
Programa - Comunicação Oral - CO30.1 - Educação para o Antirracismo
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
A METODOLOGIA DO APOIO ESTRATÉGICO NA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA EM DOIS ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE
Comunicação Oral
1 Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ
2 Fundação Oswaldo Cruz - FIOCROZ
Período de Realização
As ações aqui descritas marcam-se temporariamente entre os meses de março e setembro de 2025.
Objeto da experiência
Apoio estratégico para a implementação da política nacional de saúde integral da população negra nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais.
Objetivos
Apoiar a promoção de diálogo técnico-político junto à gestão bipartite do SUS em MG e ES, envolvendo Comitês Técnicos, CIB e COSEMS - MG e ES, com foco na participação dos movimentos negros, gestão regional do SUS e setores das políticas sociais.
Descrição da experiência
A experiência situa-se na frente de trabalho Tedd 166 - Eixo 1 Apoio Estratégico do Ministério da Saúde em parceria com a Fiocruz. Foram realizadas reuniões de planejamento; cursos de formação; reuniões com gestores e redes intersetoriais; visitas técnicas a comunidades quilombolas e povos de terreiro; diálogos com conselhos e movimentos sociais. Foi elaborado um diagnóstico situacional por meio de mapeamento e análise dos Planos Estaduais de Saúde, Relatórios de Gestão e Planos Operativos.
Resultados
Foi pactuada uma agenda de Saúde da População Negra focada na capilarização para os municípios e movimentos sociais. Incentivo para realização do Seminário Saúde Sem Racismo. Diálogo com os gestores sobre a importância da criação e fortalecimento dos Comitês Estaduais e Municipais de Saúde de Saúde da População Negra nos estados e municípios. Importância do Controle Social para o fortalecimento da política. Pauta nos Conselhos Estaduais de Saúde e parceria com a regulação Mais Médicos.
Aprendizado e análise crítica
O racismo institucional dificulta a consolidação de Áreas Técnicas; transversalizar ações para a população negra no sistema de saúde; realizar diagnósticos com dados desagregados por raça-cor e promover formação antirracisa. Entretanto, temos promovido ações de fortalecimento e cooperação entre diferentes setores, intercâmbio de boas práticas e identificação de necessidades específicas. Ampliamos o diálogo e articulação com movimentos sociais e adequamos às particularidades loco-regionais.
Conclusões e/ou Recomendações
O Apoio Estratégico se mostra fundamental para fortalecer a gestão e as ações voltadas à população negra, no âmbito do SUS. Este dispositivo promove a análise compartilhada, o diálogo participativo e a qualificação das práticas institucionais, além de valorizar o conhecimento dos contextos locais e fomenta a democratização dos processos de trabalho, sendo essencial para avançar na efetiva implementação de políticas de equidade em saúde.
A SAÚDE POR MEIO DAS HORTAS MEDICINAIS DE TERREIRO NO DISTRITO FEDERAL: UM PERCURSO SEGUINDO AS RAÍZES DIASPÓRICAS AFRICANAS
Comunicação Oral
1 Fiocruz-Brasília
Apresentação/Introdução
O sistema etnobotânico das religiões de matriz africana está voltado para as práticas terapêuticas e se insere na concepção do SUS que reconhece as práticas integrativas pelo uso das ervas curativas.
Objetivos
Tratar sobre a sabedoria africana de cura em terreiro de Candomblé e Umbanda, por meio da utilização de xaropes, chás naturais e garrafadas.
Metodologia
Pesquisa qualitativa e observação participante do Projeto Ecoilê da Fiocruz-Brasília em hortas agroecológicas, realizada em cinco terreiros de Candomblé e três de Umbanda no Distrito Federal. O estudo iniciou em 2024 e está em andamento.
Resultados
Cada Orixá possui a sua folha de culto que representa uma árvore sagrada, que não deve ser derrubada. Esse é um preceito que carrega em si um conceito ecológico. Foram identificadas sessenta plantas medicinais africanas (Plantmas) cultivadas e utilizadas em práticas terapêuticas e religiosas que esses terreiros oferecem para a comunidade. Todas as plantas cultivadas apresentam conectividade com o patrimônio cultural imaterial da medicina tradicional africana, herdado da nossa identidade e pertencente às religiões de matriz africanas, onde suas práticas se apresentam como opção terapêutica no campo da saúde coletiva.
Conclusões/Considerações
Os achados contribuem para apoiar o reconhecimento das práticas de saúde de matrizes afro-brasileiras e dos saberes tradicionais que os sacerdotes dos terreiros do Distrito Federal carregam em relação ao fenômeno do adoecer.
APOIO ESTRATEGICO DO MINISTERIO DA SAÚDE PARA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NA REGIÃO NORTE
Comunicação Oral
1 UFAC/PROFSAUDE/Fiocruz/MS
2 MS/Fiocruz
Período de Realização
A experiência se deu no período de 17 de março a 30 de maio de 2025
Objeto da experiência
Conjunto de ações nos Estados da região Norte voltadas para articulação junto as gestões para implementação da Política de Saúde da População Negra.
Objetivos
Realizar diagnóstico local de saúde da População Negra baseado nas realidades e limitações dos Estados do Norte;
Construir estratégias para produção de indicadores e implementação da PNSIPN na Região Norte
Descrição da experiência
Este trabalho relata a experiência de articulação para implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra – PNSIPN nos estados da região norte. A ação iniciou com a construção um estudo e análise dos planos estaduais de Saúde e as limitações apresentada pelos gestores da saúde da população negra. Em diálogo com estes, elaborou-se microplanejamento para articular com os municípios a implementação da PNSIPN.
Resultados
Por meio dos estudos e análise dos planos estaduais de saúde foi construindo um diagnostico situacional, somando este com as limitações institucionais e o diálogo com gestores, a produção de um microplanejamento do qual tem como base a articulação e estratégias para inclusão da PNSIPN nos planos municipais de saúde como estratégia e metas serem implementadas nos próximos anos pelas secretarias municipais de saúde.
Aprendizado e análise crítica
O diagnostico situacional e as limitações apresentadas pelos gestores das secretarias de saúde dos estados da região norte, apresentaram a ausência de metas nos planos estaduais de saúde como também de indicadores com recorte raça/cor e por consequência desafio é a falta de capilaridade da política.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se que para além da articulação para inclusão de estratégias e metas nos planos municipais de saúde, que também seja realizado estratégias de sensibilização e envolvimento das cidades no processo planejamento para implementação da PNSIPN.
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: UMA EXPERIÊNCIA INTERPROFISSIONAL EM TERRAS DE ZUMBI E DANDARA DOS PALMARES
Comunicação Oral
1 Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
2 Instituto Akoben
3 Universidade Federal de São Paulo
Período de Realização
Março 2025 - em andamento
Objeto da experiência
A criação de um projeto de extensão interprofissional em Saúde da População Negra numa universidade pública do campo da saúde em Alagoas.
Objetivos
Relatar a experiência de criação e implantação de um projeto de extensão interprofissional, voltado à Saúde da População Negra, em parceria do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e Instituto Akoben, e o primeiro projeto da universidade a implementar cotas raciais para a seleção.
Descrição da experiência
O projeto de extensão “Saúde da População Negra – NEABI/AKOBEN” iniciou em março de 2025, com o diferencial de implementar cotas raciais no processo seletivo. Puderam participar estudantes dos cursos de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Medicina, Terapia Ocupacional e Enfermagem. A seleção pública contou com inscrição online, envio de carta de intenção e autodeclaração de raça/cor para candidatos pretos ou pardos. O processo seletivo envolveu entrevistas e banca de heteroidentificação.
Resultados
Foram selecionados quatro estudantes de Medicina e Fonoaudiologia, os quais foram acolhidos numa primeira reunião com a equipe para conhecer as propostas do projeto, que pretende desenvolver ações de promoção da saúde, atenção integral à saúde da população negra (em especial, quilombolas), educação permanente para equipes de saúde e produção científica. A primeira atividade do grupo foi participar da organização do evento alusivo ao Dia da África, com foco na temática “Saúde da População Negra”.
Aprendizado e análise crítica
A criação do projeto Saúde da População Negra NEABI/AKOBEN permitiu a implantação de ações afirmativas na extensão universitária, ampliando o acesso e representatividade de estudantes negras e negros nesse cenário. O grupo extensionista busca refletir sobre o papel da universidade na promoção da igualdade racial e no cuidado integral à saúde da população negra, maioria no estado, contribuindo para uma educação interprofissional e antirracista, alinhada ao enfrentamento das iniquidades em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A adoção de cotas raciais no processo seletivo e a criação deste projeto de extensão como um espaço de atuação significativo para os extensionistas, todos negros, permitindo-lhes exercer atividades acadêmicas alinhadas às suas vivências e contribuir para ações voltadas à saúde da população negra. A experiência inicial reforça a importância de iniciativas que promovam representatividade e compromisso social no âmbito universitário.
FORMAÇÃO EM SAÚDE E POLÍTICAS PÚBLICAS: SABERES DE TERREIRO NA PRODUÇÃO DE TECNOLOGIAS ANCESTRAIS DO CUIDADO E NO ENFRENTAMENTO AO RACISMO
Comunicação Oral
1 USP
2 EYO
Apresentação/Introdução
O racismo, determinante social da saúde, gera desigualdades que exigem da formação profissional a incorporação dessas condições para promover equidade. O povo de terreiro cultiva tecnologias ancestrais do cuidado, que desafiam epistemologias hegemônicas. Essas práticas, já enaltecidas pela legislação vigente, demandam revisão da formação profissional para valorizar esses saberes tradicionais.
Objetivos
Evidenciar tecnologias ancestrais de cuidado em um terreiro de Candomblé Ketu, refletindo sobre os limites do modelo biomédico e propondo práticas de saúde mais equitativas, antirracistas e culturalmente sensíveis.
Metodologia
Estudo que adota uma abordagem etnográfica, combinando a análise e observação em campo com a reflexão sobre a formação de profissionais de saúde e o reconhecimento das tecnologias ancestrais do cuidado, aprovado pelo CEP da EE/USP. A pesquisa ocorre em um terreiro de candomblé Ketu. A análise dos dados segue uma perspectiva interseccional, dialogando com a antropologia e saúde coletiva frente a Política Nacional para Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro e de Matriz Africana, em perspectivas de formação profissional, debates sobre corporeidade e epistemologia, com o interesse em compreender como as tecnologias ancestrais podem subsidiar a formação de profissionais de saúde.
Resultados
Os resultados indicam que o terreiro opera como um sistema integral de cuidado, fortalecendo saúde, resiliência e enfrentamento ao racismo. Práticas como uso de folhas, cânticos, danças, alimentação sagrada e ritos atuam na promoção da saúde física, mental e espiritual, desafiando a fragmentação biomédica. Esses saberes, ancorados na cosmovisão afro-brasileira, revelam a potência do cuidado comunitário e a importância de incorporar tais tecnologias na formação em saúde. O terreiro emerge como espaço de fortalecimento identitário e promoção do bem-viver frente às violências raciais.
Conclusões/Considerações
As tecnologias ancestrais de cuidado evidenciados demonstram a potência dos saberes de terreiro na promoção da saúde e no enfrentamento ao racismo. A formação em saúde precisa se sensibilizar sobre esses conhecimentos, superando a perspectiva biomédica e eurocêntrica que historicamente negligencia as contribuições negras.
QUILOMBO COMO CENÁRIO DE ENSINO NA GRADUAÇÃO MÉDICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral
1 UnB
Período de Realização
Abril a junho de 2025
Objeto da experiência
Atividades de interação entre o ensino na graduação em Medicina e uma comunidade quilombola.
Objetivos
Desenvolver atividades de interação entre o ensino e a comunidade na graduação em Medicina; desenvolver nos estudantes do 3º e do 6º semestres habilidades de reconhecimento dos determinantes sociais no processo saúde-doença e o Método Clínico Centrado na Pessoa, conhecer a PNSIPN.
Descrição da experiência
Professora acompanhou grupos de 10 alunos, em visita semanalmente à região. A cada 3 semanas, um novo grupo passava a desenvolver as atividades na comunidade. Os estudantes desenvolveram atividades de reconhecimento do território e dos equipamentos de saúde, atividades educativas, atendimentos ambulatoriais e visitas domiciliares. Nos encontros, os estudantes discutiram como a história singular daquela população, suas tradições e a relação com a comunidade influenciam no processo saúde-doença.
Resultados
Com essa experiência, os estudantes puderam ter contato com uma comunidade que mantém viva a história de resistência da população negra no centro-oeste do Brasil e que hoje ainda enfrenta dificuldades, agora relacionadas às pressões políticas e econômicas sobre a região. A população local é em sua maioria de idosos, alguns centenários, que mantêm a tradição e a relação estreita com a terra, passando seus conhecimentos sobre a origem e história do território pela oralidade aos mais jovens.
Aprendizado e análise crítica
Nesse lugar, então, o ensino médico encontra potencialidade para debater a saúde da população negra e de outras populações historicamente marginalizadas, tendo como norteadora a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), a qual reforça a necessidade de formar trabalhadores em saúde aptos a combater a discriminação no atendimento a pessoas negras nos serviços de saúde, respeitando seus costumes e tradições, e ofertando uma assistência de qualidade e equânime.
Conclusões e/ou Recomendações
Os estudantes relataram que não conheciam anteriormente a PNSIPN, também não sabiam da existência do Quilombo Mesquita. Interagindo com a comunidade, os estudantes referiram a ampliação do olhar e da reflexão sobre os determinantes em saúde, especialmente no que tange à sensibilização quanto às necessidades em saúde da população negra. Desta forma, observa-se o quilombo como cenário de ensino e aproximação com a comunidade de grande potencial.

Realização: