
Programa - Comunicação Oral - CO1.5 - COVID-19, Sindemias e Saúde Mental
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
IMPACTO DA COVID LONGA NA QUALIDADE DE VIDA: COMPARAÇÃO LONGITUDINAL COM EQ-5D-5L
Comunicação Oral
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
Condições crônicas associadas a infecções demandam atenção dos sistemas de saúde e afetam a qualidade de vida da população. Dada a magnitude da pandemia de COVID-19, a COVID Longa (CL) se soma a essa casuística, apesar de invisibilizada. Esta consiste na persistência ou desenvolvimento de sintomas após a infecção pelo SARS-CoV-2, afetando múltiplos sistemas, com duração de pelo menos três meses.
Objetivos
O objetivo deste estudo é estimar efeitos da CL sobre a qualidade de vida relacionada a saúde de pessoas que foram hospitalizadas durante o quadro agudo da COVID-19.
Metodologia
Estudo de coorte com uma amostra probabilística de pacientes hospitalizados por COVID-19 em hospitais do SUS na cidade do Rio de Janeiro entre dezembro de 2020 e novembro de 2022. Foram realizadas entrevistas telefônicas 06, 12, 18 ou 24 meses após a alta hospitalar. Dos participantes sobreviventes, entre outros dados, mediu-se a qualidade de vida relacionada à saúde antes da hospitalização e no momento da entrevista, com uso da escala EQ-5D-5L do EuroQol. Foi calculada a utilidade para ambas as medições do EuroQol, classificados os casos por perda ou estabilidade na qualidade de vida e utilizada a técnica de regressão logística múltipla para identificar fatores associadas à diferença.
Resultados
Participaram 556 pessoas, representando 11.328 internadas por COVID-19. A média estimada da população foi de 57 anos, predominando homens (54%) e a cor parda (47%). A utilidade estimada foi em média de 0,9 antes da COVID-19, reduzindo-se a 0,7 até dois anos após. Mulheres (OR=2,05), pessoas com diabetes antes da COVID-19 (OR=2,42), que apresentaram sintomas de comprometimento cognitivo após a COVID-19 (OR=2,25), que receberam um diagnóstico novo de doença cardiovascular (OR=2,64) e que se declararam com CL (OR=4,68) mostraram-se com chances maiores de piora na qualidade de vida relacionada à saúde. O modelo de regressão logística apresentou bom ajuste (Estatística C=0,784).
Conclusões/Considerações
Os achados deste estudo indicam uma perda na qualidade de vida relacionada à saúde associada à CL até pelo menos cerca de dois anos após a hospitalização por COVID-19. Tais achados reforçam o relato do paciente sobre a própria condição de saúde e a necessidade de estratégias integradas de cuidado e acompanhamento prolongado dessas pessoas no sistema de saúde.
LONG COVID SYMPTOMS AND SLEEP PROBLEMS: POPULATION-BASED STUDY
Comunicação Oral
1 FURG
2 UFPEL/FURG
3 UNESC
4 UFPEL
Apresentação/Introdução
Considering that sleep directly influences the immune system and is related to the development of various diseases, it is questioned whether sleep problems could be associated with the onset or persistence of long covid. Investigating this possible relationship thus becomes a relevant public health issue.
Objetivos
To investigate the association between symptoms of long covid and sleep problems in a population from southern Brazil.
Metodologia
This is a cross-sectional study with data from the SULcovid-19 survey, developed in the municipality of Rio Grande/RS, Brazil. The outcome "long covid" was investigated through the presence of 18 symptoms, and the exposure variable used was "sleep problems". Poisson regression with robust adjustment of variance was used to estimate crude and adjusted prevalence ratios of the outcome-exposure relationship. The odds' ratio is calculated, through multinomial regression, of the relationship between the number of symptoms of long covid and sleep problems. The analyses were adjusted for sex, age, marital status, income, body mass index, smoking, morbidities, and hospital admission.
Resultados
A total of 2,919 adults and older adults were interviewed. The occurrence of long covid was 48.3% (95%CI 46.5-50.1) and sleep problems were reported by 41.2% of the sample (95%CI 39.4-43.0). Individuals with sleep problems were more likely to have altered sensitivity (PR= 3.27; 95%CI 1.96-5.45); nasal congestion (PR= 2.75; 95%CI 1.53-4.94); musculoskeletal symptoms (PR=1.75; 95%CI 1.48-2.06), respiratory (PR=1.58; 95%CI 1.24-2.01) and at least one symptom of long covid (PR=1.27; 95%CI 1.15-1.39).
Conclusões/Considerações
About half of the population analyzed had long covid and four out of ten reported having sleep problems, in addition to the individuals with sleep problems, evaluated in this study, tended to have a greater number of symptoms, compared to those who claimed to sleep well.
MORTALIDADE POR INJÚRIA RENAL AGUDA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS POR COVID-19 DURANTE A PRIMEIRA ONDA DA DOENÇA EM SÃO PAULO
Comunicação Oral
1 Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
A COVID-19 é uma doença adquirida pelo contato das vias aéreas com gotículas infectadas com o vírus SARS-CoV-2, compromete o sistema respiratório, com potencial para atingir outros órgãos, aumentando o risco de hospitalização e morte. Nos pacientes com a forma grave da COVID-19, tornou-se frequente a queda abrupta da função renal, denominada injúria renal aguda (IRA), o que eleva a chance de morte.
Objetivos
Avaliar a incidência de IRA em pacientes hospitalizados por COVID-19 e identificar os fatores de risco associados ao seu surgimento e aqueles associados ao seu prognóstico. Calcular as taxas de mortalidade e identificar fatores associados ao óbito.
Metodologia
Estudo de coorte com dados coletados de prontuários médicos eletrônicos, de um hospital quaternário público universitário de São Paulo, com 900 leitos destinados exclusivamente a pacientes com COVID-19, no período de 17 de março de 2020 a 31 de agosto de 2020. Foi utilizado o exame RT-PCR para o diagnóstico da COVID-19 e para detectar a IRA o método KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcomes), com medidas de creatinina séricas até 72h da admissão hospitalar, em três estágios comparado à linha de base do paciente. Os pacientes foram acompanhados desde a internação até o desfecho clínico (alta ou óbito).
Resultados
Foram admitidos 3.779 pacientes e após os critérios de exclusão foram incluídos 2.239 pacientes, com 58,1% homens e 41,9% mulheres. A taxa de mortalidade foi de 33,2%, sendo que, 41% desses tiveram IRA. A incidência de IRA foi de 38,2%. Em relação às comorbidades, pacientes que desenvolveram IRA durante a internação e evoluíram para óbito eram, principalmente, portadores de: hipertensão arterial sistêmica (65,6%), diabetes mellitus (38,4%), doenças cardiovasculares (15,7%) e câncer (13,8%); além disso, 20,3% tinham histórico de tabagismo. As variáveis clínicas que mais impactaram no desfecho óbito, foram a creatinina sérica, ureia, proteína C-reativa, Dímero D e o algoritmo SAPS3.
Conclusões/Considerações
A creatinina sérica e a ureia foram biomarcadores importantes para analisar a evolução da saúde renal. Entre os pacientes que desenvolveram IRA, a mortalidade foi maior nos pacientes estágio 3 do KDIGO. A IRA foi frequente em pacientes hospitalizados com COVID-19 e os fatores associados ao seu desenvolvimento foram: idade avançada, presença de comorbidades, ventilação mecânica, uso de drogas vasoativas, sendo fatores de risco para o óbito.
RESISTÊNCIA INSULÍNICA, ASMA E DEPRESSÃO: EXISTE UM QUADRO SINDÊMICO EM JOVENS?
Comunicação Oral
1 Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Apresentação/Introdução
Introdução: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) afetam a saúde de forma gradual e, na vida adulta, podem resultar de fatores de risco consolidados na adolescência. Esses fatores podem contribuir para resistência insulínica, asma e depressão, compondo um quadro sindêmico em contextos vulnerabilidade social e econômica ampliando a exposição aos fatores de risco envolvidos nas DCNTs.
Objetivos
Objetivo: elaborar e analisar um modelo sindêmico abrangendo o papel dos determinantes sociais, risco metabólico, asma e depressão em jovens.
Metodologia
Metodologia: Trata-se de um estudo de base populacional com 2515 adolescentes de 18 e 19 anos pertencentes ao Consórcio Brasileiro de Coortes de Nascimento RPS (Ribeirão Preto, Pelotas e São Luís), de São Luís – MA. Foi proposto um modelo teórico para analisar a associação sindêmica entre a resistência insulínica, asma e depressão em jovens, através da Modelagem de Equações Estruturais (MEE). As variáveis latentes foram Situação socioeconômica (SES) e Fenótipo asmático. Os desfechos de interesse foram depressão, diagnosticada pelo Mini International Neuropsychiatric Interview, e asma. As variáveis metabólicas incluídas foram a razão Triglicerídeos/HDL-colesterol (TG/HDL-c) e obesidade.
Resultados
Resultados: A menor situação socioeconômica (SES) explicou os maiores níveis de TG/HDL-c (CP = 0,55; p= 0,029) e depressão (CP=0,069; p=0,002). Maiores tercis da razão TG/HDL-c foram diretamente associados ao Fenótipo Asmático (CP= 0,062; p=0,049), e indiretamente à depressão (CP= 0,013; p=0,049). O fenótipo asmático foi associado à depressão (CP= 0,094; p< 0,001). O Sexo feminino foi associado à obesidade (CP = 0,132; p< 0,001) e à depressão (SC = 0,161; p < 0,001). Identificou-se um quadro sindêmico: menor SES associada à resistência insulínica e depressão; resistência insulínica foi associada à obesidade, asma e depressão; e asma e depressão associadas entre si em jovens.
Conclusões/Considerações
Conclusão: Em conjunto, nossos achados podem subsidiar a implantação de políticas públicas direcionadas aos adolescentes na prevenção integrada e no controle dos comportamentos de risco em jovens e que possam auxiliar na redução da prevalência e do impacto na resistência insulínica, asma e depressão em conjunto.
USO DE ANTIDEPRESSIVOS E SEUS DETERMINANTES SOCIOECONÔMICOS NO BRASIL: IMPACTO DO DESEMPREGO (2014–2021)
Comunicação Oral
1 Unicamp
2 UnB
Apresentação/Introdução
O desemprego, além de indicador socioeconômico relevante, pode influenciar diretamente a saúde mental da população. Em contextos de crise econômica, a elevação nas taxas de desemprego tende a modificar a demanda por antidepressivos, impactando o perfil de consumo e gerando implicações para a gestão dos sistemas de saúde pública.
Objetivos
Analisar a associação entre as taxas de desemprego e as vendas de antidepressivos no Brasil entre 2014 e 2021, considerando a diferenciação entre medicamentos ofertados ou não pelo Sistema Único de Saúde e suas implicações para a saúde pública.
Metodologia
Trata-se de uma análise de série temporal baseada em dados mensais de desemprego (IBGE) e vendas de antidepressivos no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), de 2014 a 2021. Utilizamos como variável de ajuste o índice de incerteza econômica da FGV. Calculamos a dose diária definida/1.000 habitantes/dia (DID) e classificamos quanto a disponibilidade na Relação de Medicamentos Essenciais do Sistema Único de Saúde (SUS). Utilizamos o teste do multiplicador Lagrangiano de Breusch-Godfrey para verificar a independência de resíduos, regressões de Prais-Winsten e Cochrane-Orcutt para os resíduos corrigidos e regressão de mínimos quadrados ponderados.
Resultados
Em janeiro de 2014 o consumo de antidepressivos era de 26,2 DID, a taxa de desemprego, 7,2% e a incerteza político-econômica, 136,7%, e no final da história, em outubro de 2021, as vendas de antidepressivos eram 37,8 DID/mês, o desemprego, 11,1%, e índice de incerteza econômica, 260,7%. Observou-se que o aumento de 1% na taxa de desemprego no mês anterior levou a um aumento de 1,12% (IC95%: 0,63-1,77%) nas vendas, sendo maior em antidepressivos não disponíveis no SUS (0,54%; IC95% : 0,23-0,86%) do que os disponíveis no sistema (0,47%; IC95%: 0,22-0,73%). O aumento do índice de incerteza econômica não influenciou a venda de antidepressivos.
Conclusões/Considerações
O aumento do desemprego no Brasil entre 2014 e 2021 esteve associado ao crescimento das vendas de antidepressivos, especialmente dos não ofertados pelo SUS. A correlação reforça o papel dos determinantes sociais no consumo de medicamentos e sugere que políticas públicas devem considerar o impacto das crises econômicas na saúde mental da população.
HDL-COLESTEROL BAIXO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA SEGUNDO A PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
Comunicação Oral
1 UFMG
Apresentação/Introdução
O perfil lipídico é fundamental para identificar dislipidemias e reduzir o risco cardiovascular. O colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-colesterol) é marcador laboratorial de risco cardiovascular, associado à proteção contra doenças ateroscleróticas. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizou exames que permitiram analisar, pela primeira vez, a distribuição do HDL-colesterol no país.
Objetivos
Analisar as prevalências dos níveis de HDL-colesterol baixo na população adulta brasileira.
Metodologia
Estudo transversal com dados dos exames laboratoriais da PNS, em 8.520 adultos, coletados entre 2014 e 2015. Foram calculadas as prevalências de HDL-colesterol <40 mg/dL e ≥40 mg/dL, com intervalos de confiança de 95% (IC95%), segundo variáveis sociodemográficas, antropométricas, de estilo de vida, doenças crônicas não transmissíveis e autoavaliação de saúde. Valores de HDL-colesterol acima de 40 mg/dL foram considerados ideais, e valores menores ou iguais a 40 mg/dL, considerados baixos. As diferenças foram analisadas pelo teste Qui-quadrado e foi adotado o nível de significância de 5%. As análises foram realizadas com uso do software Stata e incorporou os pesos de pós-estratificação.
Resultados
A prevalência de HDL-Colesterol nos adultos brasileiros foi de 34,81% (IC95% 33,46-36,18), sendo mais elevada nas pessoas do sexo masculino (46,11%; IC95% 43,90-48,33), com ensino fundamental completo ou médio incompleto (42,18%; IC95% 38,53-45,92), da raça cor preta (36,97%; IC95% 35,08-38,89), com relato de ser tabagista (39,82%; IC95% 36,09-43,67), com obesidadade (42,99%; IC95% 39,99-46,04), diabetes (45,03%; IC95% 40,85-49,28), doença renal crônica (41,74%; IC95% 36,71-46,95) e hipertensão arterial (40,66%; IC95% 37,96-43,41) e que autoavaliaram a saúde como muito ruim ou ruim (38,76%; IC95% 34,17-43,56) (p ≤ 0,05).
Conclusões/Considerações
O HDL-colesterol baixo apresentou alta prevalência no país, afetando 1 a cada 3 adultos brasileiros. Esses resultados reforçam a importância de políticas públicas, ações e estratégias de prevenção e controle das dislipidemias, especialmente em grupos vulneráveis. Os achados destacam a relevância de conhecer a distribuição do HDL-Colesterol e monitorá-lo como ferramenta para reduzir o risco cardiovascular no Brasil.

Realização: