
Programa - Comunicação Oral - CO11.1 - Estudos Epidemiológicos de Mortalidade
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ANÁLISE ESPAÇO TEMPORAL DA MORTALIDADE POR LEUCEMIAS LINFOIDES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL DE 2000 A 2021: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Comunicação Oral
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro
2 Ludwig-Maximilian-Universität München
Apresentação/Introdução
As leucemias são os cânceres mais comuns na infância e adolescência, e fatores socioeconômicos (FS) são conhecidos por influenciar seus desfechos. No Brasil, disparidades significativas são observadas na mortalidade pediátrica por leucemias linfoides (LL) entre os estados. Os FS envolvidos nessas disparidades precisam ser mais melhor explorados.
Objetivos
O objetivo deste estudo é descrever a mortalidade pediátrica por LL no Brasil e em seus estados no período de 2000 a 2021, identificar os FS associados e estimar seu impacto sobre o desfecho.
Metodologia
Este é um estudo ecológico que analisou a população de indivíduos de 0 a 19 anos a nível estadual no Brasil entre 2000-2021. O número de óbitos por LL nos estados foi obtido pelo Sistema de Informação em Mortalidade (SIM). Onze variáveis explanatórias socioeconômicas foram selecionadas e agrupadas em fatores por meio de análise de componente principail (PCA). A PCA resultou em dois fatores, interpretados como: F1–crescimento econômico e do mercado de saúde, F2–cobertura da Atenção Primária em Saúde (APS). Modelos aditivos generalizados dinâmicos (GAM) foram utilizados para explorar a associação entre os fatores da PCA e a taxa de mortalidade específica por idade (ASMR) por LL nos estados.
Resultados
Os resultados mostraram que a mortalidade pediátrica por LL aumentou nas últimas duas décadas (β=0,02, p<0,01), especialmente nos estados das regiões Norte e Nordeste, enquanto os estados das regiões Sul e Sudeste apresentaram estabilidade ou queda nas taxas. F1 esteve associado ao aumento da ASMR em estados com piores FS e à redução da ASMR em estados com melhores FS. O efeito protetor de F1 surgiu mais cedo nos estados do Sul e Sudeste. Esses achados sugerem que o Brasil está passando por um aumento da mortalidade pediátrica por LL e que as disparidades entre os estados estão estreitamente relacionadas aos FS.
Conclusões/Considerações
Estados com piores condições socioeconômicas apresentaram aumentos mais expressivos na mortalidade pediátrica por LL e benefícios mais tardios do desenvolvimento socioeconômico e do mercado de saúde, mesmo em um contexto de alta cobertura da APS. Mais pesquisas são necessárias para explorar os fatores individuais envolvidos nas disparidades da mortalidade pediátrica por LL no Brasil.
STATUS SOCIAL SUBJETIVO, MORTALIDADE CARDIOVASCULAR E MORTALIDADE GERAL NO ELSA-BRASIL
Comunicação Oral
1 UFMG
Apresentação/Introdução
O status social subjetivo (SSS), definido como a percepção do indivíduo sobre sua posição na hierarquia social em relação a outras pessoas, tem sido associado a diversos desfechos em saúde, dentre os quais a mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) e por causas gerais. Assim, o SSS é um instrumento útil no estudo dos efeitos psicossociais da baixa posição socioeconômica sobre a saúde.
Objetivos
Investigou se o SSS está associado a mortalidade por DCV e a mortalidade geral em 15 anos de seguimento. Verificou ainda se estas associações se mantinham após ajuste por condições socioeconômicas objetivas e se diferiam segundo gênero e raça/cor.
Metodologia
Estudo prospectivo com 14.821 participantes da coorte ELSA-Brasil. O desfecho foi o tempo até o óbito, contabilizado a partir da data de entrada na coorte até a data do óbito, data de saída do estudo ou o término do acompanhamento, o que ocorreu primeiro, 04/01/21 para mortalidade por DCV e 01/04/2024 para mortalidade geral. A variável explicativa foi o SSS, obtido pela Escala de MacArthur, nas dimensões da sociedade, vizinhança e trabalho. Modelos de riscos proporcionais de Cox, ajustados por características sociodemográficas e por classe social ocupacional, foram utilizados para estimar a magnitude da associação entre SSS e mortalidade por DCV e por todas as causas.
Resultados
A taxa de mortalidade por DCV foi de 1,58/1.000 pessoas/ano e para a mortalidade geral, a taxa foi de 5,0/1000 pessoas-ano, sendo maior em homens, mais velhos, pretos e pardos e com SSS mais baixo em ambos os casos. O menor SSS na sociedade e no trabalho manteve-se associado a maior mortalidade por DCV após ajuste por gênero e idade, mas não após o ajuste por raça/cor. Por outro lado, menor SSS na sociedade manteve-se associado a maior mortalidade geral (HR: 1,37 IC95%: 1,03-1,83) mesmo após considerar a raça e a classe ocupacional no modelo. Não evidenciamos interação multiplicativa SSS-gênero e SSS-raça/cor na mortalidade geral ou por DCV.
Conclusões/Considerações
Menor SSS foi um preditor importante de mortalidade por todas as causas, reforçando que a percepção individual sobre a posição hierárquica na sociedade reflete contextos de desigualdades estruturais, característicos de países de renda média e baixa como o Brasil. A raça/cor explicou toda a associação entre SSS e mortalidade por DCV, refletindo o impacto do racismo estrutural na trajetória socioeconômica e no risco de morte por essa causa.
DETERMINANTES E FATORES ASSOCIADOS A PREVALÊNCIA DE BAIXO PESO AO NASCER NO BRASIL EM 2023: UM ESTUDO TRASNVERSAL RETROSPECTIVO DE NÍVEL INDIVIDUAL
Comunicação Oral
1 Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Apresentação/Introdução
A prevalência de baixo peso ao nascer (BPN) tem ligeiramente aumentado nos últimos anos em países latino-americanos, incluindo o Brasil. O BPN aumenta o risco de mortalidade, de desnutrição infantil, do aparecimento de deficiências físicas e doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, além de afetar o desenvolvimento infantil em várias dimensões.
Objetivos
Determinar os fatores socioeconômicos maternos e neonatais associados a prevalência do baixo peso ao nascer (BPN) em recém-nascidos no Brasil em 2023, trazendo novas evidências desse importante problema de saúde pública.
Metodologia
Este estudo transversal retrospectivo de nível individual avaliou 2,331,368 declarações de nascidos vivos no ano de 2023 no Brasil por meio do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Foram considerados com BPN aqueles nascidos com menos de 2,5 kg conforme classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estimamos modelos de regressão multivariada logística binomial e Log-Poisson generalizada com variância robusta para obter as razões de chance e de prevalência, respectivamente, bruta e ajustada, controlando por fatores relevantes da díade mãe-bebê.
Resultados
A prevalência de BPN foi de 9,38% (n=220.693). Os fatores de risco associados a maior prevalência foram a ausência de pré-natal (RP: 1,86; IC95%: 1,79-1,93), parto prematuro com menos de 37 semanas (RP: 8.9; IC95%: 8.82-8.98), perda fetal prévia de 4 a 6 vezes (RP: 1,28; IC95%: 1,23-1,34), mães sem ou com baixa escolaridade (RP: 1,21; IC95%: 1,13-1,30), de cor preta (RP: 1,12; IC95%: 1,10-1,13), solteiras (RP: 1,07; IC95%: 1,06-1,08), com parto no domicílio (RP: 1,15; IC95%: 1,07-1,23), com gravidez dupla (RP: 2,29; IC95%: 2,27-2,31), residentes na região sudeste (RP: 1,25; IC95%: 1,23-1,27) e sul (RP: 1.2; IC95%: 1.18-1,2), e em bebês do sexo feminino (RP: 1.24; IC95%: 1,23-1,25).
Conclusões/Considerações
Nossos resultados apontaram que características regionais, étnico raciais, de capital humano, do acesso e utilização aos serviços de saúde, além de abortos prévios e núcleo familiar monoparental apresentaram-se como fatores de riscos associados a maior prevalência de BPN no Brasil, evidenciando a fragilidade das políticas públicas voltadas ao enfretamento da saúde materno-infantil e a necessidade de ações nas agendas de saúde pública brasileira.
MORTALIDADE EM FAMÍLIAS EM SITUAÇÕES CONJUNTURAIS DE VULNERABILIDADE: UMA ANÁLISE A PARTIR DA COORTE DE 100 MILHÕES DE BRASILEIROS/AS
Comunicação Oral
1 CIDACS
2 LSHTM
Apresentação/Introdução
Desigualdades estruturais moldam as condições de vida e saúde no Brasil. Famílias vulnerabilizadas, como de catadoras de recicláveis, de pessoas privadas de liberdade e as atingidas por empreendimentos de infraestrutura, são impactadas por ações e omissões do Estado. Analisar sua mortalidade permite revelar desigualdades e orientar políticas equitativas sensíveis à essas especificidades.
Objetivos
Investigar os padrões de mortalidade em famílias de catadoras de material reciclável, de pessoas privadas de liberdade e as atingidas por grandes empreendimentos de infraestrutura no Brasil.
Metodologia
Foram usados dados socioeconômicos e de mortalidade de indivíduos maiores de 20 anos registrados na Coorte de 100 Milhões de Brasileiros/as (2012–2018). O desfecho foi mortalidade geral e por causas específicas e as evitáveis pela ação do SUS, conforme o perfil de mortalidade dessa população. Foram analisados dados de familiares de catadoras de material reciclável, de pessoas privadas de liberdade e as atingidas por grandes empreendimentos, registradas no Cadastro Único para Programas Sociais. As análises foram estratificadas em cada grupo e por sexo. Foram calculadas taxas brutas de mortalidade geral e específicas para cada grupo e por sexo.
Resultados
A Coorte registrou 6.444 famílias atingidas por empreendimentos, 16.725 famílias de pessoas privadas de liberdade e 64.249 de catadoras de material reciclável. As taxas de mortalidade por 100 mil pessoas-ano foram, respectivamente: 973,33; 307,09 e 832,45. Homens tiveram as maiores taxas, principalmente catadores (1572,02). As principais causas de morte foram neoplasias em catadores/as (194,24), violência interpessoal em famílias de pessoas privadas de liberdade (100,63) e doenças cardíacas isquêmicas em atingidos por empreendimentos (173,19). Entre as causas evitáveis por ações do SUS, as reduzíveis por controle de doenças transmissíveis foram importantes em todos os grupos.
Conclusões/Considerações
Os achados evidenciam altas taxas de mortalidade de pessoas de famílias em situações conjunturais de vulnerabilidade, com destaque para homens. As principais causas variaram entre os grupos, refletindo desigualdades sociais e de acesso à saúde. Os resultados reforçam a necessidade de políticas públicas intersetoriais e específicas para reduzir mortes evitáveis e promover equidade em saúde.

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