.1, Dias, S. L.1, Ferraz, M. L.1, Chaves, D. C. C.1, Oliva, A. L. C.1, Paula, J. P.1, Ribeiro, E. E. N.2, Prosdocimi, E. C.1, Oliveira, J. S.3
1 Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
2 Apoiadora do Observatório de Pesquisa e Estudo em Vacinação (OPESV)
3 Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS)
Período de Realização
Entre fevereiro de 2023 e outubro de 2024, nos períodos sazonal e intersazonal de 2023/2024.
Objeto da experiência
Avaliar as estratégias de preparação e resposta a ESP, no período sazonal 2023/204, com foco em capacitações e redução da letalidade por arboviroses.
Objetivos
Descrever a estratégia de preparação e resposta à Emergência em Saúde Pública estadual das arboviroses, por meio de capacitações - presenciais e remotas - com gestores e profissionais da saúde, com temas sobre gestão de emergências, manejo clínico, vigilância e controle vetorial.
Metodologia
Em 2023, foram realizadas reuniões online síncronas com as Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais, sobre o manejo clínico das arboviroses, bem como ofertado dois cursos online assíncronos, um sobre Dengue e outro sobre Chikungunya. Em janeiro de 2024, os dois cursos foram substituídos pelo "Curso Arboviroses", contendo 6 módulos. Também foram promovidas 17 capacitações presenciais e diversas ações nas macrorregiões de Minas Gerais, em parceria com OPAS, COSEMS e AMM.
Resultados
Em um ano, os cursos assíncronos tiveram 6.916 inscritos, com taxa de conclusão de 52,4%. O primeiro evento presencial formou 500 multiplicadores e 16 eventos pelo estado. Em 2023/2024, embora Minas Gerais tenha apresentado o segundo maior número absoluto de óbitos confirmados(1.198), o estado apresentou uma das menores taxas de letalidade à nível nacional, ficando em 22ª posição em letalidade por caso confirmado(0,07%) e 6° em letalidade por casos graves(7,31%), entre os estados brasileiros.
Análise Crítica
Iniciar as capacitações antes do período epidêmico mostrou-se relevante. Contudo, é necessário revisar os conteúdos e atualizar o modelo pedagógico, ampliando o alcance dos profissionais da linha de frente. A atuação intersetorial e a participação da comunidade são fundamentais no controle das arboviroses. Intervenções assertivas e oportunas podem reduzir os impactos econômicos e sociais relacionados às arboviroses.
Conclusões e/ou Recomendações
A capacitação de profissionais, tanto no formato virtual quanto presencial, demonstrou ser uma estratégia eficaz para o enfrentamento das arboviroses. Intervenções oportunas e bem planejadas podem reduzir impactos no sistema de saúde. Recomenda-se a avaliação contínua e ágil das ações, com foco no aprimoramento constante.
OCORRÊNCIA DE DENGUE EM MUNICÍPIOS DA BAHIA: UMA ANÁLISE DESCRITIVA ESPAÇOTEMPORAL ENTRE 2019 E 2024
Comunicação Oral Curta
Magalhães, T. de A.1, Agra Filho, S. S1, Borja, P. C.1
1 UFBA
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas, o avanço das arboviroses impôs desafios à saúde pública, com destaque para a dengue, responsável por recorrentes epidemias e elevado impacto socioeconômico. No Brasil, sua disseminação está associada a múltiplos fatores ambientais, sociais e urbanos. Diversos desenhos de estudos epidemiológicos têm sido utilizados nas investigações.
Objetivos
Analisar, sob a perspectiva espaço-temporal, a ocorrência da dengue nos municípios do estado da Bahia entre os anos de 2019 e 2024.
Metodologia
Trata-se de um estudo agregado com dados agregados dos 417 municípios baianos. Utilizaram-se dados de casos prováveis de dengue registrados entre 2019 e 2024, obtidos no SINAN/DATASUS. Foram calculados coeficientes de incidência (por100 mil hab.) para cada município. Para atenuar flutuações aleatórias em municípios com pequenas populações, aplicou-se a suavização bayesiana empírica local. Na sequência, empregou-se o Índice de Moran global e local para detectar padrões de autocorrelação espacial e identificar a presença de clusters significativos de alta ou baixa incidência ao longo do período estudado. As análises foram conduzidas no software R.
Resultados
Foram notificados 490.257 casos de dengue período, com pico em 2024, ano que apresentou aumento de 388,9% em relação a 2023. Em 2021 e 2022, os registros foram os mais baixos. O Índice de Moran global variou ao longo dos anos, com destaque para 2021 (0,412) e 2024 (0,392), indicando forte autocorreção espacial. A análise local revelou pequenos clusters em 2019 no Centro-Norte. Em 2020, os municípios de alta incidência estavam dispersos. Em 2021, observou-se alta incidência no Extremo Oeste Baiano. Em 2023, o Sul Baiano concentrou municípios de padrão alto-alto. Em 2024, identificou-se o maior agrupamento de municípios com alta incidência, sobretudo no Centro-Sul do estado.
Conclusões/Considerações
A análise revelou importantes variações espaço-temporais na incidência da dengue na Bahia, com expressiva expansão territorial em 2024. A utilização dos indicadores locais permitiu identificar áreas críticas e os municípios mais afetados. Essa abordagem favorece a compreensão de fatores estruturais comuns a essas localidades, auxiliando na elaboração de estratégias mais equitativas em regiões com persistência da transmissão arboviral.
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA DENGUE NO ESTADO DE SÃO PAULO NAS SEMANAS 1 A 21 DE 2025: ANÁLISE DOS CASOS, ÓBITOS E EVOLUÇÃO DA TRANSMISSÃO
Comunicação Oral Curta
Oliveira, A.C.S.1, Sartori, G.1, Ginack, M.M.1, Meira, A.L.P.2
1 FSL
2 FCMSCSP
Apresentação/Introdução
A dengue, transmitida pelo Aedes aegypti, é um grave problema de saúde pública global. O Brasil lidera os casos, com 2,9 milhões em 2023. No estado de São Paulo, especialmente na região norte, a incidência é elevada. Este boletim analisa o cenário nas semanas epidemiológicas de 1 a 21 de 2025 para apoiar ações de vigilância e controle.
Objetivos
Analisar a situação epidemiológica da dengue no estado de São Paulo nas semanas 1 a 21 de 2025, identificando padrões de incidência, distribuição territorial e evolução dos casos, para subsidiar ações de vigilância, controle e prevenção
Metodologia
Estudo epidemiológico sobre dengue no estado de São Paulo nas semanas epidemiológicas de 1 a 21 de 2025, com dados do SINAN online, alimentado por notificações compulsórias de unidades de saúde. Foram analisadas variáveis demográficas, clínicas e laboratoriais. A construção da análise dos dados, a partir dessas variáveis, permitiu observar a distribuição semanal dos casos, controle de casos prováveis, coeficientes de incidência, óbitos, letalidade e circulação dos sorotipos, oferecendo um panorama da evolução da doença no período no estado, permitindo monitorar e lançar ações estratégicas de controle e combate ao mosquito
Resultados
Entre janeiro e junho de 2025, São Paulo registrou 1.472.337 casos notificados e 696.076 confirmados (47,28%). A dengue clássica correspondeu a 97,64% dos casos. A taxa de incidência foi de 1.567,34/100 mil habitantes, com 721 óbitos (letalidade de 0,1%). Apesar da queda de 48% em relação a 2024, a transmissão segue elevada, com pico nas semanas epidemiológicas 11 e 12. Mulheres foram as mais afetadas (55%) e idosos apresentaram maior risco de gravidade. As regiões com mais óbitos foram Campinas, São José do Rio Preto e Alta Sorocabana. Circularam majoritariamente os sorotipos DENV-2 (90%) e DENV-1 (58%).
Conclusões/Considerações
A dengue segue como desafio relevante para saúde do estado de São Paulo, com redução de casos em relação a 2024, mas ainda com alta transmissão. Mulheres foram mais afetadas e idosos apresentam maior risco de gravidade e letalidade. A sobrecarga nos serviços e falhas no controle exigem reforço nas ações de vigilância, acesso a agentes comunitários e ampla divulgação de protocolos de manejo, além de planejamento para períodos sazonais.
RISCOS ASSOCIADOS À INFECÇÃO PELO VÍRUS DA CHIKUNGUNYA DURANTE A GESTAÇÃO
Comunicação Oral Curta
Rodrigues, F.C.G.1, Cola, J.P.2, Santos, A.P.B.2, Miranda, A.E1, Vicente, C.R.1
1 UFES
2 SESA-ES
Apresentação/Introdução
A Chikungunya (CHIK) é uma arbovirose que afeta principalmente adultos entre 20 e 39 anos, incluindo mulheres em idade fértil e gestantes. A transmissão vertical pode ocorrer no parto com alta viremia materna, resultando em possíveis desfechos neonatais adversos. No Espírito Santo(ES), o avanço contínuo dos casos reforça a necessidade de investigar o impacto da infecção em gestantes e neonatos.
Objetivos
Descrever perfil clínico e demográfico das gestantes infectadas por CHIK no ES de 2016 a 2024; avaliar associação da infecção com prematuridade, baixo peso ao nascer e asfixia neonatal; identificar possíveis desfechos segundo o trimestre da infecção.
Metodologia
Trata-se de um estudo coorte retrospectiva incluindo gestantes, de 18 a 39 anos, residentes no estado do Espírito Santo, com confirmação laboratorial de infecção por CHIKV por IgM ou RT-PCR entre 2016 e 2024 e utilizou-se pareamento por escore de propensão (1:3) com gestantes não infectadas. A coleta de dados foi realizada utilizando o Sistema de Informações de Agravos de Notificação, o eSUS Vigilância em Saúde, o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos e o Sistema de Informação sobre Mortalidade. Foram analisadas variáveis maternas e neonatais, e os dados tratados com testes estatísticos apropriados, incluindo cálculo de odds ratio e intervalos de confiança.
Resultados
Foram analisados 128 casos de gestantes infectadas por CHIKV. A maioria dos casos ocorreu no terceiro trimestre da gestação, com manifestações clínicas frequentes como febre, mialgia, conjuntivite e leucopenia. Não foram observados óbitos maternos, fetais ou neonatais, nem malformações congênitas nos grupos analisados. Os desfechos neonatais adversos — prematuridade (8,6% vs. 4,8%; OR = 1,87; p = 0,125), baixo peso ao nascer (6,2% vs. 3,5%; OR = 1,84; p = 0,202) e asfixia neonatal(Apgar <7 no primeiro minuto) (3,9% vs. 3,2%; OR = 1,21; p = 0,780) — não apresentaram associação estatisticamente significativa com a infecção.
Conclusões/Considerações
A infecção por CHIKV durante a gestação, nesta coorte, não esteve associada a desfechos neonatais adversos de forma estatisticamente significativa. Apesar da tendência de aumento de prematuridade e baixo peso , os resultados indicam um curso clínico relativamente benigno. Destaca-se a importância da vigilância epidemiológica contínua e de estudos com maior poder amostral para maior compreensão sobre os efeitos da infecção gestacional por CHIKV.
RISCO DE MORBIMORTALIDADE NOS PRIMEIROS QUATRO ANOS DE VIDA EM CRIANÇAS EXPOSTAS A CHIKUNGUNYA IN UTERO
Comunicação Oral Curta
Kushibuchi, M1, Carroll, O2, Cerqueira-Silva, T2, Teixeira, M Glória3, Barreto, ML1, Paixão, ES2
1 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos da Saúde
2 London School of Hygiene and Tropical Medicine
3 Universidade Federal da Bahia
Apresentação/Introdução
O vírus Chikungunya (CHIKV) é um importante problema de saúde pública, com mais de 600 mil casos reportados no mundo em 2024, sendo mais de 97% desses no Brasil. A maioria dos estudos de CHIKV na gestante foca nos desfechos perinatais da viremia intraparto, deixando uma lacuna sobre o risco de hospitalização e morte a longo prazo em crianças expostas ao CHIKV durante a gravidez.
Objetivos
Avaliar o risco de hospitalização e morte nos primeiros quatro anos de vida em crianças expostas ao CHIKV durante a gestação e analisar se o momento da infecção materna no curso da gravidez modifica esses riscos.
Metodologia
Realizamos um estudo de coorte pareado usando a Coorte de Nascimentos do CIDACS, que integra os bancos de dados Cadastro Único (CADU), SINASC, SINAN, SIH e SIM. A exposição ao CHIKV foi definida como infecção durante a gravidez, registrada no SINAN e vinculada a um registro da coorte de nascimento. Cada criança exposta foi pareada com 10 não expostas de acordo com o mês de concepção e Região Geográfica Imediata. Os desfechos foram a primeira hospitalização e morte até quatro anos de idade. Utilizamos modelos de riscos proporcionais de Cox, com análises por trimestre de exposição e exposição intraparto, que definimos como início dos sintomas maternos nos sete dias anteriores ao parto.
Resultados
Foram incluídas 3.154 casos de crianças expostas ao CHIKV na gestação e 31.540 não expostas pareadas, como controles. O risco de hospitalização foi 22% maior nas crianças expostas (HR 1,22; IC95%: 1,12–1,32). A exposição no primeiro e segundo trimestres aumentou o risco de hospitalização em 24% e 29%, respectivamente. A exposição no terceiro trimestre não apresentou significância estatística. A exposição intraparto foi associada a um risco quase duas vezes maior de hospitalização (HR 1,99; IC95%: 1,40–2,61). Não houve diferença significativa na mortalidade entre os grupos.
Conclusões/Considerações
Este é o primeiro estudo a mostrar que a exposição ao CHIKV na gestação, especialmente no início da gravidez, aumenta o risco de hospitalização na infância. Não foi encontrado efeito claro sobre a mortalidade, porém mais estudos são necessários. Estes achados reforçam a importância da prevenção CHIKV durante a gestação e destacam a necessidade de mais pesquisas sobre os efeitos da exposição intrauterina ao CHIKV no desenvolvimento infantil.