Programa - Comunicação Oral Curta - COC5.1 - Produção do cuidado a populações específicas na APS
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
08:30 - 10:00
QUANDO A APS CUIDA, RESOLVE E ROMPE BARREIRAS E PARADIGMAS: FISIOTERAPIA COMO RESPOSTA ÀS DEMANDAS RESPIRATÓRIAS INFANTIS, ÀS INIQUIDADES E FILAS NA ATENÇÃO ESPECIALIZADA
Comunicação Oral Curta
Santos, M. L. M.1, Dutra, L. M. S.1, Bernal, D. A. D. R.1, Merey, L. F.1
1 UFMS
Período de Realização
Março de 2022 a junho de 2025, com atendimentos semanais e ações educativas longitudinais.
Objeto da experiência
Implementação de cuidado fisioterapêutico a crianças e adolescentes com condições respiratórias agudas e crônicas na Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Ampliar o acesso ao cuidado em fisioterapia respiratória na APS, qualificando o manejo nas condições respiratórias em pediatria, aumentando a resolutividade no território, fortalecendo a integração ensino-serviço e contribuindo para reduzir iniquidades e filas na atenção especializada (AE).
Descrição da experiência
Crianças com condições respiratórias foram avaliadas por estudantes de fisioterapia, supervisionados, na USF. As elegíveis para o cuidado na APS com tecnologias de menor densidade receberam atendimentos individuais e/ou em grupo, com terapias lúdicas. Foi realizada educação em saúde, presenciais e via app de mensagens, com as mães e na sala de espera da USF. Houve foco no cuidado integral e resolutivo, redução de barreiras de acesso e qualificação da APS como espaço de reabilitação no território.
Resultados
Participaram 42 crianças-2 meses-14 anos, com bronquiolite, pneumonia, asma, atelectasia, outras condições respiratórias agudas/crônicas; 45 estudantes. O cuidado em tempo oportuno na USF trouxe melhora clínica, redução da necessidade de AE, maior vínculo com as mães, que relataram: “Tinha tosse, usava bombinhas, não usa mais. Dois anos de espera no Sisreg, sem resposta; 2 anos aqui no grupo.” “Três sessões e já melhorou muito. Não poderia levar em outro lugar, não tenho dinheiro, locomoção.”
Aprendizado e análise crítica
Rompe-se com a lógica hegemônica de que a FR é exclusiva da AE, mostrando a potência da APS como espaço resolutivo de reabilitação, sobretudo com as e-Multi. Ao incorporar práticas de baixa densidade tecnológica, alinhadas aos princípios do SUS e recomendações da OMS de fortalecimento da reabilitação na APS, promoveu acesso, equidade e resolutividade. Reforça a centralidade da APS no cuidado em condições respiratórias, problema sazonal de difícil enfrentamento que sobrecarrega a saúde no país.
Conclusões e/ou Recomendações
A FR na APS mostrou-se estratégia contra-hegemônica, viável e resolutiva; amplia a integralidade, equidade e democratização do cuidado. A experiência contribui com estratégias concretas para superar barreiras históricas no acesso à reabilitação, ampliando o escopo de atuação e resolutividade da APS em defesa do SUS e da vida. Ainda, fomenta a formação crítica na saúde e está alinhada aos objetivos das e-Multi no cuidado no território.
EQUIPE CONSULTÓRIO NA RUA: O OLHAR SEM PRECONCEITOS, DESAFIOS NO ACOLHIMENTO E REDES DE ATENÇÃO
Comunicação Oral Curta
Morais, S. M.1, Mattos, A. L. O. P.1, Viegas, S. M. F.1
1 Universidade Federal de São João Del-Rei
Apresentação/Introdução
As pessoas em situação de rua vivem em condições de vulneração, apresentam altas taxas de agravos à saúde, morbimortalidade evitável e enfrentam estigmas e restrição do acesso aos serviços de saúde, principalmente no nível primário da atenção. Diante disso, na busca de uma assistência equitativa, integral e universal, implementou-se em 2011 a equipe de Consultório na Rua (eCR) no Brasil.
Objetivos
Compreender a atenção à saúde de pessoas em situação de rua no cotidiano da equipe de Consultório na Rua e redes de atenção.
Metodologia
Trata-se de estudo oriundo de dissertação de Mestrado de abordagem qualitativa, que utilizou como referencial metodológico a Teoria Fundamentada nos Dados e o referencial teórico o Interacionismo Simbólico. O estudo ocorreu em um município de grande porte populacional localizado na região Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais, no qual foi implemantada, em 2022, uma equipe de Consultório na Rua. As fontes de evidências foram a entrevista aberta individual e registro em memorandos. A coleta de dados ocorreu entre junho de 2024 à março de 2025, participaram do estudo 29 profissionais atuantes na equipe de Consultório na Rua, na Estratégia de Saúde da Família e na Rede Socioassistencial.
Resultados
A eCR é mais que um incentivo é uma necessidade, é proativa, tem envolvimento e gosto pelo que faz, atua sem preconceito para acolher e ofertar o direito à saúde às pessoas em situação de rua. Faz busca ativa e atendimento in loco, possui uma unidade de referência e apoio, apesar dos desafios cria vínculo com as pessoas em situação de rua. Em muitos serviços há negligência no atendimento a essas pessoas, a eCR e a Rede Socioassistencial procura perante demandas complexas garantir o acesso à saúde e a proteção da dignidade humana e da autonomia dessas pessoas. Há necessidade de treinamento dos profissionais da rede para o atendimento integral a essas pessoas.
Conclusões/Considerações
A atenção integral in loco, singular e humanizada às pessoas em situação de rua é interdepende de ações intersetoriais e constitui-se em desafios cotidianos perante a complexidade do viver e do manter-se nas ruas. O trabalho em rede possibilita não somente o acesso à saúde mais facilitado, mas aos direitos fundamentais à vida com dignidade para essas pessoas.
ESTRATÉGIAS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA PARA OPERACIONALIZAÇÃO DO CUIDADO E APROXIMAÇÃO COM USUÁRIOS HOMENS
Comunicação Oral Curta
Araujo, I. B.1, Rodrigues, T. R. D.1
1 UNEB
Apresentação/Introdução
A promoção da saúde e o cuidado aos usuários homens têm sido uma preocupação crescente nos últimos anos na produção científica sobre Homens e masculinidades e nas práticas da Estratégia Saúde da Família (ESF). No entanto, a adesão dos homens aos serviços de saúde e a desconstrução da masculinidade hegemônica nestes espaços de produção do cuidado representam desafios.
Objetivos
Investigar as estratégias utilizadas pelas equipes de Saúde da Família dos distritos sanitários de Salvador-BA para a operar cuidado e aproximarem-se dos usuários homens de seus territórios adcritos.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa exploratória, de cunho observacional e exploratório, cujo objetivo foi analisar as Estratégias das Equipes de Saúde da Família para operacionalização do cuidado e aproximação aos homens. Foram entrevistados e observados na prática 49 trabalhadores de sete Unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF) de cinco Distritos Sanitários do município de Salvador; nos meses de abril a julho de 2023, orientados por roteiro, no horário de funcionamento das unidades, de segunda a sexta, e aos sábados, quando tiveram ações voltadas aos homens. Os dados foram transcritos e organizados de acordo com Análise de Conteúdo de Bardin.
Resultados
Sete categorias foram organizadas: 1. Estratégias anteriores (ou passadas) de cuidado aos homens na saúde da família. 2. Ações em julho: dia internacional do homem. 3. Novembro azul. 4. Pré-natal do parceiro. 5. Sábado do Homem como uma estratégia municipal da capital baiana, que visa ampliar acesso e acolhimento de homens adultos para buscarem o serviço de saúde e a prevenção. 6. Vínculo de profissionais com usuários, de modo a incentivar a confiança e o atendimento de qualidade, em que, através da escuta qualificada, fazem com que os usuários se sintam seguros para expressar as suas queixas. 7. a importância do trabalho do ACS na intermediação entre o usuário e a unidade.
Conclusões/Considerações
Destacou-se a existência pontual ou frequente dos atendimentos aos sábados voltados para os homens. Porém, é perceptível que o vínculo e o acolhimento com resolubilidade, sejam no interior da unidade de saúde ou no território, são estratégias muitas vezes praticadas pelos trabalhadores com o objetivo de produzir o cuidado de si dos homens na saúde da família.
IMPACTOS DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL NA AMPLIAÇÃO DA PRÁTICA DE ENFERMAGEM NA APS EM CAMPO GRANDE/MS
Comunicação Oral Curta
Mendes, F.G.1, Ferreira, E.O.R.1, Costa, A.M.R.F.1, Paiva, L.D.M.P.1
1 SESAU/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A consulta de enfermagem é vital para o cuidado integral na APS, especialmente na ESF. Em Campo Grande/MS, apesar de normas como a Resolução SESAU nº 536/2020 e protocolos do COREN/MS, a prática se limita a puericultura, pré-natal e classificação de risco. As Residências em MFC (2022) e RMSF (2024), em uma unidade de saúde ligada ao Projeto Qualifica APS, buscam ampliar essa atuação.
Objetivos
Avaliar os impactos da implantação das Residências Médica e Multiprofissional na ampliação das consultas e procedimentos de enfermagem em uma unidade de saúde, a partir da adesão ao Projeto Qualifica APS em 2022.
Metodologia
Estudo observacional descritivo, com abordagem quantitativa e elementos qualitativos, realizado na USF Paulo Coelho Machado. Foram analisados dados extraídos de relatórios de atendimentos e procedimentos do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), comparando os anos de 2020 e 2024. Como variáveis foram utilizados os atendimentos gerais, consultas de escuta, consultas agendadas, consultas no dia, pré natal, puerpério e atendimentos domiciliares; Quanto aos procedimentos, foram usados: Inserção e retirada de DIU, Exames citopatológicos e Curativos. A análise contemplou frequências absolutas e variações percentuais, complementada por interpretação qualitativa dos achados.
Resultados
Houve redução de 2.548 atendimentos gerais, com queda nas consultas de escuta (-4.078) e agendadas (-977), mas aumento nas consultas no mesmo dia (+1.158) e realizadas por enfermeiros de nível superior (+4.370). Cresceram atendimentos individualizados, como pré-natal (+88), puerpério (+43), puericultura (+52) e domiciliares (+275). Procedimentos como inserção (+32) e retirada de DIU (+15), exames citopatológicos (+108) e curativos (+5) também aumentaram. Apesar da redução no total, houve evolução qualitativa, diversificação das práticas clínicas e fortalecimento da autonomia profissional.
Conclusões/Considerações
Apesar da redução no volume total de atendimentos, houve evolução qualitativa na prática da enfermagem. O enfermeiro passou a atuar de forma mais abrangente, integrando as linhas de cuidado ao longo do ciclo de vida, diversificando as práticas e incorporando procedimentos avançados, como inserção de DIU e atendimento de demandas em geral. A residência contribuiu para fortalecer a autonomia profissional, ampliar o acesso e qualificar o cuidado na APS.
ESTRATÉGIAS DE DIAGNÓSTICO E ADESÃO AO TRATAMENTO DA TUBERCULOSE EM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA EQUIPE DE CONSULTÓRIO NA RUA
Comunicação Oral Curta
Enfermeira, especialista em saúde da família, mestranda do Programa de Saúde da Família da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), coordenadora da equipe de Consultório na Rua e Prefeitura Municipal de Três Lagoas,1, Enfermeira, doutora em educação (UFMS), docente do Programa de Mestrado em Saúde da Família da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS2, Enfermeira, doutora em promoção da saúde, professora adjunta, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas – UFMS/ CPTL3, Médica, pós graduada em psiquiatria, medicina do trabalho, pós graduanda em medicina da família e comunidade pela Fiocruz, médica do consultório na rua no município de Três Lagoas/MS4, Mestre em linguística- Área Análise do Discurso pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e Especialista em vigilância sanitária e epidemiológica - universidade de Ribeirão Preto5, Médica, especialista em Medicina de Família e Comunidade, médica da equipe de Consultório na Rua e Prefeitura Municipal de Três Lagoas6, Assistente Social, especialista em gestão social e políticas públicas, Assistente Social da equipe Consultório na Rua e Prefeitura Municipal de Três Lagoas7, Médico do Complexo Regulador da Prefeitura Municipal de Três Lagoas (CR/PMTL) e Doutor em Ciência Política (UFSCar),8
1 andmalima076@gmail.com
2 priscila.marcheti@ufms.br
3 sueli.baldan@ufms.br
4 sabrina.rossino@gmail.com
5 maria.rodrigues@treslagoas.ms.gov.br
6 jessica.moraesfalcao@gmail.com
7 coruja.rodrigues10@gmail.com
8 joao.sartori1992@gmail.com
Período de Realização
A experiência relatada refere-se ao evento iniciado em maio de 2024 até a data atual.
Objeto da experiência
Estratégias do Consultório na Rua (CnR) para diagnosticar Tuberculose e assegurar a adesão ao tratamento, em pessoas em situação de rua.
Objetivos
Relatar a experiência de uma equipe do Consultório na Rua em Três Lagoas-MS, destacando estratégias para promover a adesão ao tratamento da tuberculose; enfatizando a importância do trabalho interprofissional e demonstrar que o tratamento é viável mesmo em condições adversas, como o contexto da rua.
Metodologia
A experiência envolveu o mapeamento da população em situação de rua (PSR), realização de busca ativa de sintomáticos respiratórios, oferta de exames TRM-TB para diagnóstico. Foram diagnosticados sete casos que receberam o tratamento por meio da estratégia de tratamento diretamente observado - DOT, com acompanhamento, inclusive aos finais de semana e feriados, pela equipe de enfermagem. Todos os pacientes tinham transtorno por uso de substâncias e vínculos familiares frágeis ou interrompidos.
Resultados
Além da oferta do DOT a equipe buscou estabelecer uma relação de confiança com o paciente, incentivou o restabelecimento dos vínculos familiares, pactuação de locais para entrega de medicamentos nos espaços públicos, oferta de suplementação para garantir segurança alimentar e melhor adesão ao tratamento, além de ações interprofissionais e intersetoriais envolvendo diversos estabelecimentos da rede de assistência à saúde. Cinco pacientes já receberam alta até o momento.
Análise Crítica
A experiência da equipe de CnR reforça que apesar de condições adversas como a situação de rua e de vulnerabilidade social, a estratégia de fortalecimento do vínculo e desenvolvimento de ações intersetoriais são fundamentais para a eficácia do tratamento da tuberculose. O trabalho multiprofissional e o cuidado integral promovem ganhos significativos, demonstrando que é possível garantir a continuidade do tratamento e promover direitos de saúde e cidadania às populações em situação de rua
Conclusões e/ou Recomendações
Embora as equipes de Consultório na Rua enfrentem dificuldades como a miséria e estigmatização, que dificultam o acesso e o cuidado à população em situação de rua, o que, por vezes, gera sentimento de impotência entre os profissionais, pode-se observar que é possível desenvolver ações que permitam detectar precocemente, tratar e curar a tuberculose, através de estratégias que promovam a integralidade do cuidado, mesmo em cenários adversos.
ESTRATÉGIAS E BARREIRAS NA IMPLEMENTAÇÃO DOS ATRIBUTOS ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA E COMPETÊNCIA CULTURAL NA APS COM POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS
Comunicação Oral Curta
Santos, M. R.1, Batista, E. O.1, Alves, W. A.2, Faria, L.1
1 UFSB
2 UFJF
Apresentação/Introdução
Os atributos da Atenção Primária à Saúde (APS) orientam práticas integradas e qualificadas, especialmente em contextos de vulnerabilidade. Destacam-se a orientação comunitária e a competência cultural como dimensões críticas para o enfrentamento das iniquidades em saúde e a qualificação da atenção.
Objetivos
Analisar a produção científica brasileira sobre estratégias e barreiras para implementação dos atributos orientação comunitária e competência cultural com populações vulnerabilizadas na APS.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, produzida no âmbito do Mestrado Profissional em Saúde da Família (PROFSAÚDE), com base na estratégia PICo. A busca foi realizada nas bases SciELO, LILACS e MEDLINE, sem limite temporal e de idioma. Foram incluídos estudos qualitativos, quantitativos ou de métodos mistos que abordassem os atributos com populações vulnerabilizadas no contexto da APS brasileira. A triagem, extração e análise de dados seguiram as diretrizes PRISMA e do Joanna Briggs Institute. Foram incluídos 24 artigos publicados entre 2014 e 2023. A análise temática identificou estratégias e barreiras à implementação dos atributos, organizadas em categorias interpretativas.
Resultados
Dos estudos incluídos, 54,1% abordaram a orientação comunitária, 25,1% trataram ambos os atributos e 20,8% focaram exclusivamente na competência cultural. As populações vulneráveis investigadas incluíram indígenas, quilombolas, pessoas em situação de rua, LGBTQIA+, ribeirinhos, imigrantes, idosos em vulnerabilidade e moradores de periferias urbanas. Foram identificadas dez estratégias (ex.: educação em saúde, visitas domiciliares, intersetorialidade) e sete barreiras (ex.: ausência de formação específica, precariedade estrutural e resistência a práticas culturalmente sensíveis). A escuta qualificada, o vínculo e o reconhecimento dos saberes locais destacaram-se como elementos essenciais.
Conclusões/Considerações
A incorporação dos atributos na APS requer mudanças institucionais e práticas profissionais culturalmente sensíveis. Estratégias como o trabalho intersetorial, a escuta ativa e a educação permanente são fundamentais para enfrentar vulnerabilidades e promover o cuidado integral. O fortalecimento da orientação comunitária e da competência cultural é essencial para reduzir iniquidades e ampliar a efetividade das ações em saúde.
PERCEPÇÃO MÉDICA SOBRE A ATUAÇÃO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO MANEJO DA DOENÇA DE CHAGAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM MINAS GERAIS
Comunicação Oral Curta
Souza, A. B.1, Guimarães, D. A.2, Damasceno, R.F.1, Ferreira, A. M.1, Cardoso, C. S.2, Baldoni, N. R.3, Gonçalves, A. C. O.2, Santos, A. C. J.1, Sabino, E. C.4, Haikal, D. S.1
1 UNIMONTES
2 UFSJ
3 UIT
4 USP
Apresentação/Introdução
A Doença de Chagas (DC) afeta, predominantemente, populações com acesso limitado aos serviços de saúde. A Estratégia Saúde da Família (ESF) conta com uma equipe multiprofissional, incluindo os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Esses profissionais conhecem as vulnerabilidades locais, realizam visitas domiciliares e orientações, contribuindo para a melhoria das condições de saúde da população.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo analisar a percepção de médicos atuantes na Atenção Primária à Saúde (APS) sobre o papel dos ACS no manejo da DC.
Metodologia
Estudo qualitativo que utilizou grupos focais (GF) como técnica de coleta de dados. Foram utilizados dados do projeto SaMi-Trop, estudo multicêntrico baseado na ciência da implementação (CONEP 5.958.798/2021). O estudo foi conduzido em três municípios de Minas Gerais, estado endêmico para DC, sendo dois municípios de pequeno porte e um de médio porte. Todos os médicos da APS foram convidados por meio das Secretarias Municipais de Saúde. Os GF foram conduzidos por um moderador e dois observadores, seguindo um roteiro semiestruturado padronizado. As falas foram gravadas e transcritas na íntegra. A análise dos dados seguiu a técnica de análise de conteúdo temática, conforme Bardin.
Resultados
Os médicos relataram que os ACS são profissionais essenciais para a prática clínica na APS. Atuam como mediadores na comunicação entre pacientes e equipe de saúde, dada a proximidade com a comunidade, pois residem na área onde trabalham. Esse vínculo é considerado fundamental, por constituir uma fonte ativa de informações sobre o estado de saúde dos pacientes e possibilitar a vigilância contínua do território. Essas ações seguem as diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), que atribui funções voltadas à atenção à saúde da família, com ênfase na prevenção e promoção da saúde.
Conclusões/Considerações
Os achados reforçam o papel estratégico dos ACS na prática clínica da APS, destacando seu papel como ponte entre a população e a equipe de saúde. A valorização e o fortalecimento desse vínculo, por meio de capacitações específicas, podem potencializar ainda mais a vigilância territorial e a identificação precoce da DC, contribuindo para a efetividade das ações de prevenção e promoção da saúde.
PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO LITORAL DE PERNAMBUCO SOBRE SAÚDE DA POPULAÇÃO DA PESCA ARTESANAL
Comunicação Oral Curta
Paz-Neto, E. P.1, Lira, T. K. S.2, Silva, E. S.3, Peixinho, B. C.3, Flores, M. G.3, Santos, M. O. S.3
1 Universidade de Pernambuco (UPE)
2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
3 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco (IAM/Fiocruz-PE)
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA) busca ampliar o acesso à saúde das populações tradicionais, reconhecendo suas especificidades e a determinação social do processo saúde-doença. Apesar disso, não há estudos sobre a implementação da PNSIPCFA nos territórios da pesca e os conhecimentos dos profissionais de saúde sobre a saúde dos povos das águas.
Objetivos
Descrever os conhecimentos dos profissionais da estratégia de saúde da família (ESF) do litoral de Pernambuco sobre a saúde da população da pesca artesanal na perspectiva da PNSIPCFA.
Metodologia
Estudo exploratório, de abordagem mista, com delineamento transversal e amostragem intencional, realizado com profissionais da ESF atuantes em comunidades da pesca artesanal (CPAs) do litoral de Pernambuco. Trata-se de uma pesquisa-ação desenvolvida concomitantemente a um curso de aperfeiçoamento sobre saúde das populações da pesca artesanal. A coleta de dados ocorreu em abril de 2025, por meio de questionário estruturado com 55 itens, contendo perguntas fechadas e abertas, aplicado via Google Forms. Os dados foram sistematizados em planilhas e analisados no Excel.
Resultados
Participaram do estudo 26 profissionais da ESF, majoritariamente mulheres (21) e com mais de 40 anos (15). As categorias mais presentes foram agentes comunitários de saúde (9), cirurgiões-dentistas (5) e enfermeiros(as) (5), com predominância de pessoas autodeclaradas pardas (14). Em relação aos conhecimentos sobre a PNSIPCFA, 57,7% declararam desconhecimento total e 30,8% relataram pouco conhecimento sobre a política de saúde. Entre os principais desafios mencionados pelos profissionais para o atendimento em CPAs, destacaram-se: lacunas formativas, dificuldades de acesso e vínculo, condições socioeconômicas adversas, escassez de insumos, apoio institucional limitado e barreiras de gênero.
Conclusões/Considerações
Os profissionais possuem baixo ou nenhum conhecimento sobre as especificidades em saúde da população da pesca artesanal. Questões estruturais e territoriais foram mencionadas como barreiras para a efetivação da PNSIPCFA na APS. A proposta do curso de aperfeiçoamento mostrou-se como uma estratégia potente para qualificar o cuidado, fortalecer a implementação da PNSIPCFA e promover o reconhecimento e a inclusão das CPAs no âmbito do SUS.
POR DENTRO DOS MUROS, UM CORPO QUE GERA: CUIDADOS POSSÍVEIS NA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO PRIVADA DE LIBERDADE
Comunicação Oral Curta
Joels, V. L.1, Oliveira, S.2
1 UFRJ
2 IFF
Período de Realização
Vivência ocorrida de janeiro a setembro de 2024.
Objeto da experiência
Acompanhamento de binômio gestante em privação de liberdade diagnosticada com HIV e toxoplasmose na gestação, com intercorrência medicamentosa.
Objetivos
Relatar a experiência de cuidado ampliado a gestante privada de liberdade com HIV e toxoplasmose, refletindo sobre os desafios da rede, a responsabilização da equipe e a potência do vínculo e da vigilância ativa na garantia do direito à saúde da mãe do bebê
Descrição da experiência
A paciente, diagnosticada como gestante ao ingressar no cárcere, foi acolhida na primeira consulta de pré-natal, onde se identificou infecção por HIV. No seguimento, foi diagnosticada com toxoplasmose gestacional e apresentou reação adversa à medicação. O cuidado envolveu articulação com infectologia e obstetrícia, ajuste terapêutico e vigilância. A via de parto foi redefinida às vésperas de 39 semanas, exigindo articulação interinstitucional. Houve desfechos positivos para mãe e bebê.
Resultados
O bebê nasceu saudável, sem sinais de infecção congênita por HIV ou toxoplasmose. A paciente manteve boa adesão ao tratamento e vínculo com a equipe. A vigilância ativa sobre processos externos ao controle direto da equipe, como transporte e marcação de consultas, foi essencial para o bom desfecho. A experiência fortaleceu a relação entre equipe e paciente e evidenciou a importância de estratégias intersetoriais para integração entre serviços de referência e atenção em contexto prisional.
Aprendizado e análise crítica
O caso reforça que o cuidado em privação de liberdade exige responsabilização ampliada da equipe, que deve monitorar e articular ações além de sua governabilidade direta. A coordenação do cuidado, atributo da APS, assume centralidade e complexidade ampliadas nesse contexto. Evidencia-se a importância de itinerários definidos na rede e os desafios éticos e operacionais da atenção à saúde. Vínculo, presença contínua e articulação foram essenciais à garantia do direito à saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
É possível garantir cuidado qualificado a gestantes privadas de liberdade, mesmo com riscos clínicos e entraves institucionais, por meio de presença ativa, vínculo e escuta qualificada. A experiência reforça a importância de fortalecer a rede entre serviços de referência e sistema prisional, e de valorizar as equipes locais como articuladoras do cuidado. Recomenda-se criar diretrizes que reconheçam especificidades da gestação neste contexto.
SERVIÇOS OFERTADOS POR UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA FLUVIAL: EXPERIÊNCIAS EM COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO BAIXO TAPAJÓS, AMAZÔNIA
Comunicação Oral Curta
Freitas, S.B.1, AGUIAR, G.M.1, Cipriano, R.S.1, Anjos, E.N.T.1, Lisbôa, J.D.B.2, Lima, J.G.1, Meschede,M.S.C.1
1 UFOPA
2 Farmacêutico da Secretaria de Saúde do Município de Santarém
Período de Realização
O período de realização da experiência foi de 26 de setembro a 2 de outubro de 2023.
Objeto da experiência
Visa relatar a experiência realizada durante um estágio extracurricular na UBSF Abaré I, vinculado a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
Objetivos
Seu objetivo é relatar a experiência vivenciada durante a expedição da UBSF, destacando os serviços de APS realizados em comunidades ribeirinhas do Baixo Tapajós, no município de Santarém (PA), aprendizados e desafios.
Descrição da experiência
Trata-se de um relato de experiência de uma expedição realizada nas comunidades de Maripá, Anumã, Novo Progresso, Capixauã, Suruacá, Pajura, Jauarituba, Tucumatuba e Boim, todas localizadas na rota do Baixo Tapajós, Santarém, Pará, Amazônia. O Abaré é a primeira UBSF do Brasil reconhecida pelo SUS, em operação desde 2006, conta com uma equipe multiprofissional, tripulação, estagiários, voluntários de universidades e ONGs, para melhoria do acesso aos serviços de saúde às comunidades ribeirinhas.
Resultados
Os serviços de saúde ofertados pela UBSF são: vacinação, consultas médicas e odontológicas, exames laboratoriais, ultrassom, ações de educação em saúde e escuta qualificada. Casos complexos são encaminhados para serviços especializados, no entanto, essa expedição contou com médicos da ONG Zoé (Radiologia, Ginecologia e Dermatologia). O acolhimento e a escuta ativa marcaram a atuação. Destacaram-se desafios como falta de energia, transporte e materiais em algumas comunidades.
Aprendizado e análise crítica
É notável, a importância da UFOPA em manter a UBSF em co-gestão com Santarém, Aveiro e Belterra, viabilizando estágios na saúde ribeirinha. Serviços como ultrassonografia e escuta qualificada se destacam, mas há potencial para incorporar atendimentos em saúde mental através da telessaúde. Essa vivência proporcionou aprendizagem no contexto da saúde amazônica, técnica e humana dos futuros profissionais, ao mesmo tempo contribui com a promoção da equidade no cuidado à essa população.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência com a UBSF Abaré evidenciou a importância de estratégias de saúde itinerantes para garantir o acesso à saúde nas comunidades ribeirinhas. Os relatos destacam o papel transformador da atenção primária humanizada, a necessidade de políticas públicas voltadas às populações tradicionais e a relevância de fomentar a integração ensino-serviço-comunidade.