
Programa - Comunicação Oral - CO1.1 - Atenção Primária e o Cuidado em Doenças Crônicas
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ABORDAGEM INTEGRAL DE PACIENTE COM PÉ DIABÉTICO: EDUCAÇÃO EM SAÚDE E CUIDADO MULTIDISCIPLINAR NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Comunicação Oral
1 UNIFAN
2 Unifan
Período de Realização
Fevereiro a Maio de 2025, no contexto da disciplina saúde da familia, do curso de Medicina da Unifan
Objeto da experiência
Cuidado a paciente com diabetes e lesão no pé, por meio de visitas domiciliares e estratégias educativas com base no Arco de Maguerez
Objetivos
Analisar a importância do manejo precoce de lesão em pé de pessoa com diabetes e propor intervenções educativas e terapêuticas que favoreçam o autocuidado, prevenção de complicações como amputação e melhora da qualidade de vida, por meio de uma abordagem interdisciplinar e centrada pessoa.
Descrição da experiência
O estudo acompanhou um paciente de 57 anos com diabetes, hipertensão, neuropatia periférica e lesão necrótica no hálux. Por meio de seis visitas domiciliares, aplicou-se a metodologia do Arco de Maguerez. As ações incluíram avaliação clínica, abordagem educativa sobre doenças crônicas, encaminhamento para atendimento podológico, plano alimentar adaptado à rotina de trabalho e orientações sobre autocuidado. Com isso, a amputação inicialmente indicada foi evitada
Resultados
O paciente aderiu ao tratamento podológico e realizou desbridamento da lesão, com melhora clínica evidente. Houve mudança no comportamento alimentar e maior consciência sobre a importância do autocuidado. Passou a monitorar a glicemia e a pressão arterial com regularidade e compreendeu os sinais de alerta para descompensações. Os exames laboratoriais mostraram melhora do perfil metabólico e a amputação foi evitada
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a complexidade do cuidado em doenças crônicas e a relevância da atuação interprofissional no contexto da Atenção Primária. O Arco de Maguerez permitiu construir soluções práticas a partir da realidade vivida pelo paciente. Ficou claro que a educação em saúde, aliada ao vínculo e escuta qualificada, é capaz de transformar hábitos e ampliar a autonomia no cuidado. O caso reforçou a necessidade de planos terapêuticos personalizados e contínuos
Conclusões e/ou Recomendações
A abordagem precoce e educativa foi essencial para prevenir complicações e promover o autocuidado. Reforça-se a importância da escuta ativa, do acompanhamento longitudinal e da inclusão de profissionais como podólogos e nutricionistas no manejo de pacientes com pé diabético. A experiência demonstrou que a educação em saúde é um pilar fundamental no tratamento de doenças crônicas e que intervenções simples, quando bem direcionadas, geram impactos positivos
ADEQUAÇÃO DO ACESSO À REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE PARA PESSOAS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
Comunicação Oral
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MINAS GERAIS
Apresentação/Introdução
os protocolos de acesso à rede de atenção à saúde para assistência adequada a pessoas com doença renal crônica (DRC), já estão estabelecidos na literatura. Porém, na prática clínica, observa-se que estas pessoas não são captadas precocemente pela rede e, quase sempre, comparecem aos serviços de saúde em estágios avançados da doença quando não há como recuperar ou mesmo preservar as funções renais
Objetivos
analisar a adequação do acesso de pessoas com doença renal crônica à Rede de Atenção à Saúde e identificar os fatores associados.
Metodologia
Trata-se de estudo transversal analítico realizado em 2021, em seis municípios da Macrorregião de Saúde Oeste de Minas Gerais. A população foi composta por pessoas acima de 18 anos, em terapia renal substitutiva por até cinco anos, financiada pelo SUS. A variável desfecho foi categorizada em acesso adequado ou inadequado, utilizando três constructos: 1) vínculo com a Atenção Básica em Saúde; 2) acesso à atenção especializada; e 3) cuidado especializado para doença DRC. Foram realizadas análise descritiva, análise bivariada e análise multivariada de regressão logística. No modelo final, permaneceram apenas as variáveis com p-valor < 0,05, consideradas estatisticamente significativas
Resultados
Participaram 467 pacientes, sendo 274 (58,7%) menores de 60 anos e 264 (56,5%) do sexo feminino. Do total, 334 (71,7%) relataram não ter realizado consulta com nefrologista no SUS antes de iniciar a diálise. A maioria (59,8%) relatou que os profissionais de saúde da atenção primária à saúde (APS) não solicitaram exames para diagnóstico de DRC e 51% alegaram não ter contato com os profissionais de saúde da APS. O acesso à atenção especializada e cuidado especializado para DRC foram considerados adequados em sua maioria, entretanto, o vínculo com a APS e o acesso à RAS como um todo foram avaliados como inadequados por 337 (72,2 %) dos participantes
Conclusões/Considerações
o acesso à rede de atenção à saúde para pessoas com doença renal crônica assistidas pelo Sistema Único de Saúde foi predominantemente inadequado, sendo que pessoas menores de 60 anos e com plano de saúde privado foram aquelas com maior chance de inadequação do referido acesso. A fragilidade de acesso para o cuidado com os rins indica uma necessidade iminente de amplo investimento em ações de conscientização, promoção e proteção da saúde renal.
CUIDADO NÃO OFERTADO À PESSOA COM DIABETES NO BRASIL: PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2019
Comunicação Oral
1 UFRN
Apresentação/Introdução
A diabetes é um desafio crescente para a saúde pública global. As desigualdades no acesso aos serviços de saúde, que afetam vulneráveis, representam um obstáculo à gestão eficaz, tornando essencial entender os determinantes sociais.
Objetivos
Estimar a prevalência da assistência não ofertada aos indivíduos com diabetes no Brasil.
Metodologia
Estudo conduzido com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada no Brasil, nos anos de 2019 e 2020. Dos 94.114 participantes, a amostra final foi de 6.967 indivíduos com diagnóstico de diabetes, acima de 18 anos. O cuidado não ofertado às pessoas com diabetes no Brasil foi avaliada usando 15 questões dicotômicas sobre o tratamento e conselhos recebidos durante o check-up na visita ao médico (Não = 0 / Sim = 1), a partir das questões Q46a, Q47a, Q48a, Q50, Q53 e Q54 da PNS.
Resultados
A maior prevalência da assistência não ofertada aos indivíduos com diabetes está relacionada aos cuidados com os pés: 62,2% (IC95%: 60,3-64,1) não tiveram seus pés examinados por profissional de saúde nos últimos 24 meses e 53% (IC95%: 51,0-54,9) não receberam orientação para examinar os pés regularmente. Além disso, a maior proporção relata não ter tido encaminhamento para alguma consulta com médico especialista (53,8%; IC95%: 51,7-55,8) e não foi solicitada a curva glicêmica no atendimento médico (52,4%; IC95%: 50,3-54,5).
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam falhas na assistência a pessoas com diabetes, especialmente nos cuidados com os pés e no acompanhamento especializado. A ausência de exames e orientações reforça a urgência de protocolos mais eficazes, com foco na educação, prevenção de complicações e acompanhamento contínuo das pessoas com diabetes.
PLANILHA ELETRÔNICA PARA MONITORAMENTO DE CONDIÇÕES CRÔNICAS: INOVAÇÃO NA GESTÃO DO CUIDADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO INTERIOR DA BAHIA
Comunicação Oral
1 UFRB
Período de Realização
Projeto realizado de junho de 2023 até os dias atuais.
Objeto da produção
Planilha em Microsoft Excel para gestão clínica e vigilância ativa de usuários com hipertensão e diabetes em Unidade de Saúde da Família.
Objetivos
Relatar a construção e uso de planilha eletrônica para monitorar pessoas com hipertensão e/ou diabetes em uma Unidade de Saúde da Família, com vistas à qualificação do cuidado continuado, apoio à estratificação de risco e fortalecimento da vigilância populacional.
Descrição da produção
Planilha criada no Excel com variáveis clínicas e sociais, classificação de risco cardiovascular e geração de alertas automatizados para acompanhamento pessoas com hipertensão e/ou diabetes em Unidade de Saúde da Família (USF). Ferramenta criada com apoio da equipe de saúde da família e integração ensino-serviço com universidade federal. A planilha permitiu a organização da gestão do cuidado e o processo incluiu reuniões quinzenais, pactuações de fluxos e atividades de educação permanente.
Resultados
Após preenchimento da planilha pela médica, com apoio das agentes comunitárias de saúde, foi identificado que mais de 65% da população com hipertensão e/ou diabetes do território estavam com atraso no acompanhamento oportuno conforme alerta da planilha. Estratégias como visitas domiciliares e agendamentos preferenciais, bem como reativação de grupos, resultaram em redução de 45% de acompanhamentos em atraso. A intervenção também fortaleceu a educação permanente e o planejamento da equipe.
Análise crítica e impactos da produção
A ferramenta viabilizou vigilância qualificada com estratificação de risco e permitiu reorientação do processo de trabalho na USF. Ao articular dados clínicos e sociais, reforçou a integralidade e a coordenação do cuidado. Trata-se de uma tecnologia social de fácil aplicabilidade, replicável em contextos com escassez de prontuário eletrônico, e que fortalece o vínculo, o acesso e o planejamento da atenção às condições crônicas na Atenção Primária à Saúde (APS).
Considerações finais
A planilha contribuiu para a organização do cuidado continuado, redução de iniquidades e promoção da saúde no território. Sua construção participativa e seu uso integrado às práticas da equipe mostram potencial de replicação em outras unidades. Fortalece a gestão do cuidado na APS ao ampliar o olhar sobre a população em risco, reforçando princípios da saúde coletiva e da Medicina de Família e Comunidade.
“DEU MATCH”: HIPERDIA E ACADEMIA DA SAÚDE NO TRATAMENTO DE PESSOAS COM HIPERTENSÃO E DIABETES MELLITUS
Comunicação Oral
1 Universidade Federal do Acre, Campus Floresta
Período de Realização
Setembro a dezembro de 2024 em uma Unidade de Saúde da Família (USF) em Rio Branco-AC.
Objeto da experiência
Ações integradas dos programas HIPERDIA e Academia da Saúde para o tratamento de pessoas com hipertensão e diabetes.
Objetivos
Realizar ações integradas de promoção, prevenção e assistência a fim de reduzir os agravos acarretados por hipertensão e diabetes mellitus e melhorar os indicadores em saúde da USF.
Descrição da experiência
As ações são fruto de planejamento da equipe como atividade do Mestrado Profissional em Saúde da Família da Universidade Federal do Acre (PROFSAÚDE UFAC). Inicialmente, foi realizada busca ativa dos usuários hipertensos e diabéticos pelos agentes comunitários de saúde (ACS). Durante um mês, a cada terça-feira, um ACS ficava responsável por convidar os usuários para atualizar o cadastro, aferir os sinais vitais, participar da Academia da Saúde e comparecer à consulta médica.
Resultados
Por meio do trabalho em equipe e da ação em conjunto dos programas HIPERDIA e Academia da Saúde, os usuários envolvidos passaram a registrar níveis pressóricos e glicêmicos dentro do padrão de normalidade. No último quadrimestre de 2024, das mais de 80 unidades de saúde no município de Rio Branco-AC, a USF em questão atingiu a 4ª colocação dos melhores indicadores de saúde referente à proporção de pessoas com diabetes com consulta e hemoglobina glicada solicitada no semestre.
Aprendizado e análise crítica
Os processos educativos e o trabalho em equipe têm grande impacto no enfrentamento dos principais agravos identificados no território através do acolhimento qualificado, da atualização dos dados cadastrais dos usuários e do fortalecimento de programas como HIPERDIA e Academia da Saúde. Além disso, através das ações educativas, pode-se fomentar a construção da própria conscientização do indivíduo sobre sua participação pessoal no processo de produção da saúde e da qualidade de vida.
Conclusões e/ou Recomendações
Pode-se ratificar que o reconhecimento do território, o trabalho em equipe e o fortalecimento de programas em saúde auxiliam no alcance de melhorias dos indicadores em saúde e na redução de diversos agravos. Desta forma, promover o acesso à saúde e o fortalecimento da integralidade do cuidado à população devem ser garantidos a cada cidadão, já que são direitos inerentes à dignidade humana.
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM RONDÔNIA: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA E ESTRATÉGIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO ENFRENTAMENTO DAS INIQUIDADES EM SAÚDE (2021–2024)
Comunicação Oral
1 AGEVISA
Apresentação/Introdução
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são a principal causa de morte em Rondônia, respondendo por mais de 74% dos óbitos em 2023. A vigilância em saúde tem papel fundamental na identificação dos padrões de morbimortalidade e na formulação de estratégias de prevenção e cuidado no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS).
Objetivos
Analisar a situação epidemiológica das DCNTs em Rondônia entre 2021 e 2024, evidenciando desigualdades regionais e propondo ações articuladas de vigilância e atenção à saúde, com foco na prevenção e promoção do cuidado na APS.
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo com dados secundários provenientes do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Vigitel – Vigilância de Fatores de Risco para DCNTs por Inquérito Telefônico, e da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Foram analisados indicadores de mortalidade prematura (30 a 69 anos), fatores de risco (obesidade, tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada, consumo abusivo de álcool) e acesso ao cuidado. Os dados foram estratificados por regiões de saúde, sexo, faixa etária e raça/cor. A análise foi orientada pelas diretrizes da Estratégia Nacional de Prevenção e Controle das DCNTs 2021–2030, com ênfase na integração entre vigilância e APS.
Resultados
No estado de Rondônia, as DCNTs representaram 74% dos óbitos registrados em 2023. A mortalidade prematura por doenças cardiovasculares, cânceres e diabetes permanece elevada, sobretudo entre homens e populações negras e pardas. O Vigitel Porto Velho 2024 apontou 57% de excesso de peso, 25% de obesidade, 34% de consumo abusivo de álcool entre homens e 20% entre mulheres, e 48% de sedentarismo. Regiões como Madeira-Mamoré e Vale do Guaporé apresentaram os piores indicadores. Municípios com cobertura da APS abaixo de 60% tiveram menor percentual de acompanhamento de hipertensos e diabéticos, demonstrando desigualdade na resposta dos serviços às necessidades da população
Conclusões/Considerações
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) permanecem como desafio central da saúde pública em Rondônia, com expressivas disparidades entre territórios e grupos populacionais. É essencial consolidar a Atenção Primária como base do cuidado integral, qualificar as ações de vigilância e promover políticas intersetoriais que enfrentem os determinantes sociais, reduzindo riscos, iniquidades e impactos dessas condições.

Realização: