Programa - Comunicação Oral - CO22.1 - Educação Popular e Saúde: tessituras, redes e semeaduras
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) E MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST): AGROECOLOGIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE EM MINAS GERAIS
Comunicação Oral
Abreu, P. H. B.1, Passos, M. C.1, Cardoso, A. L.1, Faria, B. N. M.1, Castro, G. F.1, Santiago, L. A.1, Luciano, P.1, Moraes, D. C. J.1, Alonzo, H. G. A.2
1 UFOP
2 Unicamp
Período de Realização
As atividades descritas ocorreram no período de outubro de 2024 a abril de 2025.
Objeto da experiência
Utilizar a Metodologia Camponês a Camponês (CaC) como estratégia para Territorialização da Agroecologia e Promoção da Saúde.
Objetivos
Desenvolver formações e atividades (passos metodológicos) que subsidiem a transição agroecológica em regionais do MST-MG; aprofundar redes de interação entre IES e o MST-MG; estruturar processo horizontal e participativo de compartilhamento de conhecimentos e práticas agroecológicas.
Descrição da experiência
Após a Oficina CaC em Cuba (40h) ministrada pela Asociación Nacional de Agricultores Pequeños, para 26 pessoas (pesquisadores, bolsistas e membros do MST), foram desenvolvidos cinco passos metodológicos nas Regionais Vale do Rio Doce, Zona da Mata e Sul: um seminário inter-regional sobre a CaC e a territorialização da Agroecologia; três encontros regionais de implantação da CaC; um encontro inter-regional de avaliação e de planejamento dos próximos passos do processo de transição agroecológica.
Resultados
A Oficina CaC promoveu a formação dos participantes, aprofundando conhecimentos sobre a metodologia e fortalecendo a interação entre as 10 IES envolvidas no projeto e o MST-MG. Em seguida, foram desenvolvidos cinco passos metodológicos, promovendo a participação de 168 membros do MST-MG no processo de implantação da CaC e no planejamento dos próximos passos do projeto: formação de promotores, facilitadores e coordenadores; diagnósticos rurais participativos; e implantação de Tecnologias Sociais.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reafirma a CaC como estratégia de mobilização social para a disseminação da agroecologia e para a Promoção da Saúde e da Segurança Alimentar. Contando, neste projeto, com o apoio horizontal de 10 IES, a CaC, ao articular saberes camponeses e autonomia produtiva, fortalece territórios camponeses e práticas emancipatórias para a construção de um projeto político de enfrentamento da lógica do agronegócio, em consonância com os princípios da educação popular em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Abordagens participativas e horizontais, como a CaC, ao valorizarem os saberes locais e fortalecerem a autonomia camponesa, contribuem para a construção de modos de vida e produção baseados na agroecologia. Essa perspectiva metodológica, que deve ser estimulada/financiada e aprofundada também nas IES do país (para apoio a processos sociais), promove saúde e segurança alimentar de forma territorializada e alinhada aos princípios da educação popular
MAMI‘MIÙ‘HAW PIRAH MIR‘RYH (ENQUANTO A GENTE CONVERSA O PEIXE ASSA): ARTICULAÇÃO DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE (EPS) E O MOVIMENTO INDÍGENA RUMO À COP 30
Comunicação Oral
Medeiros, J.F.D1, Guajajara, R.I.A2, Guajajara, C. de sousa3, Guajajara, M.B.L4, Neto,D.B.O5, Oliveira, D.L6, Gomes, M.A7, Costa, C.S.L7, Lima, N.S7, Pacu, A.S7
1 Fiocruz Brasília e Movimento pela Saúde dos Povos Brasil
2 Liderança Jovem - Terra Indigena Morro Branco
3 Liderança Região Japão - Terra Indígena Morro Branco
4 Liderança Região Aldeia Sede - Terra Indígena Morro Branco
5 Fiocruz Brasília, Ação de Mulheres pela Equidade e Movimento pela Saúde dos Povos Brasil
6 Ministério da Saúde, Fiocruz Brasília e Movimento pela Saúde dos Povos Brasil
7 Ação de Mulheres pela Equidade e Movimento pela Saúde dos Povos Brasil
Período de Realização
Abril de 2024, durante o Acampamento Terra Livre (ATL) em Brasília.
Objeto da experiência
Articulação política e formativa entre educandas da especialização em Educação Popular em Saúde da Fiocruz Brasília e o movimento indígena brasileiro.
Objetivos
Fortalecer espaços de diálogo e construção conjunta, e a aliança entre educandos em EPS e o movimento indígena, apoiando suas articulações políticas rumo à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) 30. Promover defesa dos territórios, da saúde e da vida dos povos indígenas.
Metodologia
A roda de conversa “ Mami'miù'haw pirah mir'ryh” , foi um encontro construído coletivamente por especializandos em EPS da Fiocruz Brasília que fazem parte do Movimento pela Saúde dos Povos e Ação de Mulheres pela Equidade, em conjunto com lideranças indígenas da delegação Guajajara. A metodologia partiu dos princípios freireanos da dialogicidade e da roda de conversa, além da partilha de alimentos, conduzida conjuntamente com uma jovem liderança Guajajara, e outros participantes do ATL.
Resultados
A roda potencializou a corresponsabilidade dos educandos e da saúde com a pauta indígena, fortalecendo redes de articulação e incidência política conjunta. Ampliou o debate das demandas indígenas dentro da agenda dos seus movimentos e iniciou um processo de mobilização para a COP 30. A escuta das lideranças das mulheres Guajajara, com protagonismo indígena na condução, reforçou a importância dos territórios e saberes ancestrais como elementos centrais na luta por justiça climática e saúde.
Análise Crítica
A experiência reafirma a potência dos processos de articulação política em saúde estarem ancorados nos princípios orientadores da EPS, assim como na escuta das lideranças indígenas. O momento da partilha da comida, simbolizada no ato de assar e comer o peixe, demonstra como rodas freireanas mobilizam o pertencimento e confiança entre os sujeitos coletivos. Como desafio, destaca-se a necessidade de garantir recursos e espaços efetivos, que gerem ações concretas de incidência para COP 30.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomendamos que experiências de articulação com povos indígenas adotem metodologias freirianas. Espaços construídos conjuntamente, baseado nas suas práticas culturais e na escuta e protagonismo de jovens lideranças e das mulheres indígenas. Assim, movimentos da saúde e especializandos em EPS fortaleçam o seu comprometimento com as lutas indígenas, uma ação fundamental para a defesa da saúde, dos territórios e do enfrentamento à crise climática.
RAÍZES DO CUIDADO: INTEGRAÇÃO DOS SABERES TRADICIONAIS E CIENTÍFICOS NO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA EM GURUPI (TO)
Comunicação Oral
Gonçalves, C. W. B.1, Miele, M. S. A. G.1, Cruz, T. L.2, Filho, E. O.2, Costa, H. T. S.2
1 UFT
2 UNIRG
Período de Realização
Janeiro a maio de 2025, em encontros na Unidade Básica de Saúde Waldir Lins, em Gurupi (TO).
Objeto da experiência
Diálogo horizontal entre profissionais e moradores para cotejar saberes populares e evidências científicas sobre uso de plantas medicinais.
Objetivos
Valorizar e sistematizar os conhecimentos locais sobre plantas medicinais, qualificar a equipe de saúde e a comunidade para o uso seguro, cocriar material educativo e implantar horta medicinal como espaço permanente de aprendizagem
Descrição da experiência
Foram realizadas cinco rodas de conversa, com média de 25 participantes, envolvendo equipe multiprofissional, usuários e guardiões dos saberes locais. Com escuta qualificada, fichas estruturadas e uso de folhas frescas, mapeou-se o uso das plantas medicinais no território. A sistematização alinhou-se à Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS, subsidiando a escolha de mudas para implantação da horta medicinal comunitária.
Resultados
A documentação participativa gerou um acervo com dez espécies, incluindo indicações, preparo e precauções. Foram produzidos cinco cartazes e um folheto distribuído nos domicílios. A exposição “Raízes do Cuidado”, composta a partir desses materiais, foi incorporada as ações da unidade, que destinou 20 m2 para a implantação da horta medicinal. Após a atividade os participantes relataram maior segurança para compartilhar saberes, fortalecendo vínculos, autonomia e cuidado no território.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que rodas de conversa, mediadas por escuta qualificada e diálogo horizontal, fortalecem os vínculos entre a equipe de saúde e a comunidade, valorizam e legitimam saberes historicamente marginalizados e ampliam o protagonismo dos usuários no cuidado compartilhado. A articulação entre os conhecimentos tradicionais e científicos mostrou-se viável, ética e necessária. Contudo, sua consolidação demanda pactuação intersetorial e capacitação contínua das equipes.
Conclusões e/ou Recomendações
A valorização dos saberes populares sobre plantas medicinais potencializa a resolutividade da Atenção Primária e fortalece práticas integradas e culturalmente enraizadas. Recomenda-se institucionalizar as rodas de conversa como estratégia permanente de educação popular em saúde, com articulação territorial e reconhecimento das práticas tradicionais como parte do cuidado no SUS.
SEMEANDO O CUIDADO RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE IMPLANTAÇÃO DA HORTA MEDICINAL NA ATENÇÃO BÁSICA
Comunicação Oral
Silva, F. B.1
1 FMS/SG
Período de Realização
De julho a dezembro de 2022
Objeto da experiência
rodas de conversa sobre plantas medicinais com ACS e usuários atendidos pela ESF da UBS Oswaldo Cruz, Amendoeira/SG.
Objetivos
fortalecimento de vínculos entre os moradores, a ressignificação do papel dos curandeiros/erveiros da/na comunidade, a inserção de novos atores dentro desse processo de produção e troca de mudas, e criação da horta medicinal na UBS
Descrição da experiência
ocorreram rodas de conversas em 3 encontros: O 1º em 14/07, com as perguntas: Como adquiriram os conhecimentos sobre as plantas medicinais? como descreveriam suas experiencias com o cultivo? O que o ato de plantar significa para você? O 2º em 27/08, tivemos as seguintes perguntas: Como foi o processo de produzir as mudas para outras pessoas? Como se deu a escolha da muda? Atividade final do 2º encontro: Troca das mudas medicinais; O 3º em 11/12: execução da construção da horta medicinal
Resultados
Os participantes relataram como o lidar com as plantas medicinais é terapêutico e ‘traz paz para alma’. Desta forma, podemos perceber o potencial que esses encontros produziram, pelo fato de possibilitar um espaço de escuta a cada participante, com suas riquezas e experiencias sobre plantas medicinais, com os curandeiros, com a ancestralidade e principalmente poder ocupar um espaço que majoritariamente é utilizado para atendimentos médicos e realização de procedimentos curativos.
Aprendizado e análise crítica
Ocupar a UBS com ações de educação em saúde, baseado nos princípios da educação popular em saúde, fomentando a construção compartilhada do saber é um marco para nossa unidade, visto que são muitos os entraves enfrentados pelos profissionais ACS bem como dos usuários do SUS para se perceberem como protagonistas nesses espaços. Desta forma, a criação da horta medicinal dentro da UBS contribuiu para uma perspectiva ampliada do cuidado, para além das consultas médicas ou uso de fármacos.
Conclusões e/ou Recomendações
Para superar desafios como esses é preciso enfrentamento da lógica hegemônica dos funcionamentos dos serviços de saúde, o qual situamos a educação popular em saúde como caminho que envolve investimento na participação da população na construção de seus processos de cuidado. A educação popular favorece o fortalecimento desse público nas discussões, na definição de prioridades e nas estratégias de enfrentamento dos problemas de saúde no território.
SUS: TERRITÓRIOS VIVOS - A VOZ DOS MOVIMENTOS POPULARES EM DIÁLOGOS COM O MINISTÉRIO DA SAÚDE
Comunicação Oral
LEAL, T. S.1, SILVA, M. R. F.1, PEKELMAN, R.1, SILVA, T. M. L.1, CARVALHO, M. M.1, CRUZ, G. S.1, PEREGRINO, B. A. S.1, PASSARELLA, T. M.1, CARVALHO, A. L. B.1, SOUSA, A.V.D. O.1
1 Ministério da Saúde
Período de Realização
De novembro de 2024 a maio de 2025.
Objeto da produção
Atividade virtual para diálogos com experiências de base territorial com representantes de experiências e territórios no fortalecimento do SUS.
Objetivos
Promover diálogos entre experiências com Educação Popular em Saúde através de ações institucionais e não institucionalizadas desenvolvidas nos territórios brasileiros, representadas por quem as constrói; fortalecer a Pneps-SUS; e visibilizar ações de base territorial na defesa do SUS.
Descrição da produção
Trata-se de dispositivo de participação inspirado nos círculos de cultura freirianos. Os encontros virtuais proporcionam diálogos mensais, com tema gerador e convidados representantes das suas experiências, abertos para todas as pessoas interessadas, com transmissão pelo canal do DataSUS no YouTube. As experiências unem pessoas em defesa de saúde universal, integral, equânime e popular. Ao final são produzidas as sínteses dos diálogos, retomando os inéditos viáveis produzidos.
Resultados
Até o momento são sete edições mensais, somando 5.854 visualizações, disponíveis no canal do YouTube do DataSUS. São 20 experiências vindas de diferentes territórios em nove estados mais o Distrito Federal. Experiências vinculadas à história da Pneps-SUS, ao fortalecimento dos Conselhos Locais de Saúde, à saúde da população quilombola, à gestão participativa e à saúde mental e cuidado em liberdade. Na oitava edição, os diálogos serão sobre lutas, participação e saúde da População LGBTQIAPN+.
Análise crítica e impactos da produção
A integração entre saberes, conhecimentos e práticas, partilhados em cada um dos diálogos produzidos, inspiraram sujeitos e sujeitas a desenvolver fazeres que promovem, no próprio processo, a problematização da realidade, vislumbrando situações limites e respectivos inéditos viáveis. As edições também produzem memória. Por fim, contribui para a retomada e fortalecimento da Pneps-SUS, agenda transversal do Ministério da Saúde, e para potencializar a defesa do SUS junto aos movimentos populares.
Considerações finais
Esse espaço só é possível devido ao empenho deste Governo com a participação popular, potencializando a saúde nos territórios e construindo um SUS comprometido com a transformação das realidades, com os desejos e necessidades do povo brasileiro e com a vida. A preocupação (ou ausência desta) com a construção da educação popular em saúde se tornou um indicador de compromisso com a democracia e com os territórios vivos.
TEIA: TECENDO MODOS DE FAZER VIGILÂNCIA POPULAR NO INTERIOR DO AMAZONAS
Comunicação Oral
Meneses, M. N.1, Guedes, F. M.2, Lins, F. A.2, Rocha, C. M. F.3
1 ANEPS, Prefeitura Municipal do Rio Grande, MSP
2 ANEPS
3 UFRGS
Apresentação/Introdução
A Vigilância Popular em Saúde tem sido protagonizada pelas populações, sobretudo as vulnerabilizadas, em vários cantos do Brasil desde experiências autônomas e construídas coletivamente. Adentra-se ao campo da Vigilância Popular desde o território de Parintins (AM), para compreender a vigilância praticada pelas pessoas que ali vivem, pois é no cotidiano das lutas e da vida que ela vem acontecendo.
Objetivos
Objetivo: Cartografar a experiência de modos de fazer Vigilância Popular junto ao território de Parintins, no Estado do Amazonas.
Metodologia
Metodologia: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa do tipo cartográfica a partir da TEIA de Educação Ambiental e Interação em Agrofloresta de Parintins, Amazonas. Parintins está localizado na 9ª sub-região do Baixo Amazonas, com sede na Ilha Tupinambarana, à margem direita do rio Amazonas. A pesquisa respeitou todos os procedimentos éticos exigidos para estudos com seres humanos no Brasil e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Distrital Gonzaga Mota Messejana, sob o número CAEE 47591021.9.0000.8145. Como instrumento de pesquisa utilizou-se diários de campos. As análises foram sustentadas pelo referencial teórico de Michel Foucault e de autores contemporâneos.
Resultados
A TEIA é uma estratégia política, de caráter socioambiental, nutrida no diálogo, no compartilhamento de experiências entre os diversos saberes e com parcerias afins capazes de interferir sobre o atual modelo de sustentabilidade. No desenvolvimento das atividades da Teia, sempre são utilizadas rodas de conversa com reflexões e denúncias ao modelo agrotóxico vigente. Também, há socializações de experiências agroflorestais aplicáveis em quintais urbanos. As articulações deste teçume de insurgentes, podem ser consideradas práticas de Vigilância Popular e explicitam a necessidade de construir formas de resistência, na contemporaneidade, em espaços urbanos, cultivados pelos saberes tradicionais.
Conclusões/Considerações
As práticas de Vigilância Popular em Saúde cartografadas em conjunto com a TEIA têm denunciado violações à vida e as expertises das experiências que são produzidas nesse território tem mobilizado novas ideias e enfoques criativos e, por sua vez, anunciam saberes outros articulados à perspectiva do Bem Viver. Nesse sentido, a TEIA impulsiona modos de fazer Vigilância Popular desde produções de vida com os quintais e canteiros produtivos.