Programa - Comunicação Oral Curta - COC26.4 - Saúde dos(as) Trabalhadores(as) na Pandemia
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
SENTIDOS DO TRABALHO TÉCNICO DE ENFERMAGEM NA PANDEMIA: PRECARIZAÇÃO, SOFRIMENTO E RESISTÊNCIA EM TEMPOS DE CRISE SANITÁRIA
Comunicação Oral Curta
Xavier, F. R. O1, Vieira, M.1
1 FIOCRUZ/ EPSJV
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 acentuou a crise estrutural do trabalho em saúde, evidenciando a precarização que atinge técnicos de enfermagem historicamente invisibilizados. Sob a lógica neoliberal e a desresponsabilização institucional, suas narrativas revelam sentidos, sofrimentos e formas de reinvenção do trabalho no SUS.
Objetivos
Compreender como a pandemia de COVID-19 afetou a percepção dos técnicos de enfermagem sobre o significado do trabalho, considerando motivações, trajetórias e estratégias de enfrentamento diante dos desafios vivenciados.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de natureza qualitativa e exploratório-descritiva, fundamentada na perspectiva crítica da Saúde Coletiva e na análise temática conforme Minayo (2001). A busca foi realizada nas bases BVS, SciELO, LILACS, CINAHL, MEDLINE e Portal Capes, além de documentos públicos como o Projeto Respiro (EPSJV/Fiocruz). Foram incluídos estudos qualitativos publicados entre 2020 e 2024, com narrativas de técnicos de enfermagem em contexto pandêmico. A análise buscou identificar núcleos de sentido relacionados ao sofrimento ético, reconhecimento, estratégias de resistência e reconfiguração subjetiva do trabalho.
Resultados
Emergiram cinco categorias principais: (1) intensificação da precarização objetiva e subjetiva do trabalho técnico; (2) sofrimento ético-político diante da sobrecarga, invisibilidade e desamparo institucional; (3) presentismo compulsório como forma de autossacrifício e sentido moral atribuído ao trabalho; (4) ambivalência entre o discurso do herói e a exploração silenciosa da força de trabalho; (5) estratégias coletivas e simbólicas de resistência e ressignificação do cuidado. As narrativas revelam uma disputa de sentidos em torno do lugar social e político dos técnicos de enfermagem no SUS.
Conclusões/Considerações
A escuta das narrativas dos técnicos de enfermagem revela a densidade simbólica e política de sua atuação na pandemia. Ao denunciarem sofrimento e precarização, também afirmam formas de resistência e reinvenção do trabalho. A valorização dessas narrativas contribui para o debate sobre saúde do trabalhador, equidade e justiça social, reforçando a urgência de políticas que reconheçam o papel estratégico da enfermagem técnica no SUS.
SEGURANÇA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE E VIVÊNCIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO BRASIL E CHILE: LEGADO DE UMA PANDEMIA
Comunicação Oral Curta
Oliveira Júnior, J.1, Pinto, T. M. R. C.1, Viegas, S. M. F.1
1 UFSJ
Apresentação/Introdução
A segurança do profissional de saúde relaciona-se à cultura de segurança compartilhada entre equipes e gestores. Na pandemia, a Atenção Primária à Saúde teve papel central no controle da COVID-19, exigindo protocolos, reorganização de fluxos e adaptação do ambiente e ambiência para garantir a segurança, o profissional de saúde precisou cuidar de si frente a alta exposição para cuidar do outro.
Objetivos
Compreender a segurança do profissional de saúde no enfrentamento da pandemia de COVID-19 no cotidiano da Atenção Primária à Saúde e as vivências no Brasil e Chile.
Metodologia
Trata-se de estudo oriundo de dissertação de mestrado, qualitativo, guiado pela Teoria Fundamentada nos Dados e o Interacionismo Simbólico. Participaram do estudo 40 profissionais de saúde, 29 do Brasil e 11 do Chile, que atuaram no enfrentamento da pandemia de COVID-19, tiveram o diagnóstico positivo para infecção por SARS-CoV-2 durante o período pandêmico e afastaram-se de suas atividades laborais. Os cenários foram as unidades da Atenção Primária e serviços de referência no município de Divinópolis, Brasil, e unidades Atenção Primária do município de Concepción, Chile. As fontes de evidências foram a entrevista aberta individual e memorandos.
Resultados
Os profissionais brasileiros e chilenos foram resilientes no enfrentamento da COVID-19 perante a segurança física, emocional, do ambiente e ambiência, sobretudo no que se refere à infraestrutura precária, sobrecarga de trabalho e a falta de apoio emocional. As ações fundadas em evidências científicas foram essenciais para minimizar os riscos e a vacinação foi fundamental para garantir segurança e continuidade dos serviços, combater as fakes news é essencial para diminuir a hesitação vacinal. A saúde digital surgiu como resposta à crise e trouxe novos desafios. O legado da pandemia envolve valorização profissional e necessidade de investimentos sustentáveis.
Conclusões/Considerações
A pandemia evidenciou a importância de um trabalho colaborativo e adoção de práticas de segurança não apenas como ações técnicas, mas também como compromisso com a saúde pública de qualidade, visando garantir a segurança do profissional e a do paciente, pois são interdependentes. A pandemia acelerou a inovação nos sistemas de saúde, destacou fragilidades existentes e a necessidade de investimentos e fortalecimento da Atenção Primária à saúde.
DIREITO À DESCONEXÃO DO TRABALHO E GREVE SANITÁRIA: NOVAS FORMAS DE RESISTÊNCIA E LUTA DE DOCENTES DE UNIVERSIDADE PÚBLICA PELA SAÚDE NO TRABALHO EM CONTEXTO PANDÊMICO
Comunicação Oral Curta
Dias, S.1
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
A fragilidade da regulamentação do direito a desconectar-se do trabalho gera ausência de limites por parte do empregador e o trabalhador se vê em situação em que seu horário de lazer e de labor estão superpostos. Somada ao contexto de precarização, a crise sanitária provocada pela pandemia modificou as relações de trabalho dos professores, com uma migração maciça para o ambiente digital.
Objetivos
Problematizar as resistências coletivas dos docentes de ensino superior com foco na greve sanitária; Compreender as formas de resistências individuais criadas pelos professores com ênfase na desconexão, recusa ao trabalho e saúde.
Metodologia
Pesquisa social de caráter qualitativo, com dois procedimentos de pesquisa: análise documental e realização de entrevistas. Em relação ao primeiro, foi feito levantamento em base de dados primários a partir dos descritores “desconexão”, “jornada de teletrabalho” e “ambiente digital” em busca de legislação comparada e seu aparecimento em reivindicações da categoria. Quanto às entrevistas, buscou-se docentes de universidade pública que tivessem participado de movimento deflagrado como greve sanitária durante o período. A partir de um primeiro informante privilegiado foram acrescentados novos entrevistados, com uso da técnica bola de neve. Realizou-se análise temática de conteúdo.
Resultados
Observou-se que, a despeito de ter havido movimento coletivo de resistência ao retorno presencial, nem sempre houve o entendimento de que se tratava de greve sanitária propriamente dita, de modo que seu conceito ainda está em construção pelos trabalhadores. Verificou-se que o sentido sanitário da greve não deve ser reduzido a situações necessariamente de pandemia ou transmissão de vírus; é o movimento de trabalhadores que deve tensionar o direito, havendo elementos para a ampliação desse sentido de sanitário. Quanto à desconexão, observou-se que a falta de limitação do trabalho formal fez com que os próprios trabalhadores traçassem estratégias para limitar sua jornada.
Conclusões/Considerações
A nível individual identificou-se a implementação prática do direito a se desconectar do trabalho, uma vez que não previsto na legislação brasileira. A nível coletivo identificou-se que a greve sanitária possui contornos peculiares ao contexto. Tudo a partir da percepção dos próprios trabalhadores sobre o que foram esses movimentos e como a defesa da saúde foi enxergada por eles no período.
DILEMAS MORAIS ENTRE TRABALHADORES DA ATENÇÃO TERCIÁRIA DE SAÚDE DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO SUL DO BRASIL
Comunicação Oral Curta
Fassa, A.G.1, Hartmann, C.F.1, Carvalho, M.P.1, Flesch, B.D.1, Goularte, L.M.1, Delpino, F.M.1, Szortyka, A.L.S.C.1
1 UFPel
Apresentação/Introdução
Na pandemia de COVID-19, a escassez de estrutura física, recursos humanos, equipamentos e insumos, as incertezas sobre tratamentos e vacinas e a propagação de discursos anticientíficos intensificaram os dilemas morais com impactos na saúde mental dos trabalhadores de saúde. O entendimento sobre os fatores associados aos dilemas morais é crucial para estabelecer estratégias para mitigá-los.
Objetivos
Avaliar os fatores associados ao enfrentamento de dilemas morais entre trabalhadores da atenção terciária à saúde que atuaram na pandemia de Covid-19.
Metodologia
Realizou-se um estudo transversal dos trabalhadores do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/RS, em 2020, após o primeiro pico da pandemia. Avaliou-se dilemas morais relacionados a ter presenciado condutas clínicas ou atitudes entre colegas ou em relação a pacientes em desacordo com o que considerava correto, bem como a percepção de pressão por colegas ou superiores e pacientes ou familiares a agir em desacordo com seus valores em relação a condutas clínicas e normas contratuais. A análise da associação dos aspectos sociodemográficos, organização e carga de trabalho com os dilemas morais foi hierarquizada e realizada por regressão de Poisson com variância robusta.
Resultados
Foram estudados 1158 trabalhadores (taxa de resposta: 67%). Desses, 44% presenciaram atitudes e 15% sentiram-se pressionados a agir de forma contrária ao que consideravam correto. Os desfechos tiveram associação inversa com idade e direta com escolaridade. Presenciar atitudes foi maior entre auxiliares e técnicos de enfermagem (32%), enfermeiros (61%) e residentes (72%), comparado aos médicos. Sentir-se pressionado foi 96% maior entre residentes. Trabalho ativo e de alta exigência se associaram positivamente a presenciar atitudes (45%) e sentir-se pressionado (400%), comparado ao trabalho passivo. Apoio social teve proteção de 36% para presenciar atitudes e de 57% para sentir-se pressionado.
Conclusões/Considerações
A sobrecarga de demanda intensifica os dilemas morais. Isto reforça a necessidade de preparação do sistema de saúde para o enfrentamento de crises sanitárias com equidade, especialmente frente aos eventos climáticos extremos. Trabalhadores de saúde mais jovens, de enfermagem e em formação devem contar com suporte institucional, e a adoção de protocolos e normas pode reduzir dilemas morais ao oferecer maior controle no trabalho.
INTERFERÊNCIAS DE TECNOLOGIAS DIGITAIS E IMPLICAÇÕES NA SAÚDE MENTAL DOS DOCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PRIVADA A PARTIR DA PANDEMIA DE COVID-19
Comunicação Oral Curta
SALES, L. O1, FERREIRA, J1, PENA, P. G. L2, PINHO, Paloma de Sousa3, SOUZA, M.C4
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
2 Universidade Federal da Bahia - UFBA
3 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB
4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Apresentação/Introdução
Na pandemia de covid-19, foi estabelecido o uso de tecnologias digitais para a prática do ensino remoto, o que, sem o apoio por parte das escolas, tornou-se um desafio para docentes do ensino fundamental da rede privada. Após o fim da Emergência em Saúde Pública, no contexto das aulas presenciais, o uso dessas tecnologias permanece sobrecarregando docentes e repercutindo em sua saúde mental.
Objetivos
Compreender como o uso de tecnologias no trabalho docente da rede privada de ensino tem impactado a saúde mental de professores.
Metodologia
Esta pesquisa foi desenvolvida com docentes da rede privada do ensino fundamental de Salvador, com base nos princípios metodológicos da pesquisa qualitativa de caráter compreensivo. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, de acordo com o parecer número 6.607.287. A coleta de dados foi realizada no período entre fevereiro e junho de 2024. Como técnica de pesquisa, foram realizadas entrevistas em profundidade e, em seguida, suas transcrições. As narrativas foram organizadas por categorias temáticas para possibilitar a análise das informações sustentada na fenomenologia da hermenêutica compreensiva-interpretativa.
Resultados
Por meio de tecnologias, o tempo e o espaço privado docente têm sido invadidos pelos pais de estudantes e pela gestão escolar, com mensagens de WhatsApp e ligações telefônicas, sem limite de horário para comunicação. Esse hábito adquirido com o ensino remoto na pandemia de covid-19 permanece com as aulas presenciais, exigindo dos professores um tempo que supera o estabelecido em seu contrato de trabalho. Professores têm sido expostos a situações que desrespeitam seu direito à desconexão, seu tempo de descanso e de lazer. Esse cenário os sobrecarrega, contribui para sua insatisfação e desânimo no trabalho e tem desdobramentos em suas relações sociais e implicações para sua saúde mental.
Conclusões/Considerações
Com o uso de tecnologias, tem ocorrido interferências no tempo de docentes, com o preenchimento de suas horas de descanso, sem a delimitação de horas livres e de trabalho. Vários docentes, por medo de perderem o emprego, vivenciam essa situação de forma silenciosa, que surge muitas vezes como uma imposição do empregador para naturalizar o hábito de invadir o tempo de trabalho de seus contratados, impactando assim a saúde mental deles.
MUDANÇAS NA SAÚDE MENTAL E FATORES ASSOCIADOS EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO SUS DURANTE E APÓS A PANDEMIA DE COVID-19: EVIDÊNCIAS DE UM ESTUDO LONGITUDINAL
Comunicação Oral Curta
Maruyama, J. M.1, Serpa, A. L. O.1
1 Universidade Presbiteriana Mackenzie
Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 gerou sobrecarga emocional, desgaste físico e aumento do risco de transtornos mentais entre profissionais da saúde do SUS. Este estudo longitudinal investiga saúde mental, física e comportamentos dessa população em três momentos (2020, 2021 e 2025), visando identificar se os efeitos negativos persistem no período pós-pandêmico e orientar estratégias de cuidado.
Objetivos
Investigar diferenças nos níveis de sofrimento psicológico entre profissionais da saúde ao longo da pandemia, analisando variações por sexo, ocupação e classe social, e identificando grupos com maior vulnerabilidade no período pós-pandêmico.
Metodologia
Estudo longitudinal com três ondas de coleta: início da pandemia (T1, 05/2020), pico da crise sanitária (T2, 05/2021) e fase pós-pandêmica (T3, 05/2025). Participaram profissionais da saúde atuantes no SUS de todas as regiões do Brasil (N= 1.802). Os dados foram coletados por questionário online, incluindo variáveis sociodemográficas, ocupacionais, exposição à COVID-19 e instrumentos validados para avaliar sofrimento psicológico (BSI-18), qualidade de vida, saúde física, uso de substâncias, sono e condições de trabalho. A análise foi conduzida por modelos lineares generalizados mistos (GLMM), com sofrimento psicológico em T3 como variável dependente.
Resultados
O nível médio de sofrimento psicológico foi consistentemente mais elevado entre as mulheres ao longo dos três momentos avaliados, com redução gradual ao longo do tempo. Em contraste, os homens apresentaram piora significativa no período pós-pandêmico. Enfermeiros e técnicos mostraram agravamento no sofrimento psicológico, enquanto nutricionistas relataram melhora em T3. Profissionais da classe DE apresentaram aumento nos sintomas em comparação à classe A. Não foram observadas associações com idade ou outras categorias profissionais. Houve interação significativa entre sexo e classe social: mulheres das classes C2 e DE apresentaram piora acentuada no sofrimento psicológico no T3.
Conclusões/Considerações
Este estudo busca contribuir para a compreensão dos efeitos duradouros da pandemia na saúde mental dos profissionais da saúde que atuam no SUS. Ao identificar fatores de risco e proteção em diferentes fases da crise, os achados poderão subsidiar ações institucionais, políticas públicas e estratégias de cuidado voltadas à prevenção do adoecimento psicológico e psiquiátrico entre trabalhadores do SUS.
PRODUÇÃO DE ROTEIRO DE INSPEÇÃO SANITÁRIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR EM AMBIENTE DE TRABALHO – CONSTRUÇÃO CIVIL
Comunicação Oral Curta
SANTOS, G. A.1, CARVALHO, F. S.2, MACHADO, F. C.2, ANDRADE, T. M. A.2, SILVA, V. O.2, SÁ, C. N.2, TEODORO, C. J. A.1, SANTOS, J. F.1, SILVA, A. A.3
1 Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (SUVISA)/Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB) –
2 iretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador/Centro de Referência Estadual da Saúde do Trabalhador (DIVAST/CESAT). Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde do Estado da Bahia (SUVISA)/Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB) – S
3 Residente no Programa em Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.
Período de Realização
O roteiro de inspeção foi publicado em 16 de maio de 2025.
Objeto da produção
Apresentar um roteiro de inspeção sanitária em Saúde do Trabalhador na construção civil.
Objetivos
Apresentar um roteiro de inspeção sanitária em Saúde do Trabalhador em ambientes de trabalhos da construção civil, subsidiando e apoiando a atuação das equipes da Renast-BA nas fiscalizações.
Descrição da produção
O roteiro foi desenvolvido a partir da solicitação de apoio matricial da Renast-BA, para orientar as fiscalizações nos canteiros de obras. Foram consultadas as regulamentações, normas sanitárias e diretrizes aplicáveis à construção civil e à Saúde do Trabalhador, bem como dados da Renast-BA. Estruturado de forma objetiva, de linguagem técnica e didática, contou com a participação de uma equipe técnica especializada em inspeções em canteiros de obras.
Resultados
O roteiro impulsiona a prevenção de doenças e acidentes de trabalho, subsidiando a elaboração de recomendações e medidas de melhorias. Dá subsídio a ações educativas e corretivas, ao reconhecer, sistematicamente, exposição a poeiras, ruídos, vibrações, agentes químicos, riscos de quedas e acidentes com máquinas. Padroniza e uniformiza as inspeções, fortalecendo a atuação dos serviços de saúde do trabalhador, permitindo intervenções baseadas em normas regulamentadoras.
Análise crítica e impactos da produção
O roteiro representa um avanço na organização e padronização das inspeções sanitárias na construção civil que é marcada por altos índices de doenças e acidentes. Sua eficácia depende de capacitação profissional, do apoio institucional e matricial, podendo requerer ajustes na sua aplicação em campo, dada a diversidade de realidades nos canteiros de obras. Impacta positivamente na redução de acidentes e doenças, facilitando o monitoramento e avaliação das ações da vigilância.
Considerações finais
A elaboração deste instrumento representa um passo importante para qualificar as ações de vigilância em saúde do trabalhador. Reúne orientações técnicas baseadas em normas atualizadas e padroniza as inspeções, podendo contribuir para a prevenção de agravos à saúde e fortalecimento do compromisso com a saúde dos trabalhadores. Recomenda-se revisões periódicas do roteiro e atualização frente às mudanças no setor.
A SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES METALÚRGICOS NA REGIÃO DE CAMPINAS, SP, DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Comunicação Oral Curta
Eberhardt, L. D.1, Esteves, T. V.2, Pina, J. A.2, Stotz, E. N.2, Bravo, E. S.3, Takahashi, M. A. B. C.3, Almeida, H. P.4
1 UNICAMP
2 FIOCRUZ
3 FESPSP
4 UERJ
Apresentação/Introdução
Durante a pandemia de Covid-19, a atividade industrial foi considerada essencial pelo Decreto Municipal 20.782/2020 em Campinas. Em nível nacional, foi instituído o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (Medida Provisória 936), visando a continuidade das atividades laborais e empresariais. Nesse contexto, os operários seguiram expostos à Covid-19 nas fábricas.
Objetivos
Discutir a saúde dos trabalhadores metalúrgicos na região de Campinas, São Paulo, a partir da adoção de medidas estatais pelas empresas durante os dois primeiros anos da pandemia de Covid-19 no Brasil (2020-2021).
Metodologia
O resumo contempla dois estudos de caso qualitativos baseados na construção compartilhada de conhecimentos, com coleta de dados entre 2020 e 2021, contemplando pesquisa documental, observação participante e 36 entrevistas abertas com operários, cipeiros, procuradores do Ministério Público do Trabalho, sindicalistas e técnicos do Departamento de Saúde do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região. O referencial teórico-metodológico baseou-se na determinação histórica e social do processo saúde-doença. A análise e interpretação dos dados utilizou metodologias qualitativas, em especial a análise temática. As pesquisas foram aprovadas por Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
Entre março/abril de 2020, parte das fábricas metalúrgicas concedeu férias coletivas, motivadas por falta de componentes e pressão dos operários. Após a MP 936, foi acordada a suspensão de contratos e redução de jornada/salários, compensada parcialmente pelo benefício emergencial e acréscimo pago pelas empresas. A seleção dos operários para layoff ou redução não seguiu critérios sanitários (grupos de risco), mas critérios produtivos/econômicos. A passagem de dois turnos para um não reduziu o número de operários nas linhas de produção e transportes, mantendo aglomerações no auge da Covid-19 em Campinas (junho/julho de 2020). Entre 2020/2021, as fábricas efetivaram demissões e reestruturações.
Conclusões/Considerações
As medidas estatais, orientadas no sentido da proteção dos interesses das empresas no enfrentamento da crise econômica que acompanhou a pandemia de Covid-19, ampliaram a liberdade para a utilização da força de trabalho e difundiram a aplicação da reforma trabalhista no contexto da pandemia. Ressalta-se a importância de discutir a proteção da saúde dos trabalhadores em contextos de crise sanitária.
CÂNCER DE PELE RELACIONADO AO TRABALHO: ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
Comunicação Oral Curta
Damasceno, L.L1, Sousa, B.R2, Santos, G.P.2
1 SESA/ES
2 ICEPi
Período de Realização
Agosto de 2021 a maio de 2025
Objeto da experiência
Parceria entre a VISAT e o PAD/UFES para identificação e notificação de câncer de pele relacionado ao trabalho (CRT).
Objetivos
Relatar a experiência da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) do Espírito Santo na identificação e notificação dos casos sugestivos de CRT, atendidos pelo Programa de Assistência Dermatológica (PAD) da Universidade Federal do Espírito Santo.
Descrição da experiência
Em 2021, foi iniciada parceria entre o PAD/UFES e a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (SESA), com a doação de equipamentos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), visando qualificar o atendimento e a vigilância em saúde do trabalhador. A VISAT passou a atuar nas etapas do PAD, capacitando técnicos municipais, organizando a logística de notificação e qualificando as fichas após diagnóstico, ampliando a visibilidade dos casos de CRT no Estado.
Resultados
Até 2021, havia apenas uma notificação de CRT no Espírito Santo. Com a parceria entre VISAT e PAD, em quase cinco anos, foram registradas 2.738 notificações no sistema e-SUS VS. A articulação, iniciada na Região Metropolitana, foi expandida para as demais regiões atendidas pelo Programa. A estratégia demonstrou a importância da integração interinstitucional para a vigilância efetiva dos agravos relacionados ao trabalho, trazendo visibilidade a casos antes silenciados.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou o potencial da integração entre vigilância e programas assistenciais no enfrentamento da subnotificação de doenças relacionadas ao trabalho. Mostrou-se inovadora ao qualificar um Programa com mais de 30 anos de existência, mas evidenciou a fragilidade da atuação municipal. É necessário fortalecer as equipes locais de vigilância, garantir integração com a assistência e investir em educação permanente para consolidar essa estratégia como rotina nos territórios.
Conclusões e/ou Recomendações
A notificação do câncer relacionado ao trabalho é essencial para planejamento em saúde e ações de vigilância efetivas. A experiência demonstra que parcerias podem potencializar resultados e ampliar a visibilidade de agravos negligenciados. Recomenda-se o fortalecimento das VISAT municipais, a articulação com a Atenção Primária em Saúde, e a institucionalização de estratégias de educação permanente para garantir a sustentabilidade da ação.
PROCESSOS DE TRABALHO E SAÚDE DE AUXILIARES, ASSISTENTES E ANALISTAS DO SISTEMA PRISIONAL MINEIRO: PRODUÇÃO COMPARTILHADA DO CONHECIMENTO ENTRE UNIVERSIDADES E SINDICATO
Comunicação Oral Curta
Bechara-Maxta, Bruno Souza1, Ferraz, Deise Luiza da Silva2, Barros, Carolyne Reis3, Franco, David Silva4, Fernandes, Paula Cristina de Moura4, Fonseca, Carlos Eduardo Prates5, Lauar, Kalil6, Pires, Ana Carolina Vieira7, Marques, Laura Martins6
1 PPGEO/NECTraMa/UFMG
2 PPGA-CEPEAD/NECTraMa/UFMG
3 PPGPSI/UFMG
4 IFMG
5 PPGCS/UNIMONTES
6 NECTraMa/UFMG
7 UFMG
Apresentação/Introdução
O cárcere aparece como instrumento de punição à classe trabalhadora subsumido aos processos de valorização do capital. A reintegração social pelo trabalho permite converter massas de força de trabalho em mercadorias exploráveis. Auxiliares, Assistentes e Analistas do sistema prisional mineiro são o corpo técnico que atuam sobre condições de trabalho adoecedoras, constituindo questões sindicais.
Objetivos
Apreender as relações entre os processos de trabalho e a situação de saúde de Auxiliares, Assistentes e Analistas do Sistema Prisional de Minas Gerais
Metodologia
Sob a tradição crítica da Medicina Social Latino-americana, a Pesquisa Participante foi assumida como orientação de produção compartilhada do conhecimento e intervenção sobre o processo de trabalho e saúde no cárcere. Deste modo, um grupo de investigação em saúde por pesquisadoras/es, trabalhadoras/es e dirigentes sindicais desenvolveu, no movimento de apreensão concreta e coletiva do objeto sob as contradições da relação capital-trabalho, pesquisa bibliográfica, documental e de campo sob instrumental da observação participante, entrevistas e enquete junto à base trabalhadora. Projeto adepto à ciência aberta e voltado para a classe trabalhadora. Aprovado pelo Comitê de Ética da UFMG.
Resultados
Os processos de trabalhos técnicos e especialistas no sistema prisional, sob a precarização do serviço público na lógica do Estado de provimento da segurança pública para o ordenamento amplo do capital, apresenta elementos de intensificação e carga de trabalho psicológica que constituem a situação de desgaste e os limites da reprodução das/os técnicas/os com abertura para um conjunto de manifestações de adoecimento, particularmente relacionados com os transtornos mentais e comportamentais e doenças do sistema nervoso. Atos de resistência e enfrentamento sindical no âmbito institucional possibilitam mitigar o processo de desgaste-reprodução-adoecimento, assim manifestando situações de saúde.
Conclusões/Considerações
Os processos de trabalho e as situações de saúde são forjadas na produção do cárcere pela correlação de forças entre o capital, com a mediação do Estado, e o trabalho, nos movimentos permanentes para a militarização do trabalho técnico em nome da segurança pública e das suas lutas na defesa tanto do caráter protetivo e contestador do trabalho realizado no cárcere, quanto pela saúde também da fração da classe trabalhadora privada de liberdade.