Programa - Comunicação Oral Curta - COC13.22 - Cuidado e Formação para o SUS: Estigmas, Territórios e Resistências
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CUIDADO TERRITORIALIZADO: EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS QUILOMBOLAS NA FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM
Comunicação Oral Curta
Furtado, L.R1, Souza, S.L1, Tembé, J. S1, Santos, K. S1, Castro, N. J. C1
1 Universiade Federal do Pará
Período de Realização
A experiência ocorreu entre entre março e abril de 2025 no território quilombola São Sebastião (PA).
Objeto da experiência
Relatar a vivência de estudantes de Enfermagem em ações de educação ambiental com crianças de uma comunidade quilombola amazônica.
Objetivos
Descrever uma experiência educativa em saúde ambiental com crianças quilombolas, destacando o diálogo entre saberes populares e acadêmicos e suas contribuições para a formação crítica e territorializada de estudantes de Enfermagem, com foco em equidade e sustentabilidade.
Descrição da experiência
A atividade foi planejada com base em referenciais da saúde coletiva e da educação popular. Incluiu roda de conversa com contação de história sobre elementos naturais do território, seguida de diálogo sobre preservação ambiental e finalizada com uma oficina prática de compostagem. As crianças foram convidadas a expressar o que valorizam na natureza local. Toda a experiência foi registrada por meio de notas de campo e fotografias autorizadas, sendo conduzida por estudantes sob orientação docente.
Resultados
A atividade gerou alto engajamento das crianças, que identificaram plantas, animais e saberes relacionados à natureza local. A compostagem despertou interesse e reforçou noções de cuidado e pertencimento. As práticas estimularam a reflexão crítica sobre o território e favoreceram vínculos entre os estudantes e a comunidade. Observou-se a valorização de saberes quilombolas e o fortalecimento da dimensão afetiva e coletiva da educação ambiental na formação em saúde.
Aprendizado e análise crítica
A vivência evidenciou o potencial da educação ambiental como estratégia crítica, dialogada e culturalmente situada. Para os estudantes, proporcionou o desenvolvimento de competências vinculadas à escuta sensível, ao respeito às especificidades locais e à articulação entre saúde, cultura e sustentabilidade. A análise crítica aponta que práticas educativas baseadas no território e na diversidade contribuem para a superação de visões biomédicas e homogêneas na formação em Enfermagem.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reafirma a importância de ações educativas integradas ao contexto cultural e ambiental das comunidades quilombolas. Recomenda-se a inserção de práticas de educação ambiental territorializadas na formação em saúde, com enfoque na equidade e valorização dos saberes populares. Atividades como esta fortalecem o compromisso social da Enfermagem e ampliam a consciência crítica frente às desigualdades socioambientais.
FORMAÇÃO MÉDICA E OS DESAFIOS DA PRÁTICA HUMANIZADA: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CENTRO DE ACOLHIDA PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA
Comunicação Oral Curta
Francisco, C. M.1, Torres, R. L.1, Lima, R. H. A.1, Rodrigues, K. G. W.1, Repolês, S. S. G.1
1 Centro Universitário São Camilo
Período de Realização
Entre março e maio de 2025.
Objeto da experiência
Vivência de discentes de medicina em um centro de acolhida para população em situação de rua.
Objetivos
Favorecer a formação crítica e humanizada dos discentes por meio do contato com pessoas em situação de rua; estimular a empatia e a abordagem ampliada do cuidado; compreender o papel do médico na promoção da equidade em saúde e na defesa dos direitos de populações vulneráveis.
Descrição da experiência
Discentes que cursavam o primeiro semestre de medicina, em um centro universitário, no Município de São Paulo, realizaram visitas técnicas a centros de acolhida. As atividades incluíram entrevistas com profissionais que atuavam nesse local, para compreensão das atividades realizadas, formas de encaminhamento, papel destes equipamentos na rede de assistência social e relação com o setor saúde. A preparação incluiu estudos sobre Determinantes Sociais de Saúde e Direitos Humanos.
Resultados
A experiência ampliou a visão dos discentes sobre os Determinantes Sociais da Saúde, promovendo maior sensibilidade às desigualdades e exclusões. Além da quebra de estereótipos sobre a população em situação de rua, bem como as formas de acesso e os desafios enfrentados. Houve desenvolvimento de atitudes empáticas e humanizadas, com valorização do trabalho interprofissional e maior compreensão sobre o papel do médico na atenção a populações vulneráveis.
Aprendizado e análise crítica
A vivência reforça a importância de incluir populações vulneráveis na formação médica, aproximando os discentes da realidade do Sistema Único de Saúde, ampliando o olhar sobre o processo saúde-doença e as formas de acesso e atenção em saúde. A atividade contribuiu para a formação ética, crítica e comprometida com os princípios do cuidado integral.
Conclusões e/ou Recomendações
O ensino-aprendizagem em centros de acolhida fortalece a formação em saúde coletiva e o compromisso com a equidade. Recomenda-se que tais experiências sejam incorporadas de forma contínua e supervisionada nas graduações, com articulação entre ensino, serviço e comunidade, para formar profissionais sensíveis às iniquidades sociais.
GORDOFOBIA NO CONTEXTO ACADÊMICO: RESULTADOS PRELIMINARES DE UMA PESQUISA COM UNIVERSITÁRIOS NO SUL DE MINAS GERAIS
Comunicação Oral Curta
Rodrigues, Rayene Cardoso1
1 UFLA
Apresentação/Introdução
O sobrepeso/obesidade cresce no Brasil, com 61,4% de prevalência nas capitais. Pessoas com excesso de peso sofrem preconceitos explícitos ou implícitos em ambientes sociais, íntimos e digitais, sendo desvalorizadas por sua aparência física.
Objetivos
Investigar características físicas, nutricionais e comportamentais em 39 estudantes universitários, com idades entre 18 e 30 anos, de cursos diversos no sul de Minas Gerais.
Metodologia
Estudo observacional, transversal, com 39 universitários dos cursos de Nutrição (N=7), Educação Física (ED=6), Medicina (M=16) e Engenharias (E=10). Todos assinaram TCLE e responderam aos instrumentos: Questionário de Atitudes Socioculturais em Relação à Aparência (SATAQ-4), Escala Brasileira de Atitudes Antiobesidade (AFAT) e Weight Bias Internalization Scale (WBIS), sendo este último respondido apenas por estudantes com sobrepeso.
Resultados
Entre os participantes, 20,5% concordaram que “se as pessoas gordas realmente quisessem emagrecer, conseguiriam” e apenas 5,1% acham que “deveriam se aceitar como são”. Sobre imagem corporal, 20,5% desejam aparentar ser muito magros, 23,1% relataram pressão familiar e 38,5% pressão midiática para emagrecer. Dos 13 com sobrepeso, 30,8% afirmaram sentir-se menos atraentes devido ao peso.
Conclusões/Considerações
Os dados iniciais mostram preocupação com o peso, a imagem corporal e as pressões sociais e digitais. Também revelam a presença de estigmas contra pessoas com sobrepeso. Os achados reforçam o padrão estético dominante baseado na magreza, mesmo entre estudantes.
MULHERES TRANS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NO CURSO DE MEDICINA DA UFF: DIÁLOGOS PARA TRANSFORMAÇÃO DE PRÁTICAS
Comunicação Oral Curta
Montenegro, L.A.A1, Diniz, V.F.O.2, Campleo, M.R.A.3, Dos Santos, V.V.4, De Sousa, A.A.4, De Lua, D.O.4
1 Docente do ISC/UFF
2 Discente do curso de medicina UFF
3 iIntegrante do Coletivo Transparente
4 Integrante do Coletivo Transparente
Período de Realização
As atividades foram desenvolvidas nos semestres letivos 2024.2 e 2025.1 com duração de 4 horas cada.
Objeto da experiência
Discentes de medicina do 2° período, cursando a disciplina obrigatória Trabalho de Campo Supervisionado 1 B e mulheres trans do coletivo transparente.
Objetivos
Gerar sentidos em ato no uso de tecnologias leves durante simulação de atendimento à Mulheres Trans (MT); dialogar sobre cuidado integral, viés implícito e estigmas; aproximar discentes das necessidades sentidas pelas MT; promover o protagonismo de MT na produção de saberes junto aos discentes.
Metodologia
Dinâmica realizada com MT do Coletivo Transparente, grupo de teatro LGBT da cidade de Niterói, com discentes (D) da medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em grupo de 3 a 5 D e 1 MT, preenche-se ficha de cadastro individual de usuários disponível nas unidades de saúde, seguido de roda de conversa entre envolvidos e mediada pelo docente. Considera-se as tecnologias leves, ficha e diálogos, como mediadoras no processo de aprendizagem e na produção do cuidado integral.
Resultados
Discentes anunciam “ressignificação” sobre a população específica e estreitamento de relações com grupos historicamente excluídos do contexto social; entrelaçamento de assuntos que agrega conhecimentos, empatia e sentidos sobre cuidado integral a grupos historicamente excluídos; apontam como “surpresa da diversidade na diversidade”; Aproxima teoria e pessoas com vivencias e experiências, o que gera “vontade de conhecer mais sobre a temática”.
Análise Crítica
A inserção da temática nos cursos de graduação na saúde, principalmente de medicina, pode gerar boas práticas nos serviços de saúde frente as demandas de MT. Os diálogos entre envolvidos criam ambiência colaborativa e conexões afetivas, amplia-se o conhecimento sobre o tema; instigam-se reflexões sobre possíveis efeitos deletérios produzidos no cotidiano da população e evidencia-se a necessidade de atuar na garantia de direitos e na produção de cuidados desse grupo vulnerabilizado.
Conclusões e/ou Recomendações
Mais de uma década após implantação da Política Nacional Integral da População LGBT, as necessidades de saúde, em especial das mulheres trans, ainda são ignoradas por profissionais de diversos setores, e atravessadas por preconceito, estigma e questões éticas. Desse modo, é urgente que a formação em saúde contemple a temática apontada e, assim, formem aliados na garantia de direitos básicos em saúde e geração de bem estar da população trans.
O APRENDER FAZENDO COM A REDUÇÃO DE DANOS: EXPERIÊNCIA DO PROJETO EXTENSIONISTA ENTRE MÃOS, O CONSULTÓRIO NA RUA (CNAR) E A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA (PSR) DO RECIFE.
Comunicação Oral Curta
Belém, T. S.1, Santos, R. O.2, Silveira, P. S.2, Teixeira, C. S. S.2, Novaes, C.3, Araújo, M. A. M.1, Lima, O. F. D.1, Oliveira, R. R. S.1, Costa, E. K. A.1, Silva, L. D. S.4
1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife–PE, Brasil.
2 Professora Adjunta da Área Acadêmica de Saúde Coletiva do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife–PE, Brasil.
3 Médica de família e Comunidade do Consultório na Rua do Distrito Sanitário VI Recife–PE, Brasil.
4 Graduando em Farmácia pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife–PE, Brasil.
Período de Realização
Iniciado em julho de 2024, o projeto Entre Mãos envolve a UFPE, equipes do CnaR e a PSR do Recife.
Objeto da experiência
Estudantes vivenciaram práticas de cuidado com a PSR a partir da estratégia de Redução de Danos junto à equipe CnaR do Distrito Sanitário VI/Recife.
Objetivos
Este trabalho objetiva refletir sobre as vivências no Projeto de Extensão Entre Mãos junto à equipe de Consultório na Rua, mostrando a importância da estratégia da redução de danos enquanto prática de cuidado com a População em Situação de Rua e seus impactos na formação crítica em saúde.
Descrição da experiência
Durante o mês de outubro de 2024, os extensionistas acompanharam, observaram e auxiliaram as ações desenvolvidas pela equipe multiprofissional do CnaR, as quais envolviam tanto a busca ativa de usuários no território quanto os atendimentos clínicos espontâneos realizados no Centro POP José Pedro de Lima Filho, em Boa Viagem-PE. Nesse contexto, a Redução de Danos (RD) se constituiu enquanto uma importante estratégia de cuidado desenvolvida no âmbito da Atenção Básica.
Resultados
Durante uma das visitas de campo, foi observado que um usuário em situação de rua, mesmo mantendo o uso de crack, aderiu à suspensão do álcool durante o tratamento antifúngico sugerido pela médica. Sendo assim, houve melhora visível das lesões cutâneas e relato de mudança positiva no comportamento, com redução da agressividade. A adesão parcial ao cuidado, mesmo em contexto de uso ativo do crack, demonstrou impacto positivo na saúde e nas relações interpessoais.
Aprendizado e análise crítica
A vivência demonstra que as estratégias de Redução de Danos podem promover efeitos terapêuticos significativos. A valorização da escuta, do vínculo e da negociação do cuidado se mostrou essencial frente às inúmeras dificuldades da vida na rua. O caso reforça a importância de abordagens flexíveis, centradas na realidade dos sujeitos, como caminho efetivo para o cuidado de populações vulnerabilizadas. Ainda, evidencia-se a importância da extensão como um fator de avanço rumo a uma visão ampliada da saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Embora baseado em um caso único, esse relato oferece subsídios valiosos para refletir sobre práticas de cuidado em contextos sociais vulnerabilizados ao demonstrar como a Redução de Danos é aplicável a diferentes situações de cuidado em saúde. Além disso, o caso enriquece a formação em saúde ao reforçar o quanto a escuta ativa e o cuidado negociados favorecem a autonomia da PSR e resultam em intervenções mais humanas e eficazes.
OFICINA DE LETRAMENTO EM DIVERSIDADE LGBTQIAPN+ NA FORMAÇÃO MÉDICA: EXPERIÊNCIA DE SENSIBILIZAÇÃO E AVALIAÇÃO COM ESTUDANTES DE MEDICINA
Comunicação Oral Curta
OLIVEIRA, V. B.1, MOTA-ORTIZ, S. R.1
1 USCS - universidade municipal de são caetano do sul
Período de Realização
Março a Maio de 2025, com aplicação piloto em estudantes do 5º ano de Medicina.
Objeto da experiência
Desenvolvimento e validação de oficina educativa sobre diversidade LGBTQIAPN+ como estratégia de letramento crítico na formação médica.
Objetivos
Promover letramento crítico e competências culturais no atendimento à população LGBTQIAPN+, sensibilizando estudantes sobre gênero, saúde integral e enfrentamento à necropolítica e aos preconceitos institucionais.
Descrição da experiência
A oficina foi estruturada em quatro módulos com metodologias ativas: rodas de conversa, simulações clínicas, estudos de caso e dinâmicas em grupo. A proposta integrou conteúdo teórico com práticas reflexivas, abordando temas como identidade de gênero, políticas públicas e comunicação inclusiva. Foi aplicada como intervenção formativa junto a estudantes do 5º ano, articulando ensino, ética e diversidade.
Resultados
A avaliação da oficina seguiu o modelo de reação de Kirkpatrick, com aplicação de questionários pré e pós-atividade. Observou-se aumento significativo na autopercepção de preparo para atender pessoas LGBTQIAPN+, sobretudo em relação à população trans. Houve melhora na empatia clínica e maior conhecimento sobre políticas públicas. Todos os participantes relataram impacto positivo da experiência.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reforçou o valor de práticas pedagógicas decoloniais na formação médica, destacando a urgência de romper com silenciamentos curriculares sobre sexualidade e gênero. A oficina atuou como estratégia de enfrentamento à cisheteronormatividade estrutural, articulando cuidado, escuta ativa e justiça social.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a incorporação transversal da diversidade LGBTQIAPN+ na graduação médica por meio de oficinas, disciplinas obrigatórias e capacitação docente. Estratégias que articulam escuta ativa, políticas públicas e empatia clínica são fundamentais para formar profissionais comprometidos com a equidade e os direitos humanos.
SER E FAZER NO SUS DE BLUMENAU:GRUPO TUTORIAL “DEFICIÊNCIAS E AS INTERSECCIONALIDADES NA SAÚDE”
Comunicação Oral Curta
Santos, G. B.1, Kleinübing, M. C. L.1, Schneider, A. C. T. C.1, Nunes, C. R. O.1, Azevedo, L. C.1, Ringenberg, S.1, Moraes, J. F. B.1
1 FURB
Período de Realização
Começou em abril de 2024, e permanece acontecendo até a data atual, em junho de 2025.
Objeto da experiência
Ampliação das ações de inclusão de pessoas com deficiência no Sistema Único de Saúde (SUS) de Blumenau, articulando ensino, serviço e comunidade.
Objetivos
Apresentar as ações realizadas do Grupo Tutorial “Deficiências e as interseccionalidades na saúde”, desenvolvido no âmbito do projeto “PET-Saúde Equidade em Blumenau”, enfatizando o processo formativo da equipe, e elucidar as formas de promover inclusão no SUS de Blumenau.
Descrição da experiência
O Grupo Tutorial realizou ações para ampliar a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) no SUS, como a escuta ativa de demandas de Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA), visitas a centro de atenção psicossocial para introduzir a CAA, criação de folders sobre barreiras atitudinais para a inclusão, e outros mais. Atualmente está desenvolvendo pranchas de CAA para serem aplicadas no setor odontológico, e pesquisa sobre a percepção de profissionais de saúde a respeito do trabalho com PCDs.
Resultados
Os resultados desses trabalhos mostraram-se significativos e transformadores para o projeto “PET-Saúde Equidade em Blumenau”, uma vez que todos os exemplos citados trouxeram informações essenciais, sejam por feedbacks, sejam por experiências vividas pelos participantes. Assim, infere-se que estas ações atualmente em curso promovem uma notável ampliação da inclusão dentro do SUS, além de incentivar, inclusive, que essas ações se consolidem como práticas do cotidiano do ensino e do serviço.
Aprendizado e análise crítica
O desenvolvimento do projeto proporciona aprendizados valiosos, sobretudo ao evidenciar a potência das ações intersetoriais e da escuta ativa na promoção da inclusão de pessoas com deficiência no SUS. O contato do grupo com as demandas dos serviços e comunidades permitiu aos integrantes do grupo uma ampliação na compreensão de barreiras atitudinais e comunicacionais existentes, desconstruindo visões capacitistas e reforçando o papel do SUS como espaço de acolhimento, equidade e cidadania.
Conclusões e/ou Recomendações
Portanto, Grupo Tutorial “Deficiências e as interseccionalidades na saúde” configura-se como importante para o processo de inclusão no SUS de Blumenau em ensino, serviço e comunidade. Constata-se que a formação em saúde precisa estar aliada a práticas que valorizem a diversidade humana, respeitando as especificidades de cada sujeito. A experiência reafirma que a inclusão no SUS não é apenas possível, mas necessária e urgente.
VIGILÂNCIA POPULAR EM SAÚDE E GERAÇÃO CIDADÃ DE DADOS NAS FAVELAS E PERIFERIAS URBANAS: REFLEXÕES DO PROJETO CRIA SAÚDE (RIO DE JANEIRO/RJ)
Comunicação Oral Curta
Lima, A.L.S.1, Arjona, F.B.S.2, Oliveira, R.F.3, Marques, L.M.N.S.R.3, Nogueira, S.C.3, Coelho, A.S.3, Santos, J.L.M.S.1
1 Fiocruz (Cooperação Social)
2 Fiocruz(Lavsa/EPSJV)
3 Fiocruz (Cria Saúde)
Período de Realização
O projeto Cria Saúde tem sido desenvolvido desde o segundo semestre de 2024, seguindo até dez/2026
Objeto da experiência
Atuação em 5 conjuntos de favelas no Rio de Janeiro com o desenvolvimento de ações de educação e Vigilância Popular em Saúde(VPS)
Objetivos
Geral – Induzir/apoiar o surgimento de Agendas Promotoras de Territórios Saudáveis e Sustentáveis em 5 conjuntos de favelas (Rio de Janeiro); Específicos: - Formar Agentes de Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis; - Estimular/apoiar a constituição de núcleos de Vigilância Popular em Saúde
Descrição da experiência
Estruturado sob um processo participativo, o Projeto Cria Saúde tem buscado incidir na ampliação da Consciência Sanitária (ou letramento sanitário) de parte dos moradores dos territórios envolvidos, assim como no fortalecimento do Capital Social Local e no estímulo do surgimento de novas redes intra e inter territórios e, ainda, na ampliação do Capital de Evidências Científicas e do Saber Popular para tomadas de decisão e do Advocacy por políticas públicas Saudáveis e Sustentáveis.
Resultados
No presente trabalho a reflexão tem por base a primeira etapa do projeto Cria Saúde, na qual articulações foram conduzidas com coletivos e organizações populares das favelas envolvidas, além de pesquisadores de diferentes Unidades da Fiocruz, para definição do escopo de atuação nos territórios e para a escolha dos agentes populares (educandos), assim como, da implementação do primeiro momento formativo. A aproximação da VPS com a Geração Cidadã de Dados tem se delineado como estratégico.
Aprendizado e análise crítica
Os moradores das favelas cariocas são experimentados nas cenas cotidianas da vida com desafios únicos que os colocam em risco, inclusive, de suas existências. Propor, incentivar e apoiar a VPS e/ou Geração Cidadã de Dados junto a esta população tem demandado a busca por uma postura dialética, horizontal, com a escuta do território (Monken), estruturada na construção compartilhada de conhecimento (Valla e Stotz).
Conclusões e/ou Recomendações
A dimensão formativa - dialógica e cooperativa - que visa formar Agentes Populares Promotores de Territórios Saudáveis e Sustentáveis, tem acontecido ao mesmo tempo em que se estimula a constituição de núcleos de Vigilância Popular em Saúde, de base territorial.
Importante destacar que a dimensão de um agir comunicativo, propositivo e crítico, de incidência política para o viver saudável, está acolhido no desenvolvimento deste projeto.
“ENVELHECER SIM, FICAR FRACO NÃO!” - VÍDEO EDUCATIVO A RESPEITO DE SARCOPENIA E ENVELHECIMENTO.
Comunicação Oral Curta
Baruffi, F.1, Parma, A.C1, Sasse, H.L.K1, Sousa, C.A1, Azevedo, L.C1, Oliveira, M.F1, Valente, C.1, Nunes, C.R.O1
1 FURB
Período de Realização
O produto técnico foi desenvolvido no período de março a junho de 2025
Objeto da produção
Vídeo educativo sobre sarcopenia e envelhecimento para conscientização de idosos usuários do Sistema Único de Saúde a respeito do tema
Objetivos
Apresentar o processo de construção de um produto técnico, sendo este um vídeo educativo sobre sarcopenia e envelhecimento. O vídeo será disponibilizado às UBS, sendo exibido em salas de espera. Pretende-se conscientizar idosos sobre o tema, incentivando-os a adotar um estilo de vida saudável.
Descrição da produção
O processo de criação do vídeo originou-se na disciplina “Produção técnica e científica I” do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Blumenau (FURB). A construção seguiu as seguintes etapas: levantamento bibliográfico sobre sarcopenia e envelhecimento; definição dos conteúdos-chave a serem transmitidos de forma acessível; elaboração de roteiro com linguagem simples e inclusiva; gravação com profissionais de saúde especializados, e edição com recursos adequados.
Resultados
O produto técnico resultou na elaboração do vídeo educativo intitulado “Envelhecer Sim, Ficar Fraco Não!”, com duração de aproximadamente 4 minutos. O vídeo apresenta linguagem acessível e lúdica, utilizando metáforas para explicar a sarcopenia, e enfatiza a importância de práticas alimentares saudáveis e de exercícios físicos para evitar a perda de massa e força muscular.
Análise crítica e impactos da produção
A realização dessa produção destacou a importância de seguir critérios para o desenvolvimento de materiais educativos para que o produto seja acessível ao público-alvo, fornece informação qualificada a respeito do tema e seja um instrumento de fácil uso na comunidade. Acredita-se que exibir vídeos com conteúdo educativo qualificado em salas de espera das unidades básicas de saúde é uma importante oportunidade de se fazer Educação em Saúde.
Considerações finais
A população de Blumenau tem apresentado aumento de expectativas de vida, com proporções crescentes de idosos. A disponibilização de ferramentas de educação em saúde para esta população se torna uma prioridade. Vídeos, por suas características técnicas, são fáceis de serem integrados e replicados em salas de espera de unidades de saúde.
ESCUTAR PARA CUIDAR NA APS: MEMÓRIAS E VIVÊNCIAS DO FEMININO NA TENDA DO CONTO.
Comunicação Oral Curta
Fernandes, S. E. T.1, Costa, E. O.1, Barros, S.C.A.1, Costa, G.M.F.M.1, Ferreira, T.G.1, Oliveira, P.R.L.1, Brasil, A.M.V.1, Salvador, S.P.1
1 CASSI-AL
Período de Realização
Março de 2025, em alusão ao Dia Internacional da Mulher, em um serviço de saúde suplementar na APS.
Objeto da experiência
Ação de saúde coletiva às mulheres, realizada por equipe multiprofissional na APS, com foco em um espaço de escuta, cuidado e práticas integrativas.
Objetivos
Promover acolhimento e cuidado integral ao público feminino, valorizando suas histórias e vivências por meio da escuta ativa e qualificada, do vínculo com a equipe multiprofissional e de práticas em saúde sensíveis no contexto da APS.
Descrição da experiência
A Tenda do Conto foi o eixo central da ação, proporcionando escuta ativa e partilha entre mulheres em um ambiente sensorialmente acolhedor. Foram oferecidas práticas integrativas como escalda-pés, massoterapia, aromaterapia e musicoterapia. Também houve degustação de alimentos, ambientação com frases motivacionais, entrega de brindes e disponibilização de cartilhas com orientações à saúde da mulher. O evento foi viabilizado pelo engajamento e articulação da equipe multiprofissional da APS.
Resultados
Houve alta adesão do público com a participação de 50 mulheres, sendo notado o expressivo envolvimento emocional entre elas. As mulheres compartilharam dores, afetos e memórias com liberdade, relatando o acolhimento, pertencimento e valorização. A ação identificou situações do cotidiano que interferem na saúde das mulheres, permitindo o fortalecimento do vínculo e maior aproximação com a equipe multiprofissional, identificando as necessidades de saúde das usuárias acompanhadas pelas APS.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a potência da escuta ativa como ferramenta terapêutica. O trabalho multiprofissional, aliado ao cuidado sensível e criativo, favoreceu um ambiente de confiança, expressão e promoção de saúde na APS.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação reafirma a importância da APS como espaço de cuidado integral e afetivo, sendo essencial a prática de metodologias ativas e simples na assistência à saúde da população. A Tenda do Conto revelou-se uma estratégia potente para escuta e vínculo, recomendando-se sua valorização e replicação em atividades coletivas voltadas ao cuidado de mulheres na APS.