Programa - Comunicação Oral - CO27.1 - Estratégias de cuidado amplaido para as Medicinas Tradicionais Complementares Integrativas
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
AURICULOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL: EFEITOS NA ANSIEDADE EM USUÁRIOS DE UM CENTRO DE MEDICINA INTEGRATIVA
Comunicação Oral
Cavalcante, L. T. S.1, Parreira, A. M.2, Martins, L. M.3, Parreira, F. R.4
1 Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal de Goiás (UFG)
2 Centro de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic), da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Goiás
3 Centro de Referência em Medicina Integrativa e Complementar (Cremic), , da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Goiás
4 Universidade Federal de Goiás (UFG)
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) reconhece terapias como a auriculoterapia, inserida nas Racionalidades Médicas Orientais, como estratégias de cuidado no SUS. Essas práticas ampliam o olhar sobre o sofrimento psíquico, rompendo com modelos biomédicos e eurocêntricos, em direção a abordagens interculturais e humanizadas, alinhadas às epistemologias do Sul.
Objetivos
Avaliar o uso da auriculoterapia para à redução dos sintomas de ansiedade em usuários de um Centro de Referência em Medicina Integrativa, contribuindo para qualificar o cuidado em saúde mental no SUS por meio das práticas integrativas.
Metodologia
Pesquisa quanti-qualitativa, quase-experimental (antes e depois), envolvendo usuários de um Centro de Referência em Medicina Integrativa em um município de grande porte. À etapa de campo será realizada no segundo semestre de 2025 por meio de análise quantitativa utilizará o Inventário de Ansiedade de Beck; a qualitativa será realizada por meio de entrevista em grupo. Aprovado pelo Comitê de Ética Leide das Neves, sob o parecer n. 7.481.656. Como etapa preliminar, foi conduzida uma revisão de escopo com uso da plataforma rayyan.ai para organização e seleção do material. Além disso, foi realizada análise estatística dos dados de produção ambulatorial da unidade co-participante, do ano de 2024.
Resultados
A auriculoterapia se mostra eficaz na redução da ansiedade, com efeitos positivos em diversos públicos. Revisões sistemáticas apontam benefícios na diminuição do estresse e melhoria da qualidade de vida. Em 2024, a unidade realizou 1.294 atendimentos, majoritariamente com mulheres (74,7%), adultos e idosos(as) (61%) da região metropolitana. Predominam pessoas com escolaridade média/superior, renda entre 1 e 5 salários mínimos e bom acesso a serviços públicos. Ansiedade (73,3%) e dor crônica (58,1%) foram as principais queixas. A auriculoterapia foi a segunda prática integrativa mais citada (53,2%), atrás apenas da fitoterapia (63,9%).
Conclusões/Considerações
A pesquisa reforça a auriculoterapia como estratégia eficaz contra a ansiedade, com evidências positivas mesmo em populações vulneráveis. Na unidade analisada, usuários(as) têm bom acesso a serviços, mas alta prevalência de ansiedade e dor crônica. A técnica foi a segunda prática mais referida, mostrando aceitação e potencial de ampliação. Os dados indicam a importância de incorporá-la nas redes de atenção à saúde.
PERCEPÇÃO DE FAMILIARES SOBRE AS REPERCUSSÕES DO USO DE CANABINOIDES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Comunicação Oral
Aiko, A.R.L.N.1, Alves, R.J.R.1, de Mattos, M.2, Cruz, J.R.1, da Silva, W.C.1, Capeleto, S.M.1, Palos, C.M.P.1
1 UFMT
2 UFR
Apresentação/Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento. No que se refere aos tratamentos para o alívio de sintomas não há uma terapia medicamentosa específica. Atualmente tem sido discutido o tratamento com o óleo de Cannabis. A percepção dos familiares sobre o tratamento com canabinoides pode contribuir para fomentar discussões no âmbito científico.
Objetivos
Compreender a percepção de familiares sobre as repercussões do uso de canabinoides em crianças e adolescentes com TEA
Metodologia
Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, realizada com familiares de crianças e adolescentes com TEA que fazem uso de canabinoides há seis meses. Os participantes foram recrutados em uma associação voltada ao atendimento de pessoas com TEA, localizada em Mato Grosso. Participaram dez responsáveis pelas crianças e adolescentes (três pais e de sete mães. Observou-se que todos foram do sexo masculino, idades entre 6 e 18 anos. Utilizou-se Entrevistas Narrativas, com questões abertas. Análise se deu através de técnica de Classificação Hierárquica Descendente, utilizando o software IRAMUTEQ para segmentação e organização textual e cate emergiram cinco categorias para discussão dos dados.
Resultados
Os participantes relataram impactos positivos após o tratamento com canabinoides. Nos resultados emergiram cinco categorias: Melhora nas interações do cotidiano: realização de tarefas diárias, mais atenção e foco. Percepção sobre o tratamento: diminuição das medicações tradicionais. Melhora na qualidade do sono: redução da fragmentação do sono e a eliminação de episódios de agitação noturna. Melhora na comunicação: verbalização e capacidade de compreensão. Diminuição das crises de agressividade: redução das crises de autolesão. Os familiares destacaram desafios, como a dificuldade de acesso ao tratamento devido a regulamentações restritivas e o preconceito associado ao uso de cannabis.
Conclusões/Considerações
Evidencia-se que o tratamento com canabinoides impacta positivamente diversos aspectos do desenvolvimento de crianças e adolescentes com TEA. Indicam melhorias na interação familiar, comunicação, qualidade do sono, controle de crises, representando uma alternativa promissora. Fomentando debates sobre o seu uso, incentivando novos estudos sobre segurança, eficácia, regulamentação, e a quebra de paradigmas e preconceitos relacionados ao uso.
PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR: VIVÊNCIAS ORIUNDAS DA PARCERIA ENTRE O GRUPO DE PESQUISA PICSUFES E UMA PRO REITORIA UNIVERSITÁRIA
Comunicação Oral
Valbuza, G.S1, Possato, M.R.1, Monteiro, E.G.1, Netto, I.S1, Vescovi, A.1, Megiolaro, L.1, Santos, H.1, Castro, M.R.C1
1 UFES
Período de Realização
Atividades e ações junto aos trabalhadores universitários ocorreram de outubro a novembro de 2024.
Objeto da experiência
Utilização das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) na promoção da saúde dos trabalhadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Objetivos
Difundir e estimular o uso das PICs como estratégia de enfrentamento ao estresse, através de atendimentos com Aromaterapia e Auriculoterapia, e, oficinas de Fitoterapia, Musicoterapia e Arteterapia.
Fortalecer a parceria entre Grupo de Pesquisa PICsUFES® e Pro Reitoria de Gestão de Pessoas da UFES.
Descrição da experiência
Participaram 20 trabalhadores ocupando todas as vagas. O grupo ocorreu em 04 encontros. A partir das demandas, utilizou-se na fitoterapia ação educativa sobre propriedades, preparo e uso seguro e racional e oferta de alguns chás como melissa e camomila. Também se explicou sobre os óleos essenciais. No atendimento com auriculoterapia, a principal queixa foi ansiedade, seguido de distúrbios do sono. As oficinas de musicoterapia e arteterapia promoveram ambiente acolhedor e construtor de vínculos.
Resultados
Relatos de melhora de desconfortos emocionais, qualidade do sono e bem-estar; tranquilidade e paz. Participantes também relataram interesse em ampliar o uso das PICs em sua rotina. Feedbacks ao final de cada encontro, sugerindo atividades para o encontro subsequente, contribuiu para a vinculação do grupo. A PROGEP formalizou o agradecimento à parceria e o interesse em sua manutenção através de memorando, reconhecendo o valor deste trabalho para a saúde do trabalhador e para a instituição.
Aprendizado e análise crítica
A experiência permitiu fortalecer o cuidado integral aos trabalhadores, ampliando conhecimentos sobre as PICs, suas aplicações e benefícios. Destacou-se a importância da escuta das demandas do grupo, da personalização das práticas e do acolhimento como estratégia de promoção da saúde física, emocional e mental. Além disso, evidenciou-se o potencial das PICs para estimular o autocuidado no ambiente universitário.
Conclusões e/ou Recomendações
O uso das PICs na promoção da saúde integral, promoveram impacto social ampliando acesso, fortalecendo autocuidado, vínculo entre o grupo e escuta ativa por meio de abordagens centradas nas necessidades dos indivíduos. A experiência exitosa permitiu refletir sobre sua aplicabilidade e viabilidade no contexto de trabalho universitário. Recomenda-se a ampliação e a institucionalização das PICs na saúde do trabalhador da UFES.
CUSTO-EFETIVIDADES DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO TRATAMENTO À DOR MUSCULOESQUELÉTICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Comunicação Oral
Bellini, E. C. de O.1, Silva, I. M. V.1, Aquino, C. M. F.2, Cabral, M. E. G. S.3, Pinto, R. H4, Grimberg, S. K. C. R.5, Sousa, I. M. C.6, Bezerra, A. F. B.4
1 UFAL
2 IFPE
3 Uninassau
4 UFPE
5 Afya/Unima
6 FIocruz/IAM
Apresentação/Introdução
Apesar das evidências sobre a efetividade das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no alívio de sintomas e na qualidade de vida de pessoas com dor musculoesquelética, os dados de custo-efetividade ainda são limitados, o que dificulta sua plena institucionalização, mesmo com a expansão de sua oferta no SUS.
Objetivos
Sintetizar as evidências disponíveis sobre avaliações econômicas das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde no manejo de dores musculoesqueléticas.
Metodologia
Este trabalho configura-se como uma revisão sistemática da literatura. Foram considerados artigos publicados no período de 2014 a 2024, com texto completo, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os critérios de inclusão definidos incluíram: estudos que abordassem uma ou mais das 29 PICS do SUS; avaliação do tratamento de dores musculoesqueléticas de causa primária; e apresentação de uma análise econômica com foco em custo-efetividade.
A etapa de elegibilidade foi conduzida por pares para assegurar a imparcialidade e confiabilidade. Os artigos encontrados foram organizados utilizando a versão gratuita da plataforma Rayyan®, enquanto a análise bibliométrica utilizou o software Bibliometrix®.
Resultados
Foram obtidos 171 registros, restando cinco estudos na inclusão final. As produções foram publicadas entre 2017 e 2023, com origem na América do Norte, Europa e Ásia.
Os artigos comparavam PICS com cuidados convencionais, como prescrição medicamentosa, fisioterapia, prática de atividades físicas, educação em saúde, entre outros. A população dos estudos era em sua maioria mulheres, com cerca de 40 anos, apresentando condição considerada crônica, nas regiões cervical e lombar.
Na análise comparativa, todos os estudos apresentaram resultados de custo-efetividade favoráveis para as PICS, o que pode estar relacionado à utilização da perspectiva societal.
Conclusões/Considerações
Os achados desta revisão reforçam o potencial das PICS como estratégias custo-efetivas no manejo de dores musculoesqueléticas crônicas. A inclusão dessas práticas no SUS pode representar um avanço significativo, não apenas no alívio dos sintomas, mas também na redução dos custos associados aos cuidados convencionais da DME. A valorização da perspectiva societal da análise também contribui para um modelo de cuidado humanizado e sustentável.
DILEMAS PARA A IMPLANTAÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM UM MUNICIPIO DE GRANDE PORTE DA BAHIA
Comunicação Oral
PEREIRA, T.M.1, OLIVEIRA, LCF1, LEAL, J.A.L1, SOUZA, M.C.1, ARAÚJO, M.O.1
1 Universidade Estadual de Feira de Santana
Apresentação/Introdução
Desde 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), incorporou as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no SUS, e vem fomentando a incorporação dessas terapias pelos municípios. Porém, a realidade dos municípios brasileiros evidencia, ainda, uma carência de oferta dessas práticas para os usuários do SUS.
Objetivos
Analisar os desafios/dilemas para a implantação das Práticas Integrativas e Complementares em um município de grande porte do interior da Bahia.
Metodologia
Estudo de natureza qualitativa, realizado em um município de grande porte da Bahia. Os participantes da pesquisa foram gestores municipais, conselheiros e trabalhadores de saúde. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram a entrevista semiestruturada e a análise de documentos. Na análise de documentos foram utilizados os Planos de Gestão Municipal de Saúde referente aos quadriênios 2016-2020 e 2021-2024 e o Projeto de Implantação das PICs no município datado de 2018. O método de análise de dados escolhido foi a Análise Temática de Conteúdo. Por se tratar de uma pesquisa envolvendo seres humanos, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o parecer CAAE 75009423.7.0000.0053.
Resultados
No município estudado a oferta das PICs é pontual, desigual e ainda não está institucionalizada. Os gestores e trabalhadores apresentam pouco conhecimento técnico sobre as PIC, porém afirmam que são práticas que visam a integralidade da atenção e que podem trazer melhorarias na qualidade de vida dos usuários do SUS. Apesar da existência de um Plano local para Implantação das PICs desde 2018, a sua oferta ainda não está institucionalizada na RAS e os gestores relatam a falta de financiamento específico para estas ações como um grande desafio para a sua implantação, apesar de reconhecerem as PICS como alternativas de tratamento mais acessíveis financeiramente no contexto do Sistema.
Conclusões/Considerações
Após 19 anos da aprovação da PNPIC, o acesso as PICs na maioria dos municípios brasileiros ainda não é realidade. No município estudado, a oferta das PICs é pontual, desigual e não está institucionalizada. Alguns fatores contribuem para esta realidade: desconhecimento ou confusão conceitual sobre elas por trabalhadores e gestores de saúde; falta de financiamento específico para implantação da PNPIC, carência de profissionais capacitados.