
Programa - Comunicação Oral - CO2.2 - Ambientes Alimentares em cenários diversos
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ANÁLISE DA SAUDABILIDADE DOS SUPERMERCADOS NO AMBIENTE ALIMENTAR DO CONSUMIDOR: UM ESTUDO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral
1 UFRJ
Apresentação/Introdução
O ambiente alimentar do consumidor refere-se à oferta de alimentos e bebidas disponíveis dentro e no entorno de estabelecimentos onde os indivíduos adquirem para preparo e consumo. Entre os estabelecimentos que compõem esse ambiente, os supermercados se consolidaram como o varejo de alimentos mais utilizado no país e exerce papel central na conformação dos padrões alimentares da população.
Objetivos
Avaliar a saudabilidade dos supermercados, considerando as dimensões alimentar e ambiental e analisar as desigualdades territoriais na saudabilidade em diferentes regiões administrativas (RA) do município do Rio de Janeiro/RJ.
Metodologia
Estudo transversal realizado entre outubro/2024 e janeiro/2025, com auditoria de 206 supermercados nas 33 Regiões Administrativas (RA) do município. Os dados foram coletados com o instrumento AUDITNOVA, e a saudabilidade avaliada pelo Escore de Saudabilidade do Ambiente Alimentar do Consumidor (CFEHS), que considera dimensões alimentar e ambiental, em escala de 0 a 100 pontos, sendo os maiores valores indicativos de maior saudabilidade. Os dados foram descritos por mediana (M) e intervalo interquartil (P25–P75). Para analisar desigualdades territoriais, foi feita correlação entre os escores e a renda das RA, com base no Censo 2010. Análises realizadas no Stata 16. Dispensa comitê de ética.
Resultados
O CFEHS total dos 206 supermercados avaliados apresentou mediana de 41,6 (p25=28,4; p75=51,6), indicando baixa saudabilidade. As maiores medianas foram encontradas nas RA4 – Botafogo (M=59,2; p25=48,9-p75=64,2) e RA5 – Copacabana (M=55,5; p25=40,0–p75=61,6), ambas na zona sul, áreas com alta renda per capita (RA4: R$ 3.825,79; RA5: R$ 3.629,39). Já os menores escores foram registrados na RA25 – Pavuna (M=24,7; p25=11,6–p75=28,7) e RA2 – Centro (M=25,6; p25=12,6–p75=51,6), áreas com rendas mais baixas (RA25: R$ 567,31; RA2: R$ 1.544,16), revelando desigualdades territoriais na saudabilidade dos supermercados no município do Rio de Janeiro.
Conclusões/Considerações
A baixa disponibilidade de alimentos saudáveis nos supermercados do município revela um obstáculo significativo à promoção da alimentação saudável. As variações na saudabilidade dos estabelecimentos acompanha o padrão de desigualdade social do município, impactando de forma mais acentuada as população residentes em áreas de menor renda. Essa realidade limita as possibilidades de escolhas alimentares adequadas e tende a aprofundar as desigualdades em saúde já existentes.
DESEMPENHO DA CLASSIFICAÇÃO LOCAIS-NOVA NA IDENTIFICAÇÃO DA SAUDABILIDADE DE LOCAIS DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS
Comunicação Oral
1 USP
Apresentação/Introdução
As características do ambiente alimentar influenciam as escolhas alimentares da população. A Locais-Nova é uma classificação teórica que divide os locais de aquisição de alimentos conforme as principais diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira em: locais fonte de alimentos in natura ou minimamente processados; fonte de alimentos processados; e fonte de alimentos ultraprocessados.
Objetivos
Avaliar a capacidade da classificação teórica Locais-Nova para identificar diferenças na saudabilidade de diferentes tipos de locais de aquisição de alimentos, utilizando como referência um escore empírico de saudabilidade.
Metodologia
Foram avaliados 624 locais em Jundiaí–SP, como hortifrutigranjeiros, peixarias e açougues (fontes de alimentos in natura ou minimamente processados), supermercados (fonte de alimentos in natura ou minimamente processados e de alimentos ultraprocessados), mercearias, padarias e confeitarias, vendas de congelados, bombonieres, lojas de conveniência e outros (fontes de alimentos processados ou ultraprocessados), auditados com o AUDITNOVA. A saudabilidade dos locais foi estimada por meio de um escore contínuo (0 a 100), construído com base em quatro dimensões avaliadas in loco: disponibilidade, preço, propaganda e posicionamento dos produtos. Quanto maior o escore, mais saudável é o local.
Resultados
Os hortifrutigranjeiros tiveram o maior escore (58,26), seguidos por peixarias (46,11). A seguir, veio o supermercado, com um score de 45,15. Os escores mais baixos, por sua vez, foram de padarias e confeitarias (28,46), locais de vendas de alimentos congelados (27,52) e bombonieres (26,62).
Conclusões/Considerações
Os locais classificados pela Locais-Nova como fontes de alimentos in natura ou minimamente processados apresentaram escores de saudabilidade mais altos, enquanto os classificados como fontes de alimentos processados e ultraprocessados apresentaram escores mais baixos. Supermercados, mostraram escores intermediários, evidenciando a complexidade de sua classificação. A Locais-Nova parece discriminar adequadamente locais mais e menos saudáveis.
INFLUÊNCIA DO USO DE APLICATIVOS DE DELIVERY DE COMIDAS E BEBIDAS NAS ESCOLHAS ALIMENTARES DE BRASILEIROS
Comunicação Oral
1 Universidade Estadual do Ceará
2 University Of Ottawa
Apresentação/Introdução
O uso de aplicativos de delivery tem impactado o comportamento alimentar da população brasileira. A praticidade, o acesso facilitado e as estratégias de marketing digital influenciam as decisões de aquisição e consumo, refletindo em novos padrões alimentares mediados pela tecnologia e por conveniência, imediatismo e mudanças no estilo de vida dos usuários.
Objetivos
Investigar as percepções do uso de aplicativos de delivery de alimentos sobre as escolhas alimentares de usuários das cinco regiões do Brasil.
Metodologia
Estudo social, exploratório e qualitativo, com grupos focais online (GFOs) para investigar percepções sobre escolhas alimentares em aplicativos de delivery de alimentos e bebidas. Participaram do estudo 38 brasileiros maiores de 18 anos, das cinco regiões do país: Norte, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, usuários recentes de aplicativos. A coleta foi via formulário e os grupos realizados por videoconferência na plataforma Google Meet, com gravação e transcrição. A análise de conteúdo temática foi realizada por meio do Software NVivo. A pesquisa seguiu normas éticas e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UECE sob o número CAAE: 75533723.4.0000.5534.
Resultados
Foram realizados quatro GFOs, com uma média de tempo de aproximadamente 90 minutos, com usuários recentes de aplicativos de delivery de comidas e bebidas. A codificação realizada no software NVivo identificou 13 códigos mais mencionados nas transcrições dos GFOs, dentro de dois principais eixos temáticos: “Aplicativo de entrega de comida” e “Alimentação e Saúde”. Entre os nós com maior número de referências, destacaram-se “Comer emocional e Comfort food” e “Praticidade”, reforçando a hipótese de que a praticidade, a facilidade de acesso e os aspectos emocionais da escolha alimentar influenciam a adesão ao padrão de aquisição de comida por aplicativos de delivery entre os brasileiros.
Conclusões/Considerações
Os achados reforçam que o uso de aplicativos de delivery de comidas pode influenciar os modos de aquisição e consumo alimentar, tendo a praticidade entre os principais fatores percebidos para o comportamento de aquisição. O aspecto emocional também se destaca no ambiente alimentar digital de aplicativos. Tais evidências ressaltam a necessidade de estratégias de intervenção que considerem essas especificidades a fim de promover escolhas mais saudáveis.
PERCEPÇÕES DE MORADORES DE FAVELAS BRASILEIRAS SOBRE OS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO AMBIENTE ALIMENTAR E NO ACESSO À ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Comunicação Oral
1 Universidade Federal de Minas Gerais
Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar e nutricional tem se intensificado em territórios marcados por vulnerabilidades, como as favelas, em razão das desigualdades estruturais e dos efeitos da crise climática. Esse contexto evidencia a urgência de políticas públicas intersetoriais, sensíveis ao território, que considerem os impactos ambientais e promovam justiça alimentar e social.
Objetivos
Compreender as percepções de moradores da favela Morro do Papagaio, em Belo Horizonte (MG), sobre os impactos das mudanças climáticas no ambiente alimentar e no acesso à alimentação saudável e adequada.
Metodologia
Estudo qualitativo realizado com amostragem por conveniência, a partir do apoio de lideranças locais. Foi conduzido um grupo focal presencial com 10 moradoras, com média de duração de 60 minutos, utilizando roteiro estruturado com questões sobre ambiente alimentar, sindemia global e racismo ambiental. As falas foram gravadas com consentimento, transcritas e analisadas com base na Grounded Theory e na Análise de Redes Temáticas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFMG (CAAE: 54588221.7.0000.5149 / 48190221.2.0000.5149).
Resultados
As participantes, autodeclaradas pretas e pardas, relataram impactos das mudanças climáticas no acesso aos alimentos, na saúde e na moradia. Apontaram o aumento dos preços e a piora na qualidade dos alimentos como fatores que intensificam a insegurança alimentar e nutricional. Chuvas intensas e calor excessivo foram associados a doenças e perdas materiais. Em contraponto, destacaram-se estratégias locais de enfrentamento, como hortas comunitárias, ações de educação ambiental e reciclagem, que contribuem para o acesso a alimentos frescos e para o fortalecimento da resiliência comunitária.
Conclusões/Considerações
As percepções evidenciam que as mudanças climáticas aprofundam desigualdades sociais e raciais, afetando o acesso à alimentação saudável em favelas. É urgente o fortalecimento de políticas públicas integradas que valorizem saberes comunitários, incentivem ações territoriais e promovam justiça ambiental e alimentar, com foco na equidade, soberania alimentar e adaptação climática nos territórios vulnerabilizados.
PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA SOBRE O AMBIENTE ALIMENTAR DAS ESTAÇÕES DE METRÔ DA CIDADE DE SÃO PAULO
Comunicação Oral
1 Faculdade de Saúde Pública da USP
2 Instituto de Saúde da Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo
Apresentação/Introdução
As estações de metrô de São Paulo, por onde circulam cerca de 4 milhões de pessoas por dia, apresentam forte presença de alimentos ultraprocessados e ausência de políticas públicas de alimentação e nutrição. Apesar de sua relevância como espaço urbano, o metrô segue à margem de ações que promovam ambientes alimentares saudáveis e a garantia segurança alimentar e nutricional a população.
Objetivos
Analisar percepções e propostas de representantes da sociedade civil organizada sobre o ambiente alimentar das estações de metrô da cidade de São Paulo, com foco nas sugestões de intervenções regulatórias à promoção da alimentação adequada e saudável
Metodologia
Estudo qualitativo com entrevistas semiestruturadas realizadas entre 2020 e 2021 com representantes de organizações da sociedade civil engajadas na promoção da alimentação adequada e saudável e com experiências em intervenções regulatórias. Utilizou-se a amostragem snowball para seleção dos participantes. As entrevistas foram realizadas remotamente, devido à pandemia de Covid-19, e antecedidas por questionário sociodemográfico. A análise de conteúdo temática permitiu identificar problemas e ideias para intervenções no ambiente alimentar das estações de metrô. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética, com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos entrevistados.
Resultados
Foram entrevistados oito representantes, cujas áreas de atuação incluíam defesa do consumidor, promoção da saúde, segurança alimentar e nutricional, etc. A maioria utilizava o metrô como transporte e conheciam a realidade do local. Destacaram a ausência de políticas públicas de alimentação no metrô e a predominância de produtos ultraprocessados em um local de grande circulação de pessoas. Apontaram como problemas a omissão do Estado e a mercantilização do ambiente. Propuseram ampliar a oferta de alimentos saudáveis via políticas de abastecimento, regular o marketing de ultraprocessados, implementar ações educativas de alimentação e fortalecer a participação social nos processos decisórios.
Conclusões/Considerações
As propostas da sociedade civil reforçam seu papel estratégico na construção de ambientes saudáveis e na incidência de políticas públicas intersetoriais. A escuta e a valorização de organizações são essenciais no fortalecimento da garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e a Segurança Alimentar e Nutricional, contribuindo para o enfrentamento das desigualdades no acesso a alimentos e para a formulação de políticas públicas neste contexto

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