
Programa - Comunicação Oral - CO18.2 - Escola, Território e Promoção da Saúde com Adolescentes
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
GRUPO DE ESCUTA NO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: ARTICULAÇÃO EDUCAÇÃO-SAÚDE COMO DISPOSITIVO INTERSETORIAL DE CUIDADO NA SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Comunicação Oral
1 SMS Salvador
2 SMS Florianópolis
3 SMS Florianópolis, UFSC
Período de Realização
anos letivos de 2024 e 2025
Objeto da experiência
Articulação intersetorial a partir do grupo de escuta do Programa Saúde na Escola (PSE) no Centro de Saúde Itacorubi em Florianópolis
Objetivos
Relatar a experiência da realização do grupo de escuta do programa saúde na escola, destacando a metodologia utilizada, referenciais, desafios, êxitos e potenciais da articulação educação-saúde e demais equipamentos da rede de proteção da infância
Descrição da experiência
uma agente comunitária de saúde (ACS), responsável pelo programa Saúde na Escola, convidou representantes das três escolas públicas da área do Centro de Saúde (CS) Itacorubi para o Grupo de Escuta. Mensalmente, por 2 horas, discutiam com a equipe do CS casos de crianças e adolescentes com dificuldades no desenvolvimento, aprendizagem e vulnerabilidades psicossociais. Participaram regularmente ACS, médicos, psicóloga, residentes e estudantes da saúde com profissionais da educação.
Resultados
Nas reuniões mensais são discutidos aproximadamente 20 a 30 casos por turno. Com uma das unidades de educação, a relação das equipe de saúde da família está bastante consolidada, e com frequência há trocas sobre a evolução dos casos mesmo fora do espaço da reunião. Com as duas outras escolas, devido a não existência de referências fixas para o Programa Saúde na Escola, as trocas são mais restritas ao momento da reunião. Recentemente, o Conselho Tutelar se incorporou às reuniões
Aprendizado e análise crítica
Partindo do agravamento de dificuldades escolares no contexto pós-pandemia, o fortalecimento do grupo de discussão de casos estruturado no Programa Saúde na Escola em Florianópolis permitiu uma abordagem intersetorial sólida e profunda de casos antes cuidados de forma fragmentada pelos diversos setores, permitindo ampliação de atores da rede de proteção à infância. No entanto, maiores esforços institucionais e comunitários são necessários para maior envolvimento de equipes de saúde e escolas.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência do grupo de escuta ressaltou o papel fundamental do diálogo intersetorial na abordagem dos desafios da saúde mental infantil. Recomenda-se ampliar espaços que promovam escuta e reflexão conjunta, fortalecendo a articulação entre saúde e educação. Esses espaços são essenciais para construir respostas integradas e efetivas às necessidades das crianças e adolescentes em seus contextos.
PROGRAMA BRASILEIRO DE MINDFULNESS PARA CRIANÇAS: PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL E HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NO CONTEXTO ESCOLAR
Comunicação Oral
1 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Período de Realização
Abril a dezembro de 2023.
Objeto da produção
Protocolo técnico-pedagógico de intervenção em saúde mental por meio de mindfulness em escolas públicas.
Objetivos
Aplicar e avaliar um programa brasileiro de mindfulness para crianças de 9 a 11 anos, com foco na promoção da saúde mental, desenvolvimento das habilidades socioemocionais e fortalecimento de práticas educativas sustentáveis no ambiente escolar público.
Descrição da produção
O produto técnico resulta de um ensaio clínico randomizado por cluster com 78 estudantes de escola pública. O grupo experimental participou do programa "Mágica da Meditação", composto por 10 sessões semanais de 30 minutos, mediadas por instrutoras formadas. Foram utilizados instrumentos validados (SDQ, CAMM, ERQ-CA) e análise qualitativa com desenhos-estórias e autorrelatos. O protocolo integra práticas de mindfulness, recursos lúdicos e estratégias arteterapêuticas.
Resultados
A participação no programa mostrou correlação positiva moderada entre a intervenção e melhorias nos indicadores de saúde mental: sintomas emocionais (r=0,447), problemas de conduta (r=0,552) e hiperatividade (r=0,567). A análise qualitativa evidenciou aumento de categorias como bem-estar, regulação emocional e amabilidade. O protocolo se demonstrou efetivo e adequado ao contexto sociocultural brasileiro.
Análise crítica e impactos da produção
O protocolo alia fundamentação científica à aplicabilidade prática no SUS e em escola pública. Seu caráter inovador reside na incorporação de práticas lúdicas e integrativas, facilitando o engajamento de crianças. Apresenta potencial para capacitação de educadores, promoção de saúde mental, prevenção de agravos e fortalecimento da cultura de paz. Possui viabilidade de replicação em larga escala por meio de capacitações.
Considerações finais
O programa "Mágica da Meditação" se apresenta como um produto técnico aplicável à promoção da saúde mental de crianças em idade escolar. Os resultados apontam impactos positivos, culturalmente contextualizados, que favorecem o desenvolvimento saudável e a formação de ambientes escolares mais acolhedores. Recomenda-se sua inclusão em políticas públicas intersetoriais de saúde e educação.
PADRÕES DE ENVOLVIMENTO EM BULLYING TRADICIONAL E CYBERBULLYING: UMA ANÁLISE DE CLASSES LATENTES
Comunicação Oral
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
O bullying é um problema crítico devido à alta prevalência e consequências à saúde. Dentre os múltiplos tipos, um dos mais recentes é o cyberbullying. Num geral, ele é um tipo com consequências mais intensas, mas formas cyber e tradicionais tendem a co-ocorrer. É necessário elucidar essa relação, buscando fatores associados ao envolvimento e como essas diferentes formas de bullying interagem.
Objetivos
Esse estudo buscou identificar perfis latentes de adolescentes envolvidos em bullying e cyberbullying e examinar suas associações com sintomas psicológicos, uso de drogas, tempo de tela e fatores sociodemográficos.
Metodologia
Uma pesquisa transversal foi conduzida com 4.280 adolescentes escolares do 7° ano do Ensino Fundamental II ao 3° ano do Ensino Médio de 13 escolas estaduais de cidades do interior de São Paulo. Bullying e cyberbullying foram avaliados com uma versão validada do Revised Olweus Bully/Victim Questionnaire. Análise de classes latentes (LCA) foi conduzida para identificar padrões de envolvimento considerando vitimização e prática dos dois tipos. Associações entre os perfis latentes identificados e variáveis comportamentais e psicossociais foram testadas por meio de regressão logística multinomial.
Resultados
Um modelo de três classes demonstrou o melhor ajuste aos dados: (1) Não envolvidos (47,8%), com baixo envolvimento em qualquer tipo de bullying; (2) Predominantemente vítimas tradicionais (46,3%), com alta vitimização e moderada prática de bullying tradicional; e (3) Autor-vítimas multicontextuais (5,9%), caracterizados por alta vitimização e prática tanto de cyberbullying quanto o tradicional. Pertencer à classe multicontextual foi associado a idades mais jovens, gênero masculino, etnias não-brancas, maior sofrimento psicológico, uso de drogas e vulnerabilidade social. Nenhuma associação foi encontrada entre tempo de tela e envolvimento com cyberbullying.
Conclusões/Considerações
Os perfis encontrados refletem a sobreposição de formas de envolvimento, possivelmente por um ciclo de retaliação, entre diferentes contextos e dão destaque a fatores de risco chave, como uso de drogas e sintomas psicológicos. Tais achados apoiam a necessidade de estratégias de prevenção integrativas, no começo da adolescência e que lidem tanto com cyberbullying quanto com o tradicional, principalmente entre jovens com múltiplas vulnerabilidades.
SABERES COLETIVIZADOS: EXPERIÊNCIA DE PROTAGONISMO JOVEM NA PERIFERIA DE SÃO PAULO COMO POTÊNCIA DE OUTRAS FORMAS DE DEBATER O TERRITÓRIO
Comunicação Oral
1 USP
2 UNAS Heliópolis e Região
Período de Realização
Projeto realizado entre agosto/2024 e março/2025
Objeto da experiência
Experiência de resultados do projeto “Jovens pesquisadores de Heliópolis” sobre o conceito e impactos de crises sistêmicas em seu território.
Objetivos
Valorizar o protagonismo já existente de jovens de periferias urbanas tanto nos processos coletivos no território quanto na própria construção do conhecimento.
Metodologia
Foram realizados encontros periódicos com jovens pesquisadores do Observatório de Olho na Quebrada da favela de Heliópolis de São Paulo, utilizando metodologias participativas como Círculos de Cultura e Mapas Falantes, na intenção de facilitar as discussões sobre as relações estabelecidas entre insegurança alimentar, covid-19, mudanças climáticas e os impactos no território. O vínculo proporcionou atividades de reflexão por meio de conversas, análise de imagens e mapas do território.
Resultados
As discussões realizadas nos encontros ofereceram reflexões de suas próprias vivências e ações como pesquisadores do Observatório. Considerando uma perspectiva ampliada sobre acesso à internet, enchentes, incêndios e outros riscos na comunidade, que ampliaram o debate sobre racismo ambiental presente nesse espaço, proporcionou falas sobre riscos associados aos impactos das mudanças climáticas, enchentes, desterritorialização dos atingidos e insegurança alimentar.
Análise Crítica
A luta popular da juventude deve se refazer num mundo que caiba as diversidades e complexidades todas. A razão ocidental reflete nos valores, processos políticos, produz incertezas e reforça o controle exercido pela hegemonia do pensamento norte-centrado da ciência. Falar do contraponto enfatizou que a razão não pode ser desempenhada por um corpo restrito de especialistas, a pesquisa deve ser um canal do que já é falado, produzido no território, no ativismo e na gestão da vida coletiva.
Conclusões e/ou Recomendações
O debate ambiental atravessa a vida da população brasileira cotidianamente, principalmente os territórios onde a política da sobrevivência é permanente. Nesse sentido, ouvir a juventude e as potentes articulações possíveis, é importante para repensar políticas e pesquisas homogeneizantes. Os recursos, as ações e as discussões dos encontros no Observatório apresentaram reflexões de como é possível realizar esses debates no território.
TECENDO SABERES E CUIDADO COM A JUVENTUDE QUILOMBOLA: PROMOÇÃO DA SAÚDE COM ADOLESCENTES DA COMUNIDADE DE ITACURUÇÁ – ABAETETUBA (PA)
Comunicação Oral
1 UFPA PPGCSA
2 UFPA
3 SESMAB
Período de Realização
A experiência aconteceu de Fevereiro a junho de 2025.
Objeto da experiência
Promoção da saúde com adolescentes quilombolas, fortalecendo vínculos, identidade e cuidado coletivo no território.
Objetivos
Promover a saúde integral dos adolescentes quilombolas de Itacuruçá fortalecer vínculos com a UBS; estimular o protagonismo juvenil e o reconhecimento identitário; integrar saberes tradicionais às práticas de cuidado em saúde.
Descrição da experiência
A ação foi construída com base em metodologias participativas, em diálogo com a comunidade. Incluiu rodas de conversa, oficinas temáticas, rodas de saberes com os anciãos e atividades intersetoriais com a escola. As temáticas abordaram sexualidade, saúde mental, racismo, autoestima, identidade quilombola e projeto de vida. As oficinas usaram linguagens culturais, como música e teatro. O processo foi conduzido por profissionais da UBS, lideranças locais e adolescentes da comunidade.
Resultados
Os adolescentes se envolveram ativamente nas oficinas e passaram a buscar mais o serviço de saúde como vacina e consultas medicas, criou-se um grupo de jovens multiplicadores e houve valorização da identidade quilombola e fortalecimento da autoestima. O serviço de saúde passou a ser reconhecido como espaço de escuta. Materiais educativos foram produzidos com base nas vivências dos jovens. As ações promoveram integração entre saúde, escola e território, ampliando o cuidado e o pertencimento.
Aprendizado e análise crítica
A escuta ativa e o diálogo cultural foram essenciais para o engajamento dos jovens. A experiência mostrou que práticas de cuidado devem considerar as dimensões territoriais e identitárias da juventude quilombola. O racismo estrutural, a invisibilização e o etarismo são barreiras importantes e persistentes. A UBS se fortaleceu como espaço de diálogo e transformação, mas os desafios de continuidade e apoio institucional ainda existem.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reafirma a importância de ações intersetoriais, culturalmente sensíveis e territorializadas no cuidado à juventude quilombola. Recomenda-se a institucionalização de políticas públicas que fortaleçam a atenção básica como espaço de promoção da equidade. É essencial garantir a continuidade das ações com suporte técnico e político, e incluir os adolescentes como sujeitos ativos na construção do sistema único de saúde.

Realização: