Programa - Comunicação Oral Curta - COC33.3 - RAPS: Experiências, Desafios e Inovações no Cuidado
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
A ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS): RELATO DE EXPERIÊNCIA E REFLEXÕES SOBRE DESAFIOS E POTENCIALIDADES DO CUIDADO
Comunicação Oral Curta
Prachedes, B. S.1, Mascarenhas, J. M. O.1
1 UNEB
Período de Realização
Realizado entre março a junho de 2025, durante o Estágio supervisionado no CAPS II em Salvador-BA
Objeto da experiência
Relato da atuação do nutricionista no CAPS II em Salvador-BA, com ênfase nas ações em nutrição e nos desafios do cuidado em saúde mental.
Objetivos
Analisar a atuação do nutricionista no CAPS II em Salvador, destacando contribuições para a saúde mental; descrever estratégias do estágio e refletir sobre desafios e potencialidades da prática nutricional na atenção psicossocial, visando o bem-estar dos usuários
Descrição da experiência
Durante a realização das atividades do Estágio supervisionado em Nutrição Social do Curso de Nutrição, lotado no Departamento Ciências da Vida da Universidade do Estado da Bahia no Centro de Atenção Psicossocial - CAPS II de Salvador-BA, entre março e junho de 2025. O estagiário integrou a rotina do serviço, realizando oficinas terapêuticas, atendimentos nutricionais, auriculoterapia e cultivo de PANCs, priorizando cuidado integral e escuta qualificada
Resultados
As ações nutricionais integradas às práticas psicossociais fortaleceram vínculos e adesão ao cuidado. Oficinas e atendimentos individuais ampliaram a conscientização sobre hábitos alimentares e saúde mental. Apesar de desafios estruturais e resistências culturais, evidenciou-se o potencial do nutricionista em promover integralidade e humanização no CAPS, facilitando o acesso e a autonomia dos pacientes para gerir sua alimentação e saúde.
Aprendizado e análise crítica
A vivência mostrou a complexidade do cuidado nutricional em saúde mental e a importância de abordagens integradas e individualizadas. Apesar da resistência dos usuários e limitações estruturais, o vínculo e a escuta qualificada tiveram impacto positivo. Destaca-se o papel do nutricionista na equipe multiprofissional para práticas éticas e humanizadas. Fortalecer o cuidado nutricional na atenção primária é essencial para prevenir obesidade, desnutrição e doenças relacionadas.
Conclusões e/ou Recomendações
A atuação do nutricionista no Centro de Atenção Psicossocial - CAPS é essencial para o cuidado integral em saúde mental, promovendo autonomia e qualidade de vida dos pacientes. Recomenda-se fortalecer sua inclusão nas equipes de saúde, aprimorar a infraestrutura e investir em ações educativas individualizadas. Políticas públicas devem reconhecer e valorizar esse papel para garantir atendimento humanizado e efetivo.
CONSTRUÇÃO COLABORATIVA DE CHAMADA PÚBLICA PARA SUPERVISÃO INSTITUCIONAL NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: AÇÃO INTERINSTITUCIONAL PARA O FORTALECIMENTO DA RAPS
Comunicação Oral Curta
Vaz, B. C.1, Aranha e Silva, A. L.2, Guerrero, A. V. P.1, Pereira, D. E. M.1, Silva. E. J. V.1, Oliveira, M. A. F. D.2, Barros, S.2
1 NUSMAD/Fiocruz Brasília
2 DESMAD/SAES/MS
Período de Realização
Janeiro a maio de 2025
Objeto da experiência
Elaboração interinstitucional de Chamada Pública para o fomento de supervisão institucional na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) nas 27 UF do país.
Objetivos
Relatar a construção colaborativa da Chamada Pública, seus fundamentos metodológicos, princípios ético-políticos e impactos esperados para o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial por meio da Supervisão Institucional nos Centos de Atenção Psicossocial (CAPS).
Descrição da experiência
Relato de experiência sobre a elaboração de uma Chamada Pública conduzida por equipe interinstitucional do Ministério da Saúde e da Fiocruz Brasília, a partir da identificação de uma lacuna em relação ao incentivo dessa prática por parte do governo federal nos últimos anos. O processo foi orientado por princípios da saúde coletiva, da desinstitucionalização e do cuidado em liberdade e considerou as necessidades de saúde mental da população em geral e as especificidades de grupos vulnerabilizados.
Resultados
A experiência evidenciou o potencial do trabalho interinstitucional na formulação de políticas públicas que abrangem todo o território nacional. Incorporaram-se critérios que buscam promover a equidade, diversidade e democratização na seleção de pessoas supervisoras que atuarão em CAPS de todo o país. A Chamada fortalece a RAPS e, por consequência, a qualificação da atenção e da gestão dos serviços e a difusão de práticas de cuidado democráticas, inclusivas e responsivas.
Aprendizado e análise crítica
O processo mostrou que a elaboração interinstitucional favorece diferentes saberes e perspectivas, potencializando a entrega. Normativas atuais que dispões sobre ações afirmativas foram incorporadas para a institucionalização de ações mais inclusivas, efetivas e democráticas, como orientam os princípios do SUS. O tempo político é um desafio a ser superado na inclusão efetiva de trabalhadores e usuários da RAPS em processos de elaboração de políticas públicas.
Conclusões e/ou Recomendações
A construção interinstitucional se consolida como estratégia potente de formulação de políticas públicas em saúde mental. É fundamental investir na articulação entre cuidado, gestão e formulação de políticas públicas como forma de fortalecer o SUS e a Reforma Psiquiátrica. Recomenda-se maior confluência entre os tempos de formulação e de entrega e a instituição de mecanismos efetivos para a intersetorialidade e o protagonismo dos usuários.
FORMAÇÃO DE ATENÇÃO À CRISE EM SAÚDE MENTAL PARA REDE: INTEGRANDO E COMPARTILHANDO CONHECIMENTOS E PRÁTICAS
Comunicação Oral Curta
ROSSI, A.F.1, SANTOS, R.B.2, COLETTO, A.2, MAUÁ, F.H.N.2, DOMINGUES, J.1
1 Área de Práticas Assistenciais. Hospital Israelita Albert Einstein
2 CAPS AD III Paraisópolis. Hospital Israelita Albert Einstein
Período de Realização
Uma turma por semestre com início em agosto de 2024 e atualmente em andamento
Objeto da produção
Curso de formação de atenção à crise em saúde mental para profissionais da atenção primária à saúde (APS) e especializada na zona sul de São Paulo
Objetivos
Promover o desenvolvimento das equipes assistenciais no atendimento de situações de crise em saúde mental com base nas diretrizes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e nos Protocolos Institucionais, colaborando para uma assistência de qualidade, segura e em rede
Descrição da produção
Encontro presencial semestral de 4 horas e meia, com metodologias ativas com base em estudos de caso, exposição dialogada sobre diretrizes da RAPS e protocolos institucionais (Avaliação e Manejo do Risco de Suicídio e Manejo do Paciente Agitado, Agressivo e/ou Violento) e treinamento prático de contenção terapêutica. Direcionada à profissionais da APS e especializada com ensino superior, com 50 vagas por turma. É previsto que esses profissionais possam ser multiplicadores em suas unidades
Resultados
Realizadas duas turmas entre 2024 e 2025, 72 profissionais formados e duas multiplicações locais em unidades básicas de saúde (UBS). Aplicado pré e pós teste com perguntas sobre manejo de crise e formulário de avaliação do encontro. Profissionais apresentaram curva ascendente de aprendizado entre pré e pós teste, além de afirmarem que a formação auxilia na identificação de práticas adequadas e éticas, quebra barreiras de estigma e elucida fluxos da rede fortalecendo a relação entre os serviços
Análise crítica e impactos da produção
Essa formação está em fase inicial, incluímos a atenção especializada (AMAE, AMA e UPA) por entender que esses serviços recebem muitos usuários em situação de crise. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) não foram incluídos, ainda, pois já realizam capacitações locais, mas serão convidados a participar como apoio matricial na multiplicação local. Desafios se mostram na proteção de agenda dos profissionais e apoio na sustentação da multiplicação local como ação matricial
Considerações finais
Essa formação foi construída como uma ação PLAMEP (Plano Municipal de Educação Permanente em Saúde) entre Einstein e a Supervisão Técnica de Saúde da região, sistematizada pela área de apoio técnico da instituição juntamente com profissionais da ponta (CAPS AD) a partir de uma necessidade local dos serviços, isso demonstra potencial de gerar melhoria nos processos de trabalho em rede e na qualidade no cuidado em saúde mental
FORTALECIMENTO DA RAPS E CUIDADO CONTÍNUO: RELATO DA QUALIFICAÇÃO DE UM CAPS II PARA CAPS III DA REGIÃO METROPOLITANA II DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral Curta
Garcia, P. C.1, Sousa, P. H. G.2
1 ENSP/Fiocruz
2 CAPS
Período de Realização
A experiência foi vivenciada de 2022 a 2024. O CAPS III foi inaugurado em março de 2023.
Objeto da experiência
O processo de adaptação e qualificação de um CAPS tipo II pré-existente e modificado para o atendimento 24h, com leitos de acolhimento noturno.
Objetivos
Relatar a qualificação de um CAPS II para CAPS III na Região Metropolitana II do Rio de Janeiro, com ênfase nas mudanças institucionais, estruturais e nos processos de trabalho, considerando os desafios enfrentados e a conquista que esse novo dispositivo representou para a população.
Metodologia
Em 2022, iniciou-se a discussão sobre a ampliação do CAPS II para CAPS III, com cinco leitos de acolhimento noturno. Em novembro, tiveram início as obras de adequação e a contratação de novos profissionais. Nos primeiros meses, o serviço passou por uma ampliação gradativa do horário de funcionamento até atingir o regime integral, todos os dias da semana. No mês anterior à inauguração, a equipe já estava completa e disponível para ofertar estratégias de cuidado ampliadas ao longo das 24 horas.
Resultados
Destacam-se como principais resultados: ampliação da equipe; transição para funcionamento integral; inclusão de quartos e farmácia na estrutura; e revisão dos processos de trabalho, alinhados às portarias vigentes e à literatura. Parte da equipe, presente desde a fundação do CAPS há cerca de dez anos, teve mais dificuldades na transição, especialmente por conta da escassez de discussões entre gestão, equipe e usuários nos espaços coletivos e formativos do serviço.
Análise Crítica
A Política Nacional de Saúde Mental vem sendo retomada, especialmente após a Portaria 757/2023, que revogou a 3.588/2017 e os desmontes. Com foco na desinstitucionalização, observam-se avanços na ampliação e qualificação da RAPS. A transformação dos CAPS II pré-existentes é uma das estratégias para evitar reinternações e fortalecer o cuidado em liberdade. A experiência mostrou que essas mudanças devem ser contínuas e dialogadas com a equipe em espaços coletivos, formativos e institucionais.
Conclusões e/ou Recomendações
A qualificação de CAPS II para III fortalece a RAPS e o cuidado em liberdade, apesar dos desafios estruturais, institucionais e nos processos de trabalho. Recomenda-se que esse processo seja guiado por planejamento, escuta das equipes e usuários, educação permanente, supervisão clínico-institucional e apoio da gestão, promovendo o investimento coletivo necessário às mudanças e à consolidação do novo modelo de cuidado.
PERCEPÇÕES PROFISSIONAIS SOBRE O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NOS CAPS DA MICRORREGIÃO DE PONTE NOVA: INTERFACES COM AS DIMENSÕES DA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA
Comunicação Oral Curta
Ségala, K,F.1, Perdigão, L,C,R.1
1 Universidade Federal de Viçosa - UFV
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa de doutorado em andamento é fruto de inquietações vivenciadas no campo profissional, ancorada nos ideais da Reforma Psiquiátrica e tem como foco analisar as percepções dos profissionais dos CAPS da microrregião de Ponte Nova sobre sua prática de cuidado e a relação com as dimensões da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Objetivos
Conhecer as percepções dos profissionais de saúde dos CAPS da microrregião de saúde de Ponte nova acerca do cuidado e as relações com as dimensões da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Metodologia
Como método de pesquisa utilizaremos o materialismo histórico- dialético, com base qualitativa, análise bibliográfica, através de revisão de literatura. A pesquisa está utilizando como campo de análise os CAPS dos municípios de Alvinópolis, Rio Casca e Ponte Nova. A coleta de dados por meio de entrevistas com 30 profissionais. Foi feito 15 entrevistas até o momento. A análise dos dados será por meio de análise de discurso crítica, que ainda não foi iniciada.
Resultados
Consideramos o caráter heterogêneo e a leitura crítica das dimensões da RP e adentramos nos seus fundamentos e divergências paradigmáticas no campo de estudo da saúde mental. Compreendemos a loucura e a internação em Foucault (1978), e a saúde mental enquanto problema social, por demanda capitalista e posteriormente com a RP e as ações de desinstitucionalização e fim dos manicômios. Realizamos 15 entrevistas em 2 CAPS. As equipes não estavam completas, de acordo com a Portaria 336 de 2002 e possuíam contratos instáveis. 12 do sexo feminino e 03 masculinos. 10 com renda entre 2 e 5 salários mínimos e 05 até 2 salários mínimos. 07 de nível superior, 03 de nível técnico e 05 de nível médio.
Conclusões/Considerações
Com o estudo realizado até o momento, compreendemos que os profissionais estão inseridos num contexto dinâmico, construído e reconstruído por relações sociais, políticas e econômicas, que refletem relações de poder, onde o indivíduo ora pode ser parte do processo de resistência, ora parte do processo de dominação. Por isso, para o avanço do campo do cuidado em saúde mental nos CAPS, a relevância de estudos acerca da Reforma Psiquiátrica.
VIVÊNCIAS EM UM CAPS AD E O IMPACTO NA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
FERREIRA, M. L. S.1, QUERINO, A. B. A.1, CAMPOS, J. C. G. de M.1, CERQUEIRA, M. S.1, SILVA, I.S.1, ASSUNÇÃO, E. S.1, BARRETTO, L. D.1, FREIRE, R. C.1
1 UFBA
Período de Realização
Vivências iniciadas em outubro de 2024, de caráter semestral.
Objeto da experiência
Atividades desenvolvidas em um Centro de Atenção Psicossocial II Álcool e outras Drogas (CAPS II ad), na cidade de Salvador-BA.
Objetivos
Este resumo objetiva expressar a perspectiva de discentes envolvidos no estágio, tecendo uma análise crítica acerca dos benefícios proporcionados pelas práticas ao processo formativo dos mesmos, considerando o contato com a estratégia de Redução de Danos (RD) e demais aspectos do cuidado no serviço.
Descrição da experiência
Trata-se de um estágio desenvolvido por estudantes de uma Liga Acadêmica em parceria com professor vinculado a um CAPS ad. De caráter semestral, as atividades envolvem o acompanhamento do cotidiano do serviço. São exemplos: ações no território com redutores de danos; grupos de relaxamento e informática; acolhimentos/atendimentos individuais por técnico de referência; atendimentos médico e de assistência social. De forma transversal às atividades realizadas, o serviço atua na perspectiva da RD.
Resultados
Ao longo dos semestres, foram vivenciadas semanalmente as atividades realizadas no serviço, conforme listadas. As experiências convocaram o acesso a tecnologias leves, tais como a escuta ativa e o vínculo, bem como às nuances do cuidado, do toque físico e do ser facilitador de acessos na rede de atenção à saúde. Além disso, a todo momento foi demandada atenção dos discentes às coisas que os mobilizassem, visto que o contexto suscita atravessamentos emocionais e requer uma autopercepção sensível.
Aprendizado e análise crítica
Nessa perspectiva, tais vivências promoveram o desenvolvimento de sensibilidade na escuta e afastamento de concepções que estigmatizam a população assistida. Além disso, possibilitaram compreender o cuidado em saúde como fator emancipatório, crítico e transversal à cultura, política e aspectos socioeconômicos de um território, enfatizando o papel do serviço como facilitador de participação social e desconstrução de estigmas através da educação em saúde no contexto de uso de substâncias.
Conclusões e/ou Recomendações
Assim, é perceptível como o estágio no CAPS ad é um importante espaço de formação ética, crítica e humanizada, aproximando a universidade da realidade social e ampliando o olhar dos futuros profissionais. Nesse sentido, é essencial que o processo formativo se constitua também a partir dessas vivências, que extrapolam as concepções teóricas e agregam nuances sensíveis inerentes à prática relatada.
“MINHA VIDA VIROU DE PONTA CABEÇA”: SAÚDE MENTAL SOB A PERSPECTIVA DE TRABALHADORES INFECTADOS PELA COVID-19, NA BAHIA
Comunicação Oral Curta
Azevedo, M. N.1, Araújo, K. L.2, Lima, M. A. G.1
1 UFBA
2 UFT
Apresentação/Introdução
As alterações multissistêmicas pós-infecção pelo novo coronavírus, conhecida como “Covid Longa”, podem incluir, o agravamento ou surgimento de sofrimento psíquico, a partir de distintas manifestações sintomáticas, tais como depressão, transtornos de ansiedade e ataques de pânico, comprometendo, de modo significativo, o desenvolvimento ou retorno ao trabalho.
Objetivos
Compreender os impactos psíquicos da Covid Longa em trabalhadores acompanhados em um ambulatório público, localizado em Salvador, Bahia.
Metodologia
Realizou-se um estudo de abordagem qualitativa, do tipo analítica-descritiva, com aplicação de questionário semiestruturado, numa entrevista em profundidade. A amostragem da população estudada foi do tipo intencional, composta por 11 trabalhadores, acompanhados no Centro Pós-Covid-19 (CPC), no estado da Bahia. As entrevistas individuais foram realizadas, entre abril e julho de 2022. A análise baseou-se em aproximações com a hermenêutica-dialética, em intersecção com estudos das Ciências Sociais em Saúde, sobretudo, com o enfoque de gênero. O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal da Bahia.
Resultados
Os resultados apontam que o sofrimento psíquico dos trabalhadores surgiu ou foi intensificado após a experiência de adoecimento por Covid-19, observou-se também a instauração de um medo generalizado, intensificado pela infodemia e disseminação de fake news, nesse sentido, a experiência da Covid figurou-se como sinônimo de medo. A análise demonstrou que a Covid Longa culminou em reações emocionais associadas à possibilidade de retorno ao trabalho. Para os homens desta pesquisa o processo de sofrimento, foi marcado pela preservação ou não do potencial laborativo. A exposição ao vírus resultou em uma multiplicidade de comprometimentos e foi impactada por questões de gênero e raça.
Conclusões/Considerações
Considerando a possibilidade de novas pandemias, em curto ou médio prazo, bem como a inexistência de criação e implementação de políticas efetivas direcionadas à reparação das vítimas da Covid-19, espera-se que esse estudo colabore com o desenvolvimento de ações e políticas públicas de amparo social especializadas, de atenção psicossocial e reabilitação aos trabalhadores, a partir do reconhecimento e visibilidade da temática.
SAÚDE MENTAL DIGITAL: PROPOSITURAS E ESTRATÉGIAS A PARTIR NÚCLEO DE SAÚDE DIGITAL DA UNIFESP
Comunicação Oral Curta
Surjus, L. T. L. S.1, Fegadolli, C.1, Martins, P. A.1, Badaró, M. I.1, Meira, K. C.1, Oliveira, M. G. S. A.1, Massi, R.1, Queiroz, J. A.1, Rodrigues, J. L.1
1 UNIFESP
Período de Realização
2024-2025
Objeto da experiência
Implementação de tecnologias digitais e sociais de cuidado em saúde mental no SUS, desenvolvidas pelo Núcleo de Saúde Digital da Unifesp
Objetivos
Apresentar as ações de saúde mental do NSDUnifesp no que se refere à estrutura, soluções digitais, processos e estratégias desenvolvidas com vistas ao enfrentamento às barreiras de acesso às populações usuárias radicais de drogas, vítimas de violência, indígenas, situação de rua e do campo.
Descrição da experiência
A saúde digital pode incidir na redução das barreiras de acesso ao cuidado em saúde mental por meio do cuidado comunitário, intervenção entre pares, suporte digital, articulação territorial; inovações tecnológicas para manejo medicamentoso, práticas emancipatórias, suporte ao manejo de casos graves de uso de drogas e ampliação da capacidade de intervenção junto a pessoas vítimas de violência.
Resultados
A saúde digital pode responder a necessidades de populações invisibilizadas e impedidas do acesso à saúde mental, pelo estigma, pelas diferenças culturais, ou pelos contextos de longas distâncias, miserabilidade e reprodução da violência. Experiências populares exitosas, como a Rede de Saúde Mental do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, Nhimongueta renda da Tekoá Tabaçu Reko Ypy, de agentes redutores de danos comunitários e orgânicos do Grupo DiV3rso, e o Banco da Amizade do Zimbabue.
Aprendizado e análise crítica
A proposta articula inovação tecnológica e social por meio da articulação entre as áreas da saúde e da tecnologia, contando com articuladores comunitários locais, orgânicos das comunidades atendidas, especialistas e supervisores com experiências de atuação no SUS, e suportes em teleconsulta, teleinterconsulta, teleinterconsultoria, telemonitoramento e teleducação, em conformidade com a LGPD e os princípios de interoperabilidade dos sistemas públicos.
Conclusões e/ou Recomendações
O cuidado em saúde mental desafia a mercantilização da saúde, patologização da vida, capilarização de diagnósticos psiquiátricos e consequências medicalizantes. Populações do campo, indígenas, em situação de rua, uso de drogas, e vítimas de violências encontram barreiras de acesso por diferenças culturais, longas distâncias, e estigma. O NSD desenvolve ações inovadoras que articulam tecnologia, protagonismo popular e fortalecimento comunitário.
PROGRAMA DE INTENSIFICAÇÃO DE CUIDADOS: A EXPERIÊNCIA DO ANO ADICIONAL DA RESIDÊNCIA DE MFC EM SALVADOR-BA
Comunicação Oral Curta
Taschetto, D. F.1, Santiago, A.1, Moreira, Y.1, Almeida, A. M.1, Abreu, L. S. A.1, Cardoso, L.K.A.1, Coroa, J.P. B. B.1, Bomfim, D.E.C.1, Quintino, J.M.L.1, Tranquilli, A. G.2
1 Escola de Saúde Pública de Salvador
2 Secretaria Municipal de Saúde de Salvador
Período de Realização
Março a Junho de 2025.
Objeto da experiência
Programa de Intensificação de Cuidados (PIC) em saúde mental realizado por residentes do Ano Adicional em Medicina de Família e Comunidade (MFC).
Objetivos
Relatar a experiência dos residentes participantes do PIC do Ano Adicional em MFC - Saúde Mental e População em Situação de Rua - de Salvador.
Descrição da experiência
O PIC é realizado por residentes e profissionais da rede de saúde mental de Salvador que atuam nos campos de estágio da residência. São formadas duplas (um residente e um profissional do serviço) para realizar intensificação de cuidados de usuários de saúde mental. O PIC ocorre em um turno da semana, a ser organizado dentro da gestão de cada serviço, mais um turno de supervisão clínica que acontece na Escola de Saúde Pública de Salvador com uma psicóloga e um dos preceptores da residência.
Resultados
O PIC se revela como um recurso potente para a produção de vínculo com usuários de saúde mental e do cuidado em liberdade, mobilização de rede e novos olhares sobre usuários tidos como problema ou casos muito complicados. A supervisão clínica semanal qualifica o processo e fomenta reflexões com conceitos da psicanálise e outras abordagens da psicologia, ajudando na interpretação de sentimentos complexos que surgem ao sustentar o cuidado a pessoas em intenso sofrimento psíquico em setting aberto.
Aprendizado e análise crítica
Desafiando a estrutura manicomial da saúde mental, o PIC aposta numa modalidade de atenção que busca garantir o cuidado em liberdade. O acompanhamento semanal explora as subjetividades da pessoa em sofrimento mental e de forma contra-hegemônica configura cidadania à loucura. Tal proposta questiona a clínica tradicional, conforme o movimento da luta antimanicomial, exigindo um cuidado pautado na escuta qualificada, manejo vincular, corresponsabilização e uma reflexão ética sobre a lógica asilar.
Conclusões e/ou Recomendações
Esse cuidado de forma intensiva, com carácter longitudinal e em liberdade, produz efeitos significativos na vida da pessoa com transtornos mentais graves e àquelas com deficiência psicossocial. Dessa forma, demonstra-se como uma forte ferramenta para sustentar o cuidado em liberdade. Recomenda-se sua ampliação para mais serviços da rede, com investimento na formação profissional permanente e na valorização do trabalho multiprofissional.