
Programa - Comunicação Oral - CO22.2 - Educação Popular: movimentos de (re)existências e experiment(ações)
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
A TECNOLOGIA LEVE DA FALA: EMÍLIA EXPLICA-TUDO NO CUIDADO EM SAÚDE NA SALA DE ESPERA
Comunicação Oral
1 P. M. CÁCERES
2 UNEMAT
Período de Realização
Desde fevereiro de 2024
Objeto da experiência
O uso da personagem Emília Explica-Tudo como uma tecnologia leve da fala para comunicação, acolhimento e promoção do diálogo na sala de espera da APS
Objetivos
Objetivo Geral
Demonstrar a Emília Explica-Tudo como tecnologia leve para fortalecer o cuidado na APS.
Objetivos Específicos
Promover entendimento e reflexão sobre saúde; estimular diálogo, escuta ativa e participação dos usuários; avaliar receptividade e impacto da personagem na rotina da APS.
Descrição da experiência
Na Unidade Básica de Saúde CAIC em Cáceres/MT, um integrante da equipe de saúde se fantasia como Emília Explica-Tudo para criar uma tecnologia leve de comunicação. A experiência acontece na sala de espera e em outros momentos de troca de informações, facilitando a comunicação lúdica, promovendo o acolhimento e estimulando o diálogo entre profissionais e usuários. Valoriza saberes populares e fortalece o cuidado humanizado.
Resultados
Os resultados da experiência são consistentemente positivos. A população demonstra entusiasmo e receptividade, interagindo espontaneamente com Emília, que promove um ambiente acolhedor e lúdico. Usuários frequentemente solicitam fotos e se sentem mais confortáveis para expressar dúvidas e compartilhar saberes com a personagem, facilitando o diálogo e fortalecendo vínculos de confiança na unidade de saúde.
Aprendizado e análise crítica
A experiência com Emília Explica-Tudo revela a importância de adotar tecnologias leves que humanizem o cuidado. Para a equipe, significa valorizar a comunicação acessível e o saber popular, promovendo vínculos mais fortes com a população. A fantasia exige sensibilidade e improviso, desenvolvendo habilidades interpessoais e ampliando a escuta ativa, reforçando que o cuidado vai além do técnico, envolvendo empatia e diálogo.
Conclusões e/ou Recomendações
A Emília Explica-Tudo, como tecnologia leve, promove acolhimento e comunicação lúdica na UBS CAIC em Cáceres/MT. A experiência fortalece vínculos, valoriza saberes populares e facilita o diálogo entre profissionais e usuários. A fantasia estimula a participação ativa, humaniza o cuidado e amplia a escuta, contribuindo para um atendimento mais efetivo e próximo da comunidade.
CAB NAS PRISÕES: ESTRATÉGIAS DE ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO PARA O ACOMPANHAMENTO DE PESQUISAS COM PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE
Comunicação Oral
1 REDE BRASILEIRA DE PESQUISAS EM TUBERCULOSE (REDE TB)
2 UNISC
Período de Realização
A ação desenvolvida a partir de setembro de 2024.
Objeto da experiência
Articulação de um comitê comunitário, composto por egressos do sistema prisional, para acompanhamento de pesquisas com pessoas privadas de liberdade (PPL).
Objetivos
Articular comitê comunitário visando fomentar a interlocução entre egressos do sistema prisional, familiares, lideranças comunitárias e academia, contribuindo na construção de estudos que respondam aos desafios enfrentados pelas PPL no acesso a serviços de saúde.
Metodologia
- O comitê comunitário tem como atividade central reuniões sistemáticas entre os integrantes do CAB nas Prisões e a academia, fomentando espaços de diálogos horizontais para a definição de uma agenda de pesquisa prioritária para PPL. Compreendendo as barreiras culturais impostas pela linguagem técnica e acadêmica desenvolvemos materiais gráficos, mini vídeos e episódios de podcast ampliando os espaços de discussão sobre violações de direito humanos e a garantia de acesso à saúde da PPL.
Resultados
Construção de um plano de advocacy baseado em evidências científicas para a incorporação de novas tecnologias de saúde que possam ampliar o cuidado das PPL. Ampliação do debate sobre saúde no sistema prisional, potencializando esta discussão junto a Frentes Parlamentares que atuam com saúde e direitos humanos. As ações têm possibilitado um maior tensionamento dos gestores públicos por ações intersetoriais que enfrentem barreiras sociais e culturais que impactam no direito à saúde das PPL.
Análise Crítica
Entre as lições apreendidas destacamos a necessidade do compromisso com o enfretamento do estigma que permeiam as PPL e egressos, uma vez que impactam no acesso aos serviços de saúde. Assim como a necessidade de incremento de recursos para pesquisas que busquem compreender as barreiras para a garantia do direito à saúde entre PPL e a ampliação do debate sobre a importância do engajamento comunitário em pesquisas e o protagonismos das populações mais vulnerabilizadas neste cenário.
Conclusões e/ou Recomendações
O engajamento comunitário em pesquisa é uma estratégia de mobilização social importante que busca garantir a participação comunitária e o protagonismo das populações mais vulnerabilzadas de forma ativa e participativa tanto na definição de uma agenda de pesquisa e incorporações tecnológicas estratégicas quanto na construção de conhecimento e evidências cientificas. Além de fortalecer e qualificar as ações de advocacy e controle social em saúde.
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO NO COMPLEXO DA MARÉ: SAÚDE COLETIVA, DIREITO À INFORMAÇÃO E DEMOCRACIA
Comunicação Oral
1 PPGICS (ICICT/FIOCRUZ)
2 FIOCRUZ
Período de Realização
Junho de 2023 a setembro de 2023
Objeto da experiência
Atuação de organizações da sociedade civil na comunicação comunitária na pandemia de Covid-19 e seu impacto no engajamento em pesquisa.
Objetivos
Analisar como e se a divulgação científica realizada no Complexo da Maré contribuiu para a percepção pública da ciência e o engajamento em pesquisa sobre Covid-19.
Descrição da experiência
Durante pesquisa de campo, observou-se que estratégias de comunicação comunitária foram fundamentais para o Complexo da Maré enfrentar a crise sanitária, com linguagem acessível, mídias locais e materiais validados por instituições científicas; através de boletins epidemiológicos, podcasts, informativos visuais, jornal comunitário e campanhas digitais voltadas à prevenção e ao combate à desinformação. Essas ações fomentaram o engajamento em pesquisa e aproximaram a população da ciência.
Resultados
As ações de divulgação científica na comunidade aumentaram a confiança na ciência e a compreensão do processo científico. Mediadas por atores sociais e linguagem acessível, ampliaram a participação popular em saúde. Moradores se reconheceram como sujeitos da ciência, superando barreiras de exclusão. A pesquisa Vacina Maré teve boa aceitação, impactando a saúde coletiva e fortalecendo a democracia sanitária.
Aprendizado e análise crítica
Esta vivência mostrou como a divulgação científica em territórios periféricos vai além da educação: é garantia de direitos. Comunicação eficaz, enraizada no território e alinhada às condições de vida, gera engajamento, resistência e pertencimento. Revelou a comunicação científica como prática de equidade em saúde e ato político, reposicionando a favela como coprotagonista no conhecimento e no enfrentamento das desigualdades em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Divulgação científica respeitosa e territorializada é essencial para consolidar a saúde como direito humano. Recomenda-se institucionalizar políticas de comunicação em saúde que valorizem saberes locais e articulem ciência e cidadania como instrumentos de democracia. Investir em mediação comunitária e fortalecer parcerias entre sociedade civil e instituições científicas garante equidade, engajamento e justiça em contextos vulneráveis.
EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE E ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA: A EXPERIÊNCIA DO AGPOPSUS NO BAIRRO XARQUINHO EM GUARAPUA-PR
Comunicação Oral
1 UnB
2 Unesp
Período de Realização
Dezembro de 2024 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Turma do Programa Agentes de Educação Popular em Saúde (AgPopSUS), no bairro Xarquinho, Guarapuava–PR.
Objetivos
Refletir, por meio do relato de experiência da execução do AgPopSUS, a importância da construção da organização política e do trabalho de base dos movimentos sociais nos territórios, a partir da temática da saúde.
Descrição da experiência
O AgPopSUS foi uma experiência construída por movimentos sociais durante a pandemia da Covid-19 e transformado em política pública em 2023. Ele é estruturado na Pedagogia da Alternância, articulando o “tempo escola” e o “tempo comunidade”. A turma, composta por 15 educandos, foi acompanhada por uma educadora popular e militante do Levante Popular da Juventude. Durante 6 meses foram realizados encontros dedicados ao estudo dos eixos formativos e à construção de ações no território.
Resultados
A partir da atuação da turma, foram criados no bairro Xarquinho um cursinho popular preparatório para o Encceja e um cursinho de alfabetização. A articulação com lideranças comunitárias e a construção de um trabalho de base continuado no território, promovidos pelo AgPopSUS, evidenciou a dificuldade de acesso à educação formal como demanda de saúde coletiva, que passou a ser pensada e trabalhada pela turma por meio de ações concretas no território.
Aprendizado e análise crítica
A pedagogia da alternância, ao ser orientada para um aspecto concreto — a saúde —, possibilitou a transformação de um espaço em território. Segundo Milton Santos (1994), o território é um espaço vivido, disputado e construído por meio de ações e objetos. Nessa perspectiva, Xarquinho adquire um caráter territorial à medida que seus moradores se tornam produtores desse espaço, a partir do acompanhamento político de um movimento social de horizonte emancipador.
Conclusões e/ou Recomendações
A organicidade do programa traz no centro o que Mariátegui (1975) apresenta acerca de sua compreensão de trabalho como atividade criadora. A vida vivida e refletida é um processo pedagógico que transforma a natureza, mas também forma o ser humano. Assim, a experiência de encontrar saídas coletivas para as demandas comunitárias é a síntese da construção de atores sociais promotores de saúde, portanto, é a construção de agentes populares de saúde.
ENTRE ÁGUAS, SABERES E LUTAS: A EXPERIÊNCIA DA FORMAÇÃO DE AGENTES POPULARES DE SAÚDE DOS POVOS DAS ÁGUAS NA PARAÍBA
Comunicação Oral
1 UFPB
Período de Realização
Curso livre realizado entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.
Objeto da experiência
Formação de agentes populares de saúde dos povos das águas junto a lideranças de comunidades tradicionais de pesca da Paraíba (PB) e Pernambuco (PE).
Objetivos
Descrever a formação de agentes populares de saúde, a partir da discussão crítica de questões referentes ao trabalho, ambiente e saúde nas comunidades tradicionais de pesca, de forma a fortalecer a organização popular para o enfrentamento de vulnerabilidades socioambientais.
Descrição da experiência
Foram convidados membros de 7 comunidades da PB e 4 de PE. O curso se deu em 5 módulos presenciais. Neles, discutiu-se a identidade, direitos e a relação entre trabalho, ambiente e saúde na vida dos povos das águas, o Sistema Único de Saúde e a vigilância popular. Usou-se como base a Educação Popular e a Pedagogia da Alternância, com discussões dialogadas, recursos artísticos e visitas a campo. Os participantes construíram propostas de intervenção e a cartografia social de seus territórios.
Resultados
As discussões realizadas mostraram-se muito ricas, com expressivo engajamento dos participantes. Construiu-se um ambiente de troca de saberes e mobilização coletiva, oportunizando a criação de vínculos que perduraram após o encerramento do curso e que se mostraram muito positivos na luta por direitos. Foram formados 32 Agentes Populares de Saúde dos Povos das Águas, em 11 comunidades, que demonstraram, mesmo antes da conclusão das atividades pedagógicas, ser importantes articuladores locais.
Aprendizado e análise crítica
A formação de agentes populares de saúde é uma estratégia de fortalecimento da articulação popular nos territórios da pesca artesanal, que enfrentam uma grande vulnerabilidade socioambiental reforçada pelo ideal de desenvolvimento hegemônico. A metodologia estimulou o protagonismo dos participantes, destacando a importância da identidade e da organização no território. A equipe organizadora, além de trocar aprendizados, desenvolveu habilidades pedagógicas e de envolvimento com os territórios.
Conclusões e/ou Recomendações
O curso possibilitou a construção coletiva de saberes por meio da reflexão crítica sobre trabalho, ambiente e saúde nos territórios dos povos das águas. O compartilhamento de vivências entre comunidades gerou vínculos de afeto e luta. Esse processo consolidou-se como uma importante estratégia de fortalecimento da vigilância popular em saúde e do controle social, como forma de enfrentamento da vulnerabilidade socioambiental e busca pelo bem viver.
EXPERIMENTALISMO BRABO: ARTE, MEMÓRIA E RELAÇÃO COMO FORMAS DE EXISTIR E RESISTIR NO TERRITÓRIO
Comunicação Oral
1 PPGICS/ICICT/FIOCRUZ
Período de Realização
Janeiro a Dezembro de 2024
Objeto da experiência
Ações artístico-culturais em Manguinhos (RJ) que, por meio da escuta e da memória, ativam relações de cuidado em territórios periféricos.
Objetivos
Mobilizar a arte como prática de escuta e produção de sentido em territórios periféricos, por meio da metodologia EBRABO (escuta, intervenção e expressão), reconhecendo memória, afeto e relação como dimensões essenciais da saúde coletiva e do cuidado.
Metodologia
Em 2024, o Experimentalismo Brabo realizou 8 ações em Manguinhos baseadas na metodologia EBRABO. O Passeio Brabo ( uma passeata de palhaços por vielas, feiras e becos) é a etapa de escuta, onde artistas interagem diretamente com o território. As intervenções nascem dessas trocas e culminam em ações de expressão, como a produção e distribuição de cordéis biográficos e a entrega de fotografias impressas dos encontros, devolvidas ao público como forma de reconhecimento e cuidado.
Resultados
As ações fortaleceram vínculos entre artistas e comunidade, ativaram memórias locais e produziram reconhecimento simbólico de sujeitos frequentemente invisibilizados. A distribuição de cordéis e a devolutiva fotográfica funcionaram como práticas de cuidado e legitimação. O engajamento espontâneo nos encontros demonstrou que a arte, quando enraizada no território, pode gerar processos coletivos de saúde e pertencimento
Análise Crítica
A experiência evidenciou que práticas artístico-territoriais, como o Passeio Brabo, produzem formas de cuidado que escapam à lógica biomédica, mas são profundamente potentes. A escuta ativa, a relação estética e o retorno simbólico via cordéis e fotografias funcionaram como práticas de saúde coletiva, ao legitimar experiências silenciadas e ampliar o reconhecimento mútuo entre artistas e comunidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reafirma que saúde também se produz na escuta, na relação estética e na valorização da memória coletiva. Recomenda-se que políticas públicas reconheçam práticas culturais como o Experimentalismo Brabo como dispositivos de cuidado, especialmente em territórios historicamente negligenciados, onde a arte age como tecnologia social e ética da presença.

Realização: