Programa - Comunicação Oral - CO19.4 - Tecnologias para Coordenação do Cuidado
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
A MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE NO APOIO CLÍNICO ASSISTENCIAL À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: EXPERIÊNCIA DO NÚCLEO TELESSAÚDE UFSC
Comunicação Oral
Araujo, M.F.1, Machado, P.M.O.1, Alves, A.M.2, Petrolini, R.S.3, Ávila, M.Y.B.3, Boing, A.F.4, Lacerda, J.T.1, Calvo, M.C.M.1
1 UFSC
2 PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE SMS FLORIANÓPOLIS
3 Núcleo Telessaúde UFSC
4 USFC
Apresentação/Introdução
Desde 2011, o Núcleo Telessaúde UFSC oferta teleconsultorias em um número crescente de especialidades, incluindo Medicina de Família e Comunidade (MFC). A oferta de teleconsultorias no âmbito dessa especialidade contribui para a resolutividade na APS e a qualificação dos encaminhamentos à atenção especializada, constituindo-se, ainda, uma importante ferramenta de educação permanente em saúde.
Objetivos
Descrever as teleconsultorias respondidas por MFCs entre 2024 e 2025, no estado de Santa Catarina.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal, descritivo e quantitativo. Para tanto, selecionou-se as teleconsultorias respondidas pela especialidade de MFC do Núcleo Telessaúde UFSC, no relatório de gestão fornecido pelo Sistema Catarinense de Telemedicina e Telessaúde (STT), no período de 01/05/2024 a 31/05/2025. Selecionou-se como variáveis: data da resposta da teleconsultoria; orientação de manejo; CID-10 abordado na teleconsultoria; avaliação da resposta pelo profissional solicitante. Os dados foram analisados de forma descritiva com auxílio do aplicativo Microsoft Excel.
Resultados
Foram respondidas 1.941 teleconsultorias na rede de MFC no período, sendo 54,10% respondidas em até 72h. Do total, 60,07% foram resolvidas exclusivamente na APS. Foram identificados 471 grupos de CID-10 vinculados às teleconsultorias, sendo os mais demandados: o Z35 (supervisão de gravidez de alto risco), o Z71 (pessoas em contato com os serviços de saúde para aconselhamento e orientações médicas não classificadas em outra parte) e o M25 (Outros transtornos articulares não classificados em outra parte). Por fim, do total, 1.126 foram avaliadas quanto ao nível de satisfação pelos solicitantes, dos quais 92,27% afirmaram-se satisfeitos, 4,71% indiferentes e 3,02% insatisfeitos.
Conclusões/Considerações
Evidenciou-se que as teleconsultorias respondidas pelo MFC, com orientação de manejo na APS, indicam encaminhamentos à atenção especializada potencialmente evitáveis, relacionados a diferentes condições clínicas. O uso da teleconsultoria tem potencial de ofertar apoio clínico-assistencial em tempo oportuno, otimizar o cuidado, além de facilitar a comunicação entre profissionais da saúde, promovendo a educação permanente e a qualificação da assistência.
AUTOMATIZAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DE DADOS DE CÂNCER HOSPITALAR NO BRASIL: APRESENTANDO O RHCGEN EM LINGUAGEM R
Comunicação Oral
Santos, A. L. S.1, Oliveira, T. N. C.1, Saldanha, R. F.2, Oliveira, R. V. C.3
1 Escola Nacional de Saúde Pública/ENSP/Rio de Janeiro, Brasil.
2 Centre de Recherche Inria Sophia Antipolis – Méditerranée, Inria-Antipolis, França.
3 Instituto Nacional de Infectologia, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Apresentação/Introdução
O avanço da saúde digital no SUS tem ampliado as possibilidades de uso de grandes bases de dados para vigilância, planejamento e pesquisa. No entanto, a heterogeneidade e a complexidade dos registros hospitalares de câncer no Brasil impõem desafios técnicos para sua padronização, interpretação e uso reprodutível em análises epidemiológicas.
Objetivos
Desenvolver um pacote em linguagem R capaz de automatizar o processamento, padronizar variáveis e avaliar a qualidade dos dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) no Brasil.
Metodologia
Trata-se do desenvolvimento e aplicação do pacote RHCgen, uma ferramenta gratuita e de código aberto desenvolvida em linguagem R. O pacote permite padronizar variáveis, traduzir códigos brutos, avaliar a completude, identificar inconsistências e aplicar filtros customizáveis (tipo de câncer, sexo, idade, período e local de residência). A ferramenta foi aplicada a 23 arquivos nacionais do RHC entre 2000 e 2022, totalizando mais de 4,6 milhões de registros. Foram gerados relatórios automatizados e reprodutíveis, compatíveis com análises epidemiológicas. As análises foram realizadas no R (v4.3.3), com scripts públicos e parametrizáveis.
Resultados
A aplicação do RHCgen aos arquivos nacionais do RHC resultou em um banco limpo, padronizado e documentado, pronto para análises epidemiológicas. O pacote demonstrou alto desempenho na leitura, transformação e validação dos dados, reduzindo etapas manuais e erros operacionais. As funcionalidades permitiram identificar variáveis com baixa completude, codificações inconsistentes e registros incompatíveis com critérios clínicos ou demográficos. Os relatórios automatizados incluem gráficos e sumários por variável, ampliando a transparência analítica. A ferramenta está disponível publicamente e contribui para a qualificação dos dados oncológicos no SUS.
Conclusões/Considerações
O RHCgen qualifica o uso das bases do Registro Hospitalar de Câncer ao automatizar etapas críticas do tratamento de dados. Sua aplicação amplia a reprodutibilidade, reduz erros e fortalece as práticas de ciência aberta. Ao facilitar o acesso e a interpretação das bases do RHC, o pacote contribui para a vigilância oncológica, a produção de evidências em saúde e o uso estratégico da informação no SUS.
FERRAMENTA DIGITAL DE APOIO À ASSISTÊNCIA A PACIENTES DIABÉTICOS NA APS: EXPERIÊNCIA DO PROJETO ASSISTE-DIABETES
Comunicação Oral
Falcão, M. C.1
1 Coordenadoria Geral de Atenção Primária 3.2 - SMS Rio de Janeiro
Período de Realização
Janeiro a junho de 2025
Objeto da produção
Desenvolvimento e aplicação de ferramenta digital para otimizar a vigilância clínica e o manejo de pacientes com diabetes mellitus na APS.
Objetivos
Apoiar o acompanhamento de pacientes com diabetes na APS por meio de tecnologia digital que analisa hemoglobina glicada e gera listas nominais por prioridade, subsidiando agendas, vigilância clínica e decisões terapêuticas.
Descrição da produção
A listagem de pacientes diabéticos emitida pelo prontuário eletrônico e registros laboratoriais de hemoglobina glicada (HbA1c) foram consolidados em planilha digital com abas interativas. Pacientes foram classificados quanto ao status diagnóstico, necessidade de otimização terapêutica e prioridade de intervenção, gerando tabelas dinâmicas automatizadas com listas nominais. Oficinas de planejamento com equipes de APS analisaram os dados e planejaram intervenções locais.
Resultados
O instrumento viabilizou a identificação de pacientes com HbA1c crítica sem diagnóstico de diabetes formalizado, bem como exames realizados sem indicação. As listas nominais facilitaram a organização de agendas, revisão diagnóstica e ajustes terapêuticos. As oficinas favoreceram a apropriação dos dados, o planejamento das ações e a visibilidade aos pacientes em risco para desenvolver diabetes. Houve estímulo de análise de indicadores com maior significado à prática clínica.
Análise crítica e impactos da produção
Percebe-se o potencial das tecnologias digitais em ampliar a governança local da informação e enfrentar a Lei dos Cuidados Inversos e redução dos custos na solicitação indiscriminada de exames. Evidenciou-se a relevância da articulação entre dados clínicos e processos educativos na APS para maior equidade e qualidade do cuidado. Limitações nos sistemas de informação, como a ausência de integração com dados de dispensação de medicamentos, apontam desafios futuros.
Considerações finais
O ASSISTE-Diabetes integra tecnologias digitais, vigilância em saúde e educação permanente, com potencial de reprodução em outras realidades da APS. Destaca-se como inovação na gestão da informação, qualifica o cuidado e fortalece a APS. A informação em saúde deixa de ser uma cobrança distante e passa a oferecer maior sentido à prática cotidiana das equipes.
IMPLANTAÇÃO E REORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM UMA USF DE JAPERI/RJ: ESTRATÉGIAS DE GESTÃO, TECNOLOGIA E CAPACITAÇÃO PARA MELHORIA DOS INDICADORES DO PREVINE BRASIL
Comunicação Oral
SANTANA, Gabrielle Nepomuceno da Costa1, BRITO, Fabiana Santos2, PAULA, Carolina Silva1
1 UERJ
2 UFRJ
Período de Realização
18 de março a 14 de Junho de 2025
Objeto da experiência
Reestruturação da lógica assistencial e qualificação da produção em uma USF de Japeri/RJ, com implantação de sistemas e reorganização da força de trabalho
Objetivos
Relatar, de forma técnica, o processo de reorganização da Atenção Primária em uma USF de Japeri/RJ, enfatizando a implantação do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), qualificação dos registros em saúde, capacitação da equipe e fortalecimento das estratégias para melhoria dos indicadores do Previne Brasil.
Descrição da experiência
Até março de 2025, a USF apresentava registros inconsistentes, infraestrutura precária e baixa integração entre equipes. A intervenção técnica iniciou em 06 de maio com visitas presenciais, oficinas, criação de fluxos e implantação do PEC. A consultora realizou ações semanais para qualificação dos ACS, reorganização da recepção, agendamentos com foco em grupos prioritários e qualificação da produção. O monitoramento foi contínuo, com relatórios, rankings e devolutivas técnicas.
Resultados
Houve crescimento considerável na produção em todas as categorias. Consultas médicas subiram de 342 para 397 (+16,08%); enfermagem de 291 para 327 (+12,37%); escutas por técnicos de 0 para 246. Cadastramento com CNS por ACS de 78 para 218 (+179,49%). Agendamentos de 55 (março) para 138 (maio), +150,91%. Adesão dos ACS passou de 80,65% para 100%. A unidade alcançou 1º lugar no ranking municipal e regularidade na produção, impactando os indicadores do Previne Brasil.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidencia que reorganizar a Atenção Primária demanda articulação entre gestão, tecnologia e qualificação técnica. O uso do PEC ampliou a rastreabilidade e fomentou a cultura da informação como ferramenta de gestão. A adesão da equipe exigiu engajamento progressivo, com capacitações e devolutivas. O acompanhamento técnico foi decisivo para mudança institucional. Destacou-se a importância de escalas, fluxos e responsabilização coletiva.
Conclusões e/ou Recomendações
A implantação de tecnologias como PEC, com reestruturação organizacional e qualificação dos trabalhadores, mostrou-se eficaz na reorganização da Atenção Primária. Recomenda-se replicar o modelo de acompanhamento técnico com foco em capacitação, fluxos claros, monitoramento da produção e uso estratégico das ferramentas. A experiência reafirma o potencial das tecnologias na qualificação da assistência e melhoria dos indicadores.
USO DAS MENSAGENS DE ALERTA DA DEFESA CIVIL E APLICAÇÃO DO UBV NO COMBATE À DENGUE NO MUNICÍPIO DE ITAPEMA (SC): RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral
CAVALCANTI, C. D. K1, ANTUNES, F. R. O1, BRESSANINE, B. L1, MENDES, M. S.1
1 Secretaria Municipal de Saúde de Itapema/SC
Período de Realização
O estudo ocorreu de 1º de janeiro a 31 de maio de 2025, abrangendo as semanas epidemiológicas 1 a 22.
Objeto da experiência
Ações educativas e alertas da Defesa Civil para mobilizar a comunidade na prevenção da dengue e eliminação de focos do Aedes aegypti
Objetivos
Relatar a experiência da gestão municipal de Itapema (SC) na adoção de estratégias integradas de comunicação e controle vetorial no enfrentamento à dengue, com ênfase na utilização de mensagens de alerta da Defesa Civil sobre a aplicação do UBV em bairros com maior incidência da doença.
Descrição da experiência
Em 2025, diante do agravamento dos casos de dengue, o município de Itapema (SC) adotou estratégias emergenciais, como o envio de alertas via SMS pela Defesa Civil, com orientações sobre datas e horários de aplicação do UBV leve e pesado nos bairros com maior incidência. As ações buscaram reduzir focos do Aedes aegypti, ampliar o acesso às informações preventivas e fortalecer a mobilização social com atuação intersetorial.
Resultados
Observou-se um aumento significativo na adesão da população às ações de combate à dengue, com melhora na receptividade das equipes responsáveis pela aplicação do UBV nas residências. Houve, ainda, ampliação do alcance das informações preventivas, inclusive em áreas com acesso limitado à internet ou redes sociais, além do fortalecimento da comunicação institucional entre o poder público e a comunidade em contextos de emergência sanitária.
Aprendizado e análise crítica
A articulação entre saúde e Defesa Civil, com uso de alertas e aplicação do UBV, mostrou-se eficaz no enfrentamento da dengue. A ação reforçou a comunicação de risco como ferramenta de gestão, promovendo a educação sanitária e o cuidado domiciliar. A experiência gerou aprendizado institucional e destacou a importância de estratégias integradas e territorializadas, com potencial de replicação em cenários de emergência epidemiológica
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se ampliar o cadastramento de moradores no sistema de alertas da Defesa Civil (via SMS com envio de CEP para 40199), reforçar campanhas educativas em escolas, unidades de saúde e meios digitais, além de intensificar a aplicação do UBV em áreas prioritárias, conforme indicadores epidemiológicos. É essencial o monitoramento contínuo e a atualização em tempo real dos dados para ações mais assertivas.
USO DAS TELECONSULTORIAS NA REGULAÇÃO DO ACESSO ÀS ESPECIALIDADES AMBULATORIAIS NO SUS
Comunicação Oral
MACHADO, P.M.O.1, PETROLINI, R.S.1, ARAÚJO, M.F.1, ÁVILA, M.Y.B.1, MAEYAMA, M.A.1, COLUSSI, C.F.1, AMADIGI, F.R.1, BOING, A.F.1, LACERDA, J.T.1, CALVO, M.C.M.1
1 TELESSAÚDE/UFSC
Período de Realização
Teleconsultorias respondidas no Sistema de Telemedicina e Telessaúde (STT), entre 2019 e 2024.
Objeto da experiência
Uso da teleconsultoria como etapa prévia compulsória ao encaminhamento para as especialidades ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS).
Objetivos
Apresentar o modelo operacional do Núcleo Telessaúde UFSC sobre o uso da teleconsultoria no apoio clínico-assistencial das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) e integrada à regulação do acesso à consulta especializada no SUS, com vistas à redução das filas e do tempo de espera.
Descrição da experiência
O modelo prevê o uso da teleconsultoria assíncrona como etapa compulsória ao encaminhamento às especialidades. O profissional da APS realiza a teleconsultoria no STT e o teleconsultor especialista emite a resposta, orientando a conduta na APS ou o encaminhamento com classificação de risco. Foram analisados dados dos municípios de Balneário Camboriú, Criciúma e Itajaí, comparando a orientação de manejo na APS e de encaminhamento, além do impacto à demanda reprimida e tempo de espera no período.
Resultados
Balneário Camboriú apresentava fila de 6.319 pessoas para consulta ambulatorial e tempo de espera de 12,2 meses (2019). Após a implantação (2023) a fila foi para 105 pessoas e o tempo de espera de 11 dias. Em Itajaí, haviam 11.461 pessoas na fila (2019) e reduziu para 1.534 em 2023. Em fevereiro de 2024, Criciúma apresentava 8.993 pacientes na fila e após 4 meses de implantação, reduziu para 3.196 e o tempo de espera foi de 6,5 para 1,5 meses em média.
Aprendizado e análise crítica
De 77.592 teleconsultorias, 39,7% indicaram manejo na APS em Balneário Camboriú, 70,1% em Criciúma e 35,7% em Itajaí. A teleconsultoria integrada à regulação do acesso à consulta especializada tem potencial de evitar encaminhamentos desnecessários ao serviço ambulatorial. A orientação de conduta investigativa qualifica a primeira consulta presencial com o especialista e também pode reduzir a quantidade de retornos. Cardiologia e Ortopedia se destacam com a maior redução de tempo de espera.
Conclusões e/ou Recomendações
As teleconsultoria como etapa compulsória ao encaminhamento à atenção especializada e o uso da classificação de risco, auxilia na redução das filas e do tempo de espera e promove a equidade do acesso à saúde. O Núcleo Telessaúde UFSC considera a teleconsultoria como uma solução inovadora em saúde digital ao organizar a Rede de Atenção à Saúde e potencializar a educação permanente em saúde ao alcance de todos os profissionais e gestores do SUS.