
Programa - Outras Linguagens - OL5 - Imagens e Saberes para o SUS
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ESCREVIVÊNCIAS EM IMAGEM : A EXPOSIÇÃO FOTOVIVERES COMO ESTRATÉGIA DE VISIBILIDADE DE MULHERES NEGRAS NO TERRITÓRIO
Outras linguagens
1 IFRS
2 Prefeitura Municipal de Alvorada
Período de Realização
Agosto de 2024 a outubro de 2025
Objeto da produção
Exposição fotográfica com outras narrativas de mulheres negras que influenciaram trajetórias de vida e escrita.
Objetivos
Dar visibilidade às produções artísticas, literárias e orais de mulheres negras do território, reconhecendo-as como referências existenciais e epistêmicas. Utilizar a escrevivência como fio condutor e metodologia de valorização de memórias e afetos.
Descrição da produção
Esta produção é vinculada ao projeto de pesquisa Participação social e as iniciativas de produção de saúde e de vida no território. Consiste na Exposição FotoViveres, construída a partir de encontros com mulheres negras cujas escritas, falas e trajetórias impactaram a autora. A mostra reúne fragmentos de suas produções e registros visuais com apoio de uma fotógrafa e uma produtora multimídia negras.
Resultados
O processo resultou na sistematização de narrativas e imagens que visibilizam a potência das mulheres negras como produtoras de conhecimento, arte e memória. A experiência gerou material de sensibilização estética e política para uso acadêmico, comunitário e educacional, fomentando o pertencimento e reconhecimento. Artigos acadêmicos e ações culturais estão sendo produzidos para ampliar os efeitos formativos e mobilizadores do trabalho.
Análise crítica da produção
A produção reafirma o valor epistêmico das escrevivências como método e expressão política. Revela a persistente invisibilização de mulheres negras nos campos da arte e da ciência, mas também sua força de ruptura. A escolha por linguagem estética e técnica multimídia potencializa a disseminação das histórias, enquanto a colaboração entre mulheres negras fortalece redes de afeto e autoria. A escrita, aqui, é também cura, arquivo e território de reexistência.
Considerações finais
Integrando o projeto de pesquisa Participação social e as iniciativas de produção de saúde e de vida no território, esta produção reafirma a potência das narrativas negras no enfrentamento do racismo estrutural e na promoção de saúde e pertencimento. Ao cruzar arte, memória e pesquisa, fortalece ações formativas e culturais com base comunitária e projeta desdobramentos em escolas, pontos de cultura e publicações acadêmicas.
RAÍZES VIVAS E HORIZONTES ANCESTRAIS: A TERRA É O CORAÇÃO DO CORPO? NARRANDO O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UMA EXPOGRAFIA SITUADA NO ENCONTRO ENTRE CIÊNCIA E ARTE
Outras linguagens
1 UFRGS
Período de Realização
Construção da expografia iniciada em março 2024 com realização da exposição em agosto-setembro 2025
Objeto da produção
Exposição imagética que dá visibilidade a corpos-territórios indígenas e quilombolas que resistem à colonialidade do ser e do fazer.
Objetivos
A exposição propõe reconectar com as raízes e questionar o desenvolvimento que apaga saberes. Afetar e ser afetado, criando um espaço que estimule encontros entre naturezas e culturas, despertando reflexões e sensações sobre tempos, territórios, vivências, pertencimentos, colonialidade e saúde.
Descrição da produção
Esta exposição busca dar visibilidade às formas de existência de povos indígenas e quilombolas, que resistem às opressões impostas pela colonialidade do ser e do fazer por meio de seus corpos-territórios. Ela reúne seis acervos imagéticos produzidos por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR-UFRGS), os quais foram articulados nas atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão do projeto Deslocamentos: imagens como dispositivos para acessar corpos-territórios.
Resultados
Em um mundo de fronteiras fluidas, raízes revelam identidades e saberes ancestrais, enquanto horizontes nos conectam ao novo. A expografia propõe os corpos como territórios vivos, carregados de memórias, feridas e sonhos, numa perspectiva cosmogônica e política. As narrativas dos corpos-territórios se contrapõem com paisagens que evidenciam a ação humana, tensionando relações entre natureza e sociedade, espaço e território, cuidado e saúde.
Análise crítica da produção
Cada acervo foi analisado a partir do formato Potosí Reverso, de Silvia Cusicanqui, promovendo um giro epistemológico, subvertendo a linearidade histórica e da escrita, e colocando em questão as diferentes opressões. As narrativas dialogam em uma expografia que integra arte e ciência, onde os corpos são territórios vivos e históricos. As imagens da exposição propõem reflexões sobre ancestralidade, pertencimento, colonialidade na saúde e os desafios para a equidade e os Direitos Humanos.
Considerações finais
A exposição propõe reconectar as pessoas às suas raízes, questionando a ideia de desenvolvimento que apaga saberes e gera epistemicídio. O desenho expográfico vê os corpos como territórios vivos, carregados de memórias, sonhos e feridas. Convida à reflexão sobre o tempo, o espaço e o próprio lugar no mundo, guiada pela pergunta: a terra é o coração do corpo?
SABERES QUE CURAM: MOSTRA FOTOGRÁFICA SOBRE SAÚDE E ANCESTRALIDADE NOS TERRITÓRIOS DO MARANHÃO E PARÁ.
Outras linguagens
1 IFRS
Período de Realização
As vivências ocorreram durante o mês de maio de 2025, durante a edição Ver-SUS Norte I e Nordeste II.
Objeto da produção
Mostra fotográfica com registros de práticas de cura, plantas medicinais e saberes ancestrais em comunidades tradicionais.
Objetivos
Promover a valorização de saberes tradicionais a partir de registros sobre o uso de plantas medicinais e espiritualidade nos territórios visitados. Contribuir para a memória coletiva e fortalecer o diálogo envolvendo práticas populares e o SUS, por meio de imagens.
Descrição da produção
A produção consiste em uma mostra fotográfica fruto de vivências realizadas pelo Ver-SUS nos estados do Maranhão e Pará. Os registros foram feitos na Farmácia Viva de Itapecuru Mirim (MA) e no Quilombo Sucurijuquara (PA), destacando práticas de cuidado que fazem uso de chás, cascas, rezas e benzeções. A seleção das imagens priorizou o vínculo entre território, ancestralidade e saúde.
Resultados
As fotografias captaram momentos de escuta e trocas com os moradores dos territórios, evidenciando a força das práticas ancestrais no cuidado cotidiano. A Farmácia Viva de Itapecuru Mirim revelou-se um espaço institucional que valoriza saberes populares e promove o uso racional de plantas medicinais no SUS. Enquanto, no Quilombo Sucurijuquara, a recepção de dois irmãos guardiões dos saberes permitiu o acesso a práticas tradicionais de cura.
Análise crítica da produção
A mostra evidencia a importância da escuta e da presença respeitosa em territórios tradicionais. O olhar fotográfico se propôs a não apenas documentar, mas valorizar práticas invisibilizadas pelo modelo biomédico. A produção reforça a urgência de políticas que reconheçam os saberes populares e promove o intercâmbio entre saúde institucional e cuidado ancestral, ainda pouco visibilizado nas políticas públicas.
Considerações finais
A experiência revelou que práticas ancestrais seguem vivas e são fundamentais para uma saúde integral e intercultural. A mostra fotográfica se torna instrumento de memória, reconhecimento e valorização dessas práticas. Evidencia-se que a saúde também se faz com raízes, vínculos comunitários e respeito à diversidade de modos de curar e viver.
DOCUMENTÁRIO AUDIOVISUAL: NOSSAS LUTAS, NOSSAS VOZES
Outras linguagens
1 ENSP/Fiocruz
Período de Realização
Segundo semestre de 2023 a dezembro de 2024
Objeto da produção
Violência política de gênero e raça (VPGR) em parlamentos brasileiros e seus efeitos na saúde de uma perspectiva interseccional.
Objetivos
1) Compreender como a violência política de gênero e raça se manifesta em parlamentos brasileiros; 2) Identificar efeitos desta violência na saúde física e mental de mandatárias; e 3) Conhecer estratégias de enfrentamento adotadas por elas.
Descrição da produção
Trata-se de produto de divulgação científica oriundo de entrevistas realizadas em pesquisa sobre violência política de gênero e raça. Foram ouvidas onze lideranças políticas, de diferentes lugares de fala, considerando atravessamentos de raça, cis/transgeneridade, orientação sexual, idade, região do país, ideologia política e casa parlamentar, o que gerou riqueza de dados e documentário de grande potência. https://videosaude.icict.fiocruz.br/filmes/nossas-lutas-nossas-vozes/
Resultados
- Interseccionalidade demonstrou ser uma chave teórica importante para a compreensão de diferentes facetas da VPGR;
- Espaço da política é entendido como adoecedor, já que lócus de violência, provocando danos tanto à saúde mental, como fobia social, burnout e ansiedade, quanto à física, como nódulos no corpo e problemas digestivos.
- Relevância de redes de apoio, como assessores e familiares, que também sofrem com a VPGR, denunciando seu caráter coletivo, além dos movimentos sociais.
Análise crítica da produção
O documentário constituiu-se a partir de intenso diálogo entre aporte teórico-metodológico, empiria e arte. Esta apresentou-se como linguagem potente para levar ciência ao grande público. Com isso, contribui, de forma democrática e acessível, para o debate a que se propõe e para o alcance de alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com os quais a Saúde Coletiva está compromissada: paz, justiça e instituições eficazes (ODS 16), igualdade de gênero (ODS 5) e raça (ODS 18).
Considerações finais
Apesar de alarmantes índices de VPGR no mundo, o estudo desta sob a perspectiva da Saúde, tanto em âmbito nacional, quanto internacional, é inédito. Os achados revelam adoecimento de mandatárias frente a cotidiano atravessado pela VPGR e outros marcadores. Consequentemente, urgem ações de valorização das mulheres na política, de promoção e cuidado a sua saúde, bem como instâncias de apuração de denúncias sensíveis à VPGR, dentre outras.
QUEIMAR A CASA: A ARTE COMO TECNOLOGIA DE EMANCIPAÇÃO ENTRE MULHERES EM CONFINAMENTO E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA PANDEMIA
Outras linguagens
1 UNIFESP
Período de Realização
Durante a pandemia de COVID-19, com finalização e lançamento do documentário em 2022.
Objeto da produção
Documentário sobre intervenções artístico-contemplativas entre mulheres em vulnerabilidade durante a pandemia.
Objetivos
Investigar como intervenções artístico-contemplativas remoto-afetivas funcionam como tecnologias de escuta e autocuidado entre mulheres periféricas em contextos de violência de gênero, potencializando processos de reinvenção de si durante o confinamento na pandemia de COVID-19.
Descrição da produção
Documentário criado a partir de ações artístico-contemplativas com mulheres durante a pandemia de COVID-19, confinadas com seus agressores. As ações aconteceram por videochamadas e telefonemas e propuseram práticas de escuta, escrita, memória e mindfulness. Após o ciclo, foram feitas entrevistas presenciais. O filme procura revelar como essas intervenções atuaram como estratégias de emancipação e conhecimento de si em contextos onde outras ferramentas institucionais não conseguiam alcançar.
Resultados
As participantes relataram redução de sentimentos de isolamento, aumento da autoestima e fortalecimento de estratégias subjetivas de enfrentamento à violência. As intervenções favoreceram a expressão emocional, a ressignificação da experiência de confinamento e a ampliação da rede de apoio. O documentário evidenciou os efeitos positivos das práticas artístico-contemplativas na promoção da saúde mental em contexto de violência doméstica
Análise crítica da produção
A produção afirma o cinema como linguagem capaz de tornar visíveis gestos cotidianos de resistência e cuidado. Em vez de narrar a dor, constrói-se com as mulheres um espaço de reinvenção sensível. O documentário se ancora em fundamentos de saúde coletiva e neuroestética, reiterando a arte como produção de conhecimento. Sua exibição no Abrascão propõe diálogo entre ciência, estética e transformação social.
Considerações finais
Conduzido por artista-pesquisador atuante em Medicina, Psicologia e Saúde Coletiva, o trabalho integra pesquisa e ação. “Queimar a Casa” se inscreve como proposta estética e política de enfrentamento à violência doméstica durante a pandemia, reafirmando a potência das artes como caminhos de escuta, autocuidado e reinvenção coletiva de futuros, especialmente em contextos de gênero marcados pela violência.
É POSSÍVEL FALAR SOBRE OBESIDADE SEM PROMOVER GORDOFOBIA? UM MINIDOCUMENTÁRIO PARA PENSAR O CUIDADO NO SUS
Outras linguagens
1 UFBA
2 UFTM
3 UFOP
Período de Realização
Lançado em 14 de março de 2025, https://www.youtube.com/watch?v=8UwgavcN5dM
Objeto da produção
Minidocumentário que aborda obesidade, estigma do peso e gordofobia a partir de experiências vividas e práticas de cuidado no SUS.
Objetivos
Promover reflexão crítica sobre impactos da gordofobia; problematizar o estigma do peso como violação ética; fomentar práticas profissionais humanizadas e livres de preconceito; promover o diálogo entre ciência, políticas e experiências de vida; propor estratégias de sensibilização e formação ética.
Descrição da produção
A produção audiovisual é um minidocumentário elaborado em parceria com o Ministério da Saúde e Instituições de Ensino Superior. Com depoimentos de pessoas gordas, profissionais da saúde e pesquisadoras/es, o vídeo expõe vivências marcadas pelo estigma e pela exclusão nos serviços de saúde. A proposta é utilizá-lo como base para uma mesa redonda, integrando saberes científicos e populares. O vídeo tem duração de 10 minutos e será apresentado em formato digital com projeção e som.
Resultados
Análise crítica da produção
A linguagem audiovisual permite uma abordagem sensível e acessível de temas frequentemente atravessados por julgamentos e estereótipos. O minidocumentário não apenas informa, mas mobiliza afetos, oferecendo uma narrativa que valoriza a escuta dos sujeitos envolvidos. Sua exibição em espaços formativos e de debate tem evidenciado o papel da arte como tecnologia social e política de enfrentamento da gordofobia e de promoção de práticas mais éticas e inclusivas no SUS.
Considerações finais
É possível abordar a obesidade de forma ética, crítica e comprometida. Reafirmamos a potência da produção artística na saúde coletiva e este o audiovisual deve ser integrado como ferramenta formativa e política. A articulação entre arte, ciência e política revela-se uma estratégia para combater a gordofobia. A exibição no Congresso se configura como oportunidade para fortalecer a agenda e avançar na construção de um cuidado mais justo e equânime.

Realização: