
Programa - Comunicação Oral - CO1.2 - Multimorbidade, Fatores de Risco e Qualidade de Vida
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
A CONTINUIDADE DO ATENDIMENTO AOS PACIENTES COM MULTIMORBIDADES NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE: DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE, 2019
Comunicação Oral
1 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
Nos últimos 30 anos, houve mudança no perfil de morbidades no Brasil, com predomínio das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Indivíduos com diagnóstico de mais de uma DCNT, multimorbidades, impõem desafios ao sistema de saúde, exigindo conexão eficaz entre os serviços para um cuidado contínuo, integrado e centrado no paciente, com melhores resultados e qualidade de vida.
Objetivos
Comparar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde segundo a presença ou ausência de multimorbidades, considerando integralidade, orientação e encaminhamento a especialistas, com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2019.
Metodologia
Foram analisados dados dos módulos H – "Atendimento Médico" e Q – “Doenças Crônicas” da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em parceria com o Ministério da Saúde. A pesquisa é um inquérito domiciliar com amostra probabilística em três estágios. Foram analisados indivíduos com 15 anos ou mais, atendidos em unidades básicas de saúde nos últimos seis meses, por médicos já consultados anteriormente. A multimorbidade foi calculada considerando diagnóstico autorreferido de doenças crônicas não transmissíveis. A análise estatística considerou o desenho complexo de amostragem para o cálculo das estimativas e dos testes de hipóteses.
Resultados
O módulo H da PNS foi respondido por indivíduos que consultaram um médico em uma unidade básica de saúde nos seis meses anteriores a entrevista, cuja consulta não foi o primeiro atendimento com o médico. Os indivíduos com duas doenças crônicas não transmissível (DCNT) ou mais (multimorbidade) relataram ter certeza de serem atendidos pelo mesmo médico com maior frequência que aqueles sem DCNT (48,7% vs. 38,8%, respectivamente, p<0,01). O mesmo pode ser observado em relação ao relato de se sentir à vontade com o médico (62,5% vs. 53,8%, p<0,01), do conhecimento por parte do médico sobre os problemas do paciente (50% vs. 35%, p<0,01) e não desejo de trocar de médico (33,3% vs. 26,5%, p<0,01).
Conclusões/Considerações
Conclui-se que pessoas com multimorbidades mantêm melhor vínculo com médicos de referência e satisfação com o atendimento recebido em relação àquelas sem doenças crônicas. A escuta qualificada e o reconhecimento das prioridades de saúde são destaques positivos, assim como o acesso a orientações preventivas sobre hábitos saudáveis. Esses dados reforçam a importância da continuidade e qualidade no cuidado ofertado.
DESIGUALDADES SOCIODEMOGRÁFICAS NA MULTIMORBIDADE E FATORES DE RISCO RELACIONADOS AO ESTILO DE VIDA ENTRE ADULTOS JOVENS: UM ESTUDO NACIONAL DE BASE POPULACIONAL
Comunicação Oral
1 PUC CAMPINAS
Apresentação/Introdução
Introdução: Indivíduos com multimorbidade enfrentam diversos desafios no sistema de saúde, como a necessidade de acompanhamento por especialistas, uso simultâneo de medicamentos e longas internações hospitalares. As desigualdades socioeconômicas agravam esses desafios, especialmente entre grupos mais vulneráveis, influenciando a saúde individual e os desfechos de saúde pública em larga escala.
Objetivos
Objetivo: Identificar as desigualdades sociodemográficas na prevalência de multimorbidade e seus fatores de risco comportamentais entre adultos jovens brasileiros.
Metodologia
Métodos: Estudo transversal que utilizou dados de 48.890 indivíduos entre 20 e 50 anos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. A multimorbidade (≥2 doenças crônicas) foi avaliada a partir de 13 morbidades autorreferidas a partir de diagnóstico médico. Avaliou-se ainda a simultaneidade dos fatores de risco modificáveis para doenças crônicas (tabagismo, consumo álcool, alimentação inadequada e inatividade física). As variáveis sociodemográficas estudadas foram sexo, idade, raça/cor, escolaridade, nível socioeconômico, estado civil, cobertura de plano de saúde e região de residência. Utilizou-se modelos de regressão logística e multinomial, com nível de significância de 5%.
Resultados
Resultados: Aproximadamente um em cada cinco adultos com 50 anos ou menos tem multimorbidade. Maior prevalência dessa condição foi observada entre mulheres, indivíduos mais velhos, menos escolarizados e com plano de saúde. Por outro lado, residentes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram menor prevalência. A simultaneidade de múltiplos fatores de risco relacionados ao estilo de vida (≥4) foi mais elevada entre os indivíduos menos escolarizados, com nível socioeconômico mais baixo e residentes nas regiões Sul e Norte. Indivíduos mais velhos e casados apresentaram menor prevalência de fatores de risco simultâneos.
Conclusões/Considerações
Conclusão: Fatores sociodemográficos como idade, sexo, escolaridade, estado civil, cobertura de plano de saúde e região de residência mostraram associação significativa com a multimorbidade e a coexistência de múltiplos fatores de risco comportamentais. As desigualdades evidenciam a urgência de políticas públicas que reduzam riscos modificáveis e ampliem o acesso equitativo à saúde, com foco nos grupos mais vulneráveis.
MULTIMORBIDADE NO CONTEXTO LABORAL: ANÁLISE DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Comunicação Oral
1 Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde (UFBA-IMS); Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
2 Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)
3 Universidade Federal da Bahia, Instituto Multidisciplinar em Saúde (UFBA-IMS)
Apresentação/Introdução
Multimorbidade é a coexistência de duas ou mais doenças crônicas no mesmo indivíduo. No contexto laboral, ela tem se destacado como uma das condições mais incapacitantes. Dentre as realidades vivenciadas pelos trabalhadores como possíveis determinantes de multimorbidades, destaca-se a instabilidade laboral aliada a baixos salários, necessidade de mais de um emprego e pressões por produtividade.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência e os fatores associados à multimorbidade entre trabalhadores brasileiros.
Metodologia
Estudo transversal que utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2019. Foram realizadas 90.846 entrevistas. Destas, 52.475 participantes, com 18 anos ou mais, referiram estar ocupados ou trabalhando na semana de referência (de 21 a 27 de julho de 2019) representando os sujeitos deste estudo. A multimorbidade foi dicotomizada em: “Sim”, presença de duas Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) ou mais; “Não”, ausência ou presença de apenas uma DCNT. As variáveis independentes foram divididas em blocos: sociodemográfico, de hábitos e comportamentos e de saúde. Realizada análise descritiva, bivariada e múltipla. O programa Stata (versão 16) foi utilizado na análise dos dados.
Resultados
Neste estudo, 11.638 trabalhadores tinham multimorbidade. A prevalência foi maior entre mulheres (RP: 1,67; IC95%: 1,58-1,77), indivíduos de 60 anos ou mais (RP: 5,13; IC95%: 4,53-5,81), menor escolaridade (RP: 1,08; IC95%: 1,02-1,15), brancos (RP: 1,11; IC95%: 1,05-1,17) residir em zona urbana (RP:1,11; IC95%: 1,03-1,18), participar em programas públicos de atividade física (RP:1,25; IC95%: 1,09-1,44), consumo excessivo episódico de álcool (RP: 1,08; IC95%: 1,01-1,16), comportamento sedentário (RP:1,13; IC95%:1,07-1,19), autoavaliação negativa da saúde (RP:2,12; IC95%: 2,01-2,23), consulta ao médico no último ano (RP:2,45; IC95%: 2,20-2,72) e ter plano de saúde (RP:1,26; IC95%: 1,19-1,33).
Conclusões/Considerações
A prevalência de multimorbidade foi elevada neste estudo, apresentando fatores modificáveis associados como escolaridade, residir em zona urbana, utilização dos serviços de saúde e posse de plano de saúde. Intervenções nesses fatores, através de políticas públicas abrangentes, pode minimizar o surgimento de DCNT neste público, aumentar a produtividade no ambiente laboral e contribuir para redução de custos aos sistemas de saúde e cofres públicos.
QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM DOIS MUNICÍPIOS DO INTERIOR NORDESTINO
Comunicação Oral
1 UFPB
2 UFCG
Apresentação/Introdução
A Qualidade de Vida (QV) se relaciona às percepções dos indivíduos sobre sua posição na vida no contexto da cultura e dos sistemas de valores em que vivem e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Este desfecho possui a capacidade de indicar os impactos físicos, psicológicos, sociais e ambientais que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) podem causar.
Objetivos
Analisar a distribuição da QV em pessoas com DCNT residentes em dois municípios no interior do semiárido nordestino.
Metodologia
Estudo transversal de base populacional realizado com uma amostra representativa de 1000 indivíduos residentes em dois municípios do semiárido do nordeste brasileiro (Cuité/PB e Santa Cruz/RN). A coleta de dados aconteceu em 2022 e 2023, por meio de entrevistas face a face. A identificação da presença de DCNT foi autorreferida segundo a metodologia VIGITEL e aplicou-se o instrumento WHOQOL-BREF, questionário validado, que mensura a QV a partir de escores médios (0 a 100) de quatro domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente.
Resultados
Notou-se que existiam 642 (64,2%) pessoas com, pelo menos, 1 DCNT, sendo as mais frequentes Depressão/Ansiedade (n= 329), Obesidade (n= 212), Hipertensão Arterial Sistêmica (n= 210) e Diabetes Mellitus (n= 44). Dentre as pessoas com algum tipo de DCNT, as pessoas com Depressão/Ansiedade apresentaram os piores escores médios em três dos quatro domínios, sendo: Físico (52.56 ± 10.21), Relações Sociais (65.22 ± 16.11) e Meio Ambiente (56.65 ± 11.94). No domínio Psicológico os piores escores médios observados foram para aquelas pessoas com Diabetes Mellitus (50.75 ± 12.36).
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que as DCNT afetam negativamente todos os domínios da QV dos sujeitos, no entanto, esse impacto não é semelhante entre cada tipo de doença, ao passo que a depressão/ansiedade aparenta causar maiores prejuízos. O estudo também contribui para ampliar a noção de cuidado em saúde para além dos aspectos voltados à morbidade, sendo necessário envolver os diversos determinantes ambientais e sociais para promover uma vida melhor.
TRAUMAS PSICOLÓGICOS E EMOCIONAIS QUE INTERFEREM NO TRATAMENTO CONTRA O EXCESSO PONDERAL
Comunicação Oral
1 SMDS/Prefeitura de Jequié
2 UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia)
Apresentação/Introdução
O excesso ponderal se caracteriza como grave problema de saúde pública, em função do impacto biológico, social e emocional que pode causar nos indivíduos, famílias e sociedade. Nesse sentido, traumas psicológicos e emocionais podem ser identificados como desencadeadores, mantenedores ou retoalimentadores do excesso ponderal, gerando impactos no desenvolvimento de psicopatologias.
Objetivos
Analisar os principais traumas psicológicos e emocionais que interferem no tratamento do excesso ponderal.
Metodologia
Estudo de casos múltiplos, de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, realizado com 16 indivíduos, participantes de um programa de emagrecimento. Realizou-se entrevista semiestruturada, tendo questões norteadoras acerca do reconhecimento de possíveis traumas psicológicos e emocionais que dificultam a realização do protocolo de emagrecimento e o controle do excesso ponderal. Dados analisados por meio da técnica de análise de conteúdo, modalidade temática categorial, seguindo as fases pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados; inferência e interpretação. Recorte do projeto de pesquisa de doutorado, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 2.852.159).
Resultados
Resultados revelaram que a ansiedade influencia no desenvolvimento e manutenção do excesso ponderal. Ao analisar as falas sobre traumas psicológicos e emocionais, é possível ver que, a culpa e a mágoa originária da separação dos pais, da criação rígida ou do abandono, além da traição de um dos cônjuges, representam os principais traumas que podem influenciar no tratamento contra o excesso ponderal. O elo rompido da proteção e segurança deram lugar aos mecanismos de compensação e/ou autopunição pela culpa, baixa autoestima, sentimento de incapacidade e medo. Assim, o evento de comer para compensar os traumas psicológicos e emocionais, torna-se cada vez mais presente na rotina dos indivíduos.
Conclusões/Considerações
A dificuldade de lidar com as emoções, somada ao desejo de tornar factual o idealizado, tem contribuído para o surgimento de conflitos psicológicos, criando uma “falsa” ideia de que o ato de comer preenche o vazio simbólico. Portanto, urge ampliar o debate sobre o fenômeno e implementar estratégias de enfrentamento, que sejam seguramente positivas, tais como realização de grupos terapêuticos, testes projetivos e acompanhamento psicológico.
PHYSIOTHERAPY CARE UTILIZATION AND THE ASSOCIATED SOCIODEMOGRAPHIC AND CLINICAL FACTORS IN NONCOMMUNICABLE DISEASES IN THE BRAZILIAN POPULATION: A NATIONWIDE STUDY
Comunicação Oral
1 UFC
2 USP
Apresentação/Introdução
Introduction. Noncommunicable diseases (NCDs) are currently the leading cause of disability in the world. In Brazil, back pain, stroke, and chronic pulmonary diseases are among the top 10 causes of Disability-adjusted life years. A better understanding of the profiles of patients who frequently use rehabilitation is needed to enhance NCD population access to physiotherapy.
Objetivos
Objective. To estimate the use of physiotherapy care and associated factors among NCDs in the Brazilian population.
Metodologia
Methods: This is a subanalysis of the National Health Survey 2019 database among Brazilian adults with NCDs (back pain, stroke, and chronic pulmonary diseases). Sociodemographic variables (age, sex, Brazilian regions, housing place, self-reported skin color, marital status, household income) and clinical data (years lived with diagnosis, undergoing pharmacological treatment, being followed up by a healthcare professional, and disability levels) were selected to associate with current physiotherapy care utilization. A multiple logistic regression model was created, and data reported as odds ratio (OR) with 95% confidence interval.
Resultados
Results: Stroke showed the highest rate of physiotherapy care utilization [17.0%, (15.4%, 18.7%)], and the factors associated were follow-up by healthcare professional [OR: 5.6 (2.3, 13.7)] and use of pharmacotherapy [OR: 2.8 (1.2, 6.7)]. In back pain the related factors were follow-up by healthcare professional [OR: 7.9 (6.8, 9.2)], use of pharmacotherapy [OR: 1.9 (1.6, 2.2)], age ≥ 60 years [OR: 1.9 (1.4, 2.5)], and disability level severe or higher [OR: 1.5 (1.2, 1.8)]. For least, in chronic pulmonary diseases, follow-up by a healthcare professional [OR: 5.6, 95%CI (1.6, 26.3)] and Asian/indigenous race [OR: 23.3 (1.13, 480.8)] were associated with physiotherapy care utilization
Conclusões/Considerações
Conclusion: Stroke showed the higher use of physiotherapy services, and the variables related to physiotherapy care utilization by the NCD population were age > 60 years, Asian/indigenous race, follow-up by healthcare professional, use of pharmacotherapy, and disability level severe or higher.

Realização: