
Programa - Comunicação Oral Curta - COC12.1 - Título da sessão: Tuberculose e suas Tendências, Determinantes e Vulnerabilidades
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
A TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL: CARACTERÍSTICAS E TENDÊNCIAS.
Comunicação Oral Curta
1 UFS
Apresentação/Introdução
A população em situação de rua (PSR) constitui um grupo social marcado por extrema vulnerabilidade. O controle da tuberculose (TB) na PSR é um desafio, devido às condições precárias de vida, alta exposição a fatores de risco, e múltiplas barreiras ao diagnóstico e tratamento. Na última década verifica-se crescimento na PSR, o que pode interferir nas ações voltadas à redução da incidência da TB.
Objetivos
Analisar as características da TB na PSR, assim como a sua tendência temporal no Brasil entre 2016 e 2024.
Metodologia
Trata-se de estudo epidemiológico com análise descritiva dos casos novos de TB na PSR, assim como a análise temporal do comportamento da TB na PSR no período de 2016 a 2024. Foram utilizados no estudo os dados secundários dos casos novos de TB na PSR notificados no SINAN (acessado através do DATASUS), e os dados da PSR disponibilizado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Foram avaliadas de forma descritiva as variáveis sociodemográficas e clinico-epidemiológicas. Para a análise de tendência foi utilizado o método de regressão linear segmentado (Joinpoint), com da tendência da proporção dos casos de TB na PSR em relação aos demais e da incidência de TB na PSR.
Resultados
Entre 2016 e 2024, foram notificados 20287 casos novos de TB na PSR, correspondendo a 2,9% dos casos novos de TB no Brasil. As formas pulmonares foram responsáveis por 92,05% dos casos. Entre as comorbidades 20,2% tinham infecção para HIV, 53,8% alcoolista, 56,2% usuários de drogas ilícitas. Houve crescimento no número de casos de TB na PSR, saindo de 1713 casos para 3119 no período. Houve tendência de crescimento no percentual de casos de TB na PSR em relação ao total de casos (AAPC = 5,4%), fato observado em todas as regiões. Quanto a tendência de TB na PSR, foi decrescente (AAPC+-7,8). Apenas 31,1% tiveram cura, enquanto 34,9% tiveram perda de seguimento e 15,3% evoluíram para óbito.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam crescimento da carga da doença, assim como o crescimento da PSR, possivelmente relacionada às consequências da pandemia. A análise temporal da TB em PSR evidencia desigualdades sociais e barreiras no acesso à saúde. Os achados podem subsidiar políticas públicas mais eficazes, voltadas à prevenção, diagnóstico precoce e adesão ao tratamento, contribuindo para a redução da vulnerabilidade e da incidência da doença nesse grupo.
ABANDONO DO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NO RIO GRANDE DO SUL, 2010-2022: TENDÊNCIA TEMPORAL E FATORES ASSOCIADOS
Comunicação Oral Curta
1 UFCSPA
Apresentação/Introdução
A tuberculose (TB), apesar de geralmente curável, é a segunda principal causa de morte por um único agente infeccioso e é responsável por quase duas vezes mais mortes que o HIV/Aids. Mesmo com a melhora na detecção da TB, com estimativa de detecção de 83% dos casos estimados para 2022, o Brasil apresenta taxas de abandono do tratamento superiores ao limite máximo aceitável pela OMS, que é de 5%.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi realizar uma tendência temporal dos casos de abandono do tratamento de tuberculose no estado do Rio Grande do Sul no período de 2010 a 2022 e verificar a associação com a cobertura da ESF em cada Região de Saúde.
Metodologia
Estudo ecológico do tipo série temporal dos casos novos de tuberculose que abandonaram o tratamento. Foram utilizadas como unidade de análise no estudo de tendência o Rio Grande do Sul e suas Regiões de Saúde. Foram incluídos no estudo todos os casos novos de TB, em todas as formas clínicas, notificados durante o período de 2010 a 2022 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A análise de tendência temporal será realizada utilizando-se o procedimento de Prais-Winsten para regressão linear generalizada. Para a análise de tendência temporal da série histórica, usou-se técnicas de regressão joinpoint (por pontos de inflexão) de Poisson.
Resultados
O percentual médio de abandono do tratamento da tuberculose no Rio Grande do Sul foi de 11,0% entre os anos de 2010 a 2022. Há uma tendência geral crescente na proporção de abandono do tratamento da tuberculose no Rio Grande do Sul. As variáveis associadas ao abandono foram faixa etária jovem/adulta, sexo masculino, raça preta, menor escolaridade, coinfecção TB+HIV, alcoolista, hábito de uso de drogas e tabagista. As regiões de saúde 28 e 16 indicam uma associação negativa entre cobertura da ESF e percentual de abandono do tratamento da tuberculose.
Conclusões/Considerações
É importante que gestores e profissionais de saúde possam reconhecer o perfil epidemiológico da população para identificar os grupos que merecem um maior foco de intervenções para o fortalecimento da adesão ao tratamento da TB. Especialmente as Regiões de Saúde com maiores percentuais de abandono do tratamento, devem elaborar políticas públicas a nível local a fim de minimizar o problema do abandono do tratamento da doença.
ABANDONO DO TRATAMENTO DE TUBERCULOSE: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS NO MUNICÍPIO DE RECIFE – PE (2023)
Comunicação Oral Curta
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A tuberculose é uma doença infecciosa de relevante impacto em saúde pública, agravada pelo abandono do tratamento, que compromete o controle e a cura. Esse desfecho é influenciado por fatores individuais, dos serviços de saúde e do tratamento. A Organização Mundial da Saúde recomenda taxa de abandono inferior a 5%, sendo essenciais intervenções, especialmente em áreas de alta carga da doença.
Objetivos
Estimar a prevalência de abandono do tratamento da tuberculose e os fatores associados no município de Recife no ano de 2023.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal analítico, com uso de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram incluídos todos os casos de tuberculose notificados e com situação de encerramento registrada no município de Recife - Pernambuco, no ano de 2023. A população inicial foi de 2.377 casos, sendo excluídos 1.149 por ausência de informações sobre a situação de encerramento. Os dados foram analisados via linguagem R e Rstudio®. Realizou-se análise descritiva (frequências absolutas/relativas e mediana), avaliação de normalidade (testes de Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov) e teste Qui-quadrado para associação, com nível de significância de 0,05.
Resultados
Foram incluídos 1.228 casos notificados com encerramento registrado. A prevalência de abandono do tratamento da tuberculose foi de 22,23%. Observou-se associação estatisticamente significante com as variáveis demográficas: idade (p=0,003), sexo (p=0,021) e raça/cor (p=0,0014), sendo observadas maiores proporções de abandono entre adultos de 20 a 59 anos, homens e pessoas não brancas. Também houve associação estatisticamente significante com situação de rua (p<0,001), alcoolismo (p<0,001), tabagismo (p=0,0015), uso de drogas ilícitas (p<0,001), forma da doença (p=0,007) e diabetes (p=0,012).
Conclusões/Considerações
A prevalência do abandono foi considerada elevada e evidencia a necessidade de estratégias específicas, sobretudo para grupos vulneráveis. A associação com fatores demográficos, sociais, comportamentais e comorbidades indica que intervenções direcionadas são essenciais para reduzir a taxa de abandono e melhorar os desfechos em saúde. Os achados revelam lacunas no cuidado e reforçam a urgência de políticas públicas focalizadas.
AÇÃO INTERINSTITUCIONAL PARA RASTREAMENTO DE IST’S E TUBERCULOSE EM POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE EM JUAZEIRO DA BAHIA
Comunicação Oral Curta
1 Vigilância Epidemiológica Juazeiro-BA /UNIVASF
2 SESAB/UNIVASF
3 UNIVASF
Período de Realização
A ação foi desenvolvida no dia 29 de março de 2025 no Conjunto Penal de Juazeiro, no norte da Bahia.
Objeto da experiência
Trata-se de uma ação de saúde interinstitucional com a participação de profissionais e estudantes de medicina em população privada de liberdade.
Objetivos
Realizar rastreamento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e tuberculose em pessoas privadas de liberdade, considerada como população de risco, promovendo o acesso a diagnósticos, orientação e encaminhamentos, além de fortalecer as articulações intersetoriais no cuidado em saúde.
Descrição da experiência
A ação foi realizada no Conjunto Penal de Juazeiro-BA, precedida por treinamento em testagem rápida e orientações sobre os protocolos e a dinâmica da unidade prisional. Participaram da atividade estudantes de Medicina, membros da Liga Acadêmica de Infectologia, membros do Projeto OASIS - Universidade Federal do Vale do São Francisco -, gerente da Vigilância Epidemiológica, além de servidores do presídio. Foram realizadas coletas de material biológico e ações de aconselhamento pré e pós-teste.
Resultados
Foram atendidos cerca de 237 detentos, com testagens rápidas para HIV, sífilis e hepatites B e C, além de triagem de sintomas respiratórios para tuberculose. Foram identificados aproximadamente 50 sintomáticos respiratórios, 32 casos de sífilis, 3 de hepatites e 4 de HIV. Todos os casos positivos foram encaminhados para tratamento. A oferta de aconselhamento e orientações contribuiu para o fortalecimento da prevenção e do cuidado em saúde.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a importância da intersetorialidade para o cuidado em saúde de populações vulneráveis. O treinamento prévio garantiu segurança técnica e ética na condução das testagens e aconselhamentos. As orientações individualizadas foram essenciais para promover prevenção e adesão ao cuidado. A ação integrou residentes e estudantes em saúde, fortalecendo sua formação prática e crítica em cenários reais do SUS e ampliando a compreensão sobre saúde em contextos diversos.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência demonstrou o quão significante e estratégico é a participação concomitante de diversos atores. Como residente/estudante/profissionais, atividades como essa enriquecem o olhar e o pensamento crítico e sensível para com populações em contexto de vulnerabilidade. Destaca-se ainda a importância da comunicação entre os serviços, da vigilância na identificação precoce de riscos e das ações interinstitucionais para ampliar o acesso à saúde.
DESIGUALDADES REGIONAIS E TEMPORAIS NOS PERFIS EPIDEMIOLÓGICOS DE TUBERCULOSE NO BRASIL (2020-2024): IMPACTO DE COMORBIDADES E FATORES SOCIAIS.
Comunicação Oral Curta
1 UEPA
2 UFPA
Apresentação/Introdução
No Brasil, a tuberculose é classificada como uma doença de notificação compulsória devido a sua facilidade de transmissão, comprometendo, principalmente, indivíduos que possuem fatores biológicos que afetam o sistema imunológico. Além de influências distintas encontradas no país como padrões climáticos, características socioeconômicas, dinâmicas políticas e estruturas administrativas.
Objetivos
Analisar diferenças regionais nos perfis sociodemográficos e comorbidades associadas à tuberculose e identificar tendências temporais na prevalência de comorbidades por região entre 2020-2024.
Metodologia
Este estudo longitudinal analisou dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de 2020 a 2024 sobre tuberculose no Brasil, utilizando abordagem descritiva e inferencial. Foram incluídos todos os casos notificados nas cinco macrorregiões brasileiras, analisando variáveis sociodemográficas (sexo, raça/cor, faixa etária) e comorbidades (HIV/AIDS, alcoolismo, tabagismo). As análises descritivas calcularam proporções e variações temporais, enquanto as inferenciais incluíram ANOVA para diferenças regionais, modelos lineares para tendências anuais e matriz de correlação entre comorbidades e perfil etário. O nível de significância definido foi de p-valor < 0,05.
Resultados
Existem disparidades regionais na tuberculose brasileira (2020-2024), a coinfecção com HIV apresentou crescimento alarmante no Centro-Oeste (+41,3%) e Norte (+43,2%), enquanto o Sul registrou menor incremento (+22,8%). Padrão inverso foi observado no alcoolismo, com aumento de 20,7% no Norte e redução de 5,5% no Sul. A análise sociodemográfica mostrou predominância masculina (2,7:1) no Centro-Oeste e (2:1) no Norte. Concentração em adultos jovens (20-39 anos), que representaram 70% dos casos com forte correlação com AIDS (r=0,949). As desigualdades regionais persistiram (CV>79%), destacando maior vulnerabilidade de pardos no Norte (11,4%) e indígenas no Centro-Oeste (0,76%).
Conclusões/Considerações
Estes achados revelam desigualdades na tuberculose brasileira, com crescimento da coinfecção TB-HIV no Norte e Centro-Oeste e maior vulnerabilidade em homens adultos jovens e populações indígenas e de pardos. Demandam-se ações regionalizadas, integração TB-HIV-alcoolismo e vigilância fortalecida. Urgem políticas combinando intervenções clínicas e sociais para reduzir estas iniquidades persistentes, visando controle mais efetivo da doença.
CORRELAÇÃO ENTRE A INFECTIVIDADE DA TUBERCULOSE E O VÍRUS HIV
Comunicação Oral Curta
1 UESB
Apresentação/Introdução
A Tuberculose é uma doença infectocontagiosa que apesar de ser evitável e curável, se apresenta como uma grande ameaça à saúde pública. Está estreitamente associada a pobreza, desnutrição, aglomerações, falta de saneamento, moradia precária e cuidados de saúde inadequados. Indivíduos que convivem com baixa imunidade, possuem maior vulnerabilidade para a infectividade da tuberculose.
Objetivos
Analisar a correlação da infecção por Tuberculose Pulmonar em pacientes positivos para o vírus HIV no Brasil.
Metodologia
O presente estudo se caracteriza pelo método descritivo epidemiológico de natureza quantitativa, utilizando dados do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). O assunto pesquisado foi Tuberculose, utilizando as variáveis HIV, Ano diagnóstico 2024. Para análise dos dados, utilizou-se cálculos de frequência relativa simples. A coleta de dados compreendeu-se em junho de 2025.
Resultados
Os resultados encontrados foram 111.521 casos de tuberculose no Brasil (100%). Desses, 12% apresentaram resultado positivo para o vírus HIV, 72,85% negativo, 2,63% ainda estavam em andamento, 11,10% não foram realizados e 0,49% foram ignorados. A literatura aponta que, em 2017, o Brasil registrou 74,8 mil novos casos de tuberculose, dos quais 11,4% também apresentaram resultado positivo para o HIV. Pessoas que convivem com o HIV são mais suscetíveis à tuberculose devido à imunossupressão, mas outros fatores, como aglomerações, má alimentação e pobreza, também contribuem para a vulnerabilidade à doença.
Conclusões/Considerações
Dessa forma, compreende-se o adoecimento por tuberculose pulmonar e HIV, embora não seja o principal fator de risco. É essencial considerar outros determinantes de saúde, como aglomerações, má alimentação e pobreza. Por isso, a ampliação das ações de educação em saúde para a comunidade torna-se fundamental para a compreensão das formas de transmissão da doença.
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE EM PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE NO BRASIL, DE 2014 A 2023
Comunicação Oral Curta
1 UFS
Apresentação/Introdução
A população privada de liberdade representa um grupo social que se encontra exposto a inúmeras vulnerabilidades devido as condições de encarceramento, pois elas favorecem a disseminação de patologias infecciosas, principalmente a tuberculose. O Ministério da Saúde indica que, entre 2014 e 2023, foram notificados 71.645 novos casos de tuberculose nessa população.
Objetivos
Analisar a incidência da tuberculose na população privada de liberdade no Brasil entre 2014 e 2023.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, analítico com análise temporal da tuberculose na população privada de liberdade (2014-2023), com dados secundários do Ministério da Saúde. Foram calculadas as taxas de incidência da tuberculose nas pessoas privadas de liberdade de cada estado brasileiro de cada ano supracitado. Foi utilizado o Excel para tabular os dados e analisar a série histórica com as variáveis analisadas por estado, sexo, faixa etária, escolaridade e raça.
Resultados
Entre 2014 e 2023, o estado do Maranhão (MA) apresentou a maior taxa média de incidência de tuberculose entre pessoas privadas de liberdade no Brasil, com aproximadamente 13.010 casos por 100/mil/hab. Esse valor se destaca em relação aos demais estados, cujas médias, em sua maioria, não ultrapassam 2.000 casos por 100 mil./hab. A manutenção de níveis elevados ao longo de toda a série histórica indica um estado de alerta para melhor controle e agravo. As variações das taxas no país sugerem um cenário crítico persistente.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a tuberculose na população privada de liberdade permanece como um grave problema de saúde pública, com destaque para o estado do Maranhão , que trouxe as maiores taxas no período de 2014-2023. A análise mostra desigualdades entre os estados e reforça a necessidade de políticas públicas de saúde contínuas para o controle da tuberculose no sistema prisional.
PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE TENDÊNCIAS ENTRE 2012 E 2024
Comunicação Oral Curta
1 UnB
Apresentação/Introdução
A tuberculose é uma infecção respiratória grave, sendo a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo, concentrando 95% dos casos em países de baixa e média renda. No Brasil, persiste como desafio de saúde pública, especialmente entre populações vulneráveis, devido a barreiras no diagnóstico, tratamento e desigualdades regionais.
Objetivos
Analisar as tendências epidemiológicas da tuberculose no Brasil no período de 2012 a 2024 e suas variações nos indicadores ao longo do tempo, com ênfase nos possíveis impactos da pandemia de COVID-19 na ocorrência e notificação da doença.
Metodologia
Este estudo analisou dados de tuberculose no Brasil de 2012 a 2024, extraídos do SINAN e do Painel Epidemiológico da Tuberculose. Foram avaliados os casos anuais e calculadas as variações percentuais ano a ano para identificar tendências. Também foram considerados aspectos sociodemográficos, como cor/raça e sexo. O cálculo da variação percentual seguiu a fórmula: (Casos do ano atual / Casos do ano anterior – 1) × 100. Os dados foram tratados e analisados em planilhas eletrônicas para garantir a precisão dos resultados.
Resultados
Entre 2012 e 2024, foram registrados 954.636 casos de tuberculose no Brasil. Em 2020 e 2021, houve quedas expressivas (–11,1% e –9,5%), possivelmente ligadas à pandemia, com base na média de crescimento anual entre 2014 e 2019 (+1,5%), estimava-se 79.680 casos em 2020 e 80.880 em 2021, foram notificados 69.751 e 63.094, respectivamente, uma diferença de 27.715 casos. Em 2022, os casos voltaram a crescer: +15,4% em 2022, +11,8% em 2023 e +5,1% em 2024. Os casos ocorrem entre pessoas pretas e pardas (61%), seguidas por brancas (29,8%). Homens representaram 68,3% enquanto as mulheres 31,7%, o que pode refletir maior exposição a fatores de risco e menor busca por cuidados entre os homens.
Conclusões/Considerações
Os dados indicam que a pandemia impactou significativamente a notificação da tuberculose no Brasil, com provável subnotificação em 2020 e 2021. O aumento dos casos a partir de 2022 pode refletir a retomada dos serviços de saúde e a detecção de casos represados. Persistem desigualdades sociais e de gênero, com maior incidência entre homens e pessoas pretas e pardas, exigindo ações focadas e equitativas.
POBREZA E MORTALIDADE POR TUBERCULOSE NO DISTRITO FEDERAL
Comunicação Oral Curta
1 FEPECS- FUNDACAO ENSINO E PESQUISA EM SAUDE
Apresentação/Introdução
A tuberculose (TB) caracteriza hoje um grave problema de saúde pública de relevância mundial (WHO, 2024 ) devido à sua estreita relação com fatores socioeconômicos adversos, em especial a pobreza em sua multidimensionalidade e as dificuldades de acesso a serviços de saúde (MACIEL et al 2023).
O Índice Multidimensional de Pobreza (IMP), que avalia a pobreza considerando diversos fatores além da renda, foi desenvolvido pela Oxford Poverty & Human Development Initiative em 2010 e tem sido fundamental para compreender as dinâmicas da pobreza e suas relações com problemas de saúde como a Tuberculose (Alkire & Santos, 2010).
O Brasil tem uma população de 213 milhões de pessoas; 4,6% da população vivia com menos de US$ 1,90 por dia e 19,6% com menos de PPP$ 5,50 por dia (o limite de pobreza para países de renda média-alta em 2019 (MACIEL et al 2023).
Assim como outras localidades brasileiras, o Distrito Federal enfrenta desafios significativos no campo da saúde pública, influenciados por fatores socioeconômicos e demográficos que podem amplificar a vulnerabilidade de certos grupos populacionais a enfermidades específicas. Com densidade demográfica 444,66 hab/km², particulariza-se, socioeconomicamente, população que percebe rendimento mensal domiciliar per capita de R$ 2.475 e tem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio de 0,824 (IBGE, 2022).
As regiões administrativas, concebidas como assentamentos temporários, sem contar com adequado planejamento governamental, se desenvolveram sem as devidas infraestruturas que viabilizariam as necessidades básicas (MANIÇOBA, 2019). Nesse cenário, ao longo das décadas novas áreas foram sendo ocupadas e urbanizadas, acompanhando as dinâmicas e desafios dos processos econômicos, sociais e políticos regionais e nacionais.
Assim como outras localidades brasileiras, o DF enfrenta desafios significativos no campo da saúde pública, influenciados por fatores socioeconômicos e demográficos que podem amplificar a vulnerabilidade de certos grupos populacionais a enfermidades específicas, como a Tuberculose. Nessa perspectiva analítica, a renda deixa de ser a figura central no processo de compreensão da pobreza e passa a se conformar como uma das múltiplas dimensões que a permeiam.
Objetivos
Avaliar a relação entre o Índice Multidimensional de Pobreza (IMP) e a mortalidade por tuberculose no Distrito Federal entre 2010 e 2020.
Metodologia
Foi realizado a análise descritiva e a caracterização dos casos foi realizada pelas frequências relativas e absolutas, sendo estratificados por ano de ocorrência. Em seguida, foi analisada a associação entre as variáveis independentes entre casos confirmados, como sexo (feminino e masculino); faixa etária (até 19 anos, 20 a 39 anos, 40 a 59 anos, 60 anos ou mais); escolaridade (nenhuma, 1 a 3 anos, 4 a 7 anos, 8 a 11 anos, 12 anos ou mais); raça/cor (branca e não branca); ano do óbito (2010 a 2020) coma variável dependente estudada (óbito por tuberculose). Dados em branco ou ignorados foram excluídos da análise de associação. O coeficiente de mortalidade foi calculado para cada 100.000 mil habitantes por ano de ocorrência.
Uma análise exploratória foi conduzida para investigar a relação entre o Índice Multidimensional de Pobreza (IMP) e o coeficiente de mortalidade por tuberculose em diversas regiões de saúde. A hipótese subjacente era que regiões com maior pobreza poderiam estar associadas a taxas de mortalidade mais altas devido à falta de acesso a serviços de saúde, nutrição adequada e outros fatores sociais que impactam a saúde. Nessa análise, foi adotado o coeficiente de correlação de Pearson utilizando o IMP do Distrito Federal (CODEPLAN, 2022). O coeficiente de mortalidade por tuberculose foi calculado por 10 mil habitantes por setor e agrupados por região de saúde. Para a análise de correlação, foram utilizados o IMP médio e o coeficiente de mortalidade médio de cada região de saúde.
Em um último momento, foi realizado o geoprocessamento dos dados, utilizando o software QGIS, uma plataforma de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) de código aberto, para avaliar a relação geográfica entre as regiões administrativas do Distrito Federal e o coeficiente de mortalidade por tuberculose. Os dados do coeficiente de mortalidade por tuberculose de cada região foram integrados às respectivas camadas geográficas.
A análise estatística foi realizada utilizando o software R (versão 4.1.1) usando a interface RStudio (R Core Team, 2021). As associações foram avaliadas por meio dos testes de Qui-quadrado de Pearson e o teste exato de Fisher, definidos em um
Resultados
Foram registrados 4.256 casos confirmados de tuberculose, 7% (n=298) dos casos evoluíram para óbito. Houve correlação moderada entre o IMP e o coeficiente de mortalidade por tuberculose ( Pearson= 0, 49). A mortalidade por tuberculose se concentrou, predominantemente, nas regiões Sudoeste e Oeste (mais populosas), o maior número de óbitos foi registrado em 2019, com 13,9% (n=39 e p-valor < 0,001). O maior número de casos confirmados, ocorreu no ano de 2012, com 10,2% (n= 438) para todo período temporal estudado.
A proporção de óbitos foi mais elevada entre os indivíduos com 60 anos ou mais (38,3%), seguido pelo grupo de 40 a 59 anos (36,2%) com diferença significativa (p-valor <0,001).A maior proporção de óbitos ocorreu população com 1 a 3 anos de escolaridade, representando 29,5%, já casos notificados indivíduos com 8 a 11 anos de instrução tiveram a maior proporção (27,8%),
A variação do IMP foi entre 0,61 e 0,75, representação da heterogeneidade socioeconômica das regiões. A região do Lago Sul, com o menor IMP, é tradicionalmente uma das áreas com maior concentração de riqueza de Brasília (e do Brasil), enquanto a região do Setor de Indústria Automobilística, apesar de ser uma região industrial e comercial, pode apresentar bolsões de pobreza ou precariedade em determinadas zonas, justificando o maior IMP (CEPAL, 2015).
O aumento marcante no número de casos confirmados em 2012 e a alta em óbitos registrados em 2019 indicam um possível atraso entre o diagnóstico e o início do tratamento ou falhas no tratamento adequado. Estas variações temporais significativas no número de casos e óbitos, cuja diferença foi estatisticamente significativa (p-valor < 0,001), sugerem a necessidade de investigações mais profundas para entender os fatores contribuintes. Uma hipótese poderia ser a possibilidade de surtos localizados, variações nas estratégias de rastreio, ou flutuações na capacidade do sistema de saúde em responder adequadamente (DYE ET AL., 2013).
Conclusões/Considerações
O aporte do estudo demonstra que os índices multidimensionais de pobreza nas diferentes localidades do Distrito Federal mostram uma variação que pode ser vista como uma representação da heterogeneidade socioeconômica da região. A complexa interação entre fatores demográficos, socioeconômicos e comportamentais demanda uma abordagem multifacetada e integrada para o enfrentamento efetivo do agravo
As políticas de proteção social e direitos humanos alinhadas à cobertura universal de qualidade são estratégicas importantes para abordar os determinantes sociais da tuberculose e mitigar a pobreza, a vulnerabilidade e a exclusão social ao longo do ciclo de vida.
TUBERCULOSE E EMPOBRECIMENTO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS CUSTOS FAMILIARES EM DIFERENTES NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal do Espírito Santo
2 Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes
3 Centro Universitário do Espírito Santo - UNESC
4 Prefeitura Municipal de Vitória
Apresentação/Introdução
Introdução: Apesar da oferta gratuita do tratamento da tuberculose pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os pacientes e seus familiares ainda enfrentam diversos custos indiretos, como transporte, alimentação e perda de renda. Esses gastos podem levar ao empobrecimento, comprometendo o sucesso do tratamento e aprofundando desigualdades sociais.
Objetivos
Objetivos: Este estudo objetivou avaliar os custos totais suportados por famílias de pessoas com tuberculose no Brasil, com foco na estratificação por níveis de atenção à saúde – primária e especializada – no período de 2019 a 2021.
Metodologia
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa transversal multicêntrica, conduzida em 35 municípios brasileiros, com 605 pessoas diagnosticadas com tuberculose com base na pergunta: "Qual o custo total suportado por famílias de pessoas com tuberculose no Brasil entre 2019 e 2021 de acordo com os níveis de atenção?". Utilizou-se o instrumento da OMS para levantamento de custos adaptado à realidade brasileira. Avaliaram-se custos diretos (médicos e não médicos), indiretos (perda de trabalho e renda), empobrecimento e estratégias de enfrentamento. A análise estatística incluiu regressão logística multivariada, com significância estatística de p < 0,05. Os custos foram convertidos para dólares.
Resultados
Resultados: O custo total médio enfrentado pelas famílias foi de US$1.553,00, equivalente a aproximadamente 7,8 salários mínimos brasileiros. Os principais impulsionadores foram a suplementação alimentar e os deslocamentos para consultas. O tempo médio de trabalho perdido foi de 64,4 horas. A atenção especializada esteve associada a maior empobrecimento em comparação à atenção primária. Cerca de
50% dos pacientes enfrentaram custos considerados catastróficos, e a baixa escolaridade e a ausência de benefícios sociais foram identificados como fatores de
risco. O auxílio emergencial recebido durante a pandemia de COVID-19 demonstrou-se um fator de proteção contra o empobrecimento.
Conclusões/Considerações
Conclusões: Embora o tratamento da tuberculose seja gratuito, os custos ocultos são significativos, afetando principalmente os mais vulneráveis. A avaliação nacional dos custos em tuberculose é fundamental para orientar políticas públicas intersetoriais e garantir que nenhuma família enfrente custos catastróficos por conta da doença. Este estudo oferece subsídios para o aprimoramento da proteção social e da organização dos serviços de saúde no SUS.

Realização: