
Programa - Comunicação Oral Curta - COC1.4 - Nutrição, Obesidade e Alimentação
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E ATIVIDADE FÍSICA COM ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E PREVALÊNCIA DE OBESIDADE AOS 40 ANOS
Comunicação Oral Curta
1 UFPEL
Apresentação/Introdução
A prevalência de excesso de peso no Brasil alcançou 60,3% dos brasileiros, sendo 25,9% obesos. A obesidade é um importante fator de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis, e são elas a principal causa de óbito e morte prematura no país. O consumo de alimentos ultraprocessados e a prática de atividade física são efetivos fatores modificáveis para o manejo e redução desses números.
Objetivos
O presente estudo analisou a associação do consumo de alimentos ultraprocessados e a prática de atividade física, e o seu efeito conjunto, com o Índice de Massa Corporal (IMC) e prevalência de obesidade em uma coorte de nascimentos no sul do Brasil.
Metodologia
Foram incluídos 2.099 participantes, avaliados aos 40 anos, da coorte de nascimentos de 1982, Pelotas-RS. O percentual de consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) foi avaliado usando instrumento que mediu o consumo de 37 subgrupos alimentares, sendo 23 subgrupos de AUP. E a prática de atividade física moderada ou vigorosa (AFMV) foi mensurada pelo acelerômetro ActiGraph, com período de 10 (bouts) minutos de margem de sustentação. A associação com o IMC foi avaliada pela regressão linear múltipla, e para obesidade foi utilizado regressão de Poisson com variância robusta, controlando para fatores de confusão e viés de auto-seleção.
Resultados
A participação dos alimentos ultraprocessados na dieta esteve associado positivamente com o IMC, aqueles no terceiro tercil de consumo apresentaram, em média, IMC 1,14kg/m² (IC95% 0,32;1,96) maior do que os no primeiro tercil. Já a prática de atividade física esteve inversamente associada, aqueles no maior tercil apresentaram IMC, em média, 2,17kg/m² (IC95% -3,08;-1,27) menor do que os que não praticavam AFMV. No que se refere à obesidade, as associações foram na mesma direção, em relação ao consumo de AUP, apresentaram risco 35% (IC95% 1,12;1,63) maior, enquanto que na AFMV apresentaram risco 40% (IC95% 0,47;0,77) menor. Além disso, foi observada interação entre o consumo de AUP e o tempo de AFMV.
Conclusões/Considerações
A maior participação dos AUP na dieta esteve associado positivamente com o IMC e com a prevalência de obesidade, enquanto a prática de AFMV apresentou associação inversa. Além disso, foi observado interação positiva entre o consumo de AUP no grupo de maior tempo de atividade física, com a prevalência de obesidade. Logo, estar ativo não isenta os impactos do consumo de AUP no aumento da prevalência de obesidade.
ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E DESFECHOS DE SAÚDE ENTRE INDIVÍDUOS COM DOENÇAS CRÔNICAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Comunicação Oral Curta
1 Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde, Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
2 Núcleo de Estudos Epidemiológicos em Nutrição e Saúde, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
3 Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
Uma revisão sistemática do tipo guarda-chuva mostrou o efeito adverso do alto consumo de alimentos ultraprocessados em 32 diferentes desfechos de saúde na população geral. Estudos observacionais recentes vêm investigando esses efeitos especificamente entre pessoas com doenças crônicas pré-existentes, entretanto até o momento não há revisões sistemáticas desses estudos.
Objetivos
Sintetizar a literatura disponível sobre a associação entre o consumo de ultraprocessados e desfechos em saúde entre adultos com doenças crônicas.
Metodologia
Seguindo a estratégia PICO, foram incluídos estudos de coorte conduzidos entre adultos com doenças crônicas na linha de base e que investigaram a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e desfechos em saúde. As buscas foram realizadas nas bases de dados: Pubmed, Scielo, LILACS, Web of Science, Scopus e Embase. O risco de viés foi avaliado com a escala Newcastle-Ottawa. A seleção e avaliação do risco de viés dos estudos foi realizada de forma cega e em duplicata. Discordâncias foram resolvidas por um terceiro avaliador. Foi conduzida meta-análise de efeitos aleatórios para o desfecho de mortalidade por todas as causas. A protocolo foi registrado no PROSPERO (CRD42023490694).
Resultados
Foram incluídos 18 estudos conduzidos em países do Norte Global. As populações avaliadas apresentavam obesidade, diabetes, síndrome metabólica, doença renal, doença inflamatória intestinal, câncer e doença cardiovascular na linha de base. Os desfechos mais frequentes foram mortalidade e complicações da doença de base. A maioria dos estudos apontou associação positiva entre o maior consumo de ultraprocessados e piora nos desfechos de saúde. A metanálise mostrou risco 24% maior (IC95%:1.09-1.41) de mortalidade por todas as causas em 6 estudos. Não foi encontrada evidência de viés de publicação (p-valor para teste de Egger=0.34). O risco de viés foi baixo em 16 estudos e moderado em 2.
Conclusões/Considerações
Esta revisão mostra os efeitos adversos do consumo de alimentos ultraprocessados mesmo entre pessoas com doenças crônicas. Os resultados apoiam a inclusão de diretrizes sobre alimentos ultraprocessados nos protocolos de cuidado de pessoas com doenças crônicas. Os achados também evidenciam a necessidade de mais estudos focados em populações do Sul Global com doenças altamente prevalentes.
CULTIVANDO AUTONOMIA E SAÚDE: RELATO SOBRE SOBERANIA ALIMENTAR E AGROECOLOGIA PARA O CUIDADO INTEGRAL E LONGITUDINAL AO USUÁRIO DO SUS COM OBESIDADE EM RECIFE
Comunicação Oral Curta
1 IAM/FIOCRUZ - PE
2 IMIP - PE
Período de Realização
Em Abril de 2025 na cidade do Recife, Pernambuco
Objeto da experiência
Compartilhar atividades comunitárias agroecológicas como experiências de cuidado no SUS a usuários com obesidade em território vulnerável do Recife/PE
Objetivos
Apresentar organização do coletivo “Mãos de Milagres”; Evidenciar a importância do movimento social no acolhimento, cuidado e hortoterapia; Destacar as práticas alinhadas à soberania alimentar no cuidado integral e longitudinal da pessoa com obesidade em território de alta vulnerabilidade social
Descrição da experiência
A experiência, parte do trabalho de campo de doutorado, iniciou-se pelo contato de uma pesquisadora com o coletivo “Mãos de Milagres” via rede social. O encontro ocorreu em dois momentos: primeiro, um grupo focal com sete membros, levantando discussões e pontos-chave; depois, uma vivência na horta comunitária, localizada na área da USF de um território de alta vulnerabilidade social do Recife, apresentando benefícios, desafios, articulações com outras iniciativas e a visão de futuro do coletivo
Resultados
O coletivo “Mãos de Milagres”, conta com 20 membros (maioria mulheres) desenvolve hortoterapia, oferecendo bem viver, apoio mútuo e acolhimento (“minha família”, segundo uma participante). Cultiva variedades alimentares, incluindo sementes crioulas milenares (>5.000 anos) doadas. Reconhece a agroecologia urbana como contraponto aos ultraprocessados, utilizando-a como estímulo para que membros com obesidade e outros agravos crônicos promovam alimentação saudável e consumo sustentável na comunidade
Aprendizado e análise crítica
Um movimento social vibrante, focado na mudança de um espaço degradado em horta produtiva e terapêutica, converte o espaço comunitário de alta vulnerabilidade social para que, também seja apropriado como um território saudável e sustentável. O coletivo “Mãos de Milagres” promove saúde, sustentabilidade e segurança alimentar e nutricional via agroecologia urbana. Enfrenta desafios de formalização e articulação, mas mantém clara visão de futuro e potencial para expandir suas ações na comunidade
Conclusões e/ou Recomendações
O coletivo “Mãos de Milagres” alia resiliência comunitária aos múltiplos saberes (saúde, agroecologia, práticas tradicionais) de seus membros e outros atores. Planeja uma feira orgânica com hortifrutis, artesanato, mudas e adubo. Requer estruturação formal para captar editais, viabilizando a sustentabilidade econômica e o potencial de impacto do coletivo na segurança alimentar e nutricional de pessoas com obesidade/agravos crônicos do território
DIABETES MELLITUS ENTRE INDÍGENAS EM CENÁRIOS URBANOS NO BRASIL: EVIDÊNCIAS DE UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz Amazônia
2 Faculdade Estácio
3 UNIFESP
4 UFAM
Apresentação/Introdução
A Diabetes Mellitus é um distúrbio metabólico, resultante da secreção deficiente de insulina, da resistência periférica ou de ambas, é grave problema de saúde pública e emergente entre indígenas urbanos no Brasil. Compreender sua magnitude os impactos negativos sobre a saúde desses povos é essencial para decisões públicas, redução de custos e fortalecimento da rede de atenção às doenças crônicas.
Objetivos
Analisar a prevalência de diabetes mellitus nas populações indígenas urbanas do Brasil, por meio de uma revisão sistemática com mata-análise.
Metodologia
Revisão sistemática com meta-análise de acordo com a declaração Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses, um protocolo foi registrado na PROSPERO, número de registro CRD42024602976. As buscas foram realizadas no PubMed/MEDLINE, Scopus, Embase, Biblioteca Virtual de Saúde dos Povos Indígenas, Portal de periódicos CAPES, SciElo, Base de Teses & Dissertações e Google acadêmico, sem restrições quanto ao tempo e idioma. Foram incluídos estudos transversais sobre a prevalência da DM tipos 1 e 2 em indígenas urbanos adultos de ambos os sexos. Foram excluídos estudos realizados com: mulheres indígenas gestantes com diagnóstico de diabetes gestacional.
Resultados
No total, 3.338 referências foram submetidas à triagem de títulos e resumos. Sessenta e dois (62) foram selecionados para leitura dos textos completos. Por fim, foram selecionados 10 estudos que continham a prevalência total para ambos os sexos, na meta-análise a prevalência combinada de diabetes mellitus foi de 10% (IC 95%: 0,07; 0,14), com heterogeneidade entre os estudos (I²) de 92,13% (p=0.00), semelhante à média nacional para população não indígena, a prevalência de DM no sexo feminino foi de 18% (IC95%: 12,0; 23,0) e de 27% (IC95%: 14,0; 39,0) para o sexo masculino, a região sul do Brasil apresentou as taxas mais altas de diabetes, 21% (IC95%: 0,16;0,26).
Conclusões/Considerações
A prevalência de DM entre indígenas urbanos é similar à média nacional, com maior impacto em homens e na região Sul. A vivência indígena citadina está atravessada por desigualdades, limitações de acesso a serviços de saúde, racismo estrutural, insegurança alimentar, desterritorialização urbana, agravam o risco de desfechos negativos. Urgem políticas sensíveis aos contextos socioculturais e históricos que moldam o adoecimento e o cuidado indígena.
ESCORES NOVA DE QUALIDADE DA DIETA E INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL: RESULTADOS DA COORTE NUTRINET-BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 USP
2 UFCSPA
Apresentação/Introdução
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para mortes prematuras no mundo. A dieta inadequada, por exemplo, rica em alimentos ultraprocessados, constitui um importante fator de risco para essa condição, enquanto a dieta composta majoritariamente por alimentos não/minimamente processados, especialmente alimentos integrais vegetais, tem sido associada a uma menor incidência de hipertensão.
Objetivos
Avaliar a associação entre os escores Nova — Whole Plant Food (Nova-WPF) e Ultra-processed Food (Nova-UPF) — e a incidência de hipertensão, propondo o uso dos escores como instrumento prático para avaliar duas dimensões da qualidade da dieta.
Metodologia
Estudo com 16202 participantes da coorte NutriNet-Brasil com idade ≥18 anos e sem hipertensão na linha de base. Os escores Nova-WPF e Nova-UPF representaram a soma das respostas positivas à ingestão, no dia anterior, de 33 alimentos não/minimamente processados e 23 ultraprocessados, respectivamente. Casos incidentes incluíram indivíduos com autorrelato de diagnóstico médico de hipertensão no seguimento. A associação entre os escores Nova e incidência de hipertensão foi avaliada utilizando modelos de regressão de Cox, com ajuste para variáveis sociodemográficas, comportamentais e outras comorbidades. Em modelos adicionais foram incluídos o IMC (linha de base) e o escore alternativo.
Resultados
Durante um tempo médio de seguimento de 22,8 meses, foram identificados 1081 casos incidentes de hipertensão. Os indivíduos do quintil mais alto do escore Nova-WPF tiveram um risco 42% menor de hipertensão incidente (HR: 0,58; IC 95%: 0,48-0,71), enquanto aqueles do quintil mais alto do escore Nova-UPF tiveram um risco 92% maior de hipertensão (HR: 1,92; IC 95%: 1,58-2,34), em comparação com aqueles do quintil mais baixo. Foi observada tendência linear nas associações para ambos os escores (p<0,001). Embora atenuadas, as associações se mantiveram após ajuste pelo índice de massa corporal e pelo escore alternativo.
Conclusões/Considerações
Os resultados demonstram que os escores Nova apresentaram desempenho satisfatório diante de um desfecho em saúde de elevada prevalência nacional. Esses escores representam uma alternativa para a avaliação da qualidade da dieta da população brasileira, sobretudo em contextos nos quais não é possível utilizar instrumentos mais complexos, constituindo, portanto, uma estratégia importante para a prevenção da hipertensão arterial.
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E ESPESSURA MÉDIO-INTIMAL DA ARTÉRIA CARÓTIDA EM JOVENS DE 18 ANOS: COORTE DE NASCIMENTOS DE 1993, PELOTAS-RS
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Pelotas
Apresentação/Introdução
Em 2019, o excesso de peso atingia 60,3% da população adulta brasileira, representando um importante fator de risco cardiovascular. Esse fator está associado ao aumento no risco de aterosclerose, condição que pode se iniciar ainda na juventude. A espessura médio-intimal (EMI) da carótida é um marcador de alterações vasculares e da aterosclerose subclínica.
Objetivos
Avaliar a associação entre o índice de massa corporal (IMC) e a EMI da artéria carótida em jovens de 18 anos da Coorte de 1993, Pelotas, RS de acordo com o sexo, considerando fatores de confusão sociodemográficos, perinatais e pressão arterial.
Metodologia
Análise transversal incluindo 3.240 participantes com dados completos para EMI e IMC aos 18 anos. A EMI foi medida por ultrassonografia modo B nas carótidas comum esquerda e direita, sendo calculada a média de três ciclos cardíacos, conforme protocolo de Mannheim. O IMC foi avaliado em três categorias (eutrofia, sobrepeso, obesidade) para a descrição das médias de EMI, quanto de forma dicotômica (excesso de peso: IMC ≥ 25kg/m²) nas análises de associação. Foi realizada regressão linear entre EMI e excesso de peso. As análises foram estratificadas por sexo e ajustadas por escolaridade materna, tabagismo gestacional, peso ao nascer, índice de bens, e pressão arterial. Utilizou-se o Stata 15.0.
Resultados
O IMC esteve associado a maior EMI da carótida em ambos os sexos, mesmo após ajuste. Na análise descritiva, observou-se aumento progressivo da EMI nos homens conforme a categoria de IMC, nas mulheres esse aumento foi menos expressivo. Entre os homens, a média foi de 573,57 µm para eutróficos, 575,78 µm para indivíduos com sobrepeso e 580,04 µm para obesos. Entre as mulheres, os valores foram 571,78 µm, 574,29 µm e 574,83 µm, respectivamente. Quanto ao excesso de peso, na análise ajustada, esteve associado a um incremento de 3,45 µm (IC95%: 1,93; 4,97) na EMI entre homens e 1,88 µm (IC95%: 0,37; 3,39) entre mulheres.
Conclusões/Considerações
O excesso de peso aos 18 anos associou-se a maior EMI, sugerindo início precoce de alterações vasculares subclínicas. A magnitude da associação foi maior entre os homens, possivelmente por diferenças na distribuição de gordura corporal ou por maior proporção de mulheres com excesso de peso, o que pode ter diluído a associação. Os achados reforçam a necessidade de estratégias precoces de prevenção e controle do excesso de peso na juventude.
MINHA JORNADA, MINHA VIDA: ESTRATÉGIA DE AUTOCUIDADO PARA MULHERES COM OBESIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Período de Realização
Entre março e setembro de 2023 em um estudo randomizado testando uma Abordagem Multicomponente.
Objeto da produção
Desenvolvimento de estratégia de autoconhecimento e autocuidado mediante caderno autorreflexivo para o cuidado nutricional de mulheres com obesidade.
Objetivos
Descrever o processo de desenvolvimento e implementação de caderno autorreflexivo reflexivo de apoio a mulheres com obesidade durante acompanhamento nutricional em grupo, pautado na abordagem multicomponente na Atenção Primária à Saúde (APS).
Descrição da produção
O caderno reflexivo “Minha jornada, minha vida” foi concebido pela equipe de pesquisa NutrirCOM a partir de uma abordagem multicomponente. Ele apoia o cuidado de mulheres com obesidade que participaram de oficinas nutricionais, sendo composto de oito sessões que acompanham as temáticas dos encontros: Reflexões iniciais; Quem sou eu?; Resgatando em mim; Autocuidado; Escolhas alimentares; Saberes e sabores; Caminhos reais e individuais; Minha jornada.
Resultados
O caderno foi preenchido por 29 participantes ao longo da condução das oficinas, sendo utilizado como um recurso de escuta genuína de si, de autoacolhimento e de reflexão acerca da obesidade relacionada ao “ser mulher”. As mulheres apresentaram forte adesão ao material, sinalizando as seguintes categorias: ferramenta segura para reflexão, olhar para si com mais cuidado, poder se vulnerabilizar e reestruturar a relação com o corpo, o alimento e consigo mesmas.
Análise crítica e impactos da produção
O desenvolvimento do caderno autorreflexivo demonstrou que materiais técnicos podem cumprir uma função ampliada, indo além de uma mera ferramenta instrutiva e colaborando enquanto instrumento terapêutico e de apoio ao cuidado a mulheres com obesidade. Seu impacto se dá na medida em que se constitui como uma via de comunicação, expressão e escuta entre paciente-profissional. Assim, este material pode ser adaptado a diferentes contextos de saúde pública, legitimando a integralidade do ser.
Considerações finais
Diante da complexidade da obesidade e sua alta prevalência entre mulheres, a experiência reforça a relevância de estratégias que acolham subjetividades. O caderno, aliado à abordagem multicomponente, favoreceu reflexões, autoconhecimento e ressignificação da alimentação. Na APS, configura-se como recurso que amplia os canais de expressão das mulheres, fortalecendo a autonomia, o reconhecimento de suas trajetórias e mudanças no cuidado alimentar.
O CUIDADO À PESSOA COM OBESIDADE NA PERSPECTIVA DE ATORES DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE DE UM MUNICÍPIO DE MINAS GERAIS
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Viçosa (UFV)
2 Prefeitura Municipal de Muriaé
Apresentação/Introdução
A obesidade é uma doença crônica não transmissível, de natureza multifatorial. A pessoa que vivencia este agravo necessita ter acesso a um sistema de saúde que possa atendê-la de maneira integral, longitudinal e individualizada, com um cuidado organizado na perspectiva da Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo compreender as concepções e práticas de cuidado à pessoa com obesidade na perspectiva de atores inseridos na RAS de um município do interior de Minas Gerais.
Metodologia
Pesquisa de natureza qualitativa, realizada com 17 atores da RAS, inseridos nos componentes da Atenção Primária, Especializada Ambulatorial, Especializada Hospitalar, Sistema de Apoio, Sistema Logístico e Governança da rede. A coleta de dados ocorreu entre maio e agosto de 2024, e se deu em duas etapas. A primeira, de cunho exploratório, ocorreu por meio de grupo focal. A segunda, de natureza descritiva, se deu por meio de entrevista com questões abertas, apoiada em um roteiro semiestruturado. Os dados foram triangulados e analisados por meio da análise de conteúdo temática, com interpretação à luz da literatura temática.
Resultados
As percepções dos participantes em relação ao cuidado à pessoa com obesidade se relacionam à organização estrutural na RAS, à abordagem multiprofissional e à necessidade de qualificação dos atores da rede assistencial para o atendimento a este público. Suas práticas traduzem o inverso de seus anseios, sendo traduzidas por um cuidado desarticulado na perspectiva macro e micropolítica, atravessado pelo estigma do peso e pela dificuldade na abordagem e acompanhamento à pessoa com obesidade. Prospectam a partir dos setores em que atuam estratégias de qualificar o cuidado à pessoa com obesidade na RAS, especialmente por meio da elaboração de uma linha de cuidado voltada para esta clientela.
Conclusões/Considerações
O estudo sinaliza que o cuidado à pessoa com obesidade ocorre de maneira descontinuada e não sistematizada no município em tela, ainda que as percepções e prospecções dos atores da RAS estejam pautadas em um cuidado mais integral a esta clientela.
PREVALÊNCIA DE ATIVIDADE FÍSICA E FATORES ASSOCIADOS EM GESTANTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: PESQUISA NASCER NO BRASIL II
Comunicação Oral Curta
1 Escola Naval, Fiocruz, UERJ
2 UERJ
3 Fiocruz
Apresentação/Introdução
A prática de exercícios físicos durante a gestação e no pós-parto é segura e oferece inúmeros benefícios tanto para a saúde da mãe quanto para a do bebê, além de contribuir para a redução do risco de complicações associadas à gravidez. No entanto, a prevalência de atividade física nessa população e os seus fatores associados ainda não foi investigada no estado do Rio de Janeiro.
Objetivos
Avaliar a prevalência de atividade física e os principais fatores associados em gestantes no estado do Rio de Janeiro.
Metodologia
Nascer no Brasil II – RJ é um estudo de base hospitalar, com amostra representativa do estado do Rio de Janeiro, realizado entre 2022 e 2024, durante a internação para o parto, em 30 hospitais com 100 ou mais nascidos vivos. Foram excluídas mulheres com distúrbios mentais graves e estrangeiras. A atividade física foi investigada com base na pergunta sobre prática de exercício físico entre o 4º e 6º mês de gestação. Fatores sociais, econômicos, demográficos e de saúde foram coletados por questionário durante entrevista hospitalar. A associação entre as variáveis de exposição e a atividade física foi determinada por meio de modelos de regressão logística uni e multivariada.
Resultados
Das 1.761 gestantes incluídas (média de idade 27,7 ± 6,7 anos), 44% se autodeclararam pardas, 40,9% possuíam entre 12–15 anos de estudo, 63,8% eram multíparas e 74,1% tiveram parto na rede pública. A prática de atividade física na gestação foi relatada por 15,9%, sendo mais frequente entre brancas (21,0%), com ≥16 anos de estudo (38,2%), primíparas (21,9%) e com parto na rede privada (26,4%). No modelo multivariado, as variáveis associadas à prática de exercício físico, foram escolaridade acima de 16 anos (OR 6,01 IC 95% 3,31 – 10,92); trabalho remunerado durante toda a gravidez (OR 1,57 IC 95% 1,05 – 2,36); e ser multípara (OR 0,58 IC 95% 0,46 – 0,74).
Conclusões/Considerações
Mesmo com inúmeros benefícios para a gestante e para o bebê já demonstrados na literatura, a prevalência de prática de atividade física durante a gravidez ainda é baixa em gestantes no estado do Rio de Janeiro. A identificação dos fatores associados pode facilitar o desenvolvimento de estratégias que promovam o aumento dos níveis de atividade física nessa população.
REFORMULAÇÃO EM BEBIDAS ADOÇADAS: AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE EDULCORANTES EM BEBIDAS ANTES E APÓS A IMPLEMENTAÇÃO DA ROTULAGEM NUTRICIONAL FRONTAL NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Ouro Preto
2 Universidade Federal de Minas Gerais, Fundação Ezequiel Dias
3 Universidade Federal de Minas Gerais
Apresentação/Introdução
Rotulagem nutricional frontal (RNF) visa orientar o consumidor e incentivar a reformulação de produtos. Porém, sua adoção para açúcares tem resultado no maior uso de edulcorantes (ED), como visto no Chile. No Brasil, a RNF não prevê alerta sobre ED, cujo consumo excessivo pode causar danos à saúde. Assim, monitorar seu uso antes/após a RNF é relevante, para subsidiar o processo regulatório.
Objetivos
Analisar se a frequência de ED em bebidas adoçadas sofreu alteração entre os períodos pré e pós implementação da RNF no Brasil.
Metodologia
Estudo observacional, longitudinal, descritivo, com informações de bebidas não-alcoólicas adoçadas-BA (bebida láctea fermentada–BLF n=32, bebida láctea ultra high temperature-BLU n=42, iogurte n=53, néctar n=50, preparado sólido para refresco-PSR n=51, refresco n=43, refrigerante n=55) coletados nas fases pré-(2018-22) e pós-regulatória (2023-24), sendo 316 pares de BA. A ocorrência/quantitade/tipo de ED foram analisados. A comparação das frequências de ED/categoria de BA nos dois períodos foi feita por Qui-Quadrado de Pearson, enquanto o quantitativo de ED/categoria de BA pelo teste Wilcoxon (nível de significância 0,05); o tipo de ED usado/total de amostras em frequência absoluta/relativa.
Resultados
Houve associação significativa entre a ocorrência de ED e o período para néctares, com aumento no pós-RNF (χ²=11,947; p=0,001). Antes, 24% dos néctares não tinham ED; após, 58%. Não houve diferença nas demais categorias (BLF p=1,000; BLU p=0,821; iogurte p=0,819; PSR p=0,183; refresco p=0,110; refrigerante p=0,061). A número de ED aumentou em néctares (p=0,001), PSR (p<0,001), refrescos (p=0,002) e refrigerantes (p=0,007), sem diferenças nas demais categorias (BLU p=0,317; iogurte p=1,000). Do total de BA, os ED usados foram acessulfame (24,5%; n=80), aspartame (17,5%, n=57) e ciclamato (16,3%, n=53), além de sorbitol, neotame e advantame (<1%, n=5).
Conclusões/Considerações
A presença de ED aumentou entre néctares, enquanto que a quantidade de ED usados aumentaram em néctares, PSR, refrescos e refrigerantes. Esses achados sugerem uma reformulação em BA e destaca a necessidade de revisão da norma de RNF no intuito de informar o consumidor sobre a ED, visto seus efeitos adversos à saúde.

Realização: