Programa - Comunicação Oral Curta - COC1.2 - Câncer, Oncologia e Acesso ao Tratamento
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA AGORA TEM ESPECIALISTAS NA ATENÇÃO EM ONCOLOGIA NO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO
Comunicação Oral Curta
Rossetto, M.S.1, Anschau,F.1, Silva, Q.T.A.1, Barichello, G.1, Motta, J.C.P.1, Sidloski, G.M.1, Fert, M.H.B.1, Benvegnu, L.A.1, Kopittke,L.1
1 Grupo Hospitalar Conceição
Apresentação/Introdução
O Grupo Hospitalar Conceição (GHC), instituição pública federal vinculada ao Ministério da Saúde, realizará este trabalho como estudo piloto para avaliar a implementação da Política Nacional de Atenção Especializada em Saúde, que propõe a transição de um modelo centrado em procedimentos para um cuidado integrado no SUS.
Objetivos
Avaliar a implementação do Programa Mais Acesso a Especialistas na Atenção em Oncologia, avaliar indicadores de qualidade e resolutividade e comparar os tempos dos usuários que estão inseridos na (OCI), com os usuários que não estão.
Metodologia
Estudo quase experimento (antes e depois) no GHC de dezembro de 2024 a junho de 2025, com pacientes oncológicos (≥ 18 anos) com identificação do tempo entre o diagnóstico e o início de tratamento.
Resultados
Em 2025, houve queda no tempo médio entre a suspeita e o diagnóstico de diversos tipos de câncer no Grupo Hospitalar Conceição (GHC) (71,8 dias em 2024; 17,05 dias em 2025). Destacam-se os seguintes tipos: mama (28,1 para 18,2 dias), colo do útero (72 para 22 dias), próstata (48,9 para 13,2 dias) e gástrico (65,3 para 13,2 dias). A redução reflete avanços na organização dos serviços, melhorias nos fluxos assistenciais e mais agilidade em exames e encaminhamentos, favorecendo o diagnóstico precoce e início rápido do tratamento
Conclusões/Considerações
A implementação do programa Agora tem Especialista, do Ministério da Saúde, qualificou a linha de cuidado oncológico no SUS, enfrentando a histórica dificuldade de acesso ao diagnóstico e início do tratamento. No Grupo Hospitalar Conceição, entre 2024 e 2025, houve redução nos tempos de espera, com reorganização das práticas, ampliação do acesso e fortalecimento do cuidado centrado no paciente.
ANÁLISE MULTINÍVEL DOS DETERMINANTES SOCIAIS NO ATRASO AO INICÍO DO TRATAMENTO DO CÂNCER COLORRETAL
Comunicação Oral Curta
Dantas, A. A. G.1, Oliveira, N. P. D.2, Silva, P. V. S.1, Martins, L. F. L.3, Cancela, M. C.3, Torres-Roman, J. S.4, Souza, D. L. B.1
1 UFRN
2 UPE
3 INCA
4 UCSUR
Apresentação/Introdução
Os atrasos na detecção e no tratamento do câncer colorretal (CCR) comprometem os desfechos clínicos, resultando em diagnóstico avançado e menor sobrevida. A inespecificidade dos sintomas e as falhas nas estratégias de triagem dificultam a identificação precoce. No Brasil, a Lei 12.732/2012 prevê o início do tratamento em até 60 dias, mas persistem desigualdades no acesso
Objetivos
O objetivo do estudo é avaliar o cumprimento da janela de 60 dias para início do tratamento do CCR no Brasil e sua associação com fatores individuais, socioeconômicos e de oferta de serviços de saúde.
Metodologia
Realizamos um estudo transversal utilizando dados de 65.582 casos de CCR diagnosticados entre 2013 e 2019 no Brasil. Os dados de nível individual foram obtidos do Integrador de Registros Hospitalares de Câncer, enquanto os dados socioeconômicos e de infraestrutura de saúde foram extraídos de bases de dados nacionais, como Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e do Sistema de Informações Ambulatoriais de Saúde (SIA). Foi aplicado um modelo de regressão de Poisson multinível com intercepto aleatório
Resultados
Entre 2013 e 2019, foram registrados 80.626 casos de câncer colorretal em pessoas entre 18 e 99 anos. Desses, 37.975 (57,9%) iniciaram o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico, enquanto 27.607 (42,1%) enfrentaram atraso superior a 60 dias, incluindo casos com e sem diagnóstico prévio. Houve variação significativa entre as Unidades Federativas, com maiores taxas de atraso em Goiás (60,7%), Pará (60,6%) e Acre (58,4%). Os fatores associados ao atraso no início do tratamento incluíram idade mais jovem, raça não branca, baixa escolaridade, localização do tumor no reto, encaminhamento pelo SUS e realização do tratamento fora do município de residência do paciente.
Conclusões/Considerações
Os determinantes sociais influenciam diretamente os atrasos no início ao tratamento do CCR no Brasil, reforçando a necessidade de políticas de saúde que garantam acesso equitativo e oportuno. É essencial definir o percurso assistencial do paciente e organizar os serviços da rede de atenção, assegurando qualidade, acessibilidade e oferta suficiente para atender às necessidades da população.
ATRASOS NO ATENDIMENTO ONCOLÓGICO EM HOSPITAL PÚBLICO: ANÁLISE COMPARATIVA DE TRAJETÓRIAS ASSISTENCIAIS E EFICÁCIA DO SISTEMA "RELÓGIO DO CÂNCER" (2021-2024)
Comunicação Oral Curta
KOPITTKE, L.1, SILVA, F. P.1, SIQUEIRA, G.L.1, BOHRER, K.M.D2, CAPRA, M.E.Z1
1 Hospital Nossa Senhora da Conceição
2 Hospital Nossa Senhorada Conceição
Período de Realização
Dados retrospectivos (mai/21-ab/22) e prospectivos (jan-jun/24) do Grupo Hospitalar Conceição Porto Alegre/RS
Objeto da produção
Avaliar trajetórias oncológicas e efetividade do "Relógio do Câncer" frente à Lei 12.732/2012 (trat. ≤60 dias p/diag.)
Objetivos
Quantificar atrasos nas etapas do cuidado oncológico e identificar gargalos por tipo de tumor e tratamento.
Descrição da produção
Fase 1 (2021-2022): Coorte retrospectiva com 1.287 prontuários eletrônicos do GHC. Calculados medianas e IQR dos intervalos: sintomas→encaminhamento, encaminhamento→consulta, consulta→diagnóstico, diagnóstico→tratamento. Análises estratificadas por local de diagnóstico e tipo tumoral (Bonferroni).
Fase 2 (2024): Análise de indicadores do "Relógio do Câncer" (2.355 prontuários). Avaliada tempestividade do tratamento (≤60 dias pós-diagnóstico), causas de atraso, perfil por tumor e tratamento.
Resultados
2021-2022: Mediana sintomas→tratamento:155,5d. Maior atraso: sintomas→encaminhamento (med.41d). Pacientes GHC tiveram menor tempo sintomas→encaminhamento (30d vs 70d; p<0,001) e diag→trat (24d vs 35d; p=0,001). Apenas 42% cumpriram ≤60d (diag→trat). 2024:980 elegíveis; 42% tratados ≤60d. Atrasos: radioterapia (67%>60d) e tumores cabeça/pescoço (80%>60d). Incl.indevidas:40%. Óbitos s/tratamento:14%(137/980).
Análise crítica e impactos da produção
Apesar da redução no tempo diagnóstico-tratamento, persistem gargalos: infraestrutura (terceirização de radioterapia e falta de leitos) e inclusão indevida (40%) no "Relógio", sobrecarregando o sistema. Pacientes fora do GHC enfrentam disparidade assistencial, aumentando atrasos. Tumores agressivos (cabeça/pescoço e pulmão) têm impacto prognóstico negativo por atrasos. O "Relógio" melhorou a vigilância (tempo GHC-tratamento caiu 33% em 2024), mas ainda há falha na integração interinstitucional.
Considerações finais
Apesar dos avanços, atrasos persistem em fases iniciais (sintomas→encaminhamento) e tumores complexos. Recomenda-se:
• Expansão diagnóstica (biópsias rápidas e regulação eletrônica);
• Protocolos priorizados para tumores agressivos e auditoria de inclusões;
• Investimento em radioterapia e redes regionais.
O novo Centro de Oncologia do GHC (2024) reduzirá atrasos, mas políticas públicas são urgentes para equidade.
COBERTURA DE RASTREAMENTO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO NO SUS SEGUNDO COR DA PELE: DESIGUALDADES REGIONAIS NO BRASIL (2021–2023)
Comunicação Oral Curta
Santos Junior, É.C.A.1, Ribeiro, C.M.2, Jardim, B.C.2, Azevedo e Silva, G.1
1 IMS-UERJ
2 INCA
Apresentação/Introdução
O câncer de colo do útero é um problema de saúde pública, associado à vulnerabilidade social, com maior morbimortalidade nas regiões Norte e Nordeste do país. Em países de alta renda, programas de rastreamento organizado com alta cobertura reduziram drasticamente a sua incidência e mortalidade. Mais recentemente, a vacina contra o HPV tem mostrado bons resultados em localidades com maior cobertura.
Objetivos
Verificar o número de exames citopatológicos de rastreamento para câncer de colo do útero realizados e estimar a cobertura de rastreamento no Sistema Único de Saúde (SUS) segundo cor da pele, no Brasil, regiões e capitais de residência.
Metodologia
Estudo descritivo com base nos dados do Sistema de Informação de Câncer (SISCAN) em mulheres de 25 a 64 anos atendidas no SUS entre 2021 e 2023. A cobertura de rastreamento foi calculada a partir do número de mulheres examinadas na faixa etária-alvo (25 a 64 anos) registrado neste sistema dividido pela população de mulheres usuárias exclusivas do SUS na mesma faixa etária e multiplicado por 100 no Brasil, regiões e capitais de residência. As diferenças nas coberturas entre os grupos foram avaliadas por meio de um teste de proporções com nível de significância de 5%.
Resultados
Observou-se aumento no número de exames registrados e redução de 84,7% dos exames sem informação sobre cor da pele ao longo do período. A cobertura de rastreamento entre mulheres de 25 a 64 anos foi de 39,0% no Brasil. Mulheres brancas apresentaram maior cobertura (43,7%) em comparação com as não brancas (36,2%) e indígenas (37,6%). Entre as regiões, as maiores coberturas foram observadas no Sudeste e Sul para mulheres brancas, no Norte, Nordeste e Sudeste para não brancas e no Norte, Centro-Oeste e Sul para indígenas. As capitais refletiram o padrão regional.
Conclusões/Considerações
A cobertura do rastreamento no SUS está aquém da meta nacional e da OMS. Há desigualdades marcantes segundo cor da pele e região de residência no Brasil, com piores indicadores nas mulheres não brancas e indígenas e residentes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esses achados apontam a necessidade de estratégias que ampliem o acesso, reduzam desigualdades históricas e garantam o direito à prevenção e ao cuidado em saúde para todas as mulheres.
ESTIMATIVA DA PREVALÊNCIA DE CÂNCER AUTORREFERIDO NO BRASIL: ANÁLISE DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE, 2013 E 2019
Comunicação Oral Curta
Almeida, A. B. M.1, Ferreira, M. S.1, Alencar, G. P.2, Silva, Z. P.2
1 Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
2 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Apresentação/Introdução
O câncer é um dos principais desafios para a saúde pública no século XXI. Nesse contexto, o histórico autorreferido da doença é uma alternativa eficiente em termos de custo e tempo para estudos populacionais. Diante da crescente carga do câncer, é essencial quantificá-lo com precisão para orientar intervenções e ampliar o acesso equitativo à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao tratamento.
Objetivos
Estimar a prevalência de câncer autorreferido e identificar os tipos de câncer mais prevalentes na população adulta brasileira com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) dos anos de 2013 e 2019.
Metodologia
Estudo descritivo transversal com dados da PNS de 2013 e 2019, que adotou amostragem por conglomerados em três estágios: seleção das unidades primárias, dos domicílios e, em seguida, de um morador por domicílio. Foram utilizados dados de residentes com 18 anos ou mais. O câncer autorreferido foi definido por resposta afirmativa à pergunta: ‘Algum médico já lhe deu um diagnóstico de câncer?‘ e o tipo de câncer foi identificado pela pergunta: ‘No primeiro diagnóstico de câncer, que tipo de câncer você tem ou teve?‘. Estimaram-se a prevalência e o intervalo de confiança de 95% (IC95%). As análises foram realizadas com o pacote survey do R (versão 4.5.0), incluindo processo de calibração.
Resultados
A prevalência de câncer autorreferido aumentou de 1,8% (IC95%: 1,7–2,1) em 2013 para 2,4% (IC95%: 2,3–2,6) em 2019. Entre as mulheres, aumentou de 2,1% (IC95%: 1,8–2,4) para 2,8% (IC95%: 2,5–3,0), e entre os homens, de 1,6% (IC95%: 1,3–1,9) para 2,0% (IC95%: 1,8–2,2). A idade média ao diagnóstico foi de 51,8 anos (IC95%: 49,9–53,7) em 2013 e 50,5 anos (IC95%: 49,3–51,7) em 2019. O câncer de mama foi o mais prevalente entre mulheres, aumentando de 0,4% (IC95%: 0,3–0,5) em 2013 para 0,6% (IC95%: 0,5–0,6) em 2019. Entre homens destacaram-se os cânceres de pele, aumentando de 0,3% (IC95%: 0,2–0,4) em 2013 para 0,5% (0,4–0,6) em 2019 e de próstata, que se manteve em 0,3% (IC95%: 0,2–0,4).
Conclusões/Considerações
Os resultados mostram aumento na prevalência de câncer autorreferido, sobretudo entre mulheres. A redução na idade média ao diagnóstico sugere mudanças no perfil da doença ou maior acesso ao diagnóstico. Câncer de mama foi o mais comum entre mulheres; pele e próstata, entre homens, destacando o crescimento do câncer de pele. Os achados reforçam a importância dos dados populacionais para orientar políticas públicas de controle do câncer.
PONTOS DE INFLEXÃO NAS INTERNAÇÕES POR CÂNCER DE COLO DO ÚTERO NO MARANHÃO (2014–2024): A PANDEMIA DE COVID-19 COMO EVENTO CRÍTICO
Comunicação Oral Curta
Sousa, D.C1, Cruz, A.M.S2, Thomaz, E.B.A.F1, Silva, A.A.M.S1, Sousa, J.P.D.L1, Gandra, H.K.S.P1, Brito, A.C.A.B1, Araujo, G.A.S1
1 UFMA
2
Apresentação/Introdução
O câncer de colo do útero é uma importante causa de morbimortalidade feminina no Brasil e a análise das internações hospitalares reflete não apenas a gravidade da doença, mas também o acesso ao diagnóstico e tratamento oportuno, podendo ser impactadas por eventos críticos, como a pandemia de COVID-19.
Objetivos
Analisar a tendência temporal das internações hospitalares por câncer de colo do útero no Maranhão entre 2014 e 2024, com ênfase na identificação de pontos de inflexão relacionados ao período da pandemia de COVID-19.
Metodologia
Trata-se de estudo observacional, descritivo, baseado em dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), obtidos por meio do TABNET/DATASUS. Foram incluídas internações com CID-10 C53 (neoplasia maligna do colo do útero), com recorte anual de 2014 a 2024. Excluíram-se dados de 2013 (43 casos) e faixas etárias inferiores a 20 anos (9 casos), por representarem pequena proporção e baixa relevância epidemiológica. A base foi padronizada, com exclusão de valores nulos e criação de variáveis por grupos etários (idade reprodutiva: 20–49 anos). Aplicou-se regressão segmentada no software R (pacote “segmented”) para identificar pontos de inflexão na tendência temporal.
Resultados
Foram registradas 10.942 internações hospitalares por câncer de colo do útero no Maranhão entre 2014 e 2024. Observou-se estabilidade da média anual (≈ 995), com baixa variabilidade (CV = 0,09). O menor número ocorreu em 2020 (n = 880), durante o pico das restrições sanitárias. A regressão segmentada identificou um ponto de inflexão em 2022, com crescimento médio estimado de 18,4 internações/ano até esse ano e declínio médio de 25/ano após. A maior carga concentrou-se em mulheres de 20 a 49 anos, com 5.875 internações no período. A correlação linear entre ano e número de internações não foi estatisticamente significativa (r ≈ 0,06; p > 0,05), sugerindo ausência de tendência linear global.
Conclusões/Considerações
Observou-se estabilidade nas internações por câncer de colo do útero no Maranhão entre 2014 e 2021. Em 2022, a regressão segmentada identificou um ponto de inflexão, sugerindo impacto da pandemia de COVID-19, possivelmente pelo represamento da demanda. Contudo, a análise exploratória com dados agregados e série histórica curta, exige cautela na interpretação, considerando também possíveis efeitos institucionais e administrativos nos registros.
SOBREVIVÊNCIA LÍQUIDA DA POPULAÇÃO DE MULHERES DE PORTO ALEGRE (RS) COM CÂNCER DE MAMA, COLO DO ÚTERO E OVÁRIO (2010–2018): ANÁLISE DE TENDÊNCIA
Comunicação Oral Curta
Rodrigues,L.C1, de Oliveira, B.R.1, Arenhardt, M.P.1, Floter, I.F.1, Moreira, P.W.2, Zelmanowicz, A.1, Ziegelmann,P.K.1
1 UFRGS
2 PMPA/SMS
Apresentação/Introdução
O câncer de mama é o mais incidente entre mulheres, e os ginecológicos são causas relevantes de mortalidade. O estudo Concord-3 (diagnóstico entre 2000-2014) revelou grandes desigualdades na sobrevivência desses tumores em 71 países. No Brasil, marcado por desigualdades, sabe-se pouco sobre a sobrevivência ao câncer feminino na região Sul, que carece de estimativas.
Objetivos
Estimar a sobrevivência líquida em 5 anos (SL-5) de mulheres de Porto Alegre (RS) com diagnóstico de câncer de mama, colo do útero e ovário entre 2010 e 2018, avaliando a tendência entre os períodos de diagnóstico: 2010–2014 e 2015–2018
Metodologia
Estudo de coorte retrospectiva de base populacional com dados do Registro de Câncer de Base Populacional de Porto Alegre. Sobrevivência foi definida como tempo entre diagnóstico e óbito ou censura. Seguimento passivo ocorreu por linkagem probabilística com o Sistema de Informação sobre Mortalidade do RS. Taxas de SL em 5 anos, padronizadas por idade, foram estimadas pelo estimador de Pohar-Perme, que compara mortalidade observada na coorte com a esperada na população geral, considerando idade e ano do diagnóstico (tábuas de vida específicas). Análises foram feitas por localização tumoral e estratificadas por período (2010–2014 e 2015–2018).
Resultados
Observou-se tendência de melhora na SL entre os períodos para os três canceres estudados. A SL-5 para câncer de mama foi de 82,3% (IC95%: 80,5–84,2) no período de 2010–2014 e 84,1% (IC95%: 82,1–86,1) em 2015–2018. Para câncer de colo do útero, a variação foi de 52,1% (IC95%: 47,0–57,8) para 59,9% (IC95%: 54,2–66,2) e para o de ovário foi de 36,9% (IC95%: 31,5–43,2) para 38,4% (IC95%: 32,3–45,6).
Conclusões/Considerações
Este é o primeiro estudo a estimar a SL de cânceres femininos no sul do Brasil. As SL-5 observadas em Porto Alegre foram inferiores às de Barretos para mama (86,0%) e colo do útero (61,0%), e menores que as de Aracaju (46,8%) e Barretos (48,1%) para ovário. Os achados indicam disparidades regionais, reforçando a necessidade de estudos que considerem determinantes sociais e acesso ao diagnóstico e tratamento.
TENDÊNCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CÂNCER DE PRÓSTATA NO BRASIL, 2000 A 2023
Comunicação Oral Curta
RODRIGUES, Pedro Henrique Naves1, ROSARIO, Maria Clara Oliveira1, AGNELLO, Renata Julio1, BERNARDES, Lara Fonseca1, CARLOS, Carolina Assis de1, CASTRO, Sybelle de Souza1, CARVALHO, Wellington Roberto Gomes de1
1 UFTM
Apresentação/Introdução
Diferenças raciais na mortalidade por câncer de próstata entre homens são bem documentadas e a variável raça/cor tem ganhado destaque no planejamento de estratégias de vigilância. As análises temporais reforçam a importância e contribuem para o desenvolvimento de políticas públicas com recorte racial e ampla cobertura, voltadas à redução de diagnósticos tardios e da mortalidade evitável.
Objetivos
Verificar a tendência temporal da mortalidade por câncer de próstata no Brasil, segundo raça e idade, no período de 2000 a 2023.
Metodologia
Estudo ecológico com análise de tendência temporal dos óbitos por câncer de próstata no Brasil, no período de 2000 a 2023. Foram analisados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Os dados de óbitos foram estratificados por grupos etários (50-59, 60-69 e 70 anos ou mais) e por raça/cor da pele (branca, preta e parda). As variáveis raça/cor da pele e faixa etária foram combinadas para definição dos grupos utilizados na análise de tendência. Foi utilizado o Joinpoint Regression Program (versão 5.4.0) para identificar mudanças nas taxas de ao longo do tempo.
Resultados
Verificou-se, entre homens brancos, aumento de mortalidade seguido de queda nas faixas de 50-59 e 70+ anos, e tendência de queda contínua entre 60-69 anos. Homens pardos de todas as faixas etárias apresentaram aumento inicial, seguido de queda, mais acentuada entre aqueles com 70+ anos. Entre homens pretos, observou-se uma tendência de queda na faixa de 50-59 e aumento em 70+ anos. As tendências revelam desigualdades etárias e raciais no número de óbitos por câncer de próstata no Brasil.
Conclusões/Considerações
O câncer de próstata é sensível à prevenção e detecção precoce. Análises das tendências temporais de mortalidade são essenciais para avaliar a eficácia da organização da rede de atenção à saúde no controle dessa doença. Tendências de mortalidade, estacionárias ou crescentes, indicam desafios persistentes na garantia de que os casos de câncer sejam diagnosticados e tratados em estágios iniciais, o que pode dificultar o controle da doença.
TENDÊNCIA TEMPORAL DA MORTALIDADE POR CÂNCER GINECOLÓGICO NO BRASIL (2000-2023): UM ESTUDO ECOLÓGICO
Comunicação Oral Curta
ROSARIO, M. C. O.1, RODRIGUES, P. H. N.1, AGNELLO, R. J.1, BERNARDES, L. F.1, CARLOS, C. A.1, CASTRO, S. S.1, CARVALHO, W. R. G.1
1 UFTM
Apresentação/Introdução
O avanço científico deve acompanhar as demandas sociais do Brasil. Alinhada ao ODS 3 – Saúde e bem-estar a todos, a análise de dados do DATASUS é fundamental para orientar políticas públicas. Assim, o estudo das tendências de mortalidade por câncer ginecológico permite planejar ações de prevenção, diagnóstico e tratamento, além de identificar as desigualdades entre grupos populacionais.
Objetivos
Verificar a tendência temporal da mortalidade por câncer ginecológico no Brasil, segundo raça e idade, no período de 2000 a 2023.
Metodologia
Estudo ecológico com análise de tendência temporal dos óbitos por câncer ginecológico no Brasil, no período de 2000 a 2023. Foram analisados dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Os dados de óbitos foram estratificados por grupos etários decenais (30-39, 40-49, 50-59, 60-69 e 70 anos ou mais) e por raça/cor (branca, preta e parda). As variáveis raça/cor e faixa etária foram combinadas para definição dos grupos utilizados na análise de tendência. Utilizou-se a regressão de Joinpoint para identificar os anos em que ocorreram mudanças nas taxas de mortalidade para raça e faixa etária.
Resultados
Observou-se que, entre mulheres brancas, houve aumento da mortalidade nas faixas de 30-39 anos (APC=2,8%, p=0,01) e 60-69 anos (APC=0,7%, p=0,034). Entre mulheres pretas, observou-se uma tendência crescente entre 60-69 anos (APC=1,3%, p=0,017), bem como em 70+ (APC=18,0%, p=0,001). Em pardas, houve aumento, seguido de queda entre 50-59 (APC=-3,7%, p<0,001) e 60-69 anos (APC=-2,6%, p=0,048). Os padrões persistentes ou tardios de redução da taxa de mortalidade feminina revelam uma maior vulnerabilidade entre mulheres pretas e pardas.
Conclusões/Considerações
Esses resultados fornecem informações relevantes sobre o impacto do câncer ginecológico em subpopulações, ressaltando a urgência de intervenções específicas para reduzir disparidades e melhorar os desfechos. Ademais, tais padrões indicam persistência de barreiras no acesso à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao tratamento da doença, contribuindo para sua morbimortalidade e refletindo vulnerabilidades sociais historicamente construídas.
TRATAMENTO DE CÂNCER DE MAMA E PRÓSTATA NO SUS NO PERÍODO DE 2013 A 2022 NO ESTADO DE SÃO PAULO
Comunicação Oral Curta
Nishimura,A.T.1, França,A.P1, Simões,O.2
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
2 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulp
Apresentação/Introdução
A Lei 12.732/2012 estabelece que o tratamento de câncer deve ser iniciado no prazo máximo de 60 dias após o diagnóstico, visando assegurar que os pacientes tenham acesso rápido às intervenções necessárias em tempo oportuno.
Objetivos
Descrever do tempo mediano (em dias) para o câncer de mama e próstata no Sus no Estado de São Paulo no período de 2013 a 2022 conforme data do diagnóstico e a data de início do tratamento oncológico para o câncer de mama e próstata.
Metodologia
Os dados utilizados foram extraídos do Painel de Oncologia/DATASUS incluindo informações sobre tipo de câncer, datas do diagnóstico, datas do início do tratamento, sexo e residentes do município do Estado de São Paulo. Foram considerados apenas os casos com diagnóstico de C50 ou C61, com tempo de tratamento maior que zero dias e o primeiro tratamento registrado como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e ou quimioterapia associado radioterapia. A análise estatística foi realizada no software Stata 18, onde os dados foram previamente tratados e agregados por tipo de câncer calculando o tempo mediano anual entre a data de diagnóstico e o início do tratamento.
Resultados
A análise do tempo mediano (em dias) entre o diagnóstico e o início do tratamento para os cânceres de mama e próstata no SUS evidencia a persistência de tempos medianos elevados e padrões distintos. Para o câncer de mama há aumento progressivo do tempo mediano entre 2013 (35 dias) e 2019 (85 dias) com redução nos anos seguintes, chegando a 52 dias em 2022. No entanto, para o câncer de próstata, os tempos medianos permaneceram acima de 60 dias com valores superiores a 160 dias em 2019. Com a pandemia de COVID-19 ocorreu uma redução da mediana em ambos os tipos de câncer. O câncer de mama apresentou redução nos anos seguintes, o câncer de próstata manteve-se elevado com tendência de queda.
Conclusões/Considerações
A organização da rede assistencial com estratégias de regulação e planejamento regionalizado é essencial para garantir o acesso oportuno ao tratamento e reduzir as iniquidades no cuidado ao câncer. O cenário exige abordagem intersetorial e regionalizada que articule políticas de regulação do cuidado, expansão da oferta e qualificação da atenção oncológica especialmente em áreas de maior vulnerabilidade e de escassez de recursos especializados.