
Programa - Comunicação Oral - CO12.4 - Desafios Atuais em Doenças Imunopreviníveis
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
SITUAÇÃO VACINAL E DESFECHOS CLÍNICOS DA COVID-19 EM PACIENTES HOSPITALIZADOS: COORTE RETROSPECTIVO
Comunicação Oral
1 UFSCar
Apresentação/Introdução
A Covid-19 causou forte impacto nos sistemas de saúde, com alta morbimortalidade durante a fase crítica da pandemia. A vacinação foi essencial para o controle pandêmico; sendo a principal prevenção de formas graves da doença e diminuição de óbitos. Contudo, a relação entre situação vacinal e desfechos clínicos em pacientes internados no SUS ainda é pouco explorada em contextos regionais.
Objetivos
Analisar a relação entre a situação vacinal de pacientes internados por Covid-19 e os desfechos clínicos
Metodologia
Estudo de coorte retrospectivo com 305 pacientes ≥5 anos internados por Covid-19 entre fevereiro de 2021 e dezembro de 2023 em um hospital de referência de São Carlos-SP. Os dados clínicos referentes à idade, sexo, comorbidades, sintomas, tipo de internação, ventilação mecânica e desfecho clínico foram coletados em prontuários e os dados vacinais no sistema VaciVida. A situação vacinal foi classificada em sem dose, esquema incompleto, completo e completo com reforço, considerando o período de internação e de vacinas disponíveis. Posteriormente, os dados foram analisados por meio de modelos de regressão de Poisson. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar.
Resultados
Durante o período do estudo, 305 pacientes foram internados pelo SUS, sendo que a maioria era pacientes do sexo masculino (63,6%), com idade média de 55,2 anos e 75,4% apresentavam ao menos uma comorbidade. Entre os não vacinados, 22,4% foram a óbito e 71,5% foram internados em UTI ou óbito. Não houve associação estatisticamente significativa entre vacinação e óbito, mas pacientes em UTI apresentaram risco 3 vezes maior de morte (RR=3,2; IC95%: 1,74–5,88), sendo que o uso de ventilação mecânica foi frequente nos casos graves. Entretanto, apesar da ausência de significância estatística, observou-se tendência de piores desfechos entre indivíduos não vacinados ou com esquema vacinal incompletos.
Conclusões/Considerações
O estudo contribuiu para o entendimento dos fatores associados à evolução clínica da Covid-19, reforçando a importância da cobertura vacinal e da vigilância contínua em contextos endêmicos. Além disso, os resultados subsidiam o planejamento de políticas públicas de saúde direcionadas à prevenção e ao manejo clínico oportuno para reduzir desfechos adversos
VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19 COMO FATOR PROTETOR PARA AS CONDIÇÕES PÓS-COVID: ESTUDO DE CASO CONTROLE
Comunicação Oral
1 UFSCar
Apresentação/Introdução
A Covid-19 pode causar sinais e sintomas persistentes após a fase aguda da infecção, denominado de Condição Pós-Covid (CPC). Diante o surgimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2 e da atual fase endêmica, torna-se fundamental investir em ações de saúde pública que reduzam os riscos de desenvolvimento da CPC e promovam a saúde a longo prazo das pessoas que foram infectadas pela Covid-19.
Objetivos
Analisar a associação entre vacinação contra a Covid-19 e o desenvolvimento de Condições Pós-Covid.
Metodologia
Trata-se de um estudo do tipo caso controle não pareado. A coleta de dados foi realizada no Serviço de Vigilância Epidemiológica, Departamento de Atenção Básica e Ambulatorial, Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos do município de São Carlos. A amostra do estudo foi composta 821 casos de CPC e 821 controles, que obtiveram diagnóstico laboratorial de Covid-19, no período de março de 2020 a dezembro de 2023. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e foi utilizada regressão logística para calcular Odds Ratio (OR) brutos e ajustados, adotando um nível de significância de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa de São Carlos.
Resultados
Foi evidenciado que pessoas não vacinadas contra a Covid-19 apresentaram 4,9 vezes mais chances de manifestar CPC quando comparadas às pessoas vacinadas; pessoas não vacinadas apresentaram 8,1 vezes mais chances de manifestar CPC quando comparadas às pessoas vacinadas com dose de reforço; e, pessoas não vacinadas apresentaram 9,0 vezes mais chance de CPC quando comparadas às pessoas com esquema vacinal incompleto.
Conclusões/Considerações
A vacinação contra a Covid-19 apresentou efeito protetor no desenvolvimento das CPC. Assim, diante do atual cenário de endemicidade da doença, torna-se fundamental reforçar a imunização de grupos-alvo, visando reduzir o risco de CPC e os impactos na saúde a longo prazo.
VACINAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES CONTRA COVID-19 NO BRASIL: FATORES ASSOCIADOS A ADESÃO E A NÃO ADESÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
Comunicação Oral
1 EPSM/NESCON/UFMG
2 FM/UFMG
3 CONASEMS
Apresentação/Introdução
No Brasil, a vacinação infantil contra COVID-19 é recomendada desde 2022, integrando oficialmente o calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para a faixa etária de seis meses a quatro anos a partir de 2023, conforme a nota técnica 118/2023 do Ministério da Saúde. Contudo, a adesão de pais e responsáveis a vacinação é um desafio com implicações significativas para a saúde pública.
Objetivos
Analisar os fatores associados a não adesão a vacina contra COVID-19 entre pais ou responsáveis por crianças e adolescente.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com dados da pesquisa nacional sobre cobertura vacinal, seus múltiplos determinantes e as ações de imunização nos territórios municipais brasileiros. A amostra foi de 925 pais ou responsáveis por crianças e adolescentes. Foi utilizado um questionário estruturado e as entrevistas aconteceram por meio de entrevistas telefônicas assistidas por computadores (ETAC) em agosto de 2023. A variável desfecho foi adesão a vacina contra COVID-19 e as covariáveis foram: sociodemográficas, recebimento de bolsa família, acompanhamento da equipe de saúde e questões sobre hesitação vacinal. Foram realizadas análises descritivas e os testes Qui-Quadrado e Exato de Fisher.
Resultados
Entre os pais e responsáveis por crianças de zero a cinco anos de idade, 58,1% declararam não ter vacinado seus filhos. Enquanto na faixa entre cinco e 17 anos, a não adesão ficou em 15,6%. Fatores sociodemográficos como a faixa de idade entre 30 a 39 anos e possuir ensino médio ou superior foram associados à não vacinação de ambos os grupos. Por outro lado, maior adesão foi observada entre aqueles que recebiam Bolsa Família, que foram avisados pelo centro de saúde sobre as vacinas em atraso e que não possuíam plano de saúde privado. Notadamente, a confiança nos imunizantes, no sistema de saúde e em profissionais de saúde foram associadas à uma maior aceitação da vacina.
Conclusões/Considerações
Os dados reforçam o papel estratégico do poder público, dos profissionais e do sistema de saúde em incentivar a vacinação, com especial destaque para a atuação da Atenção Primária à Saúde no acompanhamento do esquema vacinal da população. Compreender fatores associados a não vacinação infantil contra COVID-19 é fundamental para embasar e fortalecer políticas de adesão aos imunizantes, dada a inclusão da vacina no calendário oficial do PNI.
SITUAÇÃO VACINAL EM COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS
Comunicação Oral
1 Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz
Período de Realização
De fevereiro a maio de 2024 (4 meses)
Objeto da experiência
Cobertura vacinal de catadores de materiais recicláveis de duas cooperativas do município de Curitiba/PR.
Objetivos
Geral: estimular a vacinação em cooperativas de catadores de materiais reciclados
Específicos: promover a escuta social; criar e aplicar materiais educativos; incentivar a vacinação; acompanhar o público-alvo para vacinação até completar o esquema vacinal
Descrição da experiência
Foram realizadas 2 oficinas com cada cooperativa, mediadas por materiais lúdicos concebidos para engajar o público com informações sobre doenças preveníveis por vacinação, riscos laborais e efeitos benéficos das vacinas. Com participação ativa voluntária em atividades prazerosas, os catadores relataram seus pensamentos sobre vacinação, trocando conhecimentos com a equipe do projeto, que se pôs à disposição para acompanhá-los à UBS nos próximos dias para atualizar seu esquema vacinal.
Resultados
No início do projeto, esta era a situação vacinal dos catadores abordados: completa 40%; incompleta 30%; sem vacinas 24%; sem dados 6%. Com o acompanhamento à UBS para início da vacinação e/ou doses subsequentes, ao final do projeto a situação vacinal registrada foi: completa 70%, incompleta 28%, sem dados 2%. Após um ano, foi constatada situação vacinal completa em 98% do público, sendo os 2% restantes não elegíveis para vacinação.
Aprendizado e análise crítica
Os catadores têm o lixo sua única fonte de renda, estão expostos a riscos e boa parte deles nunca se vacinou. Nesta experiência, não foi constatada resistência à vacinação, mas sim ausência de informação, dificuldade em deixar o trabalho no horário da UBS, encarando demoras e possível fechamento de sala de vacinação, além de falhas de comunicação com os profissionais de saúde. A informação acessível, a abordagem personalizada e a articulação com a UBS surtem efeito em sua cobertura vacinal.
Conclusões e/ou Recomendações
Este público cuja vacinação é imprescindível revela empecilhos para o aumento da cobertura vacinal do país que vão além da desinformação, trazendo questões como acesso e equidade, que estimulam a pensar e desenvolver outras formas de abordagens para o público em situação de vulnerabilidade e revelam algumas dificuldades inerentes aos serviços de saúde cujo funcionamento poderia ser repensado para se alinhar às necessidades da população.
FORTALECIMENTO DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE : A EXPERIÊNCIA DE ARAPIRACA NA QUALIFICAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO DO SISLOG LAB COMO ESTRATÉGIA DE GARANTIA DE INSUMOS PARA TESTAGEM RÁPI
Comunicação Oral
1 SMS Arapiraca
Período de Realização
Janeiro a maio de 2025
Objeto da experiência
Garantir a alimentação regular e tempestiva do SISLOG Lab pelas Unidades de Saúde do município.
Objetivos
1. Identificar as Unidades com atraso na alimentação do sistema;
2. Capacitar os profissionais no uso do SISLOG;
3. Monitorar o desempenho e assegurar 100% das Unidades com dados atualizados até abril de 2025.
Descrição da experiência
A estratégia envolveu articulação com profissionais das 49 Unidades de Saúde. Foi identificado atraso em 34 delas. Realizaram-se contatos e visitas técnicas, apontando causas como ausência de senha e dificuldade no uso do sistema. As senhas foram solicitadas ao Estado com monitoramento do recebimento. Foram feitos treinamentos com apoio da CAF e coordenações técnicas, nos locais de trabalho e na Secretaria, com acompanhamento contínuo da produção.
Resultados
Das 49 Unidades, 34 estavam com dados atrasados em janeiro/2025. Após intervenções, em fevereiro apenas 3 permaneciam com falhas; em março, 2; e em abril e maio , 100% estavam atualizadas. O vínculo entre gestão e profissionais fortaleceu a adesão ao sistema, garantindo insumos e melhorando o acesso a testes rápidos pela população
Aprendizado e análise crítica
A escuta ativa e o suporte técnico foram essenciais. A ausência de dados não refletia desinteresse, mas limitações estruturais. A valorização do profissional e o suporte contínuo promoveram corresponsabilização, mostrando que a gestão próxima é fundamental para a sustentabilidade de ações de vigilância em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação garantiu 100% de alimentação do SISLOG nas Unidades, restabelecendo o fluxo de insumos. A gestão próxima e o apoio aos profissionais foram decisivos. Recomenda-se manter o monitoramento, capacitações e apoio técnico para assegurar qualidade dos dados e acesso da população aos testes e tratamentos
IMUNOGENICIDADE DE UMA DOSE DA VACINA 17DD DE FEBRE AMARELA EM COORTE DE ADULTOS E CRIANÇAS EM ÁREA NÃO ENDÊMICA E SUA ASSOCIAÇÃO COM SOROPOSITIVIDADE PARA DENGUE E ZIKA
Comunicação Oral
1 ENSP/FIOCRUZ
2 Bio-Manguinhos/FIOCRUZ
3 CCM/UFPB
4 Instituto René Rachou/ FIOCRUZ
5 INI/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
Em 2013, a Organização Mundial da Saúde retirou a recomendação de reforço da vacina contra febre amarela (FA), com base em estudos retrospectivos e transversais que mostraram imunidade prolongada com uma única dose da vacina. A alta densidade vetorial do Aedes aegypti, transmissor da dengue e Zika pertencentes também à família Flaviviridae, é uma preocupação para a expansão da FA.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo analisar a soroconversão e os títulos de anticorpos 1 ano após vacinação de FA em crianças e adultos residentes em área sem circulação do vírus amarílico selvagem, porém com alta incidência de dengue e Zika.
Metodologia
Trata-se de estudo de coorte de 2753 crianças (9 meses a 4 anos) e 2008 adultos (18-50 anos) residentes em 3 municípios da Paraíba. A vacina da cepa 17DD foi administrada entre 2016 e 2017. Foram realizadas coletas de sangue pré-vacinal, 30-45 dias e 1 ano após a vacinação para sorologia: IgG e μFRNT para dengue, IgG e IgM para Zika e μFRNT de FA. Foi realizada análise da soroconversão e das médias geométricas dos títulos de anticorpos para FA, assim como modelos de regressão logísticos. As análises foram realizadas no software R e os resultados apresentados em gráficos e tabelas. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba.
Resultados
A soroconversão e a média geométrica (TMG) de anticorpos para FA, 30-45 dias após a vacinação foi de 99% em adultos (TMG: 1.200), e 90% em lactentes (TMG: 500). Na sorologia pré-vacinal, 10% das crianças e 88% dos adultos eram reatores para dengue, e 13% das crianças e 67% dos adultos eram reatores para Zika. A soropositividade para dengue foi inversamente associada aos títulos de anticorpos para FA 30-45 dias após a vacinação. Os antecedentes de infecção por Zika não mostraram associação substancial. Houve redução significativa dos títulos de anticorpos contra FA em todas as faixas etárias 1 ano após a vacinação (TMG: <400 e 800), independentemente de infecções anteriores por dengue e Zika.
Conclusões/Considerações
Níveis de anticorpos mais baixos e decrescentes em crianças apoiam a recomendação de dose de reforço da vacina em crianças de regiões endêmicas. As altas prevalências de infecção por dengue e Zika não parecem afetar substancialmente a imunogenicidade da vacina de febre amarela. Ressalta-se que as altas densidades vetoriais ameaçam a reurbanização da febre amarela, que nas últimas décadas vem se expandindo para as regiões Sudeste e Sul.
ESTABILIDADE DA TRANSMISSÃO VERTICAL DA HEPATITE B E ESTRATÉGIAS PREVENTIVAS EM IPATINGA-MG, DE 2022 A 2024
Comunicação Oral
1 PMI
Período de Realização
Dados analisados no período entre 2022 a 2024.
Objeto da experiência
Relatar as estratégias adotadas pelo município de Ipatinga, no enfrentamento da transmissão vertical da Hepatite B entre os anos de 2022 e 2024.
Objetivos
Descrever a experiência do município de Ipatinga-MG na implementação de ações de prevenção à transmissão vertical da Hepatite B, por meio da Atenção Primária à Saúde, destacando as estratégias utilizadas, os resultados alcançados e o impacto positivo na redução do agravo.
Descrição da experiência
O município desenvolveu estratégias para o enfrentamento da transmissão vertical da Hepatite B, com foco na Atenção Primária à Saúde. Adotou medidas integradas de prevenção e tratamento. Intensificação da testagem rápida durante o pré-natal; ampliação da cobertura vacinal para gestantes e contatos; distribuição de preservativos; e profilaxia em recém-nascidos expostos ao risco de infecção. Além de capacitação das equipes multiprofissionais, articulação da rede e acompanhamento dos indicadores.
Resultados
Entre 2022 e 2024, Ipatinga-MG reduziu os casos de transmissão vertical da Hepatite B de 19 para 8, queda de 58%. As ações eficazes da Atenção Primária incluíram ampliação da vacinação, testagem precoce e profilaxia neonatal. A cobertura vacinal passou de 95% e 100% dos recém-nascidos de mães positivas receberam vacina e imunoglobulina nas primeiras 12 horas. O município recebeu o Selo Ouro de Boas Práticas em 2024.
Aprendizado e análise crítica
O fortalecimento da Atenção Primária, a integração das equipes e o uso de protocolos atualizados foram fundamentais para o sucesso das ações preventivas, como capacitação, testagem precoce, vacinação e profilaxia neonatal. Porém, desafios persistem, especialmente na adesão desigual da população, principalmente em grupos vulneráveis e na abordagem dos parceiros, indicando a necessidade de ampliar a educação em saúde e facilitar o acesso aos serviços.
Conclusões e/ou Recomendações
O Comitê Municipal de Investigação da Transmissão Vertical de ISTs foi fundamental na redução da Hepatite B em gestantes e na eliminação em crianças expostas em Ipatinga entre 2022 e 2024. As estratégias focadas em vacinação, diagnóstico precoce e tratamento integrado mostraram-se eficazes, resultando no Selo Ouro. Isso destaca a importância da articulação dos serviços para eliminar a transmissão vertical da Hepatite B.

Realização: