
Programa - Comunicação Oral - CO2.6 - Alimentação, nutrição e saúde na infância
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA NACIONAL INTERSETORIAL DE PREVENÇÃO À OBESIDADE INFANTIL NO BRASIL: UMA ANÁLISE A PARTIR DA CIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO.
Comunicação Oral
1 UFPR
Apresentação/Introdução
Em 2021, 1320 municípios com <30 mil habitantes aderiram a Estratégia Nacional para Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil-PROTEJA. Tratou-se de uma política setorial (saúde) com fomento a intersetorialidade (ex. educação, esporte e lazer, planejamento) em nível local, baseada em incentivos financeiros e apoio técnico (oficinas e suporte individualizado até 23) para qualificar sua implementação.
Objetivos
Avaliou-se a implementação do PROTEJA, identificando fatores facilitadores e barreiras deste processo, a partir de 35 municípios provenientes de diferentes contextos (região, indicadores socioeconômicos e desempenho na implementação).
Metodologia
Estudo qualitativo realizado a partir de entrevistas virtuais com responsáveis técnicos pela implementação do PROTEJA no município, conduzidas entre 12/2023 e 3/2024, pautadas por roteiro semiestruturado baseado na taxonomia e definições do Consolidated Framework for Implementation Research (CFIR). As transcrições das entrevistas foram importadas para o software ATLAS.ti, onde se procedeu com a análise de conteúdo, codificando as unidades de registro das falas e definição dos domínios da análise (Ambientes Interno, Inovação, Processo de Implementação, Indivíduos e Ambiente Externo). As análises e interpretações se fundamentaram na Ciência da Implementação aplicada às políticas públicas.
Resultados
Identificou-se como fatores facilitadores: governança intersetorial (Grupos de Trabalho Intersetoriais), planejamento e diagnóstico territorial, apoio técnico à gestão, formação profissional continuada, adaptabilidade às realidades locais, ampliação do acesso dos usuários aos serviços de saúde, compatibilidade ao rol de serviços da saúde, discricionariedade do ator implementador e vantagem da Inovação em relação aos programas similares. Como barreiras: gestão de recursos humanos e financeiros, ausência de planos de trabalho, organização de tarefas, transferência da informação, agenda intersetorial, ausência de norma legal e não reconhecimento da obesidade infantil como problema público.
Conclusões/Considerações
Diante do crescimento da obesidade infantil este estudo fornece caminhos para otimizar o processo de implementação de políticas públicas de prevenção e atenção à obesidade infantil. O PROTEJA contribuiu com a (re)organização do cuidado à saúde no SUS, integrando políticas de promoção da saúde e da alimentação adequada e saudável, e potencializando-a por meio das interfaces com a segurança alimentar e nutricional e assistência social.
DUPLA CARGA DA MÁ NUTRIÇÃO EM CRIANÇAS EM VULNERABILIDADE NO BRASIL: ANÁLISE DE SOBREVIVÊNCIA NA COORTE DE 100 MILHÕES DE BRASILEIROS
Comunicação Oral
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Uma vez que a subnutrição e baixo peso foram reduzidos, outros desfechos antropométricos surgiram, como a Dupla Carga da Má Nutrição (DCMN). A DCMN é a condição definida pela presença de obesidade e baixa estatura no mesmo indivíduo e, em crianças, pode ser indicada através da combinação de alto IMC (z-score > 2) e baixa estatura (z-score < 2) usando a curva de referência da OMS.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi verificar os fatores associados ao risco da DCMN infantil em uma população de vulnerabilidade socioeconômica na população de famílias cadastradas no CadÚnico.
Metodologia
A base de dados compreendeu 1% das crianças de 0 a 9 anos cadastradas na base de dados de 100 milhões criada a partir de linkage de bases administrativas: CadÚnico, Sinasc e Sisvan. A análise de sobrevivência intervalar foi implementada, a fim de melhor ajustar às características longitudinais e esporádicas da coleta dos dados antropométricos das crianças. Foram utilizadas as covariáveis do nascimento para identificar os fatores de risco para desenvolvimento da DCMN infantil.
Resultados
A partir das análises feitas podemos destacar alguns grupos de risco de DCMN infantil. As crianças indígenas apresentaram 190% maior risco quando comparados com os grupos raciais. Foram observadas também desigualdades regionais, o Nordeste e do Norte tiveram respectivamente, 51,7% e 38,2% em maior risco que as demais. Os meninos 23,5% maior risco que as meninas. Algumas características da estrutura familiar também foram significativas, como quantidade de irmãos mais velhos (HR = 1,083), estado civil união estável (HR = 1,304) e escolaridade da mãe maior que 12 anos (HR = 0,828) no momento do nascimento.
Conclusões/Considerações
A partir da análise realizada pode-se destacar como desigualdades raciais e regionais afetam o risco de DCMN infantil enquanto variáveis biológicas como tipo de parto e peso ao nascer não foram significativas. Desta forma, políticas públicas de diminuição de desigualdades sociais devem ser continuadas a fim de evitar esta condição.
ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, SEGUNDO RAÇA/COR NO ESTADO DE RORAIMA, 2016-2023: ESTUDO ECOLÓGICO
Comunicação Oral
1 UFF
Apresentação/Introdução
A nutrição adequada na infância é essencial para o crescimento saudável e a prevenção de agravos. No Brasil, o Programa Bolsa Família atua na mitigação da insegurança alimentar em populações vulneráveis. Contudo, persistem desigualdades no acesso à saúde e alimentação, sobretudo em regiões amazônicas.
Objetivos
Este estudo busca analisar o estado nutricional de crianças menores de 5 anos beneficiárias do Programa Bolsa Família residentes em Roraima, entre 2016 e 2023.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, de natureza transversal e descritiva, com base em dados secundários obtidas por meio do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) Web de crianças menores de 5 anos beneficiárias do PBF em Roraima entre 2016 e 2023. Os relatórios foram gerados agrupando os municípios do estado de Roraima, considerando as variáveis: fase da vida “criança”, de ambos os sexos; idade “0 a < 5 anos”, raça/cor (branca, preta, parda, amarela, indígena) e índice peso para a idade (baixo peso, adequado, elevado). Os dados foram sistematizados em planilhas e analisados por frequências relativas, médias e desvios padrão.
Resultados
No período total analisado, a média geral de crianças com peso adequado foi de 90,8% (±1,2%), com 4,6% (±0,7%) em baixo peso e 4,6% (±1,0%) com peso elevado. Crianças indígenas apresentaram maior proporção de baixo peso (até 6,3%) e maior variabilidade (±0,9%). Crianças amarelas tiveram percentuais mais altos de peso elevado (até 6,6%). A proporção entre os sexos foi equilibrada em todos os grupos. A estabilidade dos dados ao longo dos biênios sugere manutenção das condições nutricionais, mas persistem desigualdades raciais, especialmente entre indígenas.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam boa cobertura nutricional entre as crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família em Roraima. Contudo, os achados reforçam desigualdades raciais, principalmente para crianças indígenas, que apresentaram maior risco de baixo peso. Recomendam-se políticas públicas específicas e contínuo monitoramento nutricional para reduzir disparidades e promover a equidade em saúde infantil no estado.
FATORES ASSOCIADOS À AMAMENTAÇÃO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Comunicação Oral
1 UFSJ/CCO
2 ESEnfC
Apresentação/Introdução
A amamentação é a principal fonte de nutrição nos primeiros seis meses de vida. Boas práticas no nascimento, como o aleitamento materno na primeira hora, trazem benefícios ao binômio mãe/bebê, incluindo a proteção da mortalidade neonatal e continuidade da amamentação. Este trabalho corrobora o objetivo de desenvolvimento sustentável número 3, que visa garantir saúde e bem-estar para todos.
Objetivos
O objetivo deste estudo consiste em avaliar a existência de fatores associados à amamentação na primeira hora de vida.
Metodologia
Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, com dados secundários de 343 prontuários de parturientes de uma maternidade do centro-oeste mineiro, Brasil, durante o ano de 2023.
A variável dependente examinada é a amamentação na primeira hora de vida, enquanto as variáveis independentes correspondem aos dados sociodemográficos e clínicos das parturientes e seus bebês.
Realizou-se análise descritiva dos dados e regressão logística multivariada, considerando-se nível de significância de 5%. Para a análise multivariada e regressão logística multivariada, considerou as variáveis que, na análise bivariada, tiveram uma associação com o desfecho com p<0,20.
Resultados
Foram considerados para o estudo os dados de 343 parturientes. Destas, a maioria das participantes é casada (50,1%), possui escolaridade ensino médio (60,5%) e se autodeclarou negra (53,6%), com mediana de idade de 29 anos e via de parto normal (50,7%). A prevalência da amamentação na primeira hora de vida do bebê foi de 28,6%. O modelo final de regressão logística tendo como desfecho a amamentação na primeira hora de vida demonstrou que participantes com parto cesárea, tiveram 0,42 vezes menos a chance de amamentação na primeira hora de vida, quando comparadas com aquelas que tiveram parto normal. Ser solteira também reduziu em 0,58 vezes a chance de amamentação na primeira hora de vida.
Conclusões/Considerações
Os resultados do estudo evidenciaram associação negativa entre parto cesárea e estado civil materno solteira e a amamentação na primeira hora de vida.
A investigação destaca a relevância do parto normal como estratégia de favorecimento da amamentação na primeira hora de vida, o que enfatiza a importância das Políticas Públicas para o parto e a possibilidade de que o objetivo de desenvolvimento sustentável três seja iniciado desde o nascimento.
GROWTH PATTERNS OF CHILDREN WITH CONGENITAL ZIKA SYNDROME IN BRAZIL
Comunicação Oral
1 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia)
2 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e Universidade Federal da Bahia
3 London School of Hygiene and Tropical Medicine
Apresentação/Introdução
Children with Congenital Zika Syndrome (CZS) frequently exhibit neurological, motor, and systemic abnormalities that can affect their nutritional status, growth trajectory, and general health. Despite the growing body of evidence on the clinical conditions, large-scale longitudinal research evaluating anthropometric parameters remains lacking.
Objetivos
The aim of this study was to describe both crude and standardized anthropometric trajectories and nutritional status of children registered as probable or confirmed CZS case in Brazil.
Metodologia
Gestational, maternal, and children’s characteristics were compared via descriptive analysis, with summary statistics for continuous variables, frequencies, and percentages for categorical ones. Children’s observed trajectories of length/height (cm), weight (kg) and body-mass-index (BMI) (kg/m2), as well as the observed prevalence of nutritional status based on the World Health Organization standardized variables length/height-for-age (L/HAZ) and weight-for-age (WAZ) were explored according to child’s sex assigned at birth and the levels of birth weight for gestational age and head circumference for gestational age.
Resultados
A total of 1,268 singleton children were followed-up from birth until the age of 5 years. Notably, 22% of the population were born severely microcephalic and small for their gestational age. Observed trajectories for length/height and weight among children with CZS were concentrated below the median of the World Health Organization (WHO) reference chart. Observed overall prevalence of severely or moderately stunted (L/HAZ < -2) and underweight or severely underweight (WAZ < -2) measurements were high (42% and 34%, respectively).
Conclusões/Considerações
Children with CZS exhibit growth impairment, characterized by reduced length/height and lower weight compared to standard growth references, especially boys and those born severely microcephalic and small for their gestational age. These findings highlight the need for public health action towards these children’s growth and nutritional status.
INSEGURANÇA ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE 6 ANOS ATENDIDAS EM UBS DA CIDADE DE SALVADOR
Comunicação Oral
1 UFBA
2 USP
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar (IA) e nutricional compromete o crescimento infantil, favorecendo quadros de desnutrição. Apesar dos avanços, a região Nordeste ainda apresenta índices preocupantes de IA e déficit de crescimento, reforçando a importância de estudos sobre tais fatores em populações socialmente vulneráveis.
Objetivos
Investigar a associação entre IA domiciliar e o estado nutricional em crianças menores de 6 anos atendidas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de Salvador, Bahia.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, parte de uma pesquisa maior, com 503 mães de crianças menores de seis anos cadastradas em UBS de Salvador. Aplicou-se questionário estruturado para coleta de dados sociodemográficos e de saúde. A IA foi avaliada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. As medidas antropométricas das crianças foram aferidas por uma equipe capacitada e transformadas em escores z, conforme padrões da OMS. Definiram-se stunting e wasting como altura e peso para idade abaixo de -2 desvios-padrão (DP) da mediana, respectivamente. Utilizou-se o teste do qui-quadrado para avaliar a associação entre IA e estado nutricional. Todos os aspectos éticos foram respeitados.
Resultados
Das 503 crianças avaliadas, 63% viviam em domicílios em situação de IA, 15,1% foram classificadas com stunting e 6,1% com wasting. Entre as crianças com stunting, 66,7% residiam em lares com IA, proporção superior àquelas com altura adequada (entre -2DP e +2DP; 64,6%) ou altura elevada (+2DP; 42,3%) para idade. A associação entre stunting e IA foi estatisticamente significante (p < 0,01). Em relação ao wasting, 63,3% das crianças com baixo peso para idade viviam em domicílios em situação de IA, frente a 63,6% entre aquelas com peso adequado (entre -2DP e +2DP) e 51,2% entre aquelas com peso elevado (>+2 DP) para idade, sem diferença estatisticamente significante (p = 0,297).
Conclusões/Considerações
A elevada prevalência de IA e sua associação com o stunting sugerem um cenário de desnutrição crônica relacionada à privação alimentar prolongada. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas intersetoriais que enfrentem os determinantes sociais da desnutrição e promovam equidade no acesso a alimentos adequados e saudáveis.

Realização: