
Programa - Comunicação Oral - CO19.2 - Desenvolvimento de Tecnologias para o SUS
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
O PAPEL DAS BIBLIOTECAS DE PESQUISA EM SAÚDE DA FIOCRUZ DIANTE DO AVANÇO DAS TECNOLOGIAS: PERCEPÇÕES DE COORDENADORES DE PÓS-GRADUAÇÃO
Comunicação Oral
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
Este estudo, parte da tese “No seu devido lugar: o papel da biblioteca de pesquisa em saúde na ciência contemporânea”, aborda o papel das bibliotecas de pesquisa no avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Foi realizado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição relevante em ciência, tecnologia e inovação em saúde e que forma profissionais para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Objetivos
Analisar o papel das bibliotecas de pesquisa em saúde frente aos avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação na ciência contemporânea, na perspectiva dos coordenadores de Programas de Pós-graduação (PPG) stricto sensu da Fiocruz.
Metodologia
Pesquisa exploratória e descritiva, de abordagem qualitativa. Foram conduzidas entrevistas individuais semiestruturadas em 2023, presenciais e virtuais, com oito pesquisadores-docentes que coordenavam Programas de Pós-graduação stricto sensu da Fiocruz, com notas 6 ou 7 na Avaliação Quadrienal (2017-2020) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A pergunta analisada se refere às mudanças provocadas pelas tecnologias nas bibliotecas. A análise dos dados foi por Análise de Conteúdo Temática (Laurence Bardin). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz, com o CAAE nº 65803522.6.0000.5241.
Resultados
Das falas dos entrevistados emergiram categorias: ‘Valor da biblioteca’ (46,2%), destaca a importância histórica das bibliotecas no ensino e pesquisa, mas aponta o distanciamento da comunidade acadêmica desses espaços; ‘Tecnologias’ (30,8%), a internet ampliou o acesso à informação científica e favoreceu a autonomia dos usuários, influenciando o afastamento das bibliotecas; ‘Comunicação’ (15,4%), ressalta a necessidade de aprimorar a comunicação usuários-biblioteca visando o aumento de sua visibilidade, relevância e utilização; e ‘Curadoria’ (7,7%), enfatiza o papel da biblioteca na curadoria da informação, assegurando qualidade acadêmica em contraste com fontes generalistas como o Google.
Conclusões/Considerações
As bibliotecas enfrentam o desafio do distanciamento da comunidade acadêmica dos seus espaços, sendo um dos motivos a autonomia dos usuários no acesso à informação pela internet. Destaca-se a importância da parceria entre elas e os PPG, visando estabelecer comunicação mais efetiva para fortalecê-las como espaço ‘vivo’ e integrado a essa comunidade, e o novo papel de curadoria para garantir a qualidade da informação, contribuindo assim com o SUS.
DESENVOLVIMENTO ABERTO E COLABORATIVO DE SOLUÇÃO DE ANÁLISE DADOS EM SAÚDE E EDUCAÇÃO PERMANENTE, PARA MUNICÍPIOS E UNIDADES DE SAÚDE: O PAINEL E-SUS APS/FIOCRUZ
Comunicação Oral
1 Unifesp/ Fiocruz
2 Fiocruz
3 UFMG
4 UFOP
5 Fiocruz/ Unifesp
6 Fiocruz/ UFBA
Período de Realização
Desenvolvido desde o ano de 2019 até o presente, com apoio do Programa Inova Fiocruz, SAPS e MIT
Objeto da produção
Desenvolvimento de painéis de informações de feedback para profissionais e gestores locais da APS baseados em software livre, em ambiente colaborativo
Objetivos
Implantação de solução de feedback para a APS,a partir de: pesquisa e desenvolvimento de métodos de ciência de dados e software livre; pesquisa de experiência de usuário e implantação de novos painéis de informações; integração e sustentabilidade da solução desenvolvida na estratégia e-SUS APS
Descrição da produção
A metodologia é um binômio que integra desenvolvimento de software ágil com construção de painéis de indicadores. O processo é informado por pesquisas de campo em saúde coletiva e protocolos de maturidade digital. O desenvolvimento é transparente, com repositórios públicos no GitHub e software livre. A construção dos indicadores envolve revisão de escopo sobre os indicadores, engenharia de dados do prontuário, pesquisa de experiência do usuário e design e implantação de interface interativa
Resultados
Foram realizados 8 releases beta do software em cooperação com a SAPS, com publicação da versão release na reunião da Comissão Intergestores Tripartite de dezembro de 2024. Após o primeiro semestre inicial de estruturação de equipe e recrutamento, a dinâmica colaborativa de ciência aberta atingiu um ritmo elevado de desenvolvimento de painéis, entregando um novo relatório temático por mês, com duas linhas de 8 semanas em paralelo. O software está em uso por mais de 300 municípios
Análise crítica e impactos da produção
O projeto demonstrou que é possível os municípios manipularem diretamente seus próprios dados da APS, e potencialmente todos dos sistemas convencionais e RNDS, utilizando software livre e processos colaborativos. Métodos de segurança de informação foram efetivos, preservando a privacidade ao permitir o acesso das análises apenas a profissionais em campo
Considerações finais
A implantação de métodos de ciência de dados no SUS pode ser complexa dada a baixa maturidade digital de muitos municípios. O Painel e-SUS, software livre e auto-instalável, com ferramentas de análise integradas a relatórios temáticos pré-definidos facilita seu uso, e ao fazê-la em código livre e processo colaborativo estimula-se a educação permanente em saúde digital. Esperamos, assim, reduzir a dependência do SUS de empresas de tecnologia
DESIGN E SAÚDE COLETIVA: CRIAÇÃO DE APLICATIVO EDUCATIVO E PRONTUÁRIO ELETRÔNICO PARA MULHERES ENTRE 40 E 60 ANOS, PROMOVENDO CUIDADO E AUTONOMIA.
Comunicação Oral
1 PUC-Rio
2 UERJ
3 UFF
Período de Realização
Realizado entre agosto de 2024 e junho de 2025
Objeto da produção
Aplicativo para mulheres de 40 a 60 anos com foco em educação em saúde e organização de dados clínicos na transição para o climatério
Objetivos
Desenvolver uma ferramenta tecnológica que promova a autonomia e o cuidado de mulheres de 40 a 60 anos durante o período da menopausa, por meio de conteúdos educativos e prontuário eletrônico pessoal, seguro e acessível, para registro e monitoramento da saúde.
Descrição da produção
A metodologia incluiu pesquisa qualitativa com profissionais e usuárias do SUS, além da análise crítica de aplicativos de saúde similares e correlatos. Os dados obtidos orientaram a definição do público-alvo e das funcionalidades do aplicativo. O desenvolvimento envolveu prototipação, testes com usuárias reais e orientação de docentes da área de design, com base nos princípios da saúde coletiva, inclusão digital e nas necessidades de mulheres em peri-menopausa.
Resultados
Os dados revelaram a ausência de soluções digitais voltadas a mulheres de 40 a 60 anos em situação de vulnerabilidade que utilizam o SUS. Para responder a essa lacuna, foi desenvolvido um aplicativo que permite organizar registros clínicos, monitorar sintomas e acessar conteúdos educativos. O projeto resultou em um protótipo funcional e em um TCC, demonstrando sua viabilidade técnica e potencial impacto social na saúde pública.
Análise crítica e impactos da produção
A produção revelou a importância da transversalidade entre as áreas de design, saúde pública e tecnologia da informação. Destacou-se a urgência de políticas públicas voltadas à inclusão digital de grupos historicamente negligenciados, como mulheres maduras, e a necessidade de financiamento para viabilizar a implementação de soluções tecnológicas inovadoras. O aplicativo desenvolvido representa um avanço na busca por equidade em saúde e fortalecimento do SUS.
Considerações finais
Conclui-se que a adoção de tecnologias digitais no SUS pode transformar a atenção à saúde de mulheres de 40 a 60 anos. Para impacto efetivo, é essencial articular instituições, políticas públicas e práticas equitativas. O projeto reafirma o papel do design socialmente engajado na criação de soluções que valorizam a diversidade e a subjetividade das usuárias.
INTEGRAR APP: VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA PARA PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral
1 UFC
2 UVA
Apresentação/Introdução
As práticas de Educação Permanente em Saúde são essenciais para capacitar profissionais do Sistema Único de Saúde. As Tecnologias da Informação e Comunicação desempenham um papel estratégico ao ampliar o acesso ao conhecimento e impulsionar melhorias dentro do sistema de saúde, criando iniciativas inovadoras em saúde digital que aproximam ciência, comunicação e sociedade.
Objetivos
Objetivou-se validar o aplicativo Integrar App para fortalecer a colaboração interprofissional entre profissionais da Atenção Primária à Saúde.
Metodologia
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de abordagem quantitativa, do tipo metodológica, aplicada e voltada à produção tecnológica. O estudo utilizou o modelo ADDIE para o desenvolvimento do aplicativo, validado por 10 especialistas via método Delphi, Esse método interativo permite a seleção de especialistas, que fornecem feedback em rodadas sucessivas de respostas, baseadas em critérios previamente estabelecidos. O aplicativo possui seis abas, incluindo Temáticas, SUSCast e Publicações.
Resultados
Após a conclusão da validação, as respostas dos especialistas foram analisadas de forma minuciosa para identificar tanto os pontos fortes quanto as áreas que necessitavam de melhorias. A avaliação utilizou um instrumento adaptado para conteúdos educativos, analisando critérios como objetivos, estrutura e relevância, alcançando um Índice de Validade de Conteúdo médio de 0,884, portanto o conteúdo do aplicativo foi classificado como de boa validade. Os especialistas destacaram sua contribuição ao avanço do conhecimento e pertinência, validando o aplicativo como eficaz e promissor no aprimoramento do trabalho em equipe.
Conclusões/Considerações
Os métodos utilizados para o desenvolvimento e validação do aplicativo mostraram-se satisfatórios para atingir os objetivos propostos. A tecnologia proposta se configura como uma boa estratégia para promover a educação na saúde, contribuindo diretamente para a formação de profissionais mais capacitados, aptos a enfrentar os desafios complexos do sistema de saúde.
UTILIZAÇÃO DE ÓCULOS DE REALIDADE VIRTUAL PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE MULHERES SUBMETIDAS A INSERÇÃO DE DIU NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA.
Comunicação Oral
1 UFRN
2 FACESA
3 SESAP/RN
Período de Realização
A experiência aconteceu no primeiro trimestre de 2025, entre os meses de Janeiro a Março.
Objeto da experiência
Promover humanização e educação em saúde utilizando óculos de realidade virtual em mulheres submetidas a inserção de DIU na Atenção Básica.
Objetivos
Este relato tem como objetivos compartilhar a experiência vivenciada com a utilização de óculos de realidade virtual em mulheres submetidas a inserção de DIU na Atenção Básica, e apresentar recursos tecnológicos como novas possibilidades aliadas ao processo de educação em saúde.
Metodologia
A experiência aconteceu na Unidade Básica de Saúde Dimas Martins Cabral, município de Pendências, Rio Grande do Norte. Durante a consulta ginecológica o enfermeiro após realizar exame físico ginecológico e anamnese, colocava o óculos de realidade virtual que permitia a mulher ter uma experiência 360 graus através de um vídeo em 3D. O conteúdo do recurso transmitia de forma clara aspectos importantes do DIU como: a técnica de inserção, os mecanismos de ação e os cuidados após o procedimento.
Resultados
A utilização desse recurso permitiu ampliar a visão dos profissionais da equipe sobre novas possibilidades aplicadas ao processo de educação, refletindo o quanto a escolha da abordagem utilizada pode ser um divisor de águas no alcance dos objetivos esperados. As mulheres relataram que o vídeo apresentou conteúdos visuais e auditivos nunca explorados anteriormente, possibilitando a construção de um conhecimento útil para o fortalecimento de seu autocuidado.
Análise Crítica
O óculos de realidade virtual se mostrou uma estratégia inovadora e eficaz, promovendo a melhoria do conhecimento, redução da ansiedade e aumento da adesão ao método contraceptivo. Por meio da imersão realística, as mulheres tiveram acesso a informações claras e detalhadas sobre o procedimento, seus benefícios, possíveis efeitos colaterais e cuidados posteriores, o que contribuiu para maior segurança e qualidade do processo educativo.
Conclusões e/ou Recomendações
A incorporação de novas tecnologias no processo de educação em saúde tem transformado significativamente a forma como o conhecimento é transmitido e assimilado, tornando-o mais dinâmico, acessível e centrado no indivíduo. Ferramentas como os óculos de realidade virtual exemplificam esse avanço ao possibilitar experiências imersivas que facilitam a compreensão de procedimentos, prevenção e autocuidados de maneira mais envolvente e realista.
CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DOCENTES SOBRE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA FACULDADE DE MEDICINA DA PUCE, EQUADOR
Comunicação Oral
1 PUCE
Apresentação/Introdução
A rápida expansão da inteligência artificial (IA) impõe novos desafios à formação médica. No Equador, a Faculdade de Medicina da PUCE iniciou em 2025 um processo de incorporação de IA em atividades didáticas. Entretanto, pouco se sabe sobre o preparo do corpo docente para essa transição. Investigamos o estado de conhecimentos, atitudes e práticas (KAP) dos professores frente à IA em saúde.
Objetivos
Avaliar os níveis de conhecimento, atitudes e práticas relacionados à IA entre docentes da Faculdade de Medicina da PUCE, identificando fatores associados e subsidiando estratégias institucionais de formação e implementação.
Metodologia
Estudo transversal descritivo conduzido entre março e abril de 2025. Aplicou-se questionário on-line de 49 itens tipo Likert (1–5) aos 340 docentes ativos; 216 responderam (taxa 64 %). Variáveis: demográficas, tempo de docência, dedicação, domínio de conceitos de IA, percepção de utilidade e experiência de uso. A base foi depurada, codificada em escala numérica e analisada no Stata 17. Estatística descritiva e testes t/qui-quadrado estimaram médias KAP e diferenças por faixa etária (<40 vs ≥40), sexo e regime de trabalho (α = 0,05).
Resultados
Idade média 47,4 ± 9,1 anos; 50 % mulheres. Conhecimento: média 3,73 ± 0,71, com 32 % pontuando ≥4. Atitudes: média 3,01 ± 0,65; apenas 15,7 % concordam fortemente que a IA eleva a qualidade do ensino. Práticas: média 2,06 ± 0,80; 5,1 % utilizam IA rotineiramente. Docentes <40 anos exibiram escores K e A 0,4 pontos maiores que colegas mais velhos (p = 0,02). Não houve diferença significativa por sexo. Principais barreiras: falta de treinamento (68 %), incerteza ética (45 %) e inadequação de infraestrutura (38 %).
Conclusões/Considerações
O corpo docente apresenta conhecimento intermediário, atitudes predominantemente neutras e adoção incipiente da IA. A lacuna entre saber e fazer exige formação prática e políticas institucionais de suporte. Recomenda-se programa de capacitação blended (20 h), aquisição de ferramentas certificadas e piloto em três disciplinas até 2026, para integrar a IA de forma segura e efetiva no currículo médico.

Realização: