Programa - Comunicação Oral - CO5.11 - Práticas dos enfermeiros e médicos na APS
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
TELECONSULTA DE ENFERMAGEM NO PÓS-PARTO: INOVAÇÃO NA ASSISTÊNCIA À PUÉRPERA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE UM MUNICÍPIO CATARINENSE
Comunicação Oral
Wille, I.F.1, Amadigi, F.R.1, Colussi, C. F.1
1 UFSC
Período de Realização
Teve início em agosto de 2024 e segue até o presente momento, no município de Jaraguá do Sul, Santa Catarina.
Objeto da experiência
Implantação da teleconsulta de enfermagem como estratégia para cuidado às puérperas na Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Relatar a experiência de implementação da teleconsulta de enfermagem na Atenção Primária à Saúde como forma de qualificar o acompanhamento pós-parto, fortalecer o vínculo com a equipe e ampliar o acesso ao cuidado para as mulheres no período puerperal.
Descrição da experiência
Frente à baixa adesão das puérperas ao retorno presencial no pós-parto, o município estruturou um setor de teleconsulta com recursos próprios e equipe capacitada. A parceria com a maternidade permitiu o agendamento da consulta ainda na internação. Após a alta, era feito contato telefônico e agendada a teleconsulta com a enfermeira, que orientava sobre sinais de alerta, amamentação e cuidados com o bebê e encaminhando para consulta presencial posteriormente.
Resultados
Observou-se aumento no comparecimento às consultas presenciais subsequentes, redução do absenteísmo e melhora na satisfação das usuárias. A intervenção possibilitou vínculo precoce, abordagem oportuna de intercorrências e acolhimento das demandas da mulher e do recém-nascido, fortalecendo a resolutividade da Atenção Primária à Saúde.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou que o uso da teleconsulta pode ser um diferencial no cuidado à saúde da mulher, especialmente no puerpério, ao reduzir barreiras de acesso e promover um cuidado mais humanizado e contínuo. Envolvimento intersetorial e qualificação da equipe foram fundamentais para o sucesso da estratégia, exigindo sensibilidade às especificidades do ciclo materno-infantil.
Conclusões e/ou Recomendações
A teleconsulta mostrou-se eficaz para fortalecer o cuidado no pós-parto, sendo recomendada como estratégia complementar à assistência presencial. Sua incorporação na rotina da APS requer investimento em infraestrutura tecnológica, capacitação das equipes e articulação com os serviços da rede de atenção à saúde da mulher e da criança, assim como adequado letramento da população.
ATIVIDADES CLÍNICAS DE ENFERMEIROS NA APS ALINHADAS À PRÁTICA AVANÇADA DE ENFERMAGEM
Comunicação Oral
Almeida, E.W.S1, Peres, E,M2, Silva, M.C.N3, Freire, N.P4, Siqueira, E.F5, Brandão, J.L6, Palha, P.F7, Carrer, M.O7, Gomes, H.F8, Masella, T.A.C9
1 Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Brasil.
2 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
3 Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Brasília, DF, Brasil.
4 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil.
5 Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis
6 Universidade do Estado do Rio de Janeiro
7 Universidade de São Paulo Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
8 Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
9 Centro Universitario Barão de Maua
Apresentação/Introdução
A OPAS/OMS reconhece a importância estratégica da Enfermeira de Práticas Avançadas (EPA), profissional com pós-graduação que atua na APS em equipes interprofissionais. Este profissional, destaca-se pela autonomia na tomada de decisões clínicas, diagnóstico e manejo de condições agudas leves e doenças crônicas, conforme diretrizes e protocolos.
Objetivos
Identificar as atividades clínicas realizadas por enfermeiros na APS no Brasil que se alinham às competências da Prática Avançada de Enfermagem, conforme diretrizes do International Council of Nurses (ICN).
Metodologia
Trata-se de uma análise qualitativa secundária, com base no banco de dados da pesquisa nacional “Práticas de enfermagem no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS): estudo nacional de métodos mistos”, fruto de parceria entre a UnB e o Cofen. Foram analisadas 831 entrevistas com enfermeiros de todas as regiões do país. Para esta etapa, utilizou-se um instrumento validado com 73 competências; sete delas, relacionadas ao desempenho de práticas avançadas, foram selecionadas para análise. A categorização e interpretação das falas representativas foram realizadas com o apoio do software MAXQDA®.
Resultados
As práticas mais recorrentes foram a solicitação de exames e a prescrição de medicamentos. Atribuições como diagnóstico clínico, indicação de tratamentos e encaminhamentos foram menos frequentes. O Nordeste concentrou a maior parte das ações de Prática Avançada. Observou-se, ainda, raciocínio clínico autônomo entre os enfermeiros. As práticas avançadas se mostram presentes, ainda que de forma não homogênea e com necessidade de regulamentação.
Conclusões/Considerações
As atividades desempenhadas por enfermeiros na APS demonstram a realização de ações alinhadas à Prática Avançada, como prescrição e solicitação de exames. Contudo, a consolidação da PAE no Brasil exige regulamentação, formação especializada e reconhecimento institucional. Sua implementação pode ampliar o acesso ao SUS e qualificar ainda mais o cuidado prestado à população.
ASSOCIAÇÕES ENTRE A DURAÇÃO E A QUALIDADE DO SONO DE GESTANTES NO TERCEIRO TRIMESTRE COM A DURAÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
Comunicação Oral
Sales, A. R. V.1, Vartanian, D.1, De Andrade, M. A. M.1, Lima, M. S.1, Pedrazzoli, M.1, Chofakian, C. B. N.1
1 USP
Apresentação/Introdução
Dentre as alterações biopsicossociais que ocorrem na gravidez, estão as mudanças no ciclo sono-vigília. Essas alterações impactam diretamente a qualidade de vida das gestantes, com piora do sono, aumento dos despertares e maior ocorrência de distúrbios do sono. Pesquisas sugerem associações entre a duração e a qualidade do sono no pré-natal e desfechos adversos na saúde materno-infantil.
Objetivos
O objetivo deste projeto é investigar a presença/ausência de associações significativas entre a duração e a qualidade do sono de gestantes no terceiro trimestre com a duração do trabalho de parto.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional com 133 gestantes no terceiro trimestre acompanhadas nas Casas de Parto Sapopemba e Casa Angela, em São Paulo. Serão coletados dados sociodemográficos, antropométricos, obstétricos, actigráficos, dados relacionados ao sono e ao estado psicológico das participantes, além de dados secundários dos prontuários e cadernetas das gestantes. O estudo já obteve todas as aprovações éticas. A análise será realizada pela comparação das médias entre grupos, por meio de análise de covariância (ANCOVA). A hipótese é que uma menor qualidade e duração de sono no final do terceiro trimestre gestacional estão associadas a uma maior duração do trabalho de parto.
Resultados
Embora o estudo ainda esteja em andamento, foram analisados dados preliminares de 8 gestantes acompanhadas em uma casa de parto. A amostra foi composta por nulíparas, com idade média de 29,2 anos (DP = 5,20). Os dados preliminares sugerem maior irregularidade no Horário Final do Sono (DP = 01:43:35 ± 00:40:54) comparado ao Horário de Início do Sono (DP = 01:00:37 ± 00:43:06). A qualidade do sono manteve-se estável (WASO: DP = 00:38:27 ± 00:16:18; despertares: DP = 4 ± 1,56). A proporção entre o Tempo Total de Sono e a Fase Principal de Sono (TTS/FPS) foi de 83,46%. A duração média do sono foi de 07:52:49, dentro das recomendações da Associação Americana de Medicina do Sono.
Conclusões/Considerações
Além de formar e capacitar profissionais e gerar conhecimento em um assunto de interesse público, espera-se que este estudo promova e contribua para o desenvolvimento de novos serviços e tecnologias de acompanhamento de gestantes, destacando a importância do ciclo sono-vigília para a saúde materno-infantil, principalmente para o aprimoramento do cuidado pré-natal na atenção primária de saúde.
AMPLIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM NA APS: CAMINHOS PARA A TRANSFORMAÇÃO DO CUIDADO NO SUS
Comunicação Oral
Carvalho, J.O.1, Giovanella, L1, Engstron, E.M1, Franco, C.M.2, Hämel, K.3, Toso, B. R. G. O .4
1 ENSP/Fiocruz
2 Universidade Federal do Rio de Janeiro
3 Universität Wien
4 Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Apresentação/Introdução
A Atenção Primária à Saúde (APS) é central para o fortalecimento do SUS. Neste contexto, a ampliação das práticas de enfermagem e a possível implementação das Práticas Avançadas de Enfermagem (PAE) surgem como estratégias para transformar o cuidado, ampliando a autonomia profissional e reorganizando os processos de trabalho nas equipes multiprofissionais.
Objetivos
Analisar as contribuições da ampliação das práticas de enfermagem para a transformação dos modelos assistenciais na APS e os efeitos esperados da implementação das PAE no SUS.
Metodologia
Estudo qualitativo vinculado a projeto internacional multicêntrico Brasil-Alemanha, com dados coletados por dois grupos focais realizados em 2022. Participaram 14 profissionais: sete representantes de entidades nacionais da saúde e sete médicos e enfermeiros atuantes na Estratégia Saúde da Família no Rio de Janeiro. As discussões foram guiadas por roteiro semiestruturado. As falas foram gravadas, transcritas e analisadas por análise temática indutiva, com apoio do software MAXQDA. As categorias emergentes foram comparadas entre os grupos, revelando contribuições da ampliação das práticas de enfermagem na APS e os efeitos dessa expansão no trabalho das equipes.
Resultados
Duas categorias principais foram identificadas: (1) Contribuições da expansão das práticas de enfermagem para novos modelos assistenciais, com destaque para cuidado a pessoas com doenças crônicas, integração biopsicossocial e ampliação da autonomia profissional; (2) Efeitos no trabalho em equipe, com fortalecimento da colaboração interprofissional e reorganização dos processos assistenciais. Os participantes relataram avanços na resolutividade do cuidado, melhor adesão ao tratamento e maior agilidade nos atendimentos, embora também tenham apontado desafios relacionados ao reconhecimento profissional e sustentabilidade institucional.
Conclusões/Considerações
A expansão das práticas de enfermagem e a implementação das PAE podem fortalecer a APS, promovendo cuidado mais integral, acessível e resolutivo. No entanto, sua efetivação requer políticas públicas que valorizem a autonomia profissional, regulamentem as práticas avançadas e enfrentem as desigualdades institucionais, com base nos princípios do SUS.
ROTEIRO DE CONSULTA DE ENFERMAGEM EM PLANEJAMENTO REPRODUTIVO PARA OFERTA DO DIU NA APS: UMA PROPOSTA DE PROTOCOLO DE CUIDADO
Comunicação Oral
FERNANDES, E.P.R.1, ALMEIDA, F.M.F.1, AGUIAR, F.M.P.1, OLIVEIRA, F.M.C.2, MANGUEIRA, D.S.1, FAUSTINO, W.M.1
1 UFPB
2 SMS/JP
Período de Realização
Roteiro de consulta no primeiro semestre de 2022 para enfermeiras da APS sobre oferta do DIU.
Objeto da produção
Roteiro de consulta de enfermagem em planejamento reprodutivo com ênfase na oferta do DIU com cobre para enfermeiras da Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Identificar os elementos essenciais da consulta de Enfermagem em planejamento reprodutivo que qualifiquem a oferta do DIU com cobre na APS. Elaborar um protocolo norteador para consulta de Enfermagem em inserção e revisão do DIU, com base em evidências científicas e normativas vigentes.
Descrição da produção
Trata-se de uma pesquisa aplicada, descritiva, qualitativa, metodológica, para elaboração de roteiro técnico operacional para a consulta de Enfermagem, desenvolvida em 2022 durante uma capacitação em planejamento reprodutivo com ênfase na oferta do DIU, que teve como base o Processo de Enfermagem (PE), o modelo de registro ambulatorial SOAP - Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano; Classificação Internacional de APS - CIAP2 e Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE.
Resultados
O roteiro foi elaborado por especialistas com base em três momentos do cuidado: pré-inserção, pós-inserção e remoção do DIU. Todas as etapas do PE foram estruturadas no modelo SOAP, permitindo um cuidado baseado nas necessidades singulares das mulheres e garantindo o registro completo, tanto em prontuário virtual quanto físico. Após aplicação e ajustes por enfermeiros da APS, passou a integrar consultas e capacitações, sendo também sugerido aos gestores locais seu uso por outras equipes.
Análise crítica e impactos da produção
O desenvolvimento do roteiro representa avanço significativo na qualificação do cuidado de enfermagem em saúde reprodutiva para mulheres. A padronização baseada no PE, SOAP, CIAP2 e CIPE fortalece a qualidade da assistência, reduz erros e variações de interpretação na prática clínica e garante uma abordagem estruturada, eficaz e documentada, além de servir como ferramenta pedagógica, promovendo a educação em saúde e reforçando práticas baseadas em evidências.
Considerações finais
O instrumento oferece como diferencial um protocolo de cuidados concordante com a proposta da APS e com o PE, utilizando-se de coleta de dados e sua interpretação que singularizam cada mulher, ao mesmo tempo que oferece segurança a (ao) enfermeira (o) da APS no seu exercício profissional, ao contemplar todas as fases da sistematização da consulta de enfermagem, podendo ser replicado em outras realidades da APS.
CONSULTÓRIO AVANÇADO E O ACESSO À SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS
Comunicação Oral
Trad, F. F.1
1 UERJ
Apresentação/Introdução
Este trabalho analisa como os usuários percebem o Consultório Avançado (CA) e sua relação com o acesso à saúde na Atenção Primária. O CA é uma ferramenta de acessibilidade em que se desloca o atendimento ambulatorial para dentro do território adscrito da equipe da Estratégia de Saúde da Família com o intuito de ampliar o acesso à saúde.
Objetivos
O objetivo geral é compreender a percepção dos usuários sobre a relação entre o Consultório Avançado e o acesso à saúde. Além disso busca compreender sua relação com o vínculo entre a comunidade e a equipe de saúde.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, realizada através de entrevistas semi-estruturadas com usuários do Consultório Avançado da comunidade do Salgueiro, Rio de Janeiro, no ano de 2024. A quantidade de participantes foi selecionada por critério de saturação, todos maiores de 18 anos e vinculados às equipes Raízes do Salgueiro ou Salgueiro. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas por meio da análise de conteúdo temática de Bardin. Foram adotadas quatro categorias: introdução ao assunto, acesso, vínculo e diferenças em relação ao atendimento na unidade. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e garantiu sigilo e consentimento dos participantes.
Resultados
Os usuários percebem o Consultório Avançado de forma extremamente positiva. Destacam como principais benefícios a proximidade, a redução de dificuldades de locomoção ou organizacionais e o menor tempo de espera. O CA também fortalece o vínculo entre comunidade e equipe da estratégia de saúde da família, gerando mais confiança e sensação de cuidado. As limitações apontadas são a ausência de exames e questões de privacidade no atendimento. A maioria reconhece que, apesar de não resolver todos os problemas, o CA supre grande parte das demandas de saúde. Além disso, a regularidade do serviço foi vista como um fator que amplia o acesso e melhora a qualidade do cuidado.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que o Consultório Avançado é uma importante ferramenta de acesso na Atenção Primária. Diminui barreiras geográficas, organizacionais e até culturais, aumentando o vínculo da equipe com a comunidade. Apesar de suas limitações estruturais, sua eficácia na percepção dos usuários é evidente. O estudo reforça a necessidade de institucionalização do CA como prática oficial e propõe mais pesquisas dessa ferramenta no âmbito do SUS.