Programa - Comunicação Oral Curta - COC2.1 - Determinantes, estigma e cuidado de pessoas com obesidade e outras DCNT
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
AMBIENTE ALIMENTAR COMUNITÁRIO E MORTALIDADE PREMATURA POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES E DIABETES NO RIO GRANDE DO SUL
Comunicação Oral Curta
Yurgel, L.1, Schattschneider, D.P.1, Magalhães, E.I.S.1, Canuto, R.1
1 UFRGS
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar tem se transformado, com aumento na disponibilidade do comércio de alimentos ultraprocessados, que tem seu consumo associado ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Porém poucos estudos, no Brasil, avaliaram a relação entre a disponibilidade de alimentos saudáveis e não saudáveis e a mortalidade prematura por DCNT.
Objetivos
Avaliar a relação entre o ambiente alimentar comunitário e a mortalidade prematura por doenças cardiovasculares (DCV) e diabetes tipo 2 (DM2) no estado do Rio Grande do Sul.
Metodologia
Estudo ecológico com dados secundários, cujas unidades de análise foram os 497 municípios do RS em 2022. Foram analisados dados do varejo de alimentos (RAIS), mortalidade prematura por DCV e DM2 (Sistema de Mortalidade) e dados demográficos (IBGE-Sidra). O ambiente alimentar foi avaliado por meio das densidades de estabelecimentos que comercializam alimentos (por 10 mil habitantes), conforme os grupos da metodologia Locais-Nova - G1+G2 (in natura/minimamente processados + ingredientes culinários), G3 (processados) e G4 (ultraprocessados) - categorizadas em quintis. A relação entre mortalidade prematura e o ambiente alimentar foi analisada por meio de regressão linear, utilizando-se o Stata 14.0.
Resultados
Os municípios no maior quintil de densidade de estabelecimentos de G1+G2 (in natura/minimamente processados e ingredientes culinários) apresentaram menor taxa de mortalidade prematura por DCV β: -29.75, IC95%: -51.70;-17.80, p<0.05). As categorias de estabelecimentos que vendem alimentos processados (G3) e ultraprocessados (G4) não apresentaram associação significativa com mortalidade prematura por DCV. Nenhuma associação significativa foi observada entre as densidades de estabelecimentos dos grupos e a mortalidade prematura por DM2.
Conclusões/Considerações
A presença maior de alimentos saudáveis no ambiente alimentar se mostrou inversamente relacionado com mortalidade prematura por doenças cardiovasculares. Sendo assim, são necessárias políticas públicas de alimentação e nutrição que promovam o acesso a alimentos in natura e minimamente processados nos municípios do Rio Grande do Sul.
ASSOCIAÇÃO ENTRE A EXPOSIÇÃO SIMULTÂNEA A DESVANTAGENS SOCIOECONÔMICAS E SAÚDE CARDIOVASCULAR DE ADOLESCENTES BRASILEIROS: ESTUDO ERICA
Comunicação Oral Curta
Drehmer, M1, Rosa, PBZ2, Cureau, FV3, de Souza, JS4, Schaan, BD5
1 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e PPG Alimentação, Nutrição e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil.
2 Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
3 Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
4 Programa de Pós-Graduação em Estatística, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
5 Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Divisão de Endocrinologia - Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Brasil
Apresentação/Introdução
Iniquidades socioeconômicas estão associadas a desfechos cardiovasculares entre adultos. Contudo, pouco se sabe sobre essa relação entre adolescentes, bem como se há efeito cumulativo de diferentes desvantagens socioeconômicas.
Objetivos
O objetivo deste estudo é avaliar a associação entre a exposição simultânea a diferentes desvantagens socioeconômicas e a saúde cardiovascular (SCV) de adolescentes brasileiros.
Metodologia
Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), multicêntrico transversal, de base escolar, com abrangência nacional. SCV foi avaliada pelo escore Life’s Essential 8 (LE8), composto por oito métricas: dieta, atividade física, exposição à nicotina, duração do sono, índice de massa corporal, colesterol não-HDL, glicemia e pressão arterial. Exposição simultânea às desvantagens socioeconômicas foi avaliada por escolaridade dos pais, estrutura familiar, posse de bens, tipo de escola e cor de pele. Modelos de regressão linear ajustados para sexo e idade foram utilizados para avaliar a associação da pontuação simultânea a desvantagem socioeconômica com a SCV.
Resultados
Foram avaliados 34.831 adolescentes de 12 a 17 anos. Quanto maior o número de exposições simultâneas às desvantagens socioeconômicas investigadas, pior a SCV dos adolescentes brasileiros, sendo que aqueles expostos simultaneamente a todas as desvantagens investigadas, apresentam uma redução no LE8 de 4,5 pontos. Atividade física e tabagismo foram os fatores que compõem o LE8 mais impactados pelas desvantagens socioeconômicas. Pertencer a uma família fragmentada parece ter um maior impacto na SCV, seguido da menor posse de bens da família e da baixa escolaridade dos pais.
Conclusões/Considerações
A exposição simultânea a múltiplas desvantagens socioeconômicas foi associada com uma pior SCV de adolescentes brasileiros. Destaca-se a importância das disparidades raciais, econômicas e educacionais na SCV desses jovens.
EXPERIÊNCIAS ADVERSAS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E OBESIDADE EM ADULTOS MAIS VELHOS BRASILEIROS (50+ANOS): EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
Comunicação Oral Curta
Ygnatios NTM1, Moreira BS2, Ribeiro DP1, Danielewicz AL3, Avelar NCP3, Mambrini JVM4, Machado EL5, Braga LS5, Lima-Costa MF2, Torres JL5
1 Centro Universitário Santa Rita
2 Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento
3 Universidade Federal de Santa Catarina
4 Fundação Oswaldo Cruz - Minas
5 Universidade Federal de Minas Gerais
Apresentação/Introdução
Experiências adversas na infância e adolescência podem impactar a saúde ao longo da vida, aumentando o risco de obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis. Contudo, os efeitos dessas adversidades no envelhecimento ainda são pouco explorados, especialmente em populações mais velhas de países de média-alta renda, como o Brasil, onde persistem profundas desigualdades socioeconômicas.
Objetivos
Investigar a associação entre domínios distintos de experiências adversas na infância e adolescência e obesidade em uma amostra nacionalmente representativa de adultos mais velhos brasileiros.
Metodologia
Estudo transversal com dados da 2ª onda do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil, 2019-2021), realizado com 9.412 participantes (≥50 anos) de 70 municípios das cinco macrorregiões brasileiras. As exposições incluíram três domínios distintos usados para mensurar as experiências adversas na infância e adolescência, com base em nove variáveis: 1) condições socioeconômicas da família, 2) saúde na infância e 3) capital cultural. Cada domínio foi categorizado em “0”, “1” ou “≥2” eventos adversos. O desfecho foi a obesidade definida pelo índice de massa corporal ≥30,0kg/m². Os dados foram analisados por regressão logística, ajustada por características sociodemográficas.
Resultados
Foram incluídos 6.564 participantes, sendo 55,2% mulheres. A obesidade foi mais prevalente entre mulheres (36,5%) do que entre homens (24,1%). A prevalência de ≥2 eventos adversos foi de 44,1%, 28,4% e 44,3% nos domínios condições socioeconômicas da família, saúde na infância e capital cultural, respectivamente. Após ajustes, não foi encontrada associação entre condições socioeconômicas da família e obesidade. Por outro lado, nos domínios saúde na infância e capital cultural, a presença de ≥2 adversidades associou-se a menores chances de obesidade na vida adulta e velhice (odds ratio [OR]=0,84; intervalo de confiança de 95% [IC95%]=0,72–0,99 e OR=0,83; IC95%=0,70–0,98, respectivamente).
Conclusões/Considerações
Experiências adversas relacionadas à saúde na infância e ao capital cultural associaram-se a menor chance de obesidade na vida adulta e velhice, sugerindo possíveis mecanismos complexos de enfrentamento precoce ou processos de seleção. Esses achados reforçam a importância de políticas intersetoriais ao longo do curso de vida, visando mitigar os impactos das adversidades desde a infância na saúde futura e promover um envelhecimento mais saudável.
GORDOFOBIA INFANTIL NO INSTAGRAM - UM ESTUDO DE CASO
Comunicação Oral Curta
SILVA, S. F.1, DESLANDES, S. F.1, SILVA, C. V. C.2
1 IFF-FIOCRUZ
2 DNS/NUT-UERJ
Apresentação/Introdução
A gordofobia, sistema de opressão estrutural contra pessoas gordas, manifesta-se desde a infância. As mídias sociais reificam essa opressão por meio do discurso do risco que associa corpos gordos a problemas futuros. Assim, a criança gorda é vista como "ameaça à saúde pública", o que reforça a gordofobia social.
Objetivos
Analisar as manifestações da gordofobia infantis disseminadas no instagram, identificar e descrever perfis e páginas onde há a propagação de discursos estigmatizantes relacionados à gordofobia infantil.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório de metodologia qualitativa em ambiente digital, tendo como campo de estudo a rede social Instagram, abrangendo o período de maio de 2024 a maio de 2025. Foram selecionadas quatro postagens para análise. A identificação de postagens de conteúdo gordofóbico infantil foi realizada por meio de mecanismos de busca na plataforma pelas hashtags #meninagorda, #meninogordo, #criançaobesa, #bebegordo, #gordofobiainfantil, e palavras-chave como "gordofobia infantil" e "gordofobia na infância", ao mapear hashtags, perfis e discussões relacionados a essa problemática (GOMES; DESLANDES; MOREIRA, 2020; HIGHFIELD; LEAVER, 2014)
Resultados
Como resultados preliminares, na primeira etapa deste estudo foi organizado um acervo com fotos, vídeos e planilhas, focado em comentários de publicações do Instagram. Foram selecionadas postagens e comentários com discursos estigmatizantes contra crianças gordas. Destacam-se opiniões sobre aparência e saúde de bebês, associadas à gordofobia infantil sob a justificativa da “preocupação com a saúde”. Essa lógica radicaliza ao tratar o corpo infantil gordo como negligência parental. O discurso do risco patologiza corpos gordos, perpetuando exclusão e justificando a violência como prevenção (Paim e Kovaleski, 2020; Andrade et al., 2022; Jorge e Dionysio, 2024).
Conclusões/Considerações
Espera-se que este estudo contribua para dar visibilidade à vulnerabilidade das crianças expostas a essas expressões de gordofobia nas mídias sociais. É premente o fortalecimento do debate sobre a gordofobia infantil em plataformas digitais, contribuindo para a elaboração de políticas que favoreçam a proteção e garantias de direitos das crianças gordas em ambientes online.
RAZÃO CINTURA/ESTATURA E FATORES ASSOCIADOS AO RISCO METABÓLICO EM PESSOAS TRANS EM TERAPIA HORMONAL: DADOS PRELIMINARES DE ESTUDO NO ESTADO DE SÃO PAULO
Comunicação Oral Curta
Gois, I1, Tomita, L. Y.1, Dias da Silva, M. R.1
1 Universidade Federal de São Paulo
Apresentação/Introdução
Estudos têm mostrado a influência da terapia hormonal (TH) na composição corporal e no metabolismo glicídico e lipídico de pessoas trans, variando de acordo com os esteroides sexuais envolvidos na TH. Diante disso, identificar possíveis preditores de risco cardiovascular e metabólico, estilo de vida e consumo alimentar são importantes.
Objetivos
Avaliar a razão cintura/estatura (RCE), indicador associado a DM2, HAS, dislipidemia e doenças cardiovasculares em pessoas trans em uso de TH e fatores associados.
Metodologia
Estudo transversal com pessoas trans em uso de hormônios há mais de um ano assistidas em ambulatório do estado de São Paulo, entre março e abril de 2025. Os dados sociodemográficos e econômicos, estilo de vida e condições de saúde foram coletados através de questionário estruturado. O consumo de álcool regular foi avaliado (sim/não) e o consumo de ultraprocessados (UP) foi baseado no VIGITEL (2024). Obteve-se, os dados antropométricos, altura e circunferência de cintura para calcular a RCE e, o risco metabólico elevado foi considerado quando a RCE foi maior a 0,6. Medidas de tendência central e de dispersão e correlação de Spearman foram calculados utilizando-se o Jamovi 2.6.44.
Resultados
Foram entrevistadas 14 pessoas (10 transmasculinas e 4 transfemininas) com uma média (DP) de 33 (5) anos, sendo 50% brancas e 43% negras, as quais estavam em TH há 8,43 (± 6,56) anos. Destas, 71% faziam uso de álcool semanal ou mensalmente e, 50% consumiram de 3 a 5 itens de UP no dia anterior, sendo os mais relatados: bebidas adoçadas, pães de forma e doces. A média do RCE foi 0,55 (±0,01), com 21% apresentando alto risco metabólico. Observou-se correlação positiva entre RCE e consumo de álcool (r=0,60; p=0,006) e UP (r=0,5; p=0,02), e negativa em relação o com tempo de TH (r=-0,5; p=0,02).
Conclusões/Considerações
A RCE é um indicador útil para avaliar o estado nutricional e o risco metabólico em pessoas trans em terapia hormonal, por não depender de diferenças sexuais. Os resultados sugerem que o uso da TH a longo prazo reduz o risco metabólico associado à adiposidade central, enquanto outros fatores o aumentam, evidenciando a necessidade de as pesquisas com essa população explorarem outros fatores para além da TH.
ASSOCIAÇÃO LONGITUDINAL ENTRE O ESCORE-Z DO IMC NA INFÂNCIA E A PUBERDADE: ANÁLISES DE MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS
Comunicação Oral Curta
Matsuo, L. H.1, Ceolin, G.2, De Vasconcelos, F. A. G.1, Silva, D. A. S.1, Hinnig, P. F.3
1 Universidade Federal de Santa Catarina
2 Universidade da Colúmbia Britânica
3 Universidade de Brasília
Apresentação/Introdução
Nas últimas décadas tem sido observada uma tendência secular de antecipação da puberdade, que pode ser reflexo de mudanças na saúde da população, como o aumento do sobrepeso/obesidade infantil. Dados sobre a puberdade e seus determinantes em países de baixa e média renda são limitados, e a grande maioria dos estudos são transversais, impossibilitando a discussão de causalidade.
Objetivos
Analisar a associação longitudinal entre o índice de massa corporal (IMC) na infância e a puberdade na adolescência em escolares brasileiros.
Metodologia
Estudo longitudinal com 494 crianças (260 meninas) de 7 a 10 anos de Florianópolis, SC. Os dados foram coletados em 2007 (linha de base) e 2012 (seguimento). O escore-z do IMC foi calculado para idade e sexo. A Maturação Sexual (MS) foi autoavaliada segundo os estágios de Tanner e categorizada em tercis de idade como normal/tardia e precoce. As meninas também recordaram a idade da menarca. A modelagem de equações estruturais analisou os efeitos do escore-z do IMC em 2007 na MS e idade da menarca em 2012. Os modelos foram ajustados para renda familiar, tipo de escola, escolaridade materna, peso ao nascer, amamentação exclusiva, atividade física e padrões alimentares.
Resultados
Não foi verificada associação significativa entre o escore Z de IMC e a MS em ambos os sexos. Em meninas, um maior escore-z do IMC em 2007 apresentou efeito negativo direto na idade da menarca (β=-0,27, p<0,001). Isso sugere que um aumento em 1,09 DP do escore z do IMC resultou em uma diminuição de 0,3 anos (4 meses) na idade da menarca. O padrão alimentar composto por alimentos ultraprocessados apresentou efeito negativo indireto sobre a idade da menarca, mediado pelo escore-z do IMC em 2007 (β=-0,05, p<0,001).
Conclusões/Considerações
Este estudo encontrou uma associação entre o aumento no escore-z do IMC na infância e a redução da idade da menarca na adolescência, ajustando para possíveis fatores de confusão. Este resultado reforça a importância de intervenções para reduzir e prevenir o sobrepeso e a obesidade infantil e a importância de monitorar a puberdade em nível populacional.
OBESIDADE EM CENA: ANÁLISE DE FILMES QUE ABORDAM O ESTIGMA DE CORPOS GORDOS E A GORDOFOBIA
Comunicação Oral Curta
CAIRO, I. G.1, SILVEIRA, B. B.1, MARTINS, P. C.1, GONÇALVES, A. P.1
1 IMS/UFBA
Apresentação/Introdução
A obesidade é atravessada por estigma social e gordofobia estrutural, com efeitos adversos à saúde mental. Representações midiáticas reforçam padrões de magreza, a culpabilização, a patologização de corpos gordos e a exclusão, contribuindo para o sofrimento psíquico e a negação de cuidados integrais e respeitosos. Essas violências sustentam desigualdades e impactam a dignidade do sujeito.
Objetivos
Compreender como o estigma da obesidade e a gordofobia estrutural são apresentados nos filmes A Baleia (2022) e Doce Família (2024).
Metodologia
Trata-se de uma análise fílmica de caráter qualitativo dos filmes A Baleia (2022) e Doce Família (2024), com foco na representação do estigma da obesidade, do sofrimento psíquico e da gordofobia estrutural. A seleção das obras considerou a centralidade de personagens gordos e os contextos de exclusão social e emocional vivenciados por eles. As narrativas foram interpretadas com base em categorias temáticas relacionadas à saúde coletiva e aos discursos sociais que atravessam a construção simbólica da obesidade. A análise foi fundamentada em literatura científica atual das áreas de psicologia da saúde, corporalidades gordas e nutrição.
Resultados
Os filmes analisados reforçam estigmas associados à obesidade, frequentemente vinculada a descontrole, fracasso pessoal e isolamento, ao mesmo tempo em que sustentam uma narrativa reducionista frente à complexidade de sua determinação. Reafirmam a magreza como padrão de aceitação social e perpetuam a gordofobia estrutural. Em A Baleia, o isolamento, a culpa e o afastamento do cuidado estão no centro da narrativa. Já em Doce Família, destaca-se a pressão estética e familiar sobre os corpos, expressa de forma humorada, porém crítica. Em ambas as tramas, os personagens vivem intenso sofrimento psíquico e relações marcadas pela exclusão.
Conclusões/Considerações
As obras cinematográficas examinadas evidenciam como os corpos gordos são representados por discursos desumanizantes e culpabilizadores, reforçando o estigma da obesidade e a gordofobia estrutural. As narrativas expõem o sofrimento psíquico intenso dos personagens, revelando as violências sociais e simbólicas presentes na experiência da obesidade. Diante disso, destaca-se o potencial pedagógico do cinema na formação em saúde.
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Comunicação Oral Curta
Holsbach, A. L. N.1, Rafacho, B. P. M.2, Gielow, K. F.2, Serenini, M.3, Rodrigues, M. B. P. L.3, Marques, J. M. E.2, Lescano, P. A.2, Corrêa, M. L. C.1, Nogueira, M. M.1, Mazzeti, C. M. S2
1 Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul
2 UFMS
3 MDS
Período de Realização
Junho de 2024 a junho de 2025
Objeto da experiência
Construção e validação do Instrutivo de Vigilância Alimentar e Nutricional na Atenção às Condições Crônicas Não Transmissíveis.
Objetivos
Relatar o processo de elaboração e validação de um instrutivo para apoiar processo formativo sobre a Vigilância Alimentar e Nutricional voltado à atenção às Condições Crônicas Não Transmissíveis, destinado a equipes multiprofissionais da Estratégia Saúde da Família e da e-MULTI.
Descrição da experiência
Foi elaborado um instrutivo para apoiar o processo de formação profissional e a qualificação da implementação das ações de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) no SUS, com foco no cuidado às Condições Crônicas Não Transmissíveis. A construção foi conduzida por equipe multiprofissional, com linguagem acessível e aplicabilidade ampliada. O material incluiu orientações práticas e atividades pedagógicas voltadas à rotina da APS, sendo estruturado para uso em processos de educação permanente.
Resultados
Foi elaborado o Instrutivo, o qual contém referencial teórico sobre VAN, a descrição e orientação para realização de oficinas em dois formatos (8h e 16h). As oficinas foram testadas por cinco equipes completas da ESF. As oficinas passaram por leitura crítica coletiva e ajustes por consenso. Avaliadores in loco registraram contribuições, e um painel de especialistas consolidou o material, posteriormente validado por referências nacionais em VAN para publicação.
Aprendizado e análise crítica
A análise dos registros evidenciou a boa receptividade das oficinas e a necessidade de agenda protegida para a educação permanente em saúde. O instrutivo se destacou por promover a inclusão da VAN no cuidado às condições crônicas, tornando-a uma responsabilidade compartilhada por toda a equipe como prática de promoção da saúde. Sua aplicação contou com apoio da SES/MS, destacando a importância do financiamento público para ações baseadas nas necessidades reais dos serviços.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou que é possível qualificar a VAN como estratégia de promoção da saúde no cuidado às condições crônicas, por meio de processos educativos adaptados à realidade da APS. O instrutivo mostrou-se aplicável, relevante e viável, especialmente quando há apoio institucional e financiamento público para fortalecer a integração entre educação permanente e prática em serviço.