Programa - Outras Linguagens - OL2 - Atenção Primária e movimentos
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
CORPOS EM MOVIMENTO, VIDAS EM TRANSFORMAÇÃO: A DANÇA COMO POTÊNCIA NO SUS
Outras linguagens
Rodrigues, RM1, Poleti, VS1
1 Prefeitura Municipal de Guarulhos
Período de Realização
O grupo de dança foi criado em agosto de 2016 e acontece até os dias atuais.
Objeto da produção
Grupo criado por profissionais da Estratégia de Saúde da Família, com foco em mulheres, visando a promoção da saúde física e mental em Guarulhos - SP.
Objetivos
Promover a saúde e o autocuidado das mulheres do território por meio da prática regular da dança e de rodas de conversa mensais sobre saúde; fomentar vínculos afetivos e redes de apoio.
Descrição da produção
O grupo “Cumbica Dance” foi criado por uma nutricionista e uma enfermeira, ambas atuantes no SUS. As aulas ocorrem semanalmente em salão cedido por uma igreja local, com duração de sessenta minutos. O grupo é aberto a toda a comunidade, com predominância de mulheres adultas e idosas. Uma vez por mês, são realizadas rodas de conversa com temas de saúde escolhidos pelas participantes. O grupo também promove festas temáticas, excursões e ações de busca ativa para rastreamento de doenças.
Resultados
Análise crítica da produção
O grupo superou sua proposta inicial de atividade física ao se tornar um espaço de acolhimento às dores e vivências das mulheres. A experiência também evidenciou que o sucesso de ações em promoção da saúde depende do envolvimento afetivo das profissionais, da escuta das participantes e da capacidade de adaptação da metodologia às demandas emergentes do grupo.
Considerações finais
Recomenda-se que os grupos coletivos voltados para o público feminino adotem abordagens interdisciplinares, intersetoriais e sensíveis ao sofrimento psíquico e às violências de gênero. É fundamental que os profissionais de saúde se capacitem para identificar e acolher essas demandas e que as práticas em grupo sirvam como espaços de empoderamento, coprodução do cuidado e enfrentamento das desigualdades.
FACILITAÇÃO GRÁFICA COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE
Outras linguagens
Cavalcante, C. C.1, Furtado, A.S.1, Araújo, A. S.1, Alves, D. F.1, Soares, G. B.1
1 UFPB
Período de Realização
Dez/2024 a fev/2025, no curso livre de agentes populares de saúde.
Objeto da produção
https://issuu.com/caioccavalcante/docs/facilita_o_gr_fica_-_curso_livre
Objetivos
Utilizar a facilitação gráfica como recurso pedagógico acessível para traduzir conteúdos de saúde e meio ambiente em linguagem visual simples e significativa, promovendo maior participação, compreensão e apropriação dos saberes por pescadores e marisqueiras locais.
Descrição da produção
Durante a realização de um curso livre voltado à formação de agentes populares de saúde de comunidades pesqueiras do litoral paraibano e pernambucano, foram produzidos cartazes ilustrados manualmente com uso de canetas coloridas, frases, palavras-chave e imagens simbólicas. A facilitação gráfica foi realizada de forma contínua ao longo das discussões, registrando os principais pontos dos debates de maneira didática e acessível, compondo um material de apoio visual distribuído aos participantes.
Resultados
A facilitação gráfica demonstrou ser uma ferramenta potente de comunicação em contextos de educação popular. Os cartazes foram bem recebidos pelos participantes, que os utilizaram como material de estudo e memória das discussões. Houve maior engajamento durante os encontros e relatos de que as ilustrações facilitaram a compreensão dos conteúdos debatidos, sobretudo entre participantes com menor grau de escolaridade formal.
Análise crítica da produção
A experiência evidenciou o potencial da arte visual como linguagem inclusiva e promotora de diálogo horizontal. A construção coletiva dos cartazes valorizou os saberes populares e favoreceu a produção compartilhada de conhecimento. No entanto, o custo com materiais para a produção e a dependência da presença do facilitador gráfico são limitações identificadas para continuidade e maior ampliação do uso da ferramenta.
Considerações finais
A facilitação gráfica, quando integrada à educação popular em saúde, potencializa processos formativos em contextos comunitários. Recomenda-se sua ampliação como estratégia metodológica em cursos e oficinas populares, com produção de acervos visuais e formação de novos facilitadores comunitários, fortalecendo o protagonismo local na construção do conhecimento.
WEBSERIE “VIVER COM CHAGAS”. HISTÓRIAS EM PRIMEIRA PESSOA PARA FORTALECER A LUTA PELO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS ACOMETIDAS PELA DOENÇA DE CHAGAS
Outras linguagens
Abi-Saab, J. A.1, Carranza, V.1, Zalles, A.2, Ospina, L. C.3, Silva, S.4, Castilhano, A. A.1, Magalhães, U.1, Pereira, L.1, Santos, D. F.1, Vermeij, D.1
1 Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fiocruz
2 Instituto de Laboratorios en Salud (INLASA). Bolívia
3 Instituto Nacional de Salud (INS) Colombia
4 Serviço Nacional de Erradicação do Paludismo
Período de Realização
De janeiro 2024 em andamento
Objeto da produção
Histórias de pessoas que convivem com a doença de Chagas em diferentes locais da América Latina. Informações sobre a doença e o direito à saúde.
Objetivos
Oferecer um material audiovisual de acesso aberto e gratuito para uso educativo ou de mobilização social sobre doenças negligenciadas.
Criar de forma participativa um produto comunicacional que valoriza relatos de vida e a diversidade sociocultural de pessoas acometidas pela doença de Chagas.
Descrição da produção
No contexto do projeto CUIDA Chagas, pessoas acometidas de países da América Latina são convidadas a participar na produção de um episódio da webserie. A partir de roteiros abertos, as gravações realizam-se nos locais de vida de cada protagonista com o apoio de produtoras locais. Cada protagonista escolhe os cenários de gravação e a maneira de contar sua experiência. Produção geral, edição, revisão científica e divulgação são realizadas pela equipe multidisciplinar do projeto realizador.
Resultados
Análise crítica da produção
O produto contribui na comunicação em saúde sobre doenças negligenciadas numa abordagem participativa e centrada nas pessoas acometidas. Valoriza o protagonismo localizado e a diversidade sociocultural, evitando estereótipos e discursos vitimistas. Também garante informações de qualidade sobre aspectos da doença e estratégias para o diagnóstico, tratamento e cuidado. No entanto, enfrenta desafios para ampliar sua divulgação e conseguir maior impacto e sustentabilidade.
Considerações finais
Considera-se que o produto contribui na humanização do discurso científico sobre a doença de Chagas, fortalece o direito à saúde das pessoas acometidas e promove a diversidade e a inclusão social. Para além do uso territorializado, o produto busca circular em plataformas digitais abertas e em diferentes idiomas, com o objetivo de ampliar o debate global sobre a doença de Chagas e contribuir com estratégias de advocacy em diferentes níveis.
MINI DOCUMENTÁRIO- “FAVELA DO HELIÓPOLIS: NA BOCA DO POVO (2025)”
Outras linguagens
Appugliese A.1, Cavalcante AB1, Souza AC1, Jimenez BN1, Santos EG1, Trezena LA1, Rios RS1, M. Akerman1, C Botazzo1
1 Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Período de Realização
O documentário foi elaborado entre fevereiro e março de 2025, durante visitas a Heliópolis.
Objeto da produção
Registro audiovisual da percepção dos moradores de Heliópolis sobre saúde, educação, segurança, moradia, cultura e potências do território vivo.
Objetivos
Produzir uma ferramenta de debate através de um registro audiovisual para a disciplina Promoção da Saúde, Comunicação e Educação em Saúde, do curso de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, apresentando a percepção dos moradores sobre suas vivências em Heliópolis.
Descrição da produção
Foi produzido um minidocumentário de 13 minutos, a partir do tema orientador “injustiça social”, após aproximações no campo com o movimento social “União de Núcleos, Associação dos moradores de Heliópolis”. A gravação foi realizada na sede da UNAS, contando com 5 participantes voluntários. Durante a edição, os trechos foram selecionados e organizados para transmitir de forma digna a mensagem do documentário, através da voz da comunidade.
Resultados
O vídeo, disponível neste link, -https://drive.google.com/drive/folders/1M8hIZeM-ZYZeDJtfiSjcxRyMt9QBNmYO- demonstrou a virtude da força dos movimentos sociais, juntamente com as potências e os desafios que coexistem dentro do território dado a negligência estatal. Ademais, fomentamos a discussão, reflexão e diálogo no ambiente acadêmico, sobre as injustiças que abrangem os territórios vulnerabilizados.
Análise crítica da produção
Ampliar o conceito de saúde é imperativo para disputar o imaginário social do que é saúde, para não ficarmos refém do conceito mais limitado, aquele que inclui apenas o acesso a serviços de saúde. O vídeo traz à cena outros elementos produtores de saúde: educação, segurança, moradia, cultura e potências do território vivo. Este vídeo é um dispositivo comunicacional potente, mas outros modos para disputar o imaginário social do que é saúde podem ser explorados.
Considerações finais
A experiência na produção do vídeo trouxe a importância da comunicação e da escuta ativa como meio de promoção de saúde e justiça social, valorizando os saberes e vivências populares. Ao denunciar as desigualdades e potencializar as vozes de Heliópolis, ressaltamos as forças, resistências e lutas do território. Por fim, o documentário fomentou maiores debates sobre a temática entre a comunidade e a academia.
INVENTÁRIO DO CUIDADO SENSÍVEL: A ARTETERAPIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM IMAGENS
Outras linguagens
Moraes, M.1, BARBOSA, J. F.2, TRINDADE, J. A.3, FERREIRA, C. L.4, TESSER, C. D.5
1 UFSC; IFRS
2 Amurt - Amurtel
3 IFRS
4 Amurt - Amurtel; UFRGS
5 UFSC
Período de Realização
O trabalho apresenta imagens de grupos de Arteterapia, desenvolvidos no decorrer de 2022 e 2024.
Objeto da produção
Trata-se de uma mostra de imagens de cenas do cuidado humanizado no processo de trabalho em oficinas de arteterapia.
Objetivos
A mostra tem o objetivo de demonstrar a pluralidade e modos de produzir saúde e cuidado significativo e humanizado por meio de imagens que despertam sensações e apresentam a arteterapia como caminho.
Descrição da produção
Em 2022 e 2024 aconteceu o Projeto de PICS direcionado à comunidade de um território, fruto de uma parceria entre a secretaria de saúde de Porto Alegre e a ONG - Associação Beneficente Amurt - Amurtel. O trabalho ofereceu encontros semanais de arteterapia em grupos. Por essa abordagem passaram em torno de 40 pessoas com idade entre 15 e 70 anos. A proposta desta mostra apresenta uma curadoria de imagens selecionadas pela arteterapeuta e outros autores, que ilustra parte do trabalho desenvolvido.
Resultados
O prazer do encontro com a arteterapia em ambiente seguro, descontraído e acolhedor pode ser percebido nas feições dos participantes e sutilezas de algumas cenas. Vê-se interesse, concentração, entrega, emoção, alegria... As transformações propiciadas pela prática são nítidas para quem acompanha. São verbalizados sentimentos associados à elaboração de luto e diminuição de sintomas de depressão, tristeza, medos e ansiedades. Há resgate da autoestima, convívio social e laços de amizade.
Análise crítica da produção
A estética das fotos e a possibilidade de contato com o que é produzido nos encontros são um convite para a sensibilização e ampliação de horizontes a partir da perspectiva de quem vê. Para além de explicar racionalmente o que é a arteterapia e o que ela produz, as cenas são um convite que mexe com o imaginário; chama a experimentar sensações e amplia reflexões, questionamentos e trocas sobre o assunto.
Considerações finais
São ainda poucos os serviços de Atenção Primária à Saúde que oferecem arteterapia no Brasil. Transitar por espaços assim, mesmo que por registros fotográficos, é uma forma de mostrar o que acontece nos bastidores. A partir do que se vê e se sente é possível ter ideia da dimensão dessa prática de cuidado humanizado que atua diretamente na promoção da saúde e prevenção de transtornos e agravos para a saúde mental individual e coletiva.
OLHOS D’ÁGUA: IDENTIDADE E VIGILÂNCIA POPULAR EM OFICINA DE FOTO-VOZ DE COMUNIDADES PESQUEIRAS NO NORDESTE
Outras linguagens
NUNES, Lucas Costa1, DINIZ, Laura Lujan Ausilio1, NETO, Justino Pedro da Silva1, FARIAS, Laryssa de Lucena1, FIALHO, Maria Canaan Pires2, OLIVEIRA, Matheus Mendes Santana de1, CAVALCANTI, Maria Rayanne Felix1, OLIVEIRA, Monique Bezerra de3, LIMA, Maria Julia Araújo3, ALVES, Daniel Figueiras1
1 UFPB
2 UnB
3 Ensino Médio
Período de Realização
A oficina de foto-voz foi realizada entre 18 de janeiro e 2 de fevereiro de 2025.
Objeto da produção
Registros fotográficos e discussões realizadas por pescadoras e pescadores nordestinos. (https://issuu.com/lucascnunes/docs/foto-voz_curso_livre)
Objetivos
Descrever a experiência da oficina de Foto-voz sobre compartilhamento das vivências das comunidades tradicionais pesqueiras que vivem no litoral nordestino.
Descrição da produção
A oficina do Foto-voz foi proposta como uma atividade dentro do curso para formação de Agentes Populares de Saúde dos Povos das águas, que foi realizado na Paraíba de dezembro de 2024 a março de 2025. O curso contou com a participação de 11 comunidades pesqueiras entre o litoral da Paraíba e de Pernambuco. Os pescadores foram convidados a registrar uma fotografia digital de suas comunidades, a fim de compartilhar uma reflexão acerca das vivências no território enquanto população tradicional no Brasil.
Resultados
Foram apresentadas 40 fotografias pelos participantes, os quais apresentaram suas fotos e discutiram seus significados acerca da identidade e do território dos povos da pesca. As fotos abordam os modos de vida e sua interação com o ambiente. As discussões dessas imagens denunciam as ameaças que sofrem os territórios da pesca artesanal e pontuam a relação ancestral das pessoas com o trabalho com a pesca e a preocupação com os rios, croas e mangues.
Análise crítica da produção
Destaca-se o o foto-voz como ferramenta potente, pois consegue comunicar seus diálogos em meio a comunidades marcadas pelo analfabetismo. Possibilitou a socialização do uso da fotografia como forma de denúncia das problemáticas presentes nos territórios. Registrou as ações de Vigilância Popular feitas pelas comunidades que atuam como guardiões do território: preservando a natureza e lutando contra a desterritorialização.
Considerações finais
A oficina conseguiu ser uma ferramenta de incentivo ao uso da fotografia digital para compartilhamento de informações entre as comunidades. Atualmente as comunidades de pesca do litoral paraibano e pernambucano sofrem com poluição e ameaças de empresas que desejam alterar seus mares e rios. Sendo assim, a divulgação da fotografia como meio de comunicação democrática entre as populações é uma forma de defesa e soberania popular.