
Programa - Comunicação Oral - CO12.2 - Hanseníase e Tuberculose: Vigilância e Perspectivas
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
EVOLUÇÃO TEMPORAL DA INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NO BRASIL DE 2010 A 2024: UMA ANÁLISE POR PONTOS DE INFLEXÃO
Comunicação Oral
1 UnB FCTS
2 UnB
3 UDF
Apresentação/Introdução
A tuberculose (TB) permanece um dos principais desafios de saúde pública no Brasil e no mundo. Nesse contexto, análises de séries temporais são ferramentas essenciais para identificar tendências epidemiológicas, detectar pontos de inflexão nas curvas de incidência e orientar estratégias de controle da TB.
Objetivos
Analisar as tendências temporais da incidência de tuberculose no Brasil entre 2010 e 2024, considerando estratificações regionais, etárias e por sexo.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico de série temporal com casos novos de TB notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), entre 2010 e 2024, estratificados por região, unidade federativa, faixa etária e sexo, incluindo todas as formas clínicas. A análise foi realizada por meio da regressão Joinpoint, que identifica pontos de inflexão nas curvas de incidência. Foram estimadas as variações percentuais anuais (APC) e as variações percentuais anuais médias (AAPC), com intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Resultados
O coeficiente padronizado por idade no período foi de 33,7 casos por 100 mil habitantes, variando de 35,9 em 2010 para 36,3 em 2024, com tendência de estabilidade (AAPC = 0,11%; IC95%: −1,25 a 1,43). Houve crescimento de 3,52% ao ano na faixa de 0 a 9 anos (IC95%: 1,23 a 5,05) e queda entre mulheres de 2010 a 2021 (APC = −1,46%; IC95%: −2,59 a −0,33). No Norte, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima apresentaram tendência de crescimento. No Nordeste, Alagoas, Bahia e Piauí registraram tendência de queda. No Sudeste, São Paulo apresentou tendência crescente. No Sul, todos os estados mantiveram estabilidade. No Centro-Oeste, apenas Mato Grosso do Sul teve crescimento.
Conclusões/Considerações
A análise temporal revelou estabilidade na incidência de TB no Brasil entre 2010 e 2024, com variações importantes entre faixas etárias, sexos e regiões. O crescimento entre crianças e em estados das regiões Norte e Centro-Oeste reforça a necessidade de monitoramento contínuo e ações regionais específicas para o controle eficaz da doença.
MORBIDADE HOSPITALAR POR TUBERCULOSE PULMONAR NA REGIÃO NORTE DO BRASIL, NO PERÍODO DE 2014 A 2024
Comunicação Oral
1 UEPA
2 UFPA
Apresentação/Introdução
A tuberculose (TB) permanece como um grande problema de saúde pública a nível mundial e no Brasil. A distribuição da doença se mostra desigual entre as regiões do Brasil e grupos populacionais. A ocorrência de hospitalizações por TB pode indicar fragilidades no acompanhamento no nível primário de atenção à saúde, além de elevar os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Objetivos
Este trabalho objetivou realizar uma análise epidemiológica das internações hospitalares por tuberculose pulmonar na região Norte do Brasil no período de 2014 a 2024.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo das internações hospitalares, dos óbitos e da média de permanência hospitalar por TB pulmonar na região Norte do Brasil a partir de dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) no período de 2014 a 2024; o acesso foi realizado por meio do tabulador de dados de saúde (TABNET) do DATASUS. Foram analisados: número de internações, UF de residência, faixa etária, sexo, raça cor e ano de internação. As tabulações e indicadores foram construídos com auxílio do programa Excel 2020. Os dados utilizados na elaboração desta pesquisa são de acesso livre, o que justifica a ausência do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
No período de 2014 a 2024 ocorreram 8.072 hospitalizações por TB pulmonar na região Norte, com média anual de 733 internações. Proporcionalmente o estado do Pará teve maior contribuição, com 45,5% dos casos na região. Desde 2017 esse indicador vem aumentando, com exceção de 2020. Todos os estados tiveram aumento de casos no período, sendo os maiores: Roraima (351%), Amazonas (122%), Rondônia (64%) e Acre (59%). Cerca de 67% são do sexo masculino; 70% na faixa etária 20 a 59 anos; 75% pardas. A taxa de mortalidade hospitalar evoluiu de 8,7% em 2014 para 10,7% em 2024 totalizando 724 óbitos; concentrando-se em homens de 20 a 59 anos. O tempo médio de internação diminuiu de 13,3 para 11,9 dias.
Conclusões/Considerações
Evidencia-se a necessidade de implementação de estratégias preventivas e melhorias no acesso aos cuidados de saúde na região Norte. As internações por TB pulmonar demonstram estar em crescimento, mesmo com os avanços no tratamento e expansão de equipes de atenção primária. As internações e óbitos concentram-se em homens, de raça cor parda, na faixa etária economicamente ativa, sendo populações chave para reduzir o impacto da doença.
ANÁLISE TEMPORAL E ESPACIAL DA HANSENÍASE NA VII REGIÃO DE SAÚDE DE PERNAMBUCO (2014–2023)
Comunicação Oral
1 VII GERES / PE
2 UNIVASF
Apresentação/Introdução
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae (M. leprae), com predileção por pele e nervos periféricos. Apesar da sua baixa letalidade, o diagnóstico tardio pode causar deformidades irreversíveis, estigma e exclusão social. O Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos globais, com maior concentração nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Objetivos
Analisar a incidência temporal e espacial da hanseníase na VII Região de Saúde de Pernambuco (VII RS) entre 2014 e 2023, com vistas a subsidiar estratégias de controle e vigilância da doença.
Metodologia
Estudo ecológico de séries temporais com dados secundários obtidos do SINAN na VII RS, que abrange sete municípios. Taxa de incidência anual (IA) foi calculada dividindo-se o número de casos novos diagnosticados no ano multiplicado por 100 mil pela população exposta no ano. A taxa de incidência foi classificada como baixa (< 2,00), média (2,00 a 9,99), alta (10,00 a 19,99), muito alta (20,00 a 39,99) e situação hiperendêmica (> 40,00). Dados foram tabulados com as ferramentas do Tabwin32 e Excel (Microsoft 365®) e submetidos a análise descritiva.
Resultados
Foram registrados 246 casos novos no período. Salgueiro exibiu o maior número de casos (134), seguido por Belém do São Francisco (42). A IA demonstrou flutuações significativas. Iniciou em 90,94 em 2014, elevou-se para 104,26 em 2016, teve uma redução acentuada para 54,10 em 2018 e alcançou seu pico de 175,65 em 2019, decrescendo progressivamente para 34,24 em 2023. A IA média variou entre os municípios: Belém do São Francisco (10,10), Cedro (4,56), Mirandiba (10,95), Salgueiro (21,46), Serrita (10,57), Terra Nova (14,09) e Verdejante (14,78). Essa distribuição resultou em uma classificação de alta endemicidade para a maioria dos municípios, sendo muito alta em Salgueiro e média em Cedro.
Conclusões/Considerações
Portanto, a pesquisa aponta endemicidade persistente de hanseníase na região. Apesar de flutuações, as taxas médias confirmam alta a muito alta endemicidade, com Salgueiro liderando em casos. Há década de altas incidências indica contínua circulação do M. leprae, encarecendo de novas estratégias de controle. É crucial fortalecer a vigilância ativa, buscando casos e contatos, garantir diagnóstico e tratamento precoce.
AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE E CONSTRUÇÃO DE DASHBOARD INTERATIVO COM BASE EM UMA CIDADE MODELO DA BAHIA
Comunicação Oral
1 UFOB
Período de Realização
O estudo foi realizado com base em dados coletados entre os anos de 2001 e 2023 em Barreiras-BA.
Objeto da produção
Análise epidemiológica e territorial da hanseníase no município de Barreiras-BA e construção de dashboard interativo com dados epidemiológicos.
Objetivos
Realizar uma análise epidemiológica da hanseníase em nível municipal em Barreiras-BA, caracterizando os casos segundo perfil clínico e social e distribuição espacial e criação de um dashboard interativo que auxilie gestores e população na compreensão da situação local.
Descrição da produção
Trata-se de um estudo descritivo de série histórica, com dados de 2001 a 2023 provenientes do SINAN, IBGE e planos diretores municipais. Foram avaliadas variáveis sociodemográficas e clínicas das fichas de notificação. Os dados foram organizados no Excel, analisados em dashboards desenvolvidos no Google LookerStudio e espacializados no ArcGIS 10.8, permitindo análise por bairro, zona territorial, unidade de saúde e perfil populacional do município de Barreiras-BA.
Resultados
Foram notificados 3.428 casos, com maior prevalência do sexo masculino, forma multibacilar, adultos de 26 a 55 anos, baixa escolaridade e residentes em zonas urbanas periféricas. O município se manteve hiperendêmico durante quase todo o período. A qualidade das fichas foi considerada excelente quanto à duplicidade, boa em consistência e variada em completitude. Produziu-se um dashboard interativo com informações acessíveis à população e aos gestores locais
Análise crítica e impactos da produção
O estudo revelou que, mesmo com alto IDH e PIB, Barreiras apresenta bolsões de vulnerabilidade com incidência elevada de hanseníase. A deficiência no preenchimento de fichas de notificação compromete a eficácia das políticas públicas. O dashboard facilita a compreensão da situação epidemiológica, tornando-se ferramenta útil na formulação de estratégias de combate à hanseníase e no fortalecimento da transparência e acesso à informação em saúde pública local.
Considerações finais
A pesquisa evidencia a permanência de um cenário hiperendêmico da hanseníase em Barreiras-BA, exigindo atenção da gestão municipal para determinadas areas. A produção do dashboard representa uma inovação local no monitoramento epidemiológico. Espera-se que a iniciativa contribua para políticas públicas mais eficazes, qualificação dos dados e promoção da equidade em saúde, especialmente nas áreas mais vulneráveis do município.
PLANO ESTRATÉGICO PARA ENFRENTAMENTO À HANSENÍASE NO PARANÁ 2025-2030
Comunicação Oral
1 SESA PR
Período de Realização
A construção do plano foi conduzida entre 20 de fevereiro de 2024 e finalizada em maio de 2025.
Objeto da produção
Elaborar um documento com estratégias transversais para o controle da Hanseníase no Paraná, visando sua eliminação como problema de Saúde Pública.
Objetivos
Favorecer ações que priorizem: busca ativa; detecção precoce; acolhimento e tratamento oportuno; manejo das reações; investigação e acompanhamento dos contatos; interrupção da cadeia de transmissão; combate ao estigma e preconceito; e integração das ações para o enfrentamento da hanseníase.
Descrição da produção
Foi constituído um Grupo de Trabalho (GT) com profissionais das áreas da Atenção, Promoção da Saúde, Telessaúde e Vigilância em Saúde para construção e elaboração do plano. Os quais por meio do conhecimento técnico resultou em uma visão ampla e mais aprofundada do cenário epidemiológico, para a definição de metas e ações. Além da revisão de literatura e utilização do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e TABWIN para tabulação e análise de indicadores.
Resultados
O plano foi catalogado e lançado em 21 de maio de 2025, estabelecendo ações estratégicas e cinco metas a serem alcançadas até 2030: reduzir para menos de 5% a proporção de novos casos com grau 2 de incapacidade; alcançar taxa de cura superior a 90% dos casos novos; exame de mais de 90% dos contatos dos casos novos; zerar a detecção de casos em menores de 15 anos; reduzir em 40% os encaminhamentos para serviços especializados por meio do apoio remoto à Atenção Primária.
Análise crítica e impactos da produção
A elaboração do plano como documento orientador marca o compromisso do Estado nas ações de enfrentamento à hanseníase, com vistas à mudança do cenário epidemiológico até 2030. Contribui, ainda, para o fortalecimento da atuação dos profissionais de saúde na Rede de Atenção à Saúde (RAS), sobretudo no desafio da articulação entre vigilância e cuidado. Oportunizou uma integração das áreas envolvidas para a promoção das ações em prol do alcance das metas.
Considerações finais
O GT possibilitou a integração das diversas áreas do saber, fortalecendo os princípios da transversalidade do cuidado e contribuindo para uma condução mais articulada e eficaz das ações. O controle e a eliminação da hanseníase dependem do fortalecimento das políticas públicas, da mobilização social, da capacitação profissional, do financiamento adequado e da institucionalização de espaços protegidos para discussão contínua da temática.
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DAS PESSOAS ACOMETIDAS PELA HANSENÍASE RESIDENTES EM ITAGUAÍ-RIO DE JANEIRO ENTRE AS DÉCADAS DE 1970 A 1990
Comunicação Oral
1 UERJ
Apresentação/Introdução
A hanseníase é um problema prioritário de saúde pública. O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em casos novos. A meta de eliminação da transmissão é atingir menos de 1 caso por 10.000 habitantes. Desse modo, compreender o perfil das pessoas acometidas pela doença é essencial para orientar o manejo e controle dos casos, além de colaborar no planejamento de ações de saúde mais eficazes.
Objetivos
Descrever o perfil sociodemográfico e epidemiológico das pessoas acometidas pela hanseníase residentes em Itaguaí - Rio de Janeiro nas décadas de 1970 a 1990.
Metodologia
Análise documental de prontuários de pessoas acometidas pela hanseníase acompanhadas pelo Programa de Hanseníase no Município de Itaguaí - Rio de Janeiro, durante as décadas de 1970 e 1990. Os dados foram extraídos de registros em papel organizados no formato de prontuário do paciente e transferidos para planilha no Excel. Até 1999, foram registrados 362 pacientes. A coleta foi feita por equipe treinada no primeiro quadrimestre de 2025. A análise ocorreu em três etapas: verificação e organização dos dados; limpeza do banco com exclusões e elaboração de gráficos por variável. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UERJ sob parecer 6.810.145.
Resultados
Foram analisados 245 prontuários, após exclusão de 117 registros. Observou-se maior prevalência entre adultos (20-49 anos), com aumento de casos na década de 1990. Casos em menores de 14 anos, totalizaram 12. Verificou-se alteração no perfil por sexo, com predominância masculina nas décadas de 1970-80 e feminina em 1990. A maioria dos casos ocorreu em indivíduos brancos ou pardos, com baixa escolaridade. As formas clínicas prevalentes foram Indeterminada e Dimorfa, com incremento de casos Virchowianos nos anos 1980. Foi observado uma limitação no preenchimento dos prontuários, no qual informações de escolaridade e raça/cor foram ignoradas.
Conclusões/Considerações
A descrição do perfil epidemiológico e sociodemográfico das pessoas acometidas pela hanseníase contribuiu para a compreensão da determinação histórica e social da doença em Itaguaí-Rio de Janeiro. Além de permitir verificar os avanços das estratégias de cuidado e vigilância pela inserção da poliquimioterapia e de variáveis nas fichas de notificação precursoras da atual, bem como, do Sistema Nacional de Agravos de Notificação.

Realização: