Programa - Comunicação Oral - CO16.1 - Prevenção do HIV e ISts: novos e velhos dilemas
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
AGENTES DA PREVENÇÃO: EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO E AÇÃO DE JOVENS UNIVERSITÁRIOS SOBRE DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS
Comunicação Oral
Alexandre, G.1, Cabral, C. S.1, Paiva, V.2
1 FSP-USP
2 IP USP
Período de Realização
Julho/2024 a fevereiro/2025
Objeto da experiência
Projeto Embaixadores da Prevenção, formado por jovens da USP para produzirem conteúdo para redes sociais sobre direitos sexuais e reprodutivos
Objetivos
Descrever a experiência de formação de 17 jovens universitários como agentes da prevenção para a promoção da saúde sexual, bem como a produção de conteúdo específico para redes sociais sobre direitos sexuais e reprodutivos.
Descrição da experiência
Durante o período, 17 estudantes da USP passaram por formações, oficinas e reuniões para preparar conteúdos para redes sociais, escolas e comunidades periféricas. Elas/es produziram vídeos, distribuíram preservativos e compartilharam mensagens sobre prevenção de ISTs, gravidez não desejada e violências, utilizando educação entre pares para maior alcance e efetividade.
Resultados
A parceria universidade-comunidade ampliou o debate em educação sexual. Os conteúdos produzidos alcançaram grande público, demonstrando que o engajamento por pares aumenta o interesse e a eficácia na prevenção. A atuação dos jovens gerou mobilização social e maior conscientização sobre direitos sexuais e reprodutivos.
Aprendizado e análise crítica
Pudemos notar como o envolvimento de graduandos e graduandas como agentes da prevenção fortalece o aprendizado dos/as próprios/as estudantes universitários/as e o compartilhamento de saber. Tornar-se mais próximo/a da realidade de outros jovens amplia o interesse e o impacto de mensagens compartilhadas, potencializando estratégias horizontais de promoção da saúde e educação em sexualidade.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto evidenciou a urgência de enfrentar desigualdades na saúde sexual e reprodutiva, especialmente para pessoas trans, travestis, não-binárias e racializadas. Reforçou a importância da educação entre pares como estratégia para ampliar o acesso, fortalecer o engajamento das comunidades e contribuir para a construção de políticas públicas mais inclusivas, equitativas e interseccionais.
AMPLIAR PARA INCLUIR: IMPLEMENTAÇÃO DA PREVENÇÃO COMBINADA DO HIV EM SERVIÇOS DE SAÚDE PARA TRAVESTIS, PESSOAS TRANS E NÃO-BINÁRIES NO BRASIL
Comunicação Oral
CASTANHEIRA, D.1, JALIL, E. M.1, PILON, A.2, ALENCAR, T.2, MONTEIRO, L.1, DERRICO, M.1, COUTIHO, C.1, VELOSO, V. G.1, GRINSZTEJN, B.1, HOAGLAND, B.1
1 INI/Fiocruz
2 DATHI/MS
Apresentação/Introdução
Travestis, mulheres trans (MT), homens trans (HT) e não-bináries (NB) enfrentam barreiras que aumentam sua vulnerabilidade ao HIV e dificultam acesso à profilaxia pré-exposição (PrEP), embora disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Para ampliar o acesso, foi criado um projeto-piloto de implementação da prevenção combinada em serviços de saúde para MT, HT e NB (ambulatórios trans) no SUS.
Objetivos
Essa análise visa avaliar aceitabilidade e impacto preliminar do projeto-piloto nos municípios de Camaragibe (PE), Campina Grande (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Niterói (RJ), Poços de Caldas (MG), Rio Grande (RS) e Senador Canedo (GO).
Metodologia
Trata-se de estudo de implementação da PrEP em 8 ambulatórios trans selecionados com base em critérios como ausência de oferta de PrEP, volume de atendimentos, equipe multiprofissional e distribuição regional, a partir de lista gerada por busca ativa junto as secretarias estaduais de saúde, movimentos sociais e internet. Apesar de serem ambulatórios trans, pessoas cis também acessaram os mesmos. Após os primeiros 6 meses de implementação, foram avaliados o uptake da PrEP (proporção de pessoas com dispensação entre as elegíveis que acessaram o serviço) e a taxa de MT/HT/NB em PrEP antes e durante o projeto nos ambulatórios participantes.
Resultados
Foram avaliadas 713 pessoas para PrEP (71,7% MT/HT/NB). A prevalência de HIV foi de 5,9% em MT e 4,9% em pessoas cis. O uptake geral foi 69,5% (457), maior entre pessoas cis (177[90,8%]) do que MT (167[68,6%]), NB (27[60,0%]) e HT (86[49,4%]). Entre os que iniciaram PrEP, a maior parte tinha de 18-24 anos (35,5% geral; 40,1% MT/HT/NB), era preta/parda (58.6% geral; 59,9% MT/HT/TGM/NB) e tinha até 11 anos de estudo (55.9% geral;58,4% MT/HT/NB). Houve aumento da taxa de MT/HT/TGM/NB em PrEP (100 mil/hab) em 7 municípios: 0,7 para 19,6 em Campina Grande, 0,5 para 15,1 em Rio Grande, 0 para 12,2 em Camaragibe, 0,4 para 2,8 em Maceió, 1,7 para 3,8 em Manaus e 0,6 para 2,3 em Poços de Caldas.
Conclusões/Considerações
A implementação da PrEP em ambulatórios trans ampliou o acesso à PrEP entre pessoas trans (MT, HT e NB) nos municípios participantes e alcançou com sucesso pessoas jovens, pretas/pardas e com menor escolaridade, com perfil diferente da PrEP SUS, mostrando eficácia na expansão do acesso. A alta procura de pessoas cis, especialmente em locais sem oferta prévia de PrEP, reforça a importância de ampliar os pontos de disponibilidade da medicação.
ENTRE CORPOS DESEJANTES E TEMORES SILENCIADOS: FABULAÇÕES SOBRE O VIVER COM HIV EM UMA OFICINA COM HOMENS EM BOGOTÁ
Comunicação Oral
Oliveira, E. A.1, Nascimento, M. A. F.2
1 UFGD
2 IFF/Fiocruz
Apresentação/Introdução
A comunicação reflete uma oficina em Bogotá com homens cis vivendo com HIV, promovida por ativistas da Casa LGBTI Sebastián Romero e Red Somos. Por meio da fabulação, aborda narrativas sobre afetos, desejos e resistências, articulando etnografia sensível e imagens como parte de um processo poético-político.
Objetivos
Compreender como as narrativas coletivas produzem sentidos sobre a experiência do hiv, os atravessamentos de gênero, sexualidade, classe e raça e os modos de resistência e reinvenção subjetiva.
Metodologia
A fabulação, como estratégia metodológica, não abandona a empiria, mas propõe outras formas de escutar e narrar a experiência. Em vez de reconstituir fielmente a oficina, olhamos a cena etnográfica como campo de forças entrelaçado por afetos, memórias e silêncios. Fabular é fazer vibrar o vivido sem fixá-lo - é, com Haraway, “ficar com o problema” e criar alianças inesperadas.
Resultados
Ler imagens e narrativas da oficina como fabulações ativa uma escuta que recusa reduzir o HIV a diagnóstico ou risco. São gestos de existência: “estamos aqui, mesmo com medo e dor”. Essas histórias ecoam outras vivências marcadas por raça, classe, gênero e nacionalidade. No Sul Global, a precariedade dos sistemas de saúde torna o ativismo comunitário vital na criação de redes de apoio e resistência.
Conclusões/Considerações
A oficina na Casa LGBTI Sebastián Romero revelou o cuidado como prática ética e política. Por meio do desenho e da fabulação, homens vivendo com HIV elaboraram narrativas e afetos marcados por exclusão, desejo e resistência. O ativismo aparece como política de cuidado, construindo redes que enfrentam o estigma e reivindicam justiça e pertencimento.
GUIA DE BOLSO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE: PREVENÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS A MULHERES LÉSBICAS E BISSEXUAIS
Comunicação Oral
Aguiar, V. C. F. de.1, Cruz, V. da1, Machado, M. da G.1
1 UFF
Período de Realização
A etapa prática da produção do produto ocorreu de 20 de janeiro a 5 de maio de 2025.
Objeto da produção
Guia de bolso direcionado a profissionais de saúde sobre métodos de prevenção de ISTs voltados às mulheres cisgêneros lésbicas e bissexuais.
Objetivos
Elaborar um guia de bolso com subsídios técnicos e práticos, com o que há disponível na Literatura, sobre métodos de prevenção de ISTs em mulheres cis lésbicas e bissexuais, contribuindo para um atendimento qualificado de acordo com os princípios fundamentais do SUS.
Descrição da produção
A metodologia baseou-se em uma revisão integrativa da literatura realizada de 2022 a 2025, com buscas em bibliotecas, revistas e bases de dados nacionais e internacionais sobre a saúde sexual de mulheres lésbicas e bissexuais. Também foram analisadas diretrizes, manuais e guias do Ministério da Saúde. O material resultante propõe-se como um guia de bolso acessível, voltado ao apoio de profissionais de saúde no atendimento qualificado a essa população frequentemente invisibilizada.
Resultados
A produção do guia resultou na elaboração de um material acessível, voltado aos profissionais de saúde, com foco na prevenção de ISTs e promoção da saúde sexual de mulheres lésbicas e bissexuais. O conteúdo foi elaborado com fundamento em fontes amplamente disponíveis na literatura científica. O guia visa qualificar o atendimento nos diversos pontos de atenção, especialmente na atenção primária, promovendo o cuidado inclusivo, acolhedor e livre de discriminações.
Análise crítica e impactos da produção
Este guia contribui para reduzir lacunas no atendimento a mulheres lésbicas, promovendo cuidado integral e humanizado, visando qualificar a assistência conforme diretrizes do SUS, pautadas na equidade e integralidade, fortalecendo o acesso, a escuta acolhedora e o enfrentamento das barreiras de invisibilidade e vulnerabilidade desta população no que tange prevenção de ISTs, compreendendo as especificidades dessa população, promovendo direitos e saúde para todas.
Considerações finais
O presente guia visa evidenciar a importância da prevenção de agravos, especialmente ISTs, baseadas nos princípios do SUS no que abrange a equidade, universalidade e integralidade. A abordagem da população de mulheres lésbicas e bissexuais, neste guia, contribui para minimizar a invisibilidade e vulnerabilidade dessa população, promovendo sua inclusão e qualificando o cuidado profissional para a transformação das práticas assistenciais.
IMPLEMENTAÇÃO DE MÁQUINAS AUTOMÁTICAS PARA DISPENSA DE PREP E PEP EM ESTAÇÕES DE METRÔ NA CIDADE DE SÃO PAULO
Comunicação Oral
SILVA, J. A. O.1, CAMARGO, R. F.1, RODRIGUES, G. M.1, CAMARGO, M. L. F.1, MACEDO, B. L.1, BARBOSA, M. A.1, OLIVEIRA, M. E.1, ABBATE, C. M.1
1 Coordenadoria de IST/Aids, Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo
Período de Realização
Junho de 2024 a maio de 2025
Objeto da experiência
Caracterizar o uso das máquinas automáticas em estações de metrô para ampliar o acesso à PrEP e PEP em São Paulo
Objetivos
Ampliar o acesso à profilaxia do HIV por meio da implementação de máquinas automáticas de dispensa de PrEP e PEP, integradas ao canal digital SPrEP, promovendo sigilo, conveniência e superação de barreiras institucionais.
Descrição da experiência
A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo implantou, desde junho de 2024, máquinas automáticas de retirada de PrEP e PEP nas estações Luz, Vila Sônia, Tucuruvi e Consolação. As retiradas são autorizadas digitalmente via aplicativo e-saúdeSP, após prescrição obtida por teleconsulta. A integração com o canal SPrEP permitiu acesso facilitado e discreto, com distribuição também de autotestes. A experiência foi monitorada com base nas retiradas e dados de perfil dos usuários.
Resultados
Desde a implantação, já foram realizadas 3.307 retiradas (2.046 PrEP e 998 PEP). Em maio de 2025, 532 usuários retiraram seus medicamentos via máquinas, o que representou 68,8% das prescrições do SPrEP no mês, com aumento de 25,1% em relação a abril. A Estação Luz concentrou 39% das retiradas, seguida da Consolação (32%). A descentralização ampliou o acesso fora do horário comercial. Em maio de 2025, 92,8% das retiradas foram feitas por homens cis, com predominância de usuários entre 25 e 34 anos.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou a viabilidade da estratégia, com elevada adesão e cobertura territorial. A integração com tecnologia digital garantiu fluxo eficiente e autônomo. Evidenciaram-se, no entanto, desafios na manutenção contínua dos equipamentos, além da necessidade de expansão do modelo para áreas periféricas e outras capitais. O sucesso depende do fortalecimento da vigilância e monitoramento em tempo real.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência com as máquinas de PrEP e PEP se mostra promissora na política de prevenção do HIV, especialmente ao atingir populações que enfrentam barreiras institucionais. Recomenda-se sua ampliação em SP e replicação em contextos urbanos similares, com ajustes logísticos e operacionais. A articulação entre inovação tecnológica e políticas públicas contribuem para as metas de eliminação do HIV até 2030
VANBORA: ESTRATÉGIA MÓVEL PARA PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE ISTS NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral
Figueiredo, H. R. P. P.1, Noronha, D. L.1, Lima, J. M.1, Costa, P. S.1, Coutinho, N. C.1, Rocha, I. G.A.1
1 Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-RJ)
Período de Realização
Janeiro de 2024 a janeiro de 2025
Objeto da experiência
Atuação de unidade móvel com serviços de prevenção, testagem e tratamento de ISTs em áreas de lazer e circulação noturna da cidade do Rio de Janeiro.
Objetivos
Ampliar o acesso a serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento de ISTs, com foco em HIV, sífilis e hepatites, por meio de atuação noturna em territórios estratégicos, garantindo equidade e acolhimento às populações mais expostas.
Descrição da experiência
A “VanBora” é uma unidade móvel da SMS-RJ, implantada em outubro de 2023. Circula à noite por áreas com grande fluxo, como bares e festas, oferecendo testagem rápida para ISTs, vacinas, preservativos, PrEP, PEP e início de tratamento. A equipe acolhe, orienta e encaminha à rede de saúde.
Resultados
Entre jan/2024 e jan/2025, foram 64.796 atendimentos e 40.733 testes rápidos, com 50 casos de HIV, 239 de sífilis, 3 de hepatite B e 19 de hepatite C. Todos foram orientados e referenciados; 80% dos casos de sífilis iniciaram tratamento imediato. A PrEP foi iniciada por 1.862 usuários.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a relevância de estratégias fora do modelo tradicional para alcançar populações expostas e ampliar a prevenção. A adesão à PrEP foi positiva, mas 20% recusaram tratar a sífilis, apontando desafios na continuidade do cuidado e na adesão ao tratamento.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto VanBora ampliou o acesso à saúde sexual em contextos urbanos complexos. Recomenda-se sua expansão, integração com ações educativas e fortalecimento da adesão ao tratamento. A iniciativa reafirma a importância da equidade no SUS, especialmente frente às ISTs em populações vulneráveis.