
Programa - Outras Linguagens - OL4 - Do Sonho ao silêncio na Saúde Coletiva
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
“CRISES SISTÊMICAS”: A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE RISCOS E CRISES COM PRINCÍPIOS DE EDUCAÇÃO POPULAR
Outras linguagens
1 Observatório De Olho Na Quebrada
2 UNAS Heliópolis e Região
3 USP
Período de Realização
Projeto realizado entre agosto/2024 e março/2025. Vídeo produzido entre fevereiro/2025 e maio/2025.
Objeto da produção
Vídeo de divulgação de resultados do projeto “Jovens pesquisadores de Heliópolis” sobre o conceito e impactos de crises sistêmicas em seu território.
Objetivos
Difundir uma experiência de produção participativa de conhecimento construída a partir de uma parceria entre academia e movimentos sociais; e comunicar sobre as conexões que se apresentam no território entre as crises de mudanças climáticas, a pandemia de Covid-19 e a insegurança alimentar.
Descrição da produção
O vídeo traz a interpretação e reflexão de jovens pesquisadores sobre crises sistêmicas a partir do território urbano de Heliópolis, São Paulo. Nele, são descritas conexões e complexidades na relação entre as mudanças climáticas, a pandemia de Covid-19 e a insegurança alimentar. O vídeo foi inteiramente concebido, roteirizado e produzido por jovens do Observatório De Olho na Quebrada, da UNAS/Heliópolis, em colaboração com pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Resultados
Análise crítica da produção
O vídeo reúne uma síntese da compreensão dos jovens sobre os preceitos de análise de riscos a partir de um debate original e territorializado, considerando suas condições de vida, riscos associados e capacidades de resposta às crises. É também exemplo de estratégia comunicacional de ciência cidadã com educação popular desenvolvida pelos jovens deste movimento social que os posiciona como atores centrais na construção do conhecimento e na busca por soluções para os problemas de seu território.
Considerações finais
A colaboração entre instituições acadêmicas e movimentos sociais pode não apenas produzir conhecimentos híbridos, capazes de reinterpretar e adaptar conceitos e modelos globais; mas também tornar tangíveis debates complexos que dialoguem com os contextos locais e as condições concretas de vida dos territórios e comunidades mais diretamente afetadas por estas crises sistêmicas, influenciando processos de mobilização social e a luta por direitos.
CRIANÇA LAUDADA TEM COR? CAFUNE NA LAJE PELA DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO: UM DIÁLOGO AUDIOVISUAL SOBRE RACISMO, PODER PSIQUIÁTRICO E EDUCAÇÃO.
Outras linguagens
1 UERJ
Período de Realização
Fevereiro de 2025.
Objeto da produção
Vídeo de três minutos que registra o diálogo sobre uma dissertação com o público sobre a qual aborda: crianças e adolescentes negros.
Objetivos
Traduzir os resultados de uma dissertação de forma acessível a crianças e adolescentes, promovendo o diálogo sobre racismo, poder psiquiátrico e educação; e incentivar o protagonismo da juventude negra, frequentemente silenciada e marginalizada no espaço escolar e na vida.
Descrição da produção
O roteiro do vídeo foi desenvolvido pela produtora independente Cafune na Lage, idealizado através da dissertação de Mestrado e colagens utilizadas na realização da pesquisa. A linguagem audiovisual comunica conceitos e dados centrais da pesquisa de mestrado sobre a figura da criança laudada. Combinando o diálogo entre a pesquisadora e adolescentes negras e uma oficina de colagem, a produção apresenta de forma sensível a participação da juventude negra abordando a temática da pesquisa.
Resultados
A produção permitiu ampliar o alcance do debate sobre racismo, poder psiquiátrico e educação. Crianças e adolescentes puderam acessar e refletir sobre a pesquisa, identificando-se nas situações retratadas e produzindo crítica e criativamente suas análises. O vídeo se tornou uma ferramenta de formação crítica também para uso entre profissionais em diversos espaços de debates, ao provocar discussões sobre práticas institucionais e desigualdades raciais no cotidiano escolar.
Análise crítica da produção
A experiência evidenciou os desafios da democratização do conhecimento de ultrapassar a linguagem acadêmica e a potência das formas estéticas e do protagonismo de crianças para produzir e comunicar saberes. A tradução dos achados da pesquisa em linguagem audiovisual foi politicamente estratégica e metodologicamente coerente com a proposta decolonial do estudo. A escolha por falar com e não apenas sobre as crianças fortaleceu a dimensão ética e coletiva da produção de conhecimento.
Considerações finais
A produção reafirma a urgência de devolvermos às crianças negras os saberes que produzimos sobre elas e o nosso compromisso em criar possibilidades para que possam produzi-lo também. Democratizar o conhecimento exige romper barreiras formais e criar outros modos de criação, escuta e interlocução. O vídeo é um convite à transformação e à responsabilização coletiva diante de diferentes formas de silenciamento e marginalização institucionalizadas.
SONHAR É RESISTIR: TRAÇOS E VOZES DE ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE CUMPRIMENTO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Outras linguagens
1 IMS/UERJ; SMS-Rio
Período de Realização
Março/2022 a Março/2024
Objeto da produção
Produção artística de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa, realizada em oficinas de cuidado e expressão promovidas numa UBS do Rio.
Objetivos
Dar visibilidade à subjetividade de adolescentes, promovendo a arte como estratégia de cuidado, denúncia e resistência. Potencializar práticas de saúde, a partir das expressões artísticas como forma de produção de vida.
Descrição da produção
A realização da "Dinâmica dos Sonhos” convida os participantes a desenhar e escrever livremente sobre seus sonhos. As obras revelam uma diversidade de temas: família, liberdade, espiritualidade, pertencimento e afeto. Alguns desenhos trazem imagens como céu e inferno, cadeados abertos, casas com sol, árvores e personagens heroicos. As frases incluem: “meu sonho é comer a comida da minha avó”, “resiliência”, “quero ser pai”, “quero minha liberdade”.
Resultados
A atividade promoveu um espaço de escuta sensível, reconhecendo os adolescentes como sujeitos de direitos e de desejos. A arte funcionou como dispositivo de cuidado, permitindo a expressão de afetos, dores e esperanças em um contexto marcado pela violência institucional e pelo silenciamento. As produções revelam estratégias de resistência simbólica e reafirmação da vida, mobilizando dimensões subjetivas pouco acessadas nas rotinas da socioeducação.
Análise crítica da produção
A experiência evidencia a potência da arte como linguagem de reconstrução subjetiva e instrumento de disputa simbólica frente à lógica punitiva. Em um cenário marcado por racismo estrutural e políticas de encarceramento em massa, os sonhos desses adolescentes — majoritariamente negros e periféricos — emergem como atos de resistência e afirmação de humanidade. Suas produções desafiam o imaginário dominante que os desumaniza, deslocando o olhar do castigo para o cuidado.
Considerações finais
A proposta reforça a arte como estratégia transversal em saúde coletiva, capaz de articular cuidado, denúncia e política. Ao reconhecer e divulgar os sonhos de adolescentes em conflito com a lei, a produção convoca o campo da saúde a se implicar na defesa da democracia, da equidade e da justiça social, a partir de práticas que coloquem a vida no centro.
VIRADA DEMOCRÁTICA: VIDAS ADOLESCENTES, EDUCOMUNICAÇÃO E PESQUISA SOCIAL NAS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE
Outras linguagens
1 Fiocruz
2 MPDFT
Período de Realização
Filmagens: jul. e dez./2023; edição com jovens em 2024. Tempo para apresentação no Congresso de 2h.
Objeto da produção
Documentário Virada Democrática, fruto da formação, pesquisa e participação cidadã de adolescentes em acolhimento ou egressos do Distrito Federal.
Objetivos
Conferir visibilidade à atuação política de adolescentes em situação de acolhimento por meio da linguagem audiovisual; contribuir para o debate sobre participação social e produção de conhecimento na saúde coletiva; e fortalecer a articulação entre juventudes, direitos e políticas públicas.
Descrição da produção
O documentário “Virada Democrática” é produto da pesquisa-ação “Territórios da Construção de Si”, realizada pelo NUSMAD/Fiocruz Brasília e PJIJ/MPDFT. Envolve adolescentes e jovens em situação de acolhimento ou egressos, que participaram como pesquisadores sociais na 17ª Conferência Nacional de Saúde e na 5ª Conferência Nacional de Saúde Mental, registrando e analisando criticamente esses espaços por meio de linguagem audiovisual.
Resultados
A produção do documentário resultou na sistematização audiovisual de experiências juvenis em espaços deliberativos da saúde pública nacional. O processo promoveu o fortalecimento da autonomia, da capacidade analítica e da expressão crítica dos adolescentes, além de ampliar sua inserção no debate sobre políticas públicas. O documentário tem sido utilizado como ferramenta de formação, incidência política e sensibilização social.
Análise crítica da produção
A produção tensiona as fronteiras entre arte, ciência e política ao mobilizar recursos estéticos e metodológicos capazes de deslocar o olhar sobre juventudes em situação de acolhimento. Valoriza a escuta e a autoria juvenil, desafiando discursos hegemônicos e instituindo novas formas de presença e representação. O documentário Virada Democrática constitui-se como dispositivo ético-político que reposiciona jovens como agentes produtores de saber e narrativas públicas.
Considerações finais
Trata-se de um espaço híbrido onde conhecimento, subjetividades e práticas sociopolíticas se entrelaçam. Reafirma a centralidade da experiência vivida como vetor epistemológico, desafiando abordagens tradicionais e contribuindo para a formulação de políticas públicas sensíveis às especificidades e diversidade das juventudes em vulnerabilidade social. (P/ exibição:Projetor e tela; sistema de som;notebook com entrada USB/HDMI)
O SOM DO SILÊNCIO: MICROCEFALIA, INVISIBILIDADE E MEMÓRIAS DE RESISTÊNCIA
Outras linguagens
1 UFRN e SESAP/RN
2 SESAP/RN
Período de Realização
2023 a 2025
Objeto da produção
O documentário tem como objeto a invisibilidade social das crianças com microcefalia na primeira década após o surto do vírus Zika no Brasil.
Objetivos
Combater a invisibilidade das crianças com microcefalia, garantindo espaço de fala às suas famílias e aos profissionais de Saúde e Educação que as acompanham; apontar os desafios enfrentados por elas na primeira década pós-surto de microcefalia associada ao vírus Zika e fomentar a inclusão.
Descrição da produção
Produzido a partir da dissertação de mestrado da servidora Janaína Karla Gomes Santos (UFRN/SESAP), este documentário foi feito em quatro etapas: pesquisa; linguagem/abordagem; produção/gravação; pós-produção/finalização. Optamos pela abordagem direta, entrevistas semiestruturadas, registros observacionais e imagens do cotidiano. Acompanhamos crianças com microcefalia, suas famílias e profissionais de Saúde e Educação em territórios afetados pelo surto do vírus Zika.
Resultados
Como resultado, destacamos que o documentário evidenciou desigualdades estruturais e a ausência de políticas públicas contínuas. Ao dar voz a famílias, crianças e profissionais, reforçou o direito à saúde, à inclusão e à memória coletiva. Também destacou as consequências sociais, políticas e afetivas do surto de microcefalia associada ao vírus Zika, fortalecendo o debate em Saúde Coletiva e contribuindo para a reflexão sobre políticas públicas mais inclusivas.
Análise crítica da produção
O documentário exerce papel crucial na saúde pública ao dar visibilidade às crianças com microcefalia causada pelo surto do vírus Zika no Rio Grande do Norte, que, nessa primeira década pós-surto, tiveram direitos básicos negados ou mitigados, como acesso e permanência em escolas, por exemplo. Ao expor as dificuldades das famílias, destaca sua força e resistência, sensibilizando para a urgência de políticas públicas inclusivas que garantam direitos, dignidade e cuidado.
Considerações finais
Esperamos que este documentário contribua para que os olhares se voltem novamente a essas crianças, garantindo seus direitos e acesso à saúde e à educação públicas, gratuitas e de qualidade, assim como a qualquer espaço público que desejem frequentar, com acessibilidade e respeito assegurados. Que suscite também reflexões acerca das etapas próximas e vindouras, como a adolescência dessas crianças com seus desafios e potencialidades.

Realização: