Programa - Comunicação Oral - CO26.4 - Saúde Mental e Trabalho
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
DESAFIOS À SAÚDE MENTAL E FÍSICA DE RESIDENTES EM SAÚDE DA FAMÍLIA COM ÊNFASE NA POPULAÇÃO DO CAMPO NO DISTRITO FEDERAL
Comunicação Oral
Araújo, J.C1, Lemos, L.B1
1 Fiocruz Brasília
Período de Realização
Março a junho de 2025, durante a Residência Multiprofissional em Saúde da Família no DF.
Objeto da experiência
Vivência de residentes em saúde da família frente aos impactos do processo formativo adoecedor.
Objetivos
Relatar os efeitos físicos e mentais enfrentados por residentes diante das condições de trabalho impostas, analisando os limites da formação em serviço.
Descrição da experiência
Relato baseado em vivências de residentes entre mar/jun 2025, nos Tempos Escola e Comunidade. Utilizou-se observação participante, rodas de conversa e registros reflexivos para analisar carga horária, transporte, infraestrutura e relações institucionais.
Resultados
Constatou-se sobrecarga física e desgaste mental. Falta de transporte, jornadas extensas e pressão geraram sintomas como exaustão e ansiedade. A carência de escuta institucional e cuidados com os residentes comprometeu o processo formativo.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou contradições entre proposta pedagógica e realidade vivida. A estrutura rígida e a falta de apoio evidenciam uma formação que adoece, ao não cuidar de quem cuida. Refletimos sobre a urgência de mudanças na lógica institucional e curricular.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente revisar a estrutura da residência, com ações efetivas de cuidado aos residentes. Recomendam-se políticas institucionais que valorizem a saúde física e mental dos profissionais em formação, assegurando um ambiente verdadeiramente educativo e acolhedor.
PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL DE TRABALHADORES DA SAÚDE: EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS NO PET-SAÚDE EM BELÉM/PA
Comunicação Oral
Ferreira, J. R.1, Santos, A. C. B1, Pinto, E. L. C.1, Chagas, A. C. L1, Araújo, F. N.1, Silva, A. F. P.1, Oliveira, H. M. A.1, Silva, J. D. G. S.1, Frade, P. C. R.1, Miranda, C. S. C.1
1 UEPA
Período de Realização
A experiência ocorreu entre dezembro de 2023 a março de 2024.
Objeto da experiência
Vivência acadêmica no PET-Saúde, com enfoque na saúde mental de trabalhadores da saúde em contextos institucionais da Atenção Primária.
Objetivos
Relatar vivência de acadêmicos do Grupo de Atendimento ao Trabalho 3, Eixo Saúde Mental do PET-Saúde/UEPA, nas ações desenvolvidas em duas Unidades básicas de saúde (UBSs) da prefeitura de Belém, com foco na saúde mental dos trabalhadores da saúde e na articulação ensino-serviço.
Descrição da experiência
A atividade envolveu visitas técnica às UBSs com objetivo de compreender a dinâmica dos serviços e as ações voltadas à saúde do trabalhador. As apresentações institucional foram conduzidas por profissionais das unidades, abordando demandas atendidas, desafios enfrentados e estratégias futuras. Os espaços visitados destacam-se como importantes cenários de vigilância em saúde, promoção do bem-estar e assistência ao trabalhador.
Resultados
As UBSs realizam o cuidado territorializado por meio de equipes da Estratégia Saúde da Família, constituindo espaços relevantes para o acolhimento e atenção integral à saúde. Observou-se a incompletude das equipes, gerando sobrecarga para os profissionais em atividade. Constatou-se ainda precariedade na infraestrutura física das unidades, com ambientes pouco adequados para o exercício profissional e ausência de medidas efetivas de cuidado institucional voltadas aos servidores.
Aprendizado e análise crítica
A experiência oportunizou aos discentes o contato direto com o cotidiano profissional, a compreensão das demandas da saúde do trabalhador e o fortalecimento da integração entre ensino, serviço e comunidade, que são objetivos básicos do PET-Saúde. Evidenciou-se o impacto das condições laborais na saúde mental dos servidores e a importância de estratégias de cuidado que superem a lógica assistencialista e priorizem o bem-estar da força de trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
É fundamental ampliar a visibilidade da saúde mental dos profissionais da saúde, frequentemente negligenciada em contextos onde o foco recai sobre o cuidado ao usuário. Recomenda-se o fortalecimento de políticas institucionais voltadas ao bem-estar físico e mental dos trabalhadores, a criação de espaços permanentes de escuta e apoio emocional, e a valorização de ambientes laborais mais saudáveis, humanizados e sustentáveis.
PET-SAÚDE EQUIDADE MACRO LESTE: UMA ANÁLISE DO CONTEXTO DAS TRABALHADORAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE GOVERNADOR VALADARES (MG)
Comunicação Oral
SABINO, G. F.1, HUBNER, D. H.1, OLIVEIRA, I. R. S1, GUSMAO, R. B.2
1 PET-Saúde Equidade Macrorregião Leste de Minas Gerais (PET-Saúde Macro Leste) / Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares.
2 PET-Saúde Equidade Macrorregião Leste de Minas Gerais (PET-Saúde Macro Leste) / Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares./Secretaria Municipal de Saúde de Governador Valadares-MG.
Apresentação/Introdução
A força de trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS), em sua maioria, é composta por mulheres. A edição atual do PET-Saúde Equidade Macro Leste trata desse contexto, com foco em temas como discriminação, violência, saúde mental e maternagem. Com base no Planejamento Estratégico Situacional, fez-se a análise do contexto das trabalhadoras no município polo para intervenção.
Objetivos
Analisar a conjuntura laboral das trabalhadoras do SUS de Governador Valadares (MG) considerando categorias temáticas dos eventos discriminatórios, violência, saúde mental, e maternagem.
Metodologia
Realizou-se abordagem qualitativa, de caráter exploratório, com dois Grupos Focais (GF’s) virtuais com trabalhadoras do SUS de Governador Valadares, organizados por escolaridade (GF1: ensino superior completo; GF2: ensino médio completo). A discussão foi orientada por roteiro semiestruturado, com ambientação das participantes e questões reflexivas sobre os eixos, com adaptações de linguagem para cada grupo. A seleção considerou vínculo mínimo de 6 meses com o SUS municipal, incluindo profissionais de diferentes níveis de atenção. Os convites foram enviados por e-mail e WhatsApp, com aceite registrado em Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Resultados
É possível inferir a ocorrência de discriminação no trabalho, com destaque para atos de racismo, sendo cometidos por membros da equipe e por pacientes. É notória a ausência de mulheres negras ocupando altos cargos de gestão no SUS. Relatos do impacto negativo do trabalho na saúde mental foram contundentes, envolvendo estresse e ansiedade. A relação interprofissional apresentou-se como fator relevante, apontada como favorecedora ou prejudicial à saúde mental. Percebeu-se que as trabalhadoras ainda encontram dificuldades como a sobrecarga no cuidado com os filhos e a falta de compreensão de colegas de trabalho no que tange a flexibilidade de horários.
Conclusões/Considerações
Constatou-se que o contexto laboral das trabalhadoras do SUS, no município pesquisado, é marcado por iniquidades. Práticas discriminatórias e a dupla jornada associada ao desempenho, demarcam um ambiente fragilizador da saúde mental, somado à não garantia do pleno exercício da maternagem. Tal conjuntura reforça a relevância do PET-Saúde, favorecendo mudanças que possibilitem o mais alto nível de satisfação e rendimento profissional.
SUICÍDIO E TRABALHO: A MORTE PRECOCE DOS TRABALHADORES BRASILEIROS
Comunicação Oral
Palma, T. F.1, Lua, I.1, Morais, A. C.1, Pinho, P. S.2, Araújo, T. M.1
1 UEFS
2 UFRB
Apresentação/Introdução
O suicídio entre trabalhadores reflete desafios históricos e estruturais da organização do trabalho, intensificados pela precarização das relações laborais e agravados pela crise da COVID-19. A pandemia, Reforma Trabalhista e o aumento das iniquidades sociais incrementaram este contexto, com estruturas insuficientes, baixos salários, pouca valorização e sobrecarga que causam múltiplos sofrimentos.
Objetivos
Estimar taxas de mortalidade por suicídio em trabalhadores/as, considerando características sociodemográficas e ocupacionais; analisar as tendências temporais da mortalidade por suicídio; e identificar padrões espaciais com clusters de alto risco.
Metodologia
Estudo ecológico misto (temporal e espacial) do suicídio nos municípios brasileiros entre 2015-22. Uso de base de dados extraída do SIM (suicídio) e IBGE/Cidades (trabalhadores) e CBO. O suicídio foi identificado pelos códigos X60–X84 (CID-10). Foram estimadas taxas de mortalidade, estratificadas por grupos ocupacionais, sexo, faixa etária, escolaridade, situação conjugal e raça/cor. A tendencia temporal e variações percentuais foram avaliadas pela regressão Joinpoint. Para análise espacial utilizou-se índices de Moran global/local com matriz de vizinhança contígua e identificação de clusters de alto risco (LISA e G Local). As análises foram realizadas nos softwares R, QGIS, GeoDa e Excel.
Resultados
Entre 2015-22 registrou-se 60.471 suicídios de trabalhadores no Brasil, em 4.811 municípios, com tendência crescente(+66,0). Embora mulheres tenham maior incremento(+76,7%), predominaram homens(85,0%), negros(50.0%), sem companheiro/a(64,3%), com até ensino médio(36.7%), de 20-49 anos(65,7%). Maiores taxas(/100mil) ocorreram entre trabalhadores do “agro”(177.8), de atividades adm/financeiras/comunicação(81.1), indústria/construção(64,0) e educação/saúde/segurança(40.4). Foram avaliados clusters críticos em 794 municípios, com destaque a região norte e nordeste (AM,RO,RD,TO,CE,MA,PI), com significância (p<0,05). Não ocorreram pontos de inflexão (breakpoint) no período avaliado, por estados.
Conclusões/Considerações
Há predomínio de suicídio em homens, com aumento expressivo entre mulheres. Grupos ocupacionais de destaque, como trabalhadores do “agro”, ajudam na compreensão dos clusters com autocorrelação espacial e das desigualdades regionais evidenciadas, e revela necessidade de intervenção prioritária. A precarização das condições de trabalho intensificadas nos últimos anos revela a fragilidade nas instâncias de proteção social dos trabalhadores.
TECENDO REDES DE QUALIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E DO CUIDADO DE TRANSTORNOS MENTAIS E SUICÍDIOS RELACIONADOS AO TRABALHO - IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO DE COOPERAÇÃO
Comunicação Oral
Oliveira, C.1, Bandini, M.2, Lucca, S.2, Cintra, M.2, Sartori, C.3, Terume, S.3, Pereira, M.C2, Smeke, I4, Silva, P.4, Lage, C.4
1 UNICAMP
2 Unicamp
3 Secretaria Municiapal de Saúde de Campinas
4 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campinas
Período de Realização
O trabalho foi desenvolvido entre os anos de 2023 e 2024.
Objeto da experiência
Qualificar a linha de cuidado em Saúde Mental do trabalhador a partir de intervenção em Apoio Matricial e Vigilância Participativa.
Objetivos
Criar um grupo misto de trabalho para desenvolvimento do projeto piloto de qualificação do matriciamento, com uso da ferramenta do mapa vivo em saúde e ações de vigilância em saúde mental organizadas a partir de uma rede colaborativa entre serviços, sindicatos e universidade.
Metodologia
O Grupo de Trabalho para cogestão do projeto criou um piloto e desenvolveu duas rodadas incompletas junto as eSF e e-Multi. As oficinas para o Mapa Vivo foram importantes para aproximação das capacidades e necessidades de matriciamento nos territórios, é uma ferramenta simples e de uso contínuo entre os serviços participantes. A Rede Margarida tem papel estratégico para difusão de informações sobre cuidados e direitos do trabalhador em casos de adoecimento mental relacionado ao trabalho
Resultados
Foi desenhado um piloto de ferramenta do mapa vivo e desenvolvido levantamento de informações em 4 centros de saúde de Campinas. A partir das ações para criação de uma rede colaborativa foram realizados encontros informtivos sobre saúde mental no trabalho e levantadas boas práticas de vigilância sindical.
Análise Crítica
Os tempo de desenvolvimento entre os entes envolvidos no projeto precisa ser mais bem equacionado e o desenvolvimento das pesquisas acadêmicas pode ser mais direcionados metodologicamente para intervenção, para que os resultados sejam avaliados em menor tempo. É importante qualificar os materiais sobre o tema de saúde mental e assédio no trabalho e as redes de cuidado precisam ser melhor informadas sobre diagnósticos em saúde mental e reintegração ao trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a continuidade da experiência com algum matriciamento aos serviços de saúde, incluindo do CEREST, E-Multi, CAPS e eSF. Fundamental manter o grupo misto de desenvolvimento do projeto e criar novas estratégias de financiamento de apoio à Rede Margarida.
ELABORAÇÃO DE FLUXOGRAMA PARA OS TRANSTORNOS MENTAIS/SOFRIMENTOS PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS AO TRABALHO: FERRAMENTA PARA EPIDEMIOLOGIA E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Comunicação Oral
Fernandes, B. F. F.1, Soares, C. M. B. F2, Almeida, T. T. A1, Santos, T. E. B. G. L1, Machado, B. F. L1
1 Secretaria do Estado da Saúde da Paraíba (SES/PB) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
2 Secretaria do Estado da Saúde da Paraíba (SES/PB)
Período de Realização
A construção do Fluxograma Orientador ocorreu entre Novembro de 2024 a Junho de 2025.
Objeto da produção
Fluxograma orientador para vigilância e cuidado dos Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) realizado pelo CEREST Estadual Paraíba.
Objetivos
Fortalecer a vigilância dos sofrimentos psicossociais/transtornos mentais relacionados ao trabalho na Paraíba, bem como promover reflexões sobre o cuidado em saúde para trabalhadores(as) em sofrimento psicossocial e, ainda, potencializar a educação em saúde dos profissionais da Rede de Atenção à Saúde.
Descrição da produção
O fluxograma, criado com o programa gratuito diagrams.net, foi desenvolvido a partir de discussões entre a Vigilância em Saúde, o CEREST Estadual, a Gerência Operacional de Atenção Psicossocial e a de Atenção Primária à Saúde, seguindo o estudo de documentos/políticas da Saúde do Trabalhador (a). Além do diagrama de blocos, foram incluídas orientações descritivas e reflexivas nos pontos considerados críticos para a vigilância e atenção à saúde mental.
Resultados
A elaboração do fluxograma orientador fomentou a discussão sobre a saúde dos/das trabalhadores(as) entre diferentes profissionais da saúde da Rede de Atenção à Saúde (RAS), tanto da assistência quanto da gestão. Após a sua criação, o fluxograma passou a ser utilizado como ferramenta para educação em saúde, estimulando debates em torno de três eixos principais: acolhimento e atenção à saúde dos trabalhadores (as); identificação de casos e vigilância; referências na rede e continuidade do cuidado.
Análise crítica e impactos da produção
O fluxograma evidenciou a necessidade de ultrapassar a perspectiva biomédica, intensificada pelo próprio nome da ficha de notificação, que induz a diagnósticos focados nas classificações nosológicas convencionais, negligenciando o acolhimento das diversas manifestações e causas de sofrimento psicossocial relacionadas ao trabalho. Essa discussão gerou impactos no processo de estudo dos dados e na atuação junto a essa temática no CEREST Estadual, articulando-se de forma mais expressiva com a rede.
Considerações finais
A subnotificação e complexidade etiológica dos TMRT desafiam a saúde coletiva e o fluxograma em si não soluciona as dificuldades da vigilância em saúde mental da classe trabalhadora vulnerabilizada. Por isso, mais do que aumentar notificações, sua elaboração visou construir reflexões coletivas para o apoio matricial e institucional, acolhendo os desafios territoriais e promovendo a corresponsabilidade entre diferentes sujeitos e serviços.