Programa - Comunicação Oral Curta - COC13.1 - Programas de Residência em Saúde: Formação, Avaliação e Desafios Contemporâneos
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
A EXPERIÊNCIA DA RESIDÊNCIA EM SAÚDE COLETIVA NA PERSPECTIVA DA FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM
Comunicação Oral Curta
Rodrigues, D. A.1, Souza, A. G. F.1
1 FMUSP
Período de Realização
Relato referente ao primeiro ano da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva, no ano de 2025.
Objeto da experiência
Inserção das residentes de Enfermagem nas equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) no Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa (CSEB).
Objetivos
Analisar a inserção das residentes de Enfermagem como integrantes das equipes de ESF e compreender as potencialidades e desafios dessa atuação para o processo formativo e a construção do cuidado interprofissional.
Descrição da experiência
No primeiro ano da Residência em Saúde Coletiva e Atenção Primária, as residentes de Enfermagem integram as equipes de ESF do serviço em questão e realizam todas as atividades de competência do enfermeiro, supervisionadas por um preceptor direto. Além disso, por meio das atividades da Residência e de um compromisso coletivo, realizam ações interprofissionais, através de discussões de caso, troca de experiências e matriciamento, visando o cuidado integral do usuário.
Resultados
Através da experiência da Residência, as residentes têm a oportunidade de vivenciar uma área da saúde que muitas vezes não é protagonizada durante a graduação, com foco na formação em serviço, associada a estudos e discussões teóricas do campo da Saúde Coletiva. Paralelamente, contribuem também com as equipes e com o serviço, uma vez que aumentam a oferta de cuidados para a comunidade. Ainda, conseguem exercitar a discussão com outros profissionais que compõem a Residência Multiprofissional.
Aprendizado e análise crítica
A inserção das residentes de Enfermagem nas equipes de ESF mostra-se potente tanto para as enfermeiras quanto para a comunidade, uma vez que forma novos profissionais para o Sistema Único de Saúde e contribui com a diminuição da sobrecarga de trabalho dos profissionais da enfermagem. Por outro lado, mesmo com o esforço individual para romper a lógica da fragmentação do cuidado, observa-se a permanência de uma lógica uniprofissional, o que pode limitar vivências interdisciplinares.
Conclusões e/ou Recomendações
Diante do exposto, percebe-se como a atuação na Residência em Saúde Coletiva pode estimular a formação de profissionais qualificados e a ampliação do cuidado, sendo este fortalecido pelos vínculos com equipes e comunidade. Neste contexto, entende-se como fundamental o fortalecimento da integralidade nos campos de prática, garantindo espaços compartilhados de atuação e formação, a fim de potencializar o caráter multiprofissional da residência.
CAMINHOS INTERPROFISSIONAIS: ANÁLISE DA FORMAÇÃO DE UM PROGRAMA INTEGRADO DE RESIDÊNCIAS EM SAÚDE DA FAMÍLIA.
Comunicação Oral Curta
Carneiro, T.C.S1, Arce, V.A.R.2, Lima,B.P.S.3, Machado, S.S.4
1 MEPISCO/PPGSC/UNEB
2 PPGSC/UNEB e PPG-REAB/UFBA
3 PPGSF/RENASF/UNCISAL
4 FESF-SUS
Apresentação/Introdução
A Educação Interprofissional (EIP) é uma modalidade de formação onde duas ou mais profissões aprendem entre si, com, de e sobre cada uma, com o propósito de melhorar a colaboração e qualidade da assistência. Alguns estudos têm apontado o potencial das Residências Multiprofissionais, como propulsora da EIP, contudo poucas pesquisas têm se aprofundado sobre o tema das Residências Integradas.
Objetivos
analisar como se configura a EIP em um Programa Integrado de Residências (PIR) em Saúde da Família no estado da Bahia; Identificar os fundamentos metodológicos e compreender o olhar dos residentes acerca das vivências e estratégias pedagógicas.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com residentes do segundo ano de um Programa Integrado de Residências em Medicina de Família e Comunidade e Multiprofissional em Saúde da Família. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com um profissional de cada categoria profissional, reconhecidos como estratégicos e pesquisa documental do Projeto Político Pedagógico(PPP), sob a forma de relatório técnico, apresentado como produto técnico. Realizou-se a análise de conteúdo das entrevistas através de categorias analíticas organizadas a partir do referencial teórico de Hugh Barr, Scott Reeves e Marina Peduzzi.
Resultados
Os resultados apontam para a potência da experiência integrada de Residência para o fortalecimento da EIP no contexto da APS, especificamente devido às possibilidades concretas de vivências e aprendizagem compartilhada com outras categorias profissionais, bem como indicam fragilidades no nível macro e micropolítico.O produto técnico reafirma o alinhamento da formação para o Sistema Único de Saúde(SUS) e aponta para a necessidade de maior alinhamento para a adoção da EIP no PPP do programa.
Conclusões/Considerações
Entende-se, portanto, que especial atenção deve ser dada à qualificação dos docentes envolvidos, em especial aos preceptores. Recomenda-se a realização de pesquisas complementares que incluam a percepção de preceptores, apoiadores pedagógicos e coordenação sobre a EIP, considerando a relevância desta formação.
CARACTERIZAÇÃO DOS DOCENTES DE UM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM SAÚDE DE SALVADOR/BA NO PERÍODO PANDÊMICO.
Comunicação Oral Curta
Barreto, G. S. A.1, Freitas, M. Y. G. S.2
1 Fundação Estatal Saúde da Família e Universidade Estadual de Feira de Santana
2 Universidade Estadual de Feira de Santana
Apresentação/Introdução
A integração ensino-serviço e as residências na saúde são cruciais para a formação profissional no Sistema Único de Saúde. A pandemia da Covid-19, em 2020, exigiu reflexão e um novo olhar sobre formação e cuidado. Docentes das residências médicas e multiprofissionais enfrentaram desafios, necessitando implementar ações pedagógicas focadas em trabalho em equipe, humanização e cuidado centrado no paciente.
Objetivos
Caracterizar o perfil dos docentes de um Programa de Residência em Saúde de Salvador /BA, no período pandêmico.
Metodologia
Estudo descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa, que visa compreender a caracterização dos docentes de um Programa de Residência em Saúde. A pesquisa foi realizada em 04 Unidades de Saúde da Família em Salvador/BA. Participaram 11 docentes com atuação desde maio de 2020. A coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, por meio de entrevistas semiestruturadas individuais, gravadas e transcritas, com foco na trajetória profissional e formação pedagógica.
Resultados
A análise dos dados caracterizou o perfil e a atuação dos docentes. A maioria tinha entre 30 e 34 anos, e o sexo feminino predominou, refletindo a feminização da força de trabalho em saúde. A composição profissional incluiu médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e odontólogos. Em titulação, a especialização foi a mais comum, destacando a qualificação do corpo docente. O tempo de formado variou de 5 a 20 anos, com a maioria atuando na Saúde da Família. Todos os participantes atenderam aos pré-requisitos para docência, como graduação e experiência mínima de três anos, além de titulação, corroborando a importância da experiência e domínio para a formação dos residentes.
Conclusões/Considerações
A pesquisa caracterizou os docentes de um Programa de Residência em Saúde, evidenciando sua importância na formação em saúde durante a pandemia. Identificamos um corpo docente majoritariamente feminino, qualificado e experiente em Saúde da Família, que demonstrou resiliência e adaptabilidade ao focar no trabalho em equipe e cuidado centrado no paciente. A valorização da trajetória e expertise desses profissionais é imperativa para aprimorar a formação em saúde e fortalecer o Sistema Único de Saúde.
DESENVOLVIMENTO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DAS CONDIÇÕES DE FORMAÇÃO EM PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE
Comunicação Oral Curta
Ribeiro, L.G.1, Cyrino, E.G.2, Pazin-Filho, A.1
1 FMRP-USP
2 FMB-UNESP
Apresentação/Introdução
Para o credenciamento de programas de residência na Comissão Nacional de Residência Médica é necessário ser avaliado e aprovado por especialistas da área de solicitação. Contudo, não há instrumento-padrão para a medicina de família e comunidade (MFC) considerando sua especificidade de atuação, a atenção primária à saúde (APS).
Objetivos
Desenvolver e apresentar um instrumento para avaliar e monitorar a qualidade de programas de residência médica em MFC.
Metodologia
Analisar a experiência dos preceptores de residência em MFC, compreendendo suas fortalezas e ameaças, associando a legislação da residência médica para construir uma matriz avaliativa inicial. A matriz foi adequada por método Delphi nacionalmente. Por fim, o instrumento foi testado em programas de residência médica no estado de São Paulo.
Resultados
Foram apresentados 36 aspectos a partir dos preceptores, gerando uma matriz com 11 itens e aplicado a seis programas de residência. Os programas obtiveram resultados entre insatisfatório e completamente implementado. A percepção dos preceptores foi importante na construção da matriz, para ser próxima da realidade sob suas necessidades diárias, sendo corroborada pela literatura e pelos juízes, tornando-a focada na APS e na residência. O desenvolvimento da ferramenta permitiu confirmar de forma objetiva a percepção subjetiva obtida na abertura da pesquisa, reforçando a necessidade de tal ferramenta e sendo uma importante estrutura, baseada em legislação e na vivência da especialidade MFC.
Conclusões/Considerações
Um instrumento de avaliação e monitoramento de programas de residência em medicina de família e comunidade pode ser uma ferramenta para facilitar os gestores de programas e permite a avaliação e monitoramento, qualificando-os continuamente.
DIRETRIZES PARA FORMAÇÃO EM PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA EM SAÚDE DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DE SALVADOR: UMA ANÁLISE DE CONTEXTO
Comunicação Oral Curta
Sousa, A. A. C.1, Cerqueira, S. C. C.1, Amorim, I. S. A.1, Tranquilli, A. G.1, Goes, M. S. R.1, Quintino, J. M. L.1, Freitas, D. S.1, Chirelli, M. Q.2
1 SMS SALVADOR-BA
2 Hospital Sírio Libanês
Período de Realização
Fevereiro a Junho de 2025.
Objeto da experiência
Análise contextual para construção de diretrizes de implantação e gestão de Residências em Saúde na Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS).
Objetivos
Qualificar a gestão dos Programas de Residência em Saúde de gestão direta da ESPS, integrando ensino e serviço, fortalecendo redes de atenção e ampliando a formação em serviço no SUS.
Metodologia
O projeto envolveu profissionais da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador, alunos da Especialização em Gestão de Programas de Residência em Saúde (PROADI-SUS). A proposta visa estruturar diretrizes para residências médicas e multiprofissionais, promovendo uma formação integrada, crítica, colaborativa e ética. A etapa inicial consistiu na análise de contexto, essencial para um diagnóstico alinhado às necessidades dos atores envolvidos nos Programas de Residência em Saúde.
Resultados
Foram analisados documentos institucionais, atas de reuniões da COREME/COREMU e entrevistas com informantes-chave. Identificou-se alinhamento entre os PPPs da ESPS e dos programas, porém com ausência de diretrizes claras sobre currículo, matriz de competências, seleção e formação de docentes, tutores e preceptores. Constatou-se também falta de integração entre os programas, o que reflete desafios presentes em outros contextos formativos do país.
Análise Crítica
A experiência revelou a importância da articulação intrainstitucional, da qualificação da gestão e da liderança nos programas, e da necessidade de construção e utilização de instrumentos orientadores/normativos de implantação, implementação, monitoramento e avaliação dos processos pedagógicos.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se consolidar diretrizes claras para os programas de residência em saúde de gestão direta da SMS, fortalecer a formação em serviço com foco na construção de autonomia e protagonismo, capacidade de gestão e liderança, em consonância com as políticas do SUS.
ENCONTROS QUE TRANSFORMAM: VIVÊNCIAS ENTRE PRECEPTOR E RESIDENTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
NOGUEIRA, P. R. R.1, MARTENS, A. P. P.2, CANAVESE, O. D.1, SILVA, C. J.1, POLIDORO, M.1
1 PROFSAUDE/UFRGS
2 UFPR
Período de Realização
Realizada entre março a julho de 2024 em unidade de saúde da família do município de Canoas/RS.
Objeto da experiência
Preceptoria com residentes de enfermagem, serviço social, psicologia e fonoaudiologia na APS, no contexto da residência multiprofissional.
Objetivos
Relatar vivências entre preceptor e residentes multiprofissionais em saúde comunitária. Refletir sobre as transformações promovidas por essas interações no cuidado à saúde, na prática interprofissional e nos processos formativos, com base em experiências concretas e desafios no cotidiano da APS.
Descrição da experiência
A vivência ocorreu na Unidade de Saúde Niterói, em Canoas/RS, com quatro integrantes: enfermagem, serviço social, psicologia e fonoaudiologia sob preceptoria de um enfermeiro. A supervisão de campo semanal foi adotada como estratégia central, associada a ações como grupos operativos, atividades de sala de espera, visitas domiciliares e espaços de educação. A preceptoria buscou integrar os residentes ao cotidiano do território e da unidade, promovendo trocas formativas e cuidado compartilhado.
Resultados
A presença dos residentes qualificou o cuidado prestado, com impacto nas práticas da equipe e no acolhimento aos usuários. Um caso emblemático envolveu paciente idosa acamada e vítima de múltiplas violências, que exigiu atuação interprofissional articulada. Conflitos iniciais entre residentes e equipe exigiram construção de escuta ativa, respeito às diferenças e articulação entre saberes. Houve reorganização do território com construção de mapa atualizado e planejamento de ações extramuros.
Aprendizado e análise crítica
A residência revelou-se potente como espaço de formação prática e produção coletiva do cuidado. Para o preceptor, foi oportunidade de repensar seu papel e buscar estratégias pedagógicas mais eficazes. Para os residentes, destacou-se o aprendizado sobre tecnologias leves, gestão do cuidado e respeito às singularidades sem culpabilização. A diversidade profissional exigiu constante negociação e fortalecimento da comunicação que fortaleceram o vínculo entre formação e serviço.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reafirma a potência da residência multiprofissional na APS como espaço de integração entre ensino e cuidado. Recomendam-se investimentos em qualificação da preceptoria, apoio institucional e valorização dos residentes. Ações inovadoras devem ser fortalecidas como práticas integradoras. A experiência mostra que, mesmo diante dos limites estruturais, o vínculo e a escuta ativa são capazes de transformar a formação e a atenção à saúde.
INTERNACIONALIZAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS EM SAÚDE DA FIOCRUZ
Comunicação Oral Curta
Lizandra, Q. C.1, Marlete, P. S.1, Maurício, P.1
1 INI/FIOCRUZ
Período de Realização
Estágio internacional realizado em Havana - Cuba, no período de 21 de abril a 10 de maio de 2025.
Objeto da experiência
Vivência internacional de residentes da Fiocruz na Atenção Primária de Cuba, cooperação entre Fiocruz e Escola Nacional de Saúde Pública Cubana.
Objetivos
Relatar a experiência de internacionalização das residências em saúde da Fiocruz, por meio da vivência do estágio internacional em Cuba, destacando a valorização do investimento na formação multiprofissional.
Metodologia
A experiência ocorreu em Havana, Cuba, com participação de residentes de diferentes programas, como infectologia, ginecologia, saúde da família, saúde da população do campo, saúde mental, entre outros. Composto por equipe multi (medicina, enfermagem, psicologia, saúde coletiva, medicina veterinária e farmácia) de diferentes estados do Brasil, que conheceram a organização da atenção primária cubana, com destaque os consultórios de família, policlínicos e serviços das principais linhas de cuidado.
Resultados
Houve a ampliação de perspectivas sobre saúde de forma interdisciplinar, as estratégias de atenção e de enfrentamento às problemáticas emergentes no país, com trocas de saberes, desenvolvimento de competências culturais e éticas, especialmente no contexto vulnerável de um bloqueio econômico, que impacta a organização socioeconômica, vida e saúde da população. O que também potencializou o fortalecimento de uma formação crítica sobre determinantes sociais e os efeitos de políticas públicas.
Análise Crítica
A experiência evidenciou o potencial das trocas entre os programas de residência da Fiocruz, indicando a necessidade de fortalecer a integração e o diálogo entre as áreas formativas. Embora a internacionalização na pós-graduação e na residência historicamente privilegie a formação médica, o estágio em Cuba reafirma a importância de ampliar o incentivo à participação multiprofissional, valorizando o trabalho coletivo como base do cuidado em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A internacionalização das residências fortalece uma formação crítica, engajada e alinhada aos princípios do Sistema Único de Saúde. Entretanto, é urgente maior financiamento e valorização das residências multiprofissionais, historicamente secundarizadas frente à formação médica. Investir nestes programas é reconhecer que a saúde se constrói no coletivo e que um SUS de qualidade depende de equipes diversas, qualificadas e com compromisso social.
INVENTÁRIO DE COMPETÊNCIAS: LACUNAS E POTENCIALIDADES FORMATIVAS NAS RESIDÊNCIAS EM MFC E RMSF NA PARAÍBA
Comunicação Oral Curta
SOUZA, Élida de Fátima Diniz1, SANTOS, Silvana1, TOSCANO, Maysa Barbosa Rodrigues2, OLIVEIRA, José Olivandro Duarte de3, NÓBREGA, Renata Valéria4, NÓBREGA, Lauradella Geraldinne Sousa1, OLIVEIRA, José Danúzio Leite de1, MACHADO, Ana Paula Ramos1
1 PROFSAÚDE, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
2 Secretaria de Saúde do município de Mamanguape, Paraíba.
3 Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
4 Secretaria do Estado da Saúde da Paraíba
Apresentação/Introdução
Este estudo analisou competências de residentes e preceptores em programas de MFC e RMSF na Paraíba, partindo da hipótese de que a autoavaliação pode apoiar a transição para currículos mais alinhados às necessidades da Atenção Primária e do SUS.
Objetivos
Investigar competências profissionais em MFC e RMSF, utilizando autoavaliação para identificar fragilidades e potencialidades, subsidiando melhorias curriculares nos programas de residência em saúde.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, com 300 participantes (residentes e preceptores) de 11 programas de MFC e RMSF na Paraíba. Aplicou-se um questionário com 34 competências avaliadas por escala Likert (0 a 170 pontos). A análise estatística incluiu procedimentos descritivos e bivariados, comparando escores entre grupos e a concordância entre autoavaliação dos residentes e avaliação feita por preceptores.
Resultados
A maioria dos participantes era do sexo feminino (69,7%), sem companheiro(a) (53,7%) e sem filhos (76%). Preceptores, homens e profissionais com maior experiência na APS apresentaram escores mais altos de competências (p=0,003; p=0,008; p=0,003, respectivamente). Entre médicos residentes em MFC, a mediana da autoavaliação foi 123, enquanto a avaliação pelos preceptores foi 140 (p<0,001). Na RMSF, não houve diferença significativa entre as avaliações (134,5 vs. 130; p=0,483).
Conclusões/Considerações
A autoavaliação de competências demonstrou ser uma ferramenta eficaz para diagnosticar lacunas formativas e orientar melhorias nos currículos das residências em saúde. O estudo contribui para o fortalecimento da formação voltada à APS e reafirma a importância de instrumentos avaliativos participativos e contextuais na qualificação dos processos educacionais no SUS.
MATERNIDADE DE FILHOS ATÍPICOS NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA CONCILIAÇÃO ENTRE O CUIDADO E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Comunicação Oral Curta
FIDELES, W. M. M.1
1 ESP/RS
Período de Realização
Março de 2024 até o presente momento.
Objeto da experiência
A experiência de uma residente-mãe de criança com TEA, que enfrenta a sobrecarga, invisibilidade e impactos psíquicos na formação em saúde.
Objetivos
Relatar a experiência de conciliar a maternidade de uma criança com TEA com a formação na residência multiprofissional em saúde, destacando os desafios enfrentados, as estratégias construídas e as possibilidades de fortalecimento de redes de apoio.
Descrição da experiência
Relato de experiência de uma residente do 2º ano da Residência em Saúde Coletiva – Gestão em Saúde da ESP/RS, mãe de duas crianças, uma com TEA. A vivência articula formação profissional e cuidado materno. A narrativa baseou-se em registros pessoais, memórias reflexivas e referencial teórico sobre maternidade e formação. Utilizou-se análise crítica da vivência, destacando barreiras institucionais e desafios impostos à residente-mãe.
Resultados
A experiência revelou desafios como a difícil conciliação de horários, sobrecarga emocional, culpa materna, ausência de políticas institucionais e rigidez normativa. Destacou-se a relevância das redes de apoio e de ambientes formativos sensíveis às diferentes realidades. As estratégias envolveram diálogo com tutores, escuta ativa, apoio coletivo e debate sobre maternidade, interseccionalidade e vulnerabilidades na formação em saúde
Aprendizado e análise crítica
A vivência evidenciou a invisibilização das demandas maternas na residência e os impactos das desigualdades de gênero na trajetória formativa. Reforça-se a urgência de políticas que reconheçam a maternidade atípica, com dispositivos de apoio e flexibilização. Destaca-se o papel das redes de apoio e de ambientes formativos sensíveis para garantir permanência, bem-estar e equidade na formação de mães estudantes.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente revisar as políticas dos programas de residência, criando mecanismos de apoio, acolhimento e flexibilização para residentes-mães. Recomenda-se fortalecer políticas públicas que considerem a pluralidade da maternidade, em especial de filhos atípicos. Redes de apoio e escuta sensível são essenciais para práticas formativas mais humanas, inclusivas e equitativas.
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DIGITAL DO CEARÁ: PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DE UMA INICIATIVA PIONEIRA NA FORMAÇÃO PARA O SUS
Comunicação Oral Curta
Ferreira, J. L. P. M.1, Medeiros, M.S.1, Martins, M. M.1, Macedo, K. P. S. M.1, Silva, S. M. N. B.1, Oliveira, M. J. A.2, Rocha, S.M. B.2, Barakat, R. D. M.1, Azevedo, A. A. A1, Moreira, T. M. M3
1 Secretaria da Saúde do Estado do Ceará/SESA
2 Escola de Saúde Pública do Ceará/ ESP CE
3 Universidade Estadual do Ceará/ UECE
Período de Realização
Elaboração em maio/2024 e início da 1ª turma em março/2025, com duração de 24 meses.
Objeto da produção
Elaboração e implementação do Projeto Político Pedagógico da Residência Multiprofissional em Saúde Digital do Ceará, pioneira no Brasil
Objetivos
Apresentar o processo de construção e implementação do Projeto Político Pedagógico da Residência Multiprofissional em Saúde Digital do Ceará, visando consolidar uma proposta formativa inovadora, que promova o fortalecimento da transformação digital, integralidade e equidade no SUS.
Descrição da produção
A elaboração do PPP contou com escuta e participação coletiva, baseada nas diretrizes da Política de Educação Permanente em Saúde. Executada pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará - SESA CE e ESP CE, a residência adota metodologias ativas, integração ensino-serviço-comunidade-inovação e competências diversas. A formação contempla diferentes campos de atuação e dialoga com os eixos do SUS Digital, valorizando a transversalidade da saúde digital no cuidado, gestão e formação.
Resultados
A implementação da residência inseriu os profissionais em processos estratégicos da saúde digital no SUS, com atuação em telessaúde, regulação, vigilância, informatização da APS e uso de dados. Houve fortalecimento da cultura de educação permanente e inovação, com ações intersetoriais e interprofissionais. O PPP consolidou a saúde digital como eixo da formação, promovendo soluções para os desafios do SUS por meio da integração entre prática, gestão e tecnologia.
Análise crítica e impactos da produção
A experiência reafirma a residência como política pública estratégica para o SUS Digital, ampliando o acesso qualificado ao cuidado. O PPP fortalece a formação de profissionais que integram saberes técnicos, éticos e sociais. Sua construção coletiva alinha a formação às necessidades dos territórios, promovendo inovação com sentido social, inclusão digital, proteção de dados e transformação dos processos de trabalho no SUS.
Considerações finais
A Residência em Saúde Digital do Ceará estabelece um campo formativo alinhado aos princípios do SUS, integrando saúde, educação e tecnologia. A experiência evidencia a educação permanente na formação para os desafios e possibilidades da saúde digital. O PPP se afirma como marco para novas políticas e programas, sendo uma contribuição concreta para o fortalecimento da transformação digital no SUS, a partir do território e das práticas.