Programa - Comunicação Oral Curta - COC2.4 - Alimentação e nutrição materna e infantil
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
ALEITAMENTO MATERNO E PRÁTICAS ALIMENTARES DE CRIANÇAS QUILOMBOLAS MENORES DE 24 MESES DO ESTADO DE ALAGOAS
Comunicação Oral Curta
Santos, T.R.1, Barros, A.S.M.1, Silva-Ferreira, H.1
1 UFAL
Apresentação/Introdução
O aleitamento materno (AM) é a prática alimentar mais recomendada para crianças, devendo ser exclusivo (AME) até os seis meses e continuado até dois anos ou mais. Contudo, sua adoção varia conforme fatores socioeconômicos e culturais. Há poucos estudos sobre o AM em comunidades remanescentes de quilombos, o que dificulta o planejamento e a avaliação das ações de promoção do AM para essa população.
Objetivos
Identificar o perfil de aleitamento materno e as práticas alimentares entre crianças quilombolas menores de 24 meses do estado de Alagoas.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com amostra probabilística de 265 crianças. A coleta de dados ocorreu através de visitas domiciliares, utilizando formulários estruturados e previamente testados em estudo piloto. As mães foram entrevistadas sobre as práticas de AM e alimentares das crianças. As práticas alimentares foram avaliadas por meio do Formulário de Marcadores do Consumo Alimentar do Ministério da Saúde, que avalia o dia anterior. Foram calculadas as prevalências de AME e AM predominante (AMP). A curva de Kaplan-Meier foi empregada para estimar a duração mediana do AME e do AME+AMP e a probabilidade de a criança ainda estar sendo amamentada por faixa etária.
Resultados
As prevalências de AME até os seis meses e de AMP foram de 30,5% e 46,9%, respectivamente. A mediana de duração do AME foi de 90 dias e do AME+AMP de 179 dias. Em crianças menores de seis meses, houve consumo frequente de água (56,5%), outros tipos de leite (44,9%) e mingau (33,3%); seguido por chá e suco de fruta (ambos 10,1%) e, em menor proporção, frutas e “comida de sal” (ambas 1,5%). Entre as crianças de 6 a 24 meses, os alimentos mais consumidos foram: cereais, raízes e tubérculos (81,4%), carnes (68,6%), feijões (65,0%), leite (63,6%), e furtas e verduras (58,8%). O consumo de ultraprocessados variou de 7,3% (hambúrguer e embutidos) a 42,8% (bebidas adoçadas).
Conclusões/Considerações
Os indicadores de AM entre crianças quilombolas estão abaixo do recomendado e são acompanhados pela introdução precoce de água e alimentos. Após seis meses, prevalecem práticas alimentares não saudáveis, com alto consumo de ultraprocessados. Diante dos danos à saúde e ao crescimento infantil, evidencia-se a necessidade de ações que promovam o AME e uma introdução alimentar adequada e saudável nessas comunidades.
ASSOCIAÇÃO ENTRE ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E GRAVIDADE DE INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS EM LACTENTES INTERNADOS EM HOSPITAL INFANTIL PÚBLICO
Comunicação Oral Curta
LONGO, P. A. V. M.1, RAYMUNDO, M. S.1, PEREIRA, A.S.1
1 UNIRIO
Apresentação/Introdução
O aleitamento materno exclusivo (AME) é uma prática essencial à saúde infantil, especialmente nos primeiros meses de vida. Sua ausência pode aumentar a vulnerabilidade dos lactentes a infecções respiratórias, condição frequente e grave em contextos de vulnerabilidade social, como o município de Duque de Caxias (RJ).
