
Programa - Comunicação Oral - CO12.1 - Desafios e Estratégias no Controle das ISTs e no Brasil Atual
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ANÁLISE DOS DESFECHOS DE TRATAMENTO DA TUBERCULOSE EM PESSOAS COM COINFEÇCÃO HIV-TB NA COORTE QUALIAIDS-BRASIL, 2015 – 2018
Comunicação Oral
1 FSP-USP
2 FM-USP
Apresentação/Introdução
A tuberculose (TB) é importante causa de morbimortalidade entre pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA). Além de características individuais, fatores dos serviços de tratamento podem complementar o perfil da coinfecção HIV-TB e variações nos desfechos. Há poucos estudos que integram dados individuais e dos serviços, em parte pela escassez de dados sobre os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Objetivos
Analisar a influência das características das pessoas com coinfecção HIV-TB da Coorte Qualiaids-Brasil e dos serviços de acompanhamento do SUS nos desfechos do tratamento da TB.
Metodologia
Estudo observacional nacional com dados secundários da coorte aberta de PVHA (≥15 anos) que iniciaram terapia antirretroviral entre 2015-18 e tiveram coinfecção com TB pós-TARV (n=6.780), e dados primários de serviços do SUS do inquérito Qualiaids 2016/2017 que acompanharam essas pessoas (n=698). Os desfechos desfavoráveis foram analisados separadamente entre abandono e óbito, sendo cura o desfecho de referência. Modelos multiníveis incorporaram variáveis das pessoas e dos serviços.
Resultados
Ocorreram como desfechos desfavoráveis: 10% de abandono e 6% de óbito. Para abandono, associaram-se sexo feminino (ORaj:1,3), raça/cor parda (ORaj:1,2), situação de rua (ORaj:3,0), alcoolismo (ORaj:1,3), uso de drogas ilícitas (UDI) (ORaj:1,7), recidiva (ORaj:1,5), reingresso pós-abandono (ORaj:3,7), serviços do Nordeste (ORaj:1,4) e Centro-Oeste (ORaj:1,5) e serviços com maior porte (ORaj:2,1). Para óbito, associaram-se idade ≥60 anos (ORaj:3,4), situação de rua (ORaj:1,5), UDI (ORaj:1,3), carga viral inicial >100 mil cópias/mL (ORaj:1,3), reingresso pós-abandono (ORaj:3,0), TB prévia (ORaj:4,5), formas extrapulmonar (ORaj:1,7) e disseminada (ORaj:1,9) e serviços com maior porte (ORaj:2,4).
Conclusões/Considerações
A análise revelou de forma inédita a influência de características individuais e organizacionais dos serviços de acompanhamento nos desfechos da TB em pessoas com coinfecção HIV-TB no Brasil. Reforça-se a necessidade de aprimorar o cuidado à esta população e o debate sobre o impacto das características dos serviços, evidenciando a relevância de um inquérito nacional contínuo para avaliação do cuidado.
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS CASOS DE HIV/AIDS NO ESTADO DE PERNAMBUCO, 2000-2021
Comunicação Oral
1 Escola de Saúde Pública da Bahia (ESPBA)
2 Universidade Federal da Bahia (UFBA)
3 Universidade de Pernambuco (UPE)
Apresentação/Introdução
O HIV/Aids continua sendo um grande desafio de saúde pública em Pernambuco, marcado por variações na incidência e prevalência, influenciada por desigualdades socioeconômicas, barreiras de acesso e estigma social. Compreender o perfil epidemiológico e espaço‑temporal das notificações é fundamental para orientar políticas de vigilância, prevenção e redução de vulnerabilidades em populações prioritárias
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico anual de infecção pelo HIV/Aids em Pernambuco entre 2000 e 2021, identificando tendências temporais de incidência e prevalência por meio de regressão e análises de joinpoint, e padrões de transmissão
Metodologia
Estudo ecológico misto, descritivo e analítico, com dados secundários do SINAN para casos confirmados de HIV/Aids em residentes de Pernambuco no período de 2000 a 2021. Análises de tendência temporal empregaram regressão de Poisson segmentada (joinpoint) para detectar mudanças significativas em pontos específicos. Correlações bivariadas e regressões multivariadas avaliaram associações entre taxas de notificação e indicadores socioeconômicos municipais, como IDHM e cobertura da Estratégia Saúde da Família, obtidos nas bases do Atlas do Desenvolvimento Humano e do e-Gestor do Ministério da Saúde. Os dados foram gerenciados em Microsoft Excel e analisados no software Stata 14.0
Resultados
A incidência anual variou de 8,5 a 17,4 por 100.000 habitantes, com pico em 2013, e redução acentuada entre 2019 e 2021 (mínimo 9,2/100.000 em 2021). Observou‑se maior frequência em homens (63,5%) e em pardos (56,7%), e a transmissão heterossexual predominou (53%). A análise joinpoint revelou dois segmentos: aumento significativo até 2013 (APC +3,2%; p<0,05) e queda entre 2013 e 2021 (APC –2,8%; p<0,05). Regiões metropolitanas apresentaram taxas consistentemente superiores ao interior. Regressão multivariada indicou associação inversa entre IDHM municipal e incidência (β –4,5; p=0,01) e positiva entre cobertura da ESF e diminuição de casos (β –2,1; p=0,03)
Conclusões/Considerações
As intervenções de testagem ampliada, PEP/PrEP e expansão da ESF parecem ter contribuído para a desaceleração da epidemia após 2013. No entanto, persistem desigualdades territoriais e socioeconômicas que demandam ações focalizadas em municípios com menor IDHM e cobertura insuficiente de APS. Recomenda-se o fortalecimento da vigilância integrada, consolidação de redes intersetoriais e uso de georreferenciamento para direcionar recursos
DIAGNOSTICOU, TRATOU: IMPLEMENTAÇÃO DA VINCULAÇÃO IMEDIATA EM HIV NOS CTA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Comunicação Oral
1 Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo
Período de Realização
De 2016 a 2024
Objeto da experiência
Ações de qualificação da linha de cuidado em HIV para vinculação imediata nos serviços da Rede Municipal Especializada em IST/Aids de São Paulo.
Objetivos
Fortalecer a resposta ao HIV por meio da ampliação da vinculação imediata de pessoas diagnosticadas com HIV na Rede Municipal Especializada em IST/Aids (RME) da cidade de São Paulo e início de TARV no mesmo dia.
Descrição da experiência
Desde 2013, a OMS recomenda tratar todas as pessoas com HIV, independentemente da contagem de CD4. Alinhada a isso, a Coordenadoria de IST/Aids implementou estratégias para início imediato da TARV: prescrição de 1° TARV por enfermeiros (Portaria SMS nº 801/2023), contratação de médicos, coleta de carga viral no diagnóstico e ampliação das ações extramuros, visando reduzir perdas na vinculação e fortalecer a política “diagnosticou, tratou”.
Resultados
Entre 2016 e 2024, a mediana entre diagnóstico e início da TARV na RME era de 76 dias. Nos últimos 3 anos, os CTA passaram de 25% para 88% de início imediato em 2024. Neste ano, também realizaram 769 ações extramuros. Contribuindo para que 96% das pessoas em tratamento apresentam supressão viral, contribuindo para a queda de 55% na incidência de HIV e 41% de Aids no município entre 2016 e 2024.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidencia a importância de equipes multiprofissionais preparadas, fluxos bem definidos e uso estratégico dos dados de monitoramento. A prescrição por enfermeiros e a coleta imediata de carga viral qualificaram a linha de cuidado. A complexidade da articulação entre vigilância e cuidado exige esforços contínuos para assegurar tanto a integração oportuna com a atenção especializada quanto a participação ativa das equipes envolvidas.
Conclusões e/ou Recomendações
A estratégia de vinculação imediata demonstra forte potencial para contribuir com as metas globais de eliminação do HIV como problema de saúde pública. Recomenda-se a institucionalização dos fluxos criados, ampliação da atuação extramuros e continuidade da integração entre vigilância, cuidado e gestão local.
OITO ANOS CONSECUTIVOS DE REDUÇÃO NOS NOVOS CASOS DE HIV NA CIDADE DE SÃO PAULO
Comunicação Oral
1 Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo
Período de Realização
De 2016 a 2024
Objeto da experiência
Implementação de estratégias integradas de prevenção e cuidado para reduzir infecções por HIV em São Paulo.
Objetivos
Apresentar a experiência da Coordenadoria de IST/Aids de São Paulo na redução sustentada dos casos de HIV por meio da ampliação de políticas públicas de prevenção combinada, acesso facilitado ao diagnóstico e tratamento imediato, com foco em populações prioritárias.
Descrição da experiência
A experiência consiste na adoção de ações inovadoras de prevenção e cuidado, como ampliação do acesso à PrEP, início da TARV no dia do diagnóstico, criação de um Centro de Testagem Itinerante em ônibus com dias e horários alternativos, uma unidade de prevenção em uma estação de metrô, também com horários diferenciados, teleconsultas e máquinas de retirada automática de PrEP e PEP, ampliando o acesso e reduzindo barreiras ao cuidado contínuo.
Resultados
Entre 2016 e 2024, São Paulo reduziu em 53% os novos casos de HIV, passando de 3.761 para 1.766. Entre Homens que fazem Sexo com Homens (HSH), houve queda de 48%, e entre jovens de 15 a 29 anos, de 55%. A razão de usuários de PrEP por novo caso de HIV passou de 1,2 em 2018 para 17,5 em 2024. A adesão à TARV no mesmo dia do diagnóstico ultrapassou 85% em 2024, indicando sucesso na vinculação ao cuidado e efetividade das ações de prevenção combinada.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstra que estratégias inovadoras e acessíveis, quando sustentadas por políticas públicas robustas, são eficazes para enfrentar epidemias em contextos urbanos complexos. O envolvimento intersetorial e o uso estratégico de dados foram fundamentais. Permanecem desafios como reduzir desigualdades e manter o engajamento das populações mais vulneráveis.
Conclusões e/ou Recomendações
A trajetória de queda nos novos casos de HIV em São Paulo confirma o êxito da prevenção combinada. Recomenda-se a manutenção e ampliação das estratégias, com atenção às iniquidades sociais e ao fortalecimento da vigilância, visando a eliminação do HIV como problema de saúde pública.
COMUNICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS A PARCEIROS SEXUAIS ENTRE ADOLESCENTES
Comunicação Oral
1 UFBA
2 UNEB, FGM-FIOCRUZ, UFBA
3 UFMG
4 USP
Apresentação/Introdução
Dados epidemiológicos indicam um aumento nas infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre adolescentes da diversidade sexual e de gênero (ADSG). Nesse contexto, a comunicação de IST entre parcerias sexuais destaca-se como uma estratégia da vigilância epidemiológica importante para garantir o tratamento precoce e, consequentemente, interromper a cadeia de transmissão.
Objetivos
Investigar as preferências de ADSG sobre a forma de comunicar o diagnóstico de IST às suas parcerias sexuais, bem como suas percepções sobre a importância de fazê-lo.
Metodologia
Estudo transversal com dados da linha de base da coorte "PrEP15-19 Escolhas" que avalia a implementação de três modalidades da profilaxia pré exposição ao HIV entre ADSG, isto é, homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans e não binárias com idades entre 15 e 19 anos, em três capitais brasileiras. O desfecho foi a forma de comunicação do diagnóstico de IST às parcerias sexuais, categorizado em: comunicação aberta versus outras formas de comunicação (via profissional de saúde, amigos, anonimato, levar tratamento ou não comunicar). Foi utilizada regressão logística para estimar razões de chances (OR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Resultados
Foram incluídos 546 ADSG, a maioria HSH (78%), maiores de 18 anos (73%) e pretos/pardos (75%). A maioria (97,2%) considerou importante comunicar o diagnóstico de IST às parcerias sexuais e 86,0% afirmaram que comunicariam abertamente. Entre os demais, 5,5% pediriam a profissionais, 3,8% não informariam, 2,2% levariam o tratamento, 1,8% comunicariam anonimamente e 0,5% pediriam ajuda a amigos. Não informar abertamente às parcerias sobre o diagnóstico de IST esteve associado com a idade entre 15 e 17 anos (OR = 2,07; IC95%: 1,2–3,5), atraso escolar de dois ou mais anos (OR = 1,98; IC95%: 1,1–3,4) e relato de prática de chemsex nos últimos três meses (OR = 7,8; IC95%: 2,0–33,1).
Conclusões/Considerações
A maioria dos adolescentes considerou importante comunicar as parcerias sexuais o diagnóstico de IST. Entre os que não optariam pela comunicação direta, foram identificadas maiores barreiras entre os mais jovens, com atraso escolar ou exposição a práticas de risco, evidenciando a necessidade de estratégias de apoio por profissionais de saúde, o fortalecimento de redes de confiança, e o desenvolvimento de ações de educação em saúde nas escolas.
SAÚDE EM REGIME FECHADO: UMA AÇÃO CONJUNTA NO ACESSO A PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PREP) NAS PRISÕES DO ESTADO DO AMAZONAS
Comunicação Oral
1 DASPAM
2 SEMSA
3 SES
Período de Realização
A experiência ocorreu no período de 06 de abril de 2023 a 20 de fevereiro de 2024.
Objeto da experiência
Acesso à PrEP por Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) nas prisões do Estado do Amazonas.
Objetivos
Ofertar às PPLs a profilaxia PrEP, e acompanhamento ambulatorial, através da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde Prisional (PNAISP) garantindo o direito de acesso as novas tecnologias de saúde e promover a dignidade constitucional do cuidado preconizado pela lei orgânica do SUS.
Metodologia
A Secretaria Estadual de Saúde- SES/AM após demanda vinda da Defensoria do Estado, sobre a PrEP, a partir de queixas da população LGBT privadas de liberdade. Desta forma, foram acionados os membros do Grupo Condutor - PNAISP, dos quais participam instituições como SES, SEMSA, SEAP, FVS, COSEMS e CEMA. Foram realizadas as agendas de treinamentos que englobaram: equipes de saúde, sistemas e estrutura de fluxos a serem realizadas pela SEMSA/Manaus e FVS.
Resultados
Em vinte de fevereiro iniciou-se oficialmente o ambulatório dentro das unidades prisionais, inicialmente, três da Capital Manaus começaram a atender as primeiras PPLs que procuravam a PrEP, os sistemas de liberação de medicamentos implantados pela FVS estavam ativos e permitia aos farmacêuticos acesso a solicitação e controle da medicação e usuários, no primeiro mês tiveram acesso cerca de dez prisionais, acolhidos e acompanhados pela equipe de Atenção Básica da SEAP.
Análise Crítica
No Amazonas os serviços de saúde no Sistema Carcerário são terceirizados, a detentora dos contratos é a Secretaria de Administração Penitenciária, os gestores são PMs, e não são da área de saúde, demostrando uma preocupação maior com a Segurança Pública em detrimento a saúde, esse fato interfere na comunicação para implantação de fluxos de acesso a saúde para as PPLs, uma vez que estão sob tutela do Estado, impedidas de ir e vir, e a PrEP é apenas uma das necessidades desta população vulnerável.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência demonstrou ser possível realizar fluxos de acesso às tecnologias de saúde pelas PPLs, desde que essas demandas alcancem as Secretarias de Saúde Estadual e Municipal, nesse caso, o pedido aconteceu mediante o clamor da comunidade LGBT carcerária, utilizando as vias jurídicas, por não existir uma rede organizada de comunicação interinstitucionais na SEAP, impedindo o acesso da população carcerária aos serviços já existentes no SUS.

Realização: