Programa - Comunicação Oral - CO5.7 - AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA APS

Apresentação/Introdução
As relações interpessoais exercem influência significativa sobre o ambiente e a dinâmica de trabalho, afetando diretamente o bem-estar, a motivação e a permanência dos profissionais. No contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), compreender como essas relações impactam a satisfação no trabalho é essencial para qualificar a assistência e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS).

Objetivos
Compreender como as relações interpessoais influenciam a satisfação no trabalho de profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde no estado de Santa Catarina.

Metodologia
Estudo qualitativo, multicêntrico, realizado com 64 profissionais da APS em cinco mesorregiões de Santa Catarina. A coleta de dados ocorreu entre março e dezembro de 2020, por meio de entrevistas semiestruturadas e observação indireta, realizadas em 18 Unidades Básicas de Saúde (UBS) distribuídas no estado. As entrevistas, gravadas e transcritas, abordaram aspectos da satisfação no trabalho e foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo temática, com apoio do software Atlas.ti. Foram geradas categorias sobre relações interpessoais entre profissionais e com os usuários. O estudo respeitou os preceitos éticos da Resolução 466/2012, no qual foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética.

Resultados
Foram identificadas duas categorias: relações interpessoais entre a equipe de trabalho e relações com os usuários da APS. A primeira evidenciou que o trabalho em equipe, a parceria profissional e uma composição adequada da equipe contribuem para a satisfação, fortalecendo a cooperação e o ambiente organizacional. A segunda apontou que o vínculo com os usuários, a boa relação interpessoal e a longitudinalidade do cuidado são fatores que ampliam a motivação, o reconhecimento e o sentido do trabalho. As interações positivas favoreceram o engajamento dos profissionais e a continuidade da assistência prestada.

Conclusões/Considerações
As relações interpessoais no ambiente da APS, tanto entre profissionais quanto com os usuários, são determinantes para a satisfação no trabalho. Assim, promover a comunicação, a cooperação e o vínculo fortalece o bem-estar dos profissionais, melhora a resolutividade do cuidado e deve ser considerado nas estratégias de gestão e valorização no SUS.

Período de Realização
Janeiro de 2017 à maio de 2025

Objeto da experiência
Implantação de pontos de atenção descentralizados (âncoras) para ampliar o acesso à APS em comunidades rurais de difícil alcance geográfico.

Objetivos
Sistematizar experiência de criação de estruturas de apoio fixas em comunidades rurais de Sousa (PB) para ampliar cobertura territorial da APS, reduzir iniquidades no acesso a serviços essenciais de saúde e fortalecer longitudinalidade do cuidado, conforme PNAB.

Descrição da experiência
A Secretaria Municipal de Saúde de Sousa implementou 8 unidades "âncoras" para ampliar o acesso a cuidados primários em comunidades dispersas. As unidades foram integradas ao plano operativo das unidades de saúde de referência, considerando critérios epidemiológicos, geográficos e sociais. As ações incluem consultas, vacinação, busca ativa e grupos educativos, com apoio da e-Multi e vigilância em saúde, respeitando a lógica do cuidado compartilhado e agendas descentralizadas.

Resultados
A implantação das âncoras ampliou a cobertura da APS, aumentando o acesso a consultas e serviços básicos. Houve melhoria no cuidado pré-natal, hipertensão e diabetes. Observou-se maior adesão às ações coletivas, intensificação da educação popular em saúde e ampliação da escuta qualificada, promovendo vínculo e corresponsabilização. O monitoramento revelou diminuição nas demandas reprimidas e fortalecimento da capacidade resolutiva local.

Aprendizado e análise crítica
A experiência das âncoras mostra que a APS requer territorialização crítica e adaptação à realidade socioterritorial. A estratégia é exitosa por articular ações intersetoriais, gestão participativa e valorização do trabalho em equipe. Superou barreiras como distância e falta de estrutura, demandando criatividade e investimento em processos formativos. A descentralização operacional potencializa o alcance da APS como política pública universal.

Conclusões e/ou Recomendações
A implantação das âncoras em Sousa (PB) é uma alternativa viável para enfrentar desigualdades territoriais no acesso à saúde. Recomenda-se sua replicação em municípios semelhantes, mediante análise de viabilidade técnica e pactuação local. A experiência reforça a necessidade de institucionalizar dispositivos de descentralização na APS, com financiamento estável e valorização do trabalhador do SUS.

Período de Realização
Abril à Maio de 2025, no território da UBS 6 Cariru, junto à comunidade indígena Warao Coromoto

Objeto da experiência
Análise de saúde da comunidade indígena Warao para organizar o acesso e qualificar o cuidado na Atenção Primária à Saúde do DF

Objetivos
Demonstrar como a análise de saúde, a partir do diagnóstico situacional, contribui para organizar o acesso, planejar intervenções e qualificar o cuidado à população indígena migrante, utilizando a experiência da comunidade Warao como exemplo das desigualdades enfrentadas nesse processo.

Descrição da experiência
O diagnóstico situacional foi realizado junto à UBS 6 Cariru, que atende a comunidade indígena Warao, originária da Venezuela. Utilizou-se escuta qualificada, visitas domiciliares, articulação com a rede e levantamento das condições de vida. A análise evidenciou múltiplas vulnerabilidades que impactam diretamente o acesso e a efetividade da atenção à saúde. O diagnóstico orientou ações da equipe, favorecendo a construção de estratégias intersetorial, culturalmente sensíveis e baseadas nas necessidades.

Resultados
A análise revelou: ausência de renda e moradia digna, insegurança alimentar, barreiras linguísticas, dificuldade de acesso a serviços e desconhecimento dos direitos por parte dos usuários e das equipes. Essas vulnerabilidades geram descontinuidade no cuidado e exclusão do SUS. A equipe reorganizou fluxos, fortaleceu parcerias e adotou estratégias de cuidado sensível à cultura Warao, como mediação linguística e acompanhamento contínuo, promovendo maior equidade no acesso.

Aprendizado e análise crítica
A análise em saúde revelou-se essencial para reconhecer desigualdades que não são evidentes em registros clínicos. Ao olhar para o território e a vivência da população, é possível construir respostas que ultrapassem o cuidado biomédico. A saúde precisa se reorganizar de forma intersetorial, ética e culturalmente adequada, reconhecendo o impacto da migração forçada, o racismo estrutural e a invisibilidade institucional que marcam o cotidiano dos povos indígenas em contextos urbanos

Conclusões e/ou Recomendações
A análise de saúde é ferramenta estratégica para planejar ações efetivas e sensíveis à realidade de populações em vulnerabilidade. Recomenda-se que o SUS invista em processos de diagnóstico participativo, formação das equipes em interculturalidade e fortalecimento das redes locais. O cuidado à saúde da população indígena migrante exige articulação intersetorial e respeito às especificidades culturais, linguísticas e históricas desses sujeitos.

Apresentação/Introdução
A Estratégia Amamenta Alimenta Brasil (EAAB) visa à qualificação dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) com o intuito de aprimorar as ações de promoção do aleitamento materno e alimentação complementar. No município de Guarulhos foram formados 56 tutores da EAAB, porém nenhuma unidade básica de saúde foi certificada pelo Ministério da Saúde, indicando dificuldades na implementação.

Objetivos
Analisar o processo de implementação da Estratégia Amamenta Alimenta Brasil no município de Guarulhos através do Consolidated Framework for Implementation Research (CFIR).
Específico: Estudar as barreiras e os facilitadores da implementação da EAAB.


Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de implementação com abordagem qualitativa baseada na proposta do Consolidated Framework for Implementation Research (CFIR) e a utilização de entrevistas semiestruturadas. Os autores do CFIR disponibilizam um roteiro de questões sobre as características da intervenção, cenário externo, cenário interno, características dos indivíduos e processo que foram adaptadas ao contexto da EAAB para aplicação a diferentes atores-chave envolvidos na implementação (gestores, tutores e profissionais das equipes da APS). As análises dos dados foram pautadas no resumo e consolidação das transcrições por tipo de participante e exemplos de falas e identificação dos pontos chave.




Resultados
Foram realizadas 18 entrevistas, no período de janeiro a abril de 2023 e segundo a percepção dos atores e os domínios selecionados para análise das lacunas e facilitadores, a ausência de um coordenador exclusivo para a EAAB, a falta de prioridade da EAAB diante de outras ações programáticas obrigatórias, a falta de apoio da gestão em nível central e local, a comunicação ineficiente entre os diversos setores da saúde, a rotatividade de profissionais, a inexistência de recursos financeiros específicos, indicadores e monitoramento das práticas de Aleitamento materno e alimentação complementar são fatores que influenciam negativamente na efetiva implementação da EAAB no município.

Conclusões/Considerações
Compreender o contexto em que uma estratégia de promoção à saúde foi incorporada e identificar elementos que afetam sua sustentabilidade garante fazer adaptações plausíveis, assertivas e promove a cooperação, a congruência de ações, um planejamento adequado e coeso, de forma a superar os obstáculos do processo de trabalho na APS e assim, disseminar a EAAB no município.