Objetivos
Analisar a associação entre o aleitamento materno e o agravamento de infecções respiratórias agudas em lactentes hospitalizados com até seis meses de idade.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo e quantitativo, realizado em hospital infantil público de Duque de Caxias/RJ. A população-alvo incluiu 146 lactentes com até seis meses de idade, internados por infecções respiratórias agudas entre maio e junho de 2024. Foram coletados dados de sexo, idade em meses, diagnóstico de internação, necessidade de suporte ventilatório (sim/não), tempos de internação (dias), tipo de alimentação. Os dados foram extraídos de prontuários eletrônicos e analisados no programa R Commander 4.4.0, com medidas de frequência, tendência central e testes de associação. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05).
Resultados
Dos 146 lactentes, a mediana de idade foi de 3 meses; 55,5% eram do sexo masculino. A bronquiolite foi o diagnóstico mais comum (69%), seguida por pneumonia (18%) e casos mistos (12%). Quanto ao padrão alimentar, 42,5% estavam em aleitamento materno exclusivo, 18,5% recebiam leite materno com complemento, e 39% estavam apenas com fórmula ou outro alimento. A necessidade de suporte ventilatório esteve presente em 24% dos casos (uso de oxigênio por cateter), enquanto 76% permaneceram em ar ambiente. A mediana do tempo de internação foi de cinco dias. Lactentes em AME apresentaram menor proporção de comorbidades associadas, como doenças respiratórias prévias ou condições clínicas agravantes.
Conclusões/Considerações
Os dados apontam que o aleitamento materno exclusivo pode contribuir para melhores desfechos clínicos em lactentes com infecções respiratórias agudas. Diante disso, reforça-se a importância de estratégias intersetoriais e contínuas nos serviços de saúde que incentivem o AME, especialmente em territórios vulneráveis onde a prevalência dessa prática ainda é baixa.
ASSOCIAÇÃO ENTRE AS NOVAS RECOMENDAÇOES DE GANHO DE PESO GESTACIONAL E PESO AO NASCER: DADOS DO ESTUDO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO INFANTIL (ENANI-2019)
Comunicação Oral Curta
Araujo, F.C.1, Cursino, G.N.1, Oliveira, N.T.1, Salvatte, K.1, Albuquerque, A. M.1, Dias, I.R.S.1, Sousa, J.T.A.1, Moreira, L.M.1, Farias, D.R.1
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
A inadequação do ganho de peso gestacional (GPG) está associado com desfechos adversos ao nascer. Em 2022, o Ministério da Saúde (MS) propôs as novas curvas de GPG para mulheres brasileiras, visando aprimorar o acompanhamento do estado nutricional. Entretanto, poucos estudos avaliaram a relação entre a adequação do ganho de peso de acordo com as novas curvas e o peso ao nascer.
Objetivos
Estimar a associação entre o GPG fora das recomendações e o peso ao nascer (PN) inadequado para a idade gestacional.
Metodologia
Estudo transversal que incluiu díades (n=10.199) de crianças (< 5 anos) e mães adultas (≥ 20 anos) do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil. O GPG foi calculado a partir da diferença entre o peso ao final da gestação e o peso pré-gestacional relatado pela mulher, referente a gestação do seu filho mais novo. O GPG total foi classificado conforme as novas recomendações do MS. O PN foi classificado em pequeno (PIG) ou grande para idade gestacional (GIG) de acordo com as curvas do INTERGROWTH-21st. Os resultados foram apresentados em frequências com intervalos de confiança, e para análise de associação foi utilizado modelo de regressão logística multinomial.
Resultados
Entre as mães, 24,9% (IC95%: 24,1–25,7) foram classificadas com o GPG abaixo das recomendações, enquanto 56,2% (IC95%: 55,2–57,1) com GPG acima. A prevalência de PIG foi de 10,4% (IC95%: 9,8–11,0), enquanto 17,3% (IC95%: 16,6–18,1) foram classificados como GIG. Mulheres com GPG abaixo das recomendações apresentaram maior chance de ter um recém-nascido PIG (OR = 1,21; IC95%: 1,03–1,46; p-valor = 0,04), enquanto aquelas com ganho acima das recomendações tiveram menor chance (OR = 0,78; IC95%: 0,66–0,93; p-valor < 0,01). Gestantes com GPG acima da recomendação tiveram 47,0% mais chance de ter bebê GIG (OR = 1,47; IC95%: 1,27 – 1,71; p-valor < 0,01).
Conclusões/Considerações
A maioria das mulheres (81,1%) apresentou GPG fora do intervalo recomendado, com predominância de ganho acima do recomendado. Os resultados sugerem que as novas curvas podem ser úteis para o rastreamento de mulheres em maior risco de inadequação do PN. Ressalta-se, ainda, a importância de discutir os impactos potenciais para a atenção pré-natal, assim como a necessidade de realizar estudos de sensibilidade e especificidade.
ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE PERNAMBUCO: DIÁLOGOS COM A REALIDADE REGIONAL E NACIONAL
Comunicação Oral Curta
Santos, D. S. V.1, Silva, A. L.2, Melo, M. T.1
1 UPE
2 IAM FIOCRUZ Pernambuco
Apresentação/Introdução
A fim qualificar as ações governamentais para populações historicamente vulneráveis, como povos quilombolas, os sistemas de informação de saúde como o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e pesquisas como o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) representam ferramentas indispensáveis para basear intervenções relacionadas ao estado nutricional de crianças.
Objetivos
Realizar uma análise comparativa do estado nutricional de crianças de 0 a 5 anos de duas comunidades quilombolas tituladas de Pernambuco com a realidade nacional e regional a partir de dados secundários do SISVAN e ENANI nos últimos 5 anos.
Metodologia
Foram escolhidos para o estudo os quilombos Castainho e Conceição das Crioulas por serem oficialmente tituladas, por isso, com maior quantidade de informações públicas. Foi realizada uma busca no SISVAN por informações acerca do estado nutricional colhidos pelas Unidades de Saúde da Família que abrangem as comunidades separadamente. Foi determinado como faixa etária crianças de 0 a 5 anos e com período da coleta entre 2019 e 2024, abrangendo 5 anos. Em seguida, esses dados foram tabelados e comparados entre si a partir de uma análise descritiva. Em seguida, foram comparados descritivamente com a média nacional e regional de crianças não quilombolas a partir de dados ENANI publicados em 2019.
Resultados
Com os dados tabulados observou-se que nas comunidades o percentual de crianças com peso elevado sobressai em relação a crianças com baixo peso e a comunidade Castainho apresentou maior proporção de crianças com peso elevado do que Conceição das Crioulas (9,4% e 5,8% respectivamente), porém menor proporção de crianças com baixo peso (1,66% e 2,9% respectivamente). Castainho tem uma proporção de crianças com baixo peso menor do que a média nordestina e nacional (2,7% e 2,3% respectivamente) e Conceição das Crioulas têm maior. As frequências nacional e nordestina de crianças com peso elevado (5% e 6,1% respectivamente) são menores do que os dados das comunidades estudadas, segundo o ENANI.
Conclusões/Considerações
Apesar dos dados sobre crianças com baixo peso serem semelhantes entre todas as médias apresentadas, nota-se que as crianças das duas comunidades têm frequências altas de crianças com peso elevado. Porém, percebeu-se grande ausência de dados das comunidades quilombolas, o que pode significar subnotificação, levanta dúvidas sobre a veracidade dos dados e pode impedir ações efetivas para o combate à desnutrição e ao sobrepeso.
GANHO DE PESO ABAIXO DO IDEAL NA GESTAÇÃO AUMENTA PREVALÊNCIA DE PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS NA INFÂNCIA
Comunicação Oral Curta
Gomes, C. B.1, Parada, C. M. G. L.1, Parenti, A. B. H.1, Alves, M. S.1, Spadotto, G. C.1, Padovani, F. H. P.1, Corrente, J. E.1, Carvalhaes, M. A. B. L.1
1 Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Apresentação/Introdução
Complexas relações entre o ganho de peso gestacional e aspectos comportamentais infantis, acrescida da diversidade de resultados encontrados em estudos anteriores, indicam que esta questão ainda precisa ser explorada. Considerando a elevada prevalência de problemas comportamentais em crianças, justifica-se a busca por determinantes modificáveis, como é o caso do ganho de peso materno na gestação.
Objetivos
Investigar a associação entre ganho de peso gestacional e problemas comportamentais em crianças entre 7 e 8 anos de idade.
Metodologia
Estudo de coorte com 309 gestantes e seus filhos, que investigou a associação entre o ganho de peso gestacional total ajustado para idade gestacional ao nascimento (insuficiente, adequado ou excessivo) e presença de problemas de comportamento infantil, avaliados pelo Strengths and Difficulties Questionnaire (pontuação ≥17). Utilizou-se análises regressão de Poisson com variância robusta, bivariada e múltipla, calculando as razões de prevalência e seus respectivos intervalos de confiança em nível de 95%. A seleção dos potenciais confundidores a serem inseridos nas análises múltiplas baseou-se na literatura e mediante construção de Directed Acyclic Graph (DAG), com o software Dagitty.
Resultados
36,2% das crianças apresentaram pontuações indicativas de problemas comportamentais e 39,2% das mulheres apresentaram ganho de peso gestacional excessivo. Análises ajustadas mostraram que crianças filhas de mães com ganho de peso gestacional insuficiente apresentaram maior prevalência de problemas comportamentais (RP 1,48; IC95% 1,02-2,13), quando comparadas àquelas cujas mães apresentaram ganho excessivo. Além disso, meninas apresentaram menor prevalência de problemas comportamentais frente aos meninos (RP 0,67; IC95% 0,48 – 0,95), assim como filhas de mães de escolaridade intermediária, frente as com ≥12 anos de estudo (RP 0,59; IC95% 0,42 – 0,83).
Conclusões/Considerações
Ganho de peso gestacional insuficiente, independentemente do estado nutricional materno prévio e de variáveis sociodemográficas, aumentou em 50% a prevalência de crianças com distúrbio de comportamento. Este resultado indica que promover ganho de peso adequado na atenção pré-natal, além de favorecer desfechos obstétricos e neonatais mais positivos, tem potencial para favorecer a prevenção de problemas comportamentais em crianças em idade escolar.
PESO GESTACIONAL EXCESSIVO SEGUNDO AS NOVAS CURVAS BRASILEIRAS DE GANHO DE PESO GESTACIONAL E RETENÇÃO DE PESO PÓS-PARTO: ANÁLISE DO ESTUDO DE COORTE MATERNAR
Comunicação Oral Curta
Moreira, M.F.S.1, Pereira, N.R.2, Bosa, V.L.3, Drehmer, M4
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
2 Faculdade de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
3 Programa de Pós-graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde e Departamento de Nutrição, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
4 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Programa de Pós-graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde e Departamento de Nutrição, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Apresentação/Introdução
Novas curvas brasileiras de ganho de peso gestacional (GPG) foram instituídas em 2022. Essa referência prevê um monitoramento mais fidedigno às características epidemiológicas das gestantes brasileiras, sendo uma ferramenta na prevenção do peso excessivo e suas implicações futuras. No entanto, a relação entre o GPG e a retenção de peso pós-parto (RPPP), por esse parâmetro, permanece pouco estudada.
Objetivos
Avaliar a associação entre o GPG total e a RPPP.
Metodologia
Estudo de coorte realizado em uma maternidade de referência no Sul do Brasil, de 2018 a 2021. Para essa análise, foram consideradas participantes com dados sobre RPPP. O IMC pré-gestacional foi calculado a partir das medidas de peso pré-gestacional e estatura registradas na caderneta da gestante. O GPG correspondeu à diferença entre o peso pré-gestacional e o último peso gestacional. A RPPP foi obtida pela diferença entre o peso autorreferido pós-parto e o peso aferido na maternidade antes da alta. Considerou-se RPPP os valores acima de 7 kg, coletados entre 14 e 34 meses após o parto. A associação entre GPG e RPPP foi estimada por modelo logístico.
Resultados
A amostra foi composta por 154 puérperas, em sua maioria com idade entre 24 e 35 anos (46%) e cor da pele autodeclarada branca (65,3%). Ao todo, 61,8% participantes iniciaram a gestação com excesso de peso, sendo 37,6% com sobrepeso e 24,2% com obesidade, enquanto 74,1% apresentaram GPG excessivo. Gestantes com GPG excessivo apresentaram 121% mais chance (OR= 2,21; IC95% 1,04 a 4,93) de RPPP em comparação àquelas com GPG não excessivo, mesmo após a análise ter sido ajustada para idade, paridade e IMC pré-gestacional.
Conclusões/Considerações
O GPG excessivo, avaliado pelas novas recomendações brasileiras, está associado a maior chance de retenção tardia de peso após o parto. O rastreamento rigoroso do GPG durante o pré-natal, por meio de ferramenta adequada à população brasileira, pode ser uma estratégia promissora no apoio a intervenções precoces contra o excesso de peso materno.
TENDÊNCIAS TEMPORAIS E PROJEÇÕES DA PREMATURIDADE NO BRASIL: ANÁLISE DE 25 MILHÕES DE NASCIMENTOS (2014–2023) COM ESTIMATIVAS ATÉ 2030
Comunicação Oral Curta
Victor, A.1, Nhancololo, AM1, Bah, HAF2, Xavier, SP1, Gotine,ARME1, Moreira,VA1, Charles,CM3, Silva.TC4, Rondó, PH1
1 Universidade de São Paulo
2 Department of Public Health Sciences, Henry Ford Health, Detroit, EUA
3 Universidade Estadual de Campinas
4 Faculty of Epidemiology and Population Health, London School of Hygiene and Tropical Medicine, Londres, Reino Unido
Período de Realização
Abrio a Maio de 2025
Objeto da produção
Analisar tendências e projeções de partos prematuros no Brasil entre 2014 e 2023, com foco em desigualdades regionais e sociais.
Objetivos
Analisar as tendências temporais da prematuridade no Brasil entre 2014 e 2023, identificar desigualdades regionais e sociais, e projetar a evolução das taxas até 2030 por meio de modelos estatísticos avançados, subsidiando ações de saúde pública.
Descrição da produção
Estudo ecológico com base em 25,5 milhões de nascimentos do SINASC (2014–2023). Foram usadas estatísticas descritivas, regressão Prais-Winsten (AAPC), decomposição STL e modelos SARIMA e GARCH para previsão até 2030, com estratificação por região, idade, escolaridade e raça/cor. A análise foi feita no R, destacando tendências temporais e projeções de desigualdades.
Resultados
A prevalência nacional de prematuridade subiu de 11,3% (2014) para 11,9% (2023), com AAPC de 0,28%. As maiores taxas foram entre mães sem escolaridade (15,1%), negras, indígenas e nas regiões Norte/Nordeste. O Maranhão foi o único estado com tendência de queda. Modelos SARIMA e GARCH indicam tendência ascendente até 2030 e aumento da desigualdade, com projeções acima de 30% entre mães sem educação formal.
Análise crítica e impactos da produção
O estudo revela que a prematuridade está crescendo no Brasil, de forma desigual. As projeções indicam agravamento das disparidades até 2030. As evidências fornecem subsídios robustos para políticas públicas urgentes, especialmente voltadas à equidade na atenção pré-natal. A abordagem preditiva orienta a alocação de recursos e o planejamento estratégico no SUS.
Considerações finais
Os achados reforçam a urgência de políticas públicas focadas na prevenção da prematuridade e na redução das desigualdades regionais e sociais. As projeções até 2030 indicam agravamento do cenário atual. É essencial investir em estratégias de cuidado pré-natal equitativas, com base em evidências e monitoramento contínuo dos dados populacionais.
“PIO LETI MAMA”: AMAMENTAÇÃO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA EM CABO VERDE
Comunicação Oral Curta
GARCIA, G. A. F.1, CORREIA, J. L. S.2, SILVA, E. K. P.2
1 Instituto Nacional de Saúde Pública de Cabo Verde
2 Universidade Federal do Oeste da Bahia
Apresentação/Introdução
A amamentação é uma prática ancestral e primeira prática alimentar do ser humano, com benefícios para a saúde da criança e da mãe. Na primeira hora de vida é uma das práticas essenciais, pois aumenta a longevidade do neonato e diminui as chances de ocorrência da hemorragia pós-parto. Além de favorecer o contato pele a pele, que promove o vínculo mãe-bebê, bem como o aleitamento materno exclusivo.
Objetivos
Identificar a prevalência e os fatores sociodemográficos e obstétricos associados à amamentação na primeira hora de vida em mulheres participantes do Terceiro Inquérito Demográfico e de Saúde em Cabo Verde (IDSR-III).
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados do IDSR-III, realizado em 2018, no qual foram entrevistadas 1661 mulheres que tiveram filhos nos cincos anos anteriores à coleta de dados. Cabo Verde é um país insular que se localiza na costa ocidental da África, no oceano atlântico central, formado por um arquipélago de dez ilhas, sendo 9 delas habitadas. A amostragem foi realizada visando produzir dados representativos ao nível nacional. Foram estimadas prevalências e razões de prevalência (RP), a análise múltipla foi conduzida por regressão de Poisson com variância robusta.
Resultados
A prevalência de amamentação na primeira hora de vida foi de 74,4%. Em comparação as residentes na região Santiago Sul, onde fica situada a capital do país, observamos menor prevalência em residentes nas Ilhas São Vicente (RP=0,87), Sal (RP=0,85), Santo Antão (RP=0,87), São Nicolau (RP=0,69) e Brava (RP=0,76) e na região Santiago Norte (RP=0,90), maior prevalência foi observada em residentes na ilha de Boa Vista (RP=1,12). Observamos ainda que a amamentação na primeira hora de vida foi associada a: ter 2 filhos (RP=1,09) e 3 ou mais filhos (RP=1,09); local de parto em centro de saúde (RP=1,11) e casa da gestante (RP=0,78) em comparação a hospital do governo; e parto via cesariana (RP=0,68).
Conclusões/Considerações
Este estudo contribui para a ciência sobre a saúde materno-infantil em contextos insulares, em especial para países arquipélagos, chamando atenção para as diferenças entre as ilhas e a necessidade de implementação de políticas equitativas. Bem como, contribui para a formação de recursos humanos qualificados para atuação na atenção à saúde da população cabo-verdiana, por meio da autoria de pesquisadoras e profissionais de saúde cabo-verdianas.
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR E DESENVOLVIMENTO NA PRIMEIRA INFÂNCIA EM CRIANÇAS DE 6-23 MESES: RESULTADOS PRELIMINARES DO ENANI-2019
Comunicação Oral Curta
Damasceno, B. D.1, Mello, J. V. C.1, Freitas-Costa, N.C.1, Oliveira, N.1, Castro, I. R. R.2, Lacerda, E. M. A.1, Ferreira, Y.1, Normando, P.1, Kac, G.1
1 UFRJ
2 UERJ
Apresentação/Introdução
Os primeiros 1000 dias de vida são considerados uma fase crítica para o crescimento e o desenvolvimento na primeira infância (DPI). O DPI abrange aspectos cognitivos, motores, de linguagem, sociais e emocionais, sendo fortemente influenciado por fatores sociais e nutricionais, como a alimentação complementar adequada. Esta é essencial para prevenir atrasos e garantir o pleno DPI.
Objetivos
Avaliar a associação entre os indicadores de alimentação complementar e o risco de atraso (RA) no DPI entre crianças brasileiras de 6-23 meses de idade.
Metodologia
Foram estudadas 4.340 crianças de 6-23 meses do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, inquérito populacional de base domiciliar. Os indicadores de alimentação complementar usados foram os propostos pela OMS/UNICEF: MDD: consumo ≥ 5 entre 8 grupos alimentares, MMF: consumo mínimo de alimentos sólidos, semissólidos ou macios e MAD: combinação dos indicadores anteriores. O DPI foi avaliado pelo Survey of Well-Being of Young Children e o quociente de desenvolvimento (QD) foi a razão entre a idade de desenvolvimento e a idade cronológica. QD<1 indica RA no DPI. Prevalências, intervalos de confiança (IC) 95% e Odds-ratio (OR) foram estimados.
Resultados
A prevalência (IC95%) de MDD, MMF e MAD entre crianças de 6-23 meses no Brasil foi de 39,4% (35,8; 43,0), 95,3% (94,0; 96,6) e 36,6% (33,2; 40,1), respectivamente. Crianças que atingiram a MMF apresentaram menor prevalência de RA no DPI [25,2% (20,7; 29,7)] em comparação às que não atingiram [56,8% (40,3; 73,3)]. A chance de RA no DPI foi 51% menor nas crianças que atingiram a MMF [OR=0,49; IC95%:0,27-0,87; p=0,01]. Nenhuma associação significativa foi observada entre MDD, MAD e RA. Considerando os componentes de MDD, para cada grupo alimentar adicional consumido no dia anterior, houve uma redução de 11% na chance de risco de atraso no DPI [OR=0,89; IC95%: 0,79–0,99; p=0,03].
Conclusões/Considerações
Cerca de um terço das crianças brasileiras de 6-23 meses de idade atingiram a MDD e a MAD, ainda que quase todas tenham alcançado a MMF. Tanto o cumprimento do MMF, quanto maior consumo de grupos alimentares estiveram associados a menor RA no DPI. Os resultados reforçam a importância de políticas públicas que incentivem a alimentação complementar adequada como estratégia para promover saúde e diminuir o RA no DPI.
MODELAGEM DE TRAJETÓRIAS DE GANHO DE PESO GESTACIONAL UTILIZANDO O MODELO SITAR: ACHADOS DE DUAS COORTES BRASILEIRAS
Comunicação Oral Curta
Victor, A.1, Rondó, PHC1, Ohuma, Eric2, Luzia, LA1
1 Universidade de São Paulo
2 London School of Hygiene & Tropical Medicine – Reino Unido
Período de Realização
Análises realizadas em de Janeiro a Maio de 2025.
Objeto da produção
Analisar trajetórias individuais de ganho de peso gestacional em duas coortes brasileiras usando o modelo SITAR.
Objetivos
Aplicar o modelo SITAR para descrever e comparar as trajetórias individuais de GPG em duas coortes brasileiras, identificando padrões tempo e velocidade do ganho.
Descrição da produção
Trata-se de um estudo de coorte observacional com análise longitudinal de 3.770 gestantes acompanhadas em duas coortes populacionais no estado de São Paulo: a Coorte de Araraquara (n=2.805), conduzida entre 2017 e 2023, e Jundiaí (n=965), realizada entre 1997 e 2000 . Aplicamos o modelo de SITAR , com os parâmetros de tamanho e velocidade , com quatro graus de liberdade. A qualidade do ajuste foi avaliada por meio dos critérios AIC , BIC e pela proporção da variância explicada.
Resultados
Os modelos ajustados explicaram 84,0% e 85,6% da variância do GPG nas coortes de Araraquara e Jundiaí, respectivamente. Em Araraquara, o pico de velocidade de ganho de peso foi estimado em 24,5 semanas de gestação, com uma taxa máxima de 0,37 kg/semana. Já em Jundiaí, esse pico ocorreu mais tardiamente, em 28,2 semanas, com uma taxa de 0,41 kg/semana. Essas diferenças podem refletir mudanças temporais nas duas décadas analisadas.
Análise crítica e impactos da produção
O uso do modelo SITAR inovou a análise do ganho de peso gestacional ao incorporar variações individuais de tempo e velocidade, revelando perfis distintos entre coortes brasileiras. Seus parâmetros permitem identificar trajetórias atípicas, antecipar riscos e apoiar cuidados pré-natais personalizados. Os achados fortalecem políticas públicas voltadas à equidade em saúde materno-infantil.
Considerações finais
O modelo SITAR demonstrou ser uma ferramenta robusta e biologicamente plausível para descrever trajetórias individuais de GPG em contextos distintos. Os parâmetros derivados especialmente tamanho e velocidade permitem identificar padrões atípicos e capturar variações fisiológicas e metabólicas entre gestantes. Sua incorporação em sistemas de vigilância pode auxiliar na antecipação de riscos maternos e neonatais.
DURAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO E O RISCO DE PRÉ-DIABETES E DIABETES TIPO 2 EM ADOLESCENTES BRASILEIROS: UMA ANÁLISE DO ESTUDO ERICA
Comunicação Oral Curta
Moreira, M.F.S.1, Cureau, F.V.2, Schaan, B.D.3, Ferreira, S.M.4, Izze, E.4, Drehmer, M.5
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
2 Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
3 Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
4 Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
5 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Apresentação/Introdução
O aleitamento materno (AM) confere benefícios imunológicos e metabólicos desde o nascimento. Evidências indicam associação inversa entre o AM e o risco de obesidade, diabetes tipo 2 (DM2) e outras doenças crônicas na vida adulta. No entanto, estudos que exploram a influência da duração do AM sobre indicadores glicêmicos na adolescência são escassos, especialmente em países de baixa e média renda.
Objetivos
Avaliar a associação entre a duração do AM e o risco de pré-diabetes e DM2 em adolescentes brasileiros.
Metodologia
O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) foi um estudo transversal multicêntrico que incluiu adolescentes de 12 a 17 anos, matriculados em escolas públicas e privadas de capitais brasileiras e do Distrito Federal, em 2013-2014. Para esta análise, foram considerados apenas os participantes com informações sobre AM, obtidas por questionário respondido pelos pais ou responsáveis, e ausência de diagnóstico prévio de DM2 ou uso de insulina/antidiabéticos orais. As associações entre a duração do AM e os níveis de glicemia de jejum, hemoglobina glicada (HbA1c) e resistência à insulina (HOMA-IR) foram estimadas por regressão linear e logística multivariada.
Resultados
A amostra analisada foi composta por 19.827 adolescentes; desses, 14,4% (IC95% 13,3–15,5) apresentavam pré-diabetes e 0,6% (IC95% 0,4–0,9) DM2. A mediana de duração do AM foi de 9,0 meses (IC95% 8,8–9,2), enquanto a do AM exclusivo foi de 4,0 meses (IC95% 3,8–4,2). Adolescentes amamentados por mais de 24 meses apresentaram redução de 63% na chance de DM2 (OR = 0,37; IC95% 0,17–0,79), mesmo após a análise ter sido ajustada para as variáveis região do país, cor da pele, tipo de escola, DM materno, idade gestacional e peso ao nascer. As demais investigações não resultaram em associações significativas.
Conclusões/Considerações
A amamentação prolongada está associada a menor chance de DM2 na adolescência, sugerindo possível efeito protetor do AM sobre a saúde metabólica em longo prazo. Os achados ressaltam a importância de estratégias de promoção e apoio ao AM como medida preventiva de agravos metabólicos em fases futuras da vida.