Programa - Comunicação Oral - CO14.4 - Da autoavaliação em saúde às diversas formas do cuidar de pessoas idosas
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
QUESTÕES DE AUTOAVALIAÇÃO DA SAÚDE COMO FATOR PROTETOR DA MORTALIDADE ENTRE IDOSOS COM E SEM DOENÇAS CRÔNICAS EM CAMPINAS, 2008-2018
Comunicação Oral
Souza, DBO1, Alves, LC1, Barros, MBA1, Lima, MG1
1 Universidade Estadual de Campinas
Apresentação/Introdução
A autoavaliação da saúde (AAS) é um preditor robusto de mortalidade. Ainda são escassos os estudos que analisam diferentes formulações da AAS e sua associação com a mortalidade entre idosos, especialmente quando se considera a presença de doenças crônicas. Este estudo investiga como essas avaliações influenciam a sobrevida em uma coorte populacional.
Objetivos
Analisar a associação da autoavaliação da saúde e mortalidade em 10 anos, considerando a presença de doenças crônicas em idosos.
Metodologia
Estudo longitudinal (ISACamp-Coorte) com 1.311 idosos entrevistados no Inquérito de Saúde do Município de Campinas, em 2008/09. A mortalidade ocorrida entre 2008 e 2018 foi identificada via linkage com o SIM. Foi analisado o tempo até o óbito segundo quatro questões de AAS (1. Autorrelato de maior facilidade de adoecimento em relação aos outros; 2. Relato de sentir-se tão saudável quanto qualquer pessoa; 3. Sentimento de piora da própria saúde; 4. Relato da própria saúde como excelente). Modelos de regressão de Cox ajustados por idade e sexo estimaram os riscos de mortalidade. As análises foram estratificadas pela presença de pelo menos uma DCNTs e ausência. Nível de significância: 5%.
Resultados
Idosos que avaliaram sua saúde como “excelente” apresentaram menor risco de óbito (HR: 0,71; IC95%: 0,54–0,92), assim como os que relataram ser “tão saudáveis quanto qualquer pessoa”, com HR de 0,59 (IC95%: 0,42–0,83). Por outro lado, autorrelatos como “adoeço fácil” (HR:1,41; IC95%:1,06-1,89) ou “minha saúde vai piorar” (HR:1,30; IC95%:1,07-1,59) associaram-se a um maior risco de morte. A percepção positiva da saúde mostrou efeito protetor tanto entre idosos com doenças crônicas (HR: 0,79; IC95%: 0,62–0,99) quanto, de forma mais acentuada, entre aqueles sem doenças crônicas (HR: 0,27; IC95%: 0,13–0,55).
Conclusões/Considerações
Autorrelatos de boa saúde são fatores protetores de mortalidade em idosos e aumentam a sobrevida, mesmo naqueles com doenças crônicas. Já autorrelatos negativos indicam maior risco, mesmo na ausência de DCNTs. Os achados reforçam a relevância da AAS como instrumento simples e potente para triagem em saúde pública, com potencial para orientar estratégias de cuidado e promoção da longevidade saudável.
OVERVIEW DE REVISÕES SISTEMÁTICAS SOBRE FATORES RELACIONADOS À ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA PESSOAS IDOSAS
Comunicação Oral
Andrade, A. M.1, Afonseca, K. R.2, Jube, T. A.3, Góes, S. M.4, Ramos, M. C.1, Oliveira, M. M.1, Elias, F. T. S.1
1 Fiocruz Brasília
2 SES-DF
3 Anvisa
4 Saskatchewan Health Quality Council
Apresentação/Introdução
As instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) exercem papel fundamental no cuidado de uma população em envelhecimento. A qualidade do cuidado ofertado está diretamente relacionada à estrutura organizacional e aos modelos de funcionamento adotados, os quais variam amplamente entre os países e sistemas de saúde.
Objetivos
Identificar os principais fatores relacionados à estrutura e ao funcionamento de ILPIs adotados globalmente, com base em evidências apresentadas por revisões sistemáticas.
Metodologia
Trata-se de uma overview de revisões sistemáticas, conduzida conforme as diretrizes do PRISMA e registrada na plataforma PROSPERO sob o número CRD42023486204. A busca bibliográfica foi realizada em setembro de 2023 nas bases PubMed via MedLine, EMBASE, Web of Science, Scopus, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Epistemonikos. A seleção e extração dos estudos ocorreram em duas etapas independentes por dois revisores, as divergências foram decididas por um terceiro revisor.
Resultados
Foram elegíveis 61 revisões sistemáticas entre 12.040 resultados iniciais. Entre os desfechos primários destacaram-se a estrutura de pessoal (39,34%) e a gestão de riscos (32,79%) em contrapartida a mobilidade/acessibilidade (13,11%) e estrutura física (9,84%) foram mais negligenciadas. Contudo, a mobilidade/acessibilidade foi associada a exercícios/atividade física e exergames voltados ao fortalecimento muscular, equilíbrio, flexibilidade, autonomia e capacidade funcional. Em relação aos desfechos secundários, observou-se a predominância de estudos que não informaram o modelo de gestão (71,38%).
Conclusões/Considerações
Este overview identificou fatores que influenciam o funcionamento de ILPIs, como mobilidade, tecnologias digitais e telessaúde, que contribuem para melhores resultados funcionais e estruturais. No entanto, barreiras como escassez de recursos, falta de pessoal e treinamento limitado dificultam a oferta de cuidados integrados.
PLANO INDIVIDUAL COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral
Carneiro, G. M. A1, Vieira, L. J. E. S.1, Alencar, S. V. G. L1, Simão, D. V1, Pinheiro, R. S. B2, Gurgel, L. A3, Fernandes, F. N1
1 UNIFOR
2 Hospital Geral César Cals
3 UFC
Período de Realização
A experiência que originou este relato ocorreu no período de janeiro de 2024 a janeiro de 2025
Objeto da experiência
Plano Individual de Cuidados em idosos em Instituição de Longa Permanência, em município de pequeno porte da Região Metropolitana de Fortaleza-CE
Objetivos
Descrever à elaboração do Plano Individual de Cuidados resultante da avaliação multidimensional na admissão do idoso em Instituição de Longa Permanência de Idosos, bem como, viabilizar sua aplicação no cotidiano do idoso institucionalizado contribuindo para preservar a funcionalidade.
Descrição da experiência
O Plano individual de cuidados (PIC) foi construído a partir da experiência da equipe multiprofissional em ILPI. Na avaliação multidimensional coletam-se dados clínicos, cognitivos, físicos e psicossociais. Após discussões interprofissionais, enfermeiros constroem o PIC para orientar o cuidado ao idoso. Estas são inseridas em quadros didático, fixados em paredes do quarto, para serem seguidas por cuidadores. Com acompanhamento mensal, avalia-se ocorrência de eventos com os idosos.
Resultados
Na implementação do PIC, 42 idosos foram acompanhados, centrado nas necessidades individuais. No decorrer dos meses, registraram-se diminuição de quedas nas áreas comuns, quarto, transferências e no banho. Observou-se redução de lesões por pressão nos acamados, estabilização de dermatites de contato, resultando na otimização do cuidado entre os cuidadores, e equilíbrio dos sinais vitais no período.
Aprendizado e análise crítica
O reflexo da implementação do PIC materializou-se no cuidado diário prestado pelos cuidadores, que referiram sentir mais segurança na execução das atividades. As orientações personalizadas destacadas, alertaram os cuidadores sobre a segurança nos procedimentos realizados neste ambiente. Além da melhoria da qualidade do cuidado, as dúvidas estavam passíveis de serem sanadas com o fácil acesso. A partir dessa experiência, foi possível proporcionar bem-estar e proteção aos idosos.
Conclusões e/ou Recomendações
O cuidado com o idoso institucionalizado enfrenta múltiplos desafios. A fase de adaptação ao ambiente e rotinas estabelecidas são assustadoras. Adequar o cuidado a necessidade da pessoa é o diferencial na institucionalização. Este plano personalizado contribui para minimizar anseios no processo de adaptação, perceber e sentir a segurança do ambiente com a preservação de sua funcionalidade.
MANUAL TÉCNICO PARA REALIZAÇÃO DO TESTE DO SUSSURRO
Comunicação Oral
Andrade, D.S.1, Costa, E.E.S.1, Marques, A.A.1, Xavier, J.P.1, Oliveira, D.C.S.O.1, Coelho, J.M.F.2, Rabelo, D.F.1, Fonseca, A.L.B.1, Ramos, M.S.X.1, Cruz, S.S.1
1 UFRB
2 IFBA
Período de Realização
09/2022 a 11/2024
Objeto da produção
Manual técnico para capacitar profissionais no rastreamento de perda auditiva em pessoas idosas, utilizando o Teste do Sussurro.
Objetivos
Fornecer um guia detalhado e prático, que pudesse auxiliar os profissionais na correta realização do teste e na interpretação dos resultados, contribuindo para a padronização e qualidade do rastreamento.
Descrição da produção
O manual, desenvolvido como produto técnico do PROFSAÚDE, foi estruturado com conteúdo e linguagem adaptados para facilitar a compreensão e a aplicação prática, seguindo princípios de design instrucional voltados à educação em saúde, incluindo recursos visuais para melhor assimilação do conteúdo. Para garantir sua aplicabilidade, testes práticos foram realizados, nos quais o conteúdo foi avaliado por uma amostra de profissionais da AB, incluindo feedback sobre utilidade prática das informações.
Resultados
As revisões sugeridas pelos avaliadores foram implementadas para melhorar o conteúdo e adequar o material às necessidades dos profissionais. O formato e o design do manual foram cuidadosamente pensados para maximizar a legibilidade e facilitar o uso prático, com organização clara do texto em seções, além de ilustrações e diagramas relevantes. O manual será disponibilizado tanto em formato impresso quanto digital, garantindo maior alcance e acessibilidade para os profissionais de saúde.
Análise crítica e impactos da produção
O Manual Técnico é uma ferramenta importante para garantir a padronização e replicabilidade do Teste do Sussurro. Segundo Cunha et al. (2023), manuais que fornecem instruções claras e detalhadas, como o que foi desenvolvido, desempenham um papel importante na capacitação prática e no apoio às ações cotidianas dos profissionais de saúde. O manual permitiu a realização da triagem auditiva com maior precisão, seguindo as orientações padronizadas e, assim, reduzindo o risco de erro.
Considerações finais
O Manual Técnico tem o potencial de desempenhar papeis complementares no aprimoramento do rastreamento auditivo em idosos na AB, sendo fundamental para padronizar o procedimento e garantir que os profissionais tenham uma ferramenta prática e acessível para o uso contínuo. Com o manual, é possível promover um melhor atendimento e contribuir para a prevenção de complicações associadas à perda auditiva não diagnosticada.
PROGRAMA ACOMPANHANTE DE IDOSOS: PERFIL DE FRAGILIDADE E VULNERABILIDADE DA POPULAÇÃO ATENDIDA PELO PROGRAMA NA CIDADE DE SÃO PAULO
Comunicação Oral
MARCUCCI, R. M. B.1, MELO, R. C.2, FARIA, L. F. C.3, NUNES, M. A. B.3, BUCHERONI, P. M.4, ORLANDO, A. P. L.3, CACHERICK, G.3, DANTAS, L. M. F.3, SANOTS, S. O.3, SANTOS, S. T.5
1 SMS/PMSP
2 EACH / USP
3 SMS / PMSP
4 SMS/ PMSP
5 EACH/ USP
Apresentação/Introdução
O Programa Acompanhante de Idosos (PAI) é uma iniciativa pioneira da cidade de São Paulo. Trata-se de uma modalidade de atenção domiciliar que conta com assistente social, equipe de saúde e acompanhantes de idosos visando dar suporte as atividades de vida diária (AVD), básicas (ABVD) ou instrumentais (AIVD), além de monitoramento de saúde e reinserção social às pessoas idosas atendidas.
Objetivos
Identificar o perfil das pessoas idosas acompanhadas pelas equipes do PAI: características sociodemográficas, perfil de vulnerabilidade/fragilidade identificados no encaminhamento. Relacionar o perfil identificado e a pertinência da inclusão no PAI.
Metodologia
Estudo observacional analítico, submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa institucional. Incluiu pessoas com idade a partir de 60 anos, admitidas nas equipes do PAI entre 2021 e 2022 e submetidas a avaliação multidimensional (AMPI-AB) para encaminhamento, que aceitaram a participação e assinaram o TCLE, resultando numa amostra de 362 participantes. Análise descritiva, por meio de medidas de tendência central e dispersão (média, mediana e frequência relativa) para variáveis intervalares ou com medidas de proporção para variáveis categóricas (frequências absolutas e relativas), por meio do software IBM SPSS. O nível de significância foi estabelecido em 5%.
Resultados
Perfil sociodemográfico: mediana de idade de 78 anos, 72,9% mulheres, 41% autodeclaradas pardas/pretas, 69,1% solteiros/viúvos/divorciados, 66,5% zero ou baixa escolaridade, 71,2% renda ausente ou até 1,9 salários mínimos. AMPI-AB: 66,8% com idade 75 anos e mais, 67,3% autopercepção de saúde regular/ruim, 29,7% moram sós, 3 e + doenças crônicas (58,6%), polifarmácia (56,9%), déficit visual (66,1%) e auditivo (48%), limitação física (59,9%), relato de quedas (43,8%), alterações cognitivas (64%) e de humor (74,2%), 75% com dificuldades para realização de atividades instrumentais de vida diária, 52,1% com incontinência. Cerca de 96% das pessoas apresentam fragilidade (pré-frágeis/frágeis).
Conclusões/Considerações
O perfil mostra uma população majoritariamente feminina e longeva. A autopercepção negativa de saúde (preditiva de fragilidade), porcentagem de pretos e pardos superior à média geral, baixa escolaridade, renda e arranjos familiares insuficientes denotam elevada vulnerabilidade. O perfil de fragilidade, elevado relato de limitações físicas e necessidade de apoio associados à vulnerabilidade justificam a necessidade e importância do programa.
PROJETO APS “VIVER MAIS E MELHOR”
Comunicação Oral
Ziemann, C. M.1, Neiberth, R. M.1, Hartmann, F. M. L.1, Gomes, G. M.1, Burmeister, A. T.2
1 Coordenadoria de Políticas Públicas de Saúde, Secretaria Municipal da Saúde, Prefeitura Municipal de Porto Alegre
2 Residente, UFRGS
Período de Realização
Início em dezembro de 2023 e em andamento no momento.
Objeto da experiência
Desenvolver ações estratégicas de apoio ao cuidado integral da pessoa idosa e pessoas com diabetes, hipertensão arterial sistêmica e obesidade.
Objetivos
Relatar ações de oferta de atividades físicas coletivas e apoio ao cuidado integral à saúde da população idosa vulnerabilizada ou com limitações funcionais e pessoas com obesidade, diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica organizadas e conduzidas por profissionais de educação física.
Descrição da experiência
A população idosa em Porto Alegre representa 23% da população. Entre as principais causas de óbitos estão a diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, respiratórias, e mais de 50% da população tem excesso de peso. A prática de atividades físicas regulares melhorou marcadores de risco metabólico e melhora a saúde mental. O Projeto Viver Mais e Melhor é oferecido em Porto Alegre desde 2023, em colaboração com uma Organização Social para contratação de profissionais de educação física.
Resultados
Os profissionais atuam em 32 UBSs nas quatros regiões de saúde. Atendem a uma população de pessoas idosas e com doenças crônicas não transmissíveis, sendo oferecidos atendimentos específicos para a população negra.São priorizados exercícios de baixo impacto, com foco em mobilidade articular, fortalecimento muscular, equilíbrio, coordenação motora e socialização. Os/as profissionais de Educação Física participam da elaboração de atividades conjuntas, que favorecem o vínculo e o autocuidado.
Aprendizado e análise crítica
A idade média é 70 anos, e 75% são mulheres. Caminhadas orientadas, ginástica funcional, alongamento, relaxamento, dança Black Music e Afrobeat, yoga e pilates foram ofertados; 62% relataram melhora na mobilidade, 47%, no humor, e 25%, redução de dor crônica. Exames mostraram reduções de marcadores lipídicos e metabólicos. Houve melhora no estado geral, e as atividades são oportunidades de socialização e criação de vínculos, com atenção e cuidado dispensados pelos(as) profissionais de Educação Física.
Conclusões e/ou Recomendações
O envelhecimento saudável requer atenção integral à saúde, com prática de atividades físicas. As atividades melhoraram a saúde e o bem-estar de seus/suas participantes. Segundo profissionais nas UBS, muitos(as) reduziram substancialmente o número de visitas à unidade em busca de atendimento médico após iniciarem as atividades nos grupos, com reflexos também nos recursos da APS.