Programa - Comunicação Oral - CO5.1 - ESTRATÉGIAS PARA ORGANIZAÇÃO E ACOLHIMENTO NA APS
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM UMA REGIÃO DE SAÚDE DO CEARÁ
Comunicação Oral
Sousa, M.A.1, de Sousa, M.M.1, Nogueira, S.D.L.1, Félix, V.R.1, Ribeiro, M.S.2, Miranda, E.M.2, Xavier, P.A.2, da Silva, M.M.C.N.2, Nascimento, M.B.2, Mota, M.V.3
1 UFC
2 SRLES/SESA
3 SESA
Período de Realização
Experiência realizada de março de 2024 a maio de 2025.
Objeto da experiência
A estratificação de risco familiar realizada pelas Equipes de Saúde da Família (eSF), no âmbito de um projeto de fortalecimento da APS no Ceará.
Objetivos
Descrever o processo de estratificação de risco familiar realizada em uma região de saúde, no período de março de 2024 a maio de 2025, e analisar seu impacto na reorganização dos processos de trabalho das eSF, no contexto do Projeto de Braços Abertos do Governo do Estado do Ceará.
Metodologia
A implementação da Escala de Coelho e Savassi (2012) se deu a partir das atividades da Planificação da Atenção à Saúde (PAS), um dos eixos do Projeto de Braços Abertos. Após oficinas de territorialização, a atividade de dispersão consistiu na aplicação da escala nos vinte municípios da região de saúde Litoral Leste Jaguaribe. Utilizou-se ferramentas de acompanhamento de registro do número de estratificações e dos planos de cuidado elaborados para as famílias.
Resultados
Foram estratificadas 114.081 famílias por nível de risco, as quais: 72.044 (sem risco), 24.531 (baixo), 9.792 (médio) e 7.714 (alto), em 146 UBS. Foram construídos 296 planos de cuidado para famílias de alto risco para priorizar as visitas domiciliares. O uso contínuo qualificou a abordagem familiar nos territórios e favoreceu a intersetorialidade das equipes. Desafios na interpretação das sentinelas de risco e termos polissêmicos prejudicaram a precisão e aceitação da ferramenta pelas eSF.
Análise Crítica
Embora ainda persistam desafios para a estratificação de risco, a adesão pelas eSF possibilita planejamento e priorização das visitas domiciliares, identificação das vulnerabilidades e integração intersetorial. Existem desafios associados à dificuldade de integrar esta prática na rotina das equipes, à falta de domínio dos profissionais sobre a ferramenta e à sua incompreensão, além da resistência à sua utilização, por vezes, vista como sobrecarga de trabalho.
Conclusões e/ou Recomendações
A estratificação de risco familiar favorece o fortalecimento da APS e do cuidado em saúde, sobretudo quando orientada para o reconhecimento do perfil de vulnerabilidade da população adscrita. Apesar dos desafios observados, revelou-se capaz de orientar o trabalho das equipes e subsidiar a tomada de decisão dos atores políticos sobre os principais determinantes sociais dos territórios. É preciso ainda garantir a institucionalização desta prática.
O APOIO INSTITUCIONAL DA GESTÃO ESTADUAL NA IMPLANTAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DAS EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS NOS MUNICÍPIOS PARAENSES: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Comunicação Oral
GALVÃO, S.S.C.1, DE LIMA, C.C.C.1, ALVES, A.B.S.1, PINHEIRO, E.G.R.1, PEREIRA, A.A.C.1, BOAVENTURA, A.C.S2, OLIVEIRA, J.R.S.2, MARTINS, A.S.2, COSTA, F.O.2
1 SESPA
2 UEPA
Período de Realização
Maio de 2023 a maio de 2025, com ações contínuas de apoio institucional e monitoramento técnico.
Objeto da experiência
Apoio institucional da gestão estadual na implantação e qualificação das eMultis na Atenção Primária à Saúde nos municípios paraenses.
Objetivos
Fortalecer a Atenção Primária à Saúde nos municípios paraenses por meio da implantação qualificada das eMultis, com apoio técnico contínuo, promovendo a organização do processo de trabalho no território e a utilização efetiva do sistema e-SUS APS.
Metodologia
A Coordenação Estadual de Saúde da Família, em parceria com o Ministério da Saúde, realiza oficinas virtuais e presenciais com as coordenações municipais de APS, abordando a implantação das eMultis, organização dos processos de trabalho no território e uso do sistema e-SUS APS, além de ofertar assessoria técnica contínua aos gestores municipais.
Resultados
Houve ampliação significativa do número de municípios com equipes implantadas, melhoria na organização dos processos de trabalho e maior adesão ao uso qualificado do sistema e-SUS APS. A assessoria técnica contínua fortaleceu a gestão local e promoveu avanços na integração entre as equipes multiprofissionais e a rede de atenção
Análise Crítica
O processo evidenciou a importância do apoio institucional contínuo e da escuta qualificada às realidades locais. A diversidade territorial e os diferentes níveis de maturidade das gestões municipais demandaram estratégias adaptadas. A qualificação das coordenações municipais foi essencial para consolidar avanços e superar resistências.
Conclusões e/ou Recomendações
O apoio institucional da gestão estadual mostrou-se fundamental para a efetiva implantação das eMultis. Recomenda-se a manutenção do suporte técnico contínuo, o fortalecimento das coordenações municipais e o investimento em processos formativos que considerem as especificidades locais para garantir a sustentabilidade da estratégia.
BUSCA ATIVA DA POPULAÇÃO HIPERTENSA E DIABÉTICA EM UMA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NA REGIÃO LITORÂNEA DO RIO DE JANEIRO: PROJETO DE INTERVENÇÃO
Comunicação Oral
Souza, I.V.S1, Siqueira, A.C.1, Nunes, N.G.F.1, Maganha, G.C.G.1, Lopes, M.M.1, Souza, B.S.2, Santos, C.B.3, Nunes, S.S3, Almeida, L.T.3
1 UFF
2 UFRJ
3 Secretaria Municipal de Rio das Ostras
Período de Realização
Realizado entre 08 de abril e 17 de julho de 2024, durante o estágio supervisionado.
Objeto da experiência
Captação e acompanhamento de usuários com hipertensão e/ou diabetes da Estratégia Saúde da Família, usando o Planejamento Estratégico Situacional.
Objetivos
Elaborar estratégias para captação e acompanhamento do público com hipertensão arterial (HAS) e/ou diabetes mellitus (DM) em uma ESF da região litorânea do Rio de Janeiro, utilizando o Planejamento Estratégico Situacional (PES) para qualificar o cuidado e reduzir morbimortalidade no Brasil.
Descrição da experiência
Acadêmicas de enfermagem, durante o estágio, aplicaram o PES para identificar e enfrentar o nó crítico da ausência de acompanhamento de usuários com HAS/DM. As técnicas utilizadas junto aos atores sociais foram a observação participante e a roda de conversa. Foram construídos instrumentos de coleta de dados e de consulta, realizadas buscas ativas por telefone e presenciais, e agendadas consultas de enfermagem em HiperDia. A ação envolveu toda a equipe multiprofissional da ESF.
Resultados
Foram identificados 514 usuários com HAS e/ou DM no território. A equipe realizou consultas utilizando instrumento próprio e mapeou o perfil dos usuários. A intervenção permitiu melhor estimativa de usuários por microárea, capacitação das equipes e melhoria na linha de cuidado. Contudo, enfrentaram-se desafios como absenteísmo, dados desatualizados e falta de prontuário eletrônico, o que dificultou a adesão e o monitoramento mais abrangente e efetivo.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou lacunas na adesão dos usuários ao cuidado contínuo e a importância da consulta de enfermagem como ferramenta de vinculação e rastreamento para doenças crônicas não transmissíveis. A aplicação do PES oferece uma metodologia prática e replicável para enfrentar problemas na Atenção Básica. Obstáculos como absenteísmo, desprestígio à consulta de enfermagem e falhas nos cadastros demonstraram a necessidade de investimento em educação em saúde e sensibilização comunitária.
Conclusões e/ou Recomendações
Fica evidente a importância do enfermeiro no cuidado sistemático aos usuários com HAS/DM, favorecendo o diagnóstico precoce e a promoção da saúde, reduzindo as desigualdades em saúde. Recomenda-se a ampliação das consultas de enfermagem, atualização cadastral contínua, valorização da busca ativa e do envolvimento da equipe multiprofissional. Ademais, integrar a academia e o serviço fortalece a Atenção Básica e qualifica a formação profissional.
CRIAÇÃO DE UM JOGO SOBRE SAÚDE DA FAMÍLIA: APROXIMAÇÕES AO DIREITO À SAÚDE
Comunicação Oral
Borges, Camila F1, Dias, Cynthia M1, Souza, Rodrigo N. A. de2, Carvalho, Flavia G. de1, Vellasques, Areta P.3, Lacerda, Alda1
1 EPSJV/Fiocruz
2 Autônomo
3 Secretaria Municipal de Saúde de Rio das Ostras
Período de Realização
Jogo desenvolvido de maio/23 a maio/24 (produto de pesquisa maior, submetida ao CEP).
Objeto da produção
Jogo cooperativo em forma de painel como instrumento de educação e comunicação em saúde para dispositivos de Atenção Primária em Saúde (APS) do SUS.
Objetivos
Construir um jogo a partir de temas sugeridos por 13 profissionais da APS da cidade do Rio de Janeiro entrevistados, tomando como premissa que jogos são processos interativos que carregam valores e podem contribuir para a problematização do tema e do contexto institucional.
Descrição da produção
A metodologia da heurística Values At Play na criação do jogo consiste em 3 momentos: identificação de valores no diálogo com os públicos envolvidos, implementação no processo de game design e verificação no uso efetivo do jogo. O processo é cíclico na geração de ideias, protótipos, testes e análises.
Após 13 entrevistas, agrupamos alguns temas recorrentes – acesso universal; cuidado em saúde; acesso, funcionamento e atribuições da ESF, UPA e APS – sob a noção valorativa de “direito à saúde”.
Resultados
Após sucessivos playtests, o 3º protótipo foi a versão aprovada. O jogo chama-se “Saúde da família: quem faz o quê?”. Tem uma dinâmica de associação e dedução, e trata das ações ofertadas por equipes de Saúde da Família e outras que participam da APS. Podem jogar de 2 a 8 pessoas, e dura cerca de 20 min. Reflete a valorização do trabalhador na APS, e considera valores dos usuários. O funcionamento do jogo leva em conta restrições de espaço, letramento e letramento lúdico dos jogadores.
Análise crítica e impactos da produção
A recepção do jogo tem sido positiva em vários municípios. Trabalhadores relatam ver sua atuação representada e valorizada, passível de ser compartilhada com a população, que muitas vezes não reconhece o trabalho e não conhece seus direitos.
O jogo foi pensado como recurso para educação e comunicação a respeito do direito à saúde. A comunicação em saúde é fundamental pois políticas públicas só se constituem efetivamente como tal quando circulam e são apropriadas pela população a que se destinam.
Considerações finais
A simplicidade do tema do jogo nos permitiu desnaturalizar a APS e ressituá-la criticamente: após quase 20 anos da transformação da saúde da família em estratégia de universalização do SUS, ainda se revelam vazios no seio do modelo de atenção.
Perguntamo-nos o quanto isso não deixa espaço para questionamentos ao direito à saúde. Nesse sentido, este jogo nos ajuda a fortalecer a APS.
SUPERANDO BARREIRAS NO TERRITÓRIO: A EXPERIÊNCIA DO PPD ITINERANTE NO ENFRENTAMENTO DA TUBERCULOSE EM UM DISTRITO SANITÁRIO DE RECIFE - PE
Comunicação Oral
TEIXEIRA, A.Q.1, MOREIRA, M. R.2, NASCIMENTO, D.N. JR2, SOUZA, G.P.2, ROCHA, E.C.M.A.DA2, MELO, M.S.C.DE2
1 Instituto Aggeu Magalhães – Fundação Oswaldo Cruz – Pernambuco E SECRETARIA DE SAÚDE DE RECIFE
2 SECRETARIA DE SAÚDE DE RECIFE
Período de Realização
Setembro/2018 a junho/2024, com hiato durante a pandemia e retomada progressiva.
Objeto da experiência
Implementação do PPD Itinerante para facilitar a realização da prova tuberculínica no Distrito Sanitário II de Recife.
Objetivos
Ampliar o acesso à prova tuberculínica no DS II, reduzindo barreiras geográficas e sociais, por meio da oferta itinerante do exame em unidades e abrigos, garantindo continuidade do cuidado e fortalecimento da rede de atenção no combate à tuberculose.
Metodologia
Iniciado em 2018, o PPD Itinerante buscou superar barreiras de acesso à prova tuberculínica, especialmente a distância da unidade de referência. A coordenação distrital, com base no monitoramento dos exames realizados, pactuava agendas com unidades com baixa cobertura e alto número de contatos, organizando convocações e transporte de profissionais habilitados. As ações incluíam orientações educativas sobre tuberculose durante o atendimento.
Resultados
Foram aplicadas 113 provas tuberculínicas em cinco locais diferentes entre 2018 e 2024. Durante a pandemia ocorreu uma interrupção temporária, mas houve retomada do acompanhamento dos casos pela coordenação, realização de PPD e início de tratamento para ILTB, quando necessário, junto às equipes. A estratégia ampliou o acesso, aumentou a cobertura, contribuiu para a detecção precoce, o cuidado integral de contatos de casos de tuberculose e o fortalecimento da rede de saúde intersetorial.
Análise Crítica
A estratégia permitiu refletir sobre a importância da territorialização, do monitoramento ativo e da articulação intersetorial na ampliação do acesso a exames diagnósticos. Evidenciou-se que ações itinerantes, integradas à rotina das equipes e acompanhadas pela coordenação, fortalecem o cuidado em rede. Reafirma-se a necessidade de planejamento, logística estruturada, capacitação e registro qualificado das ações.
Conclusões e/ou Recomendações
O PPD Itinerante demonstrou eficácia em ampliar o acesso à prova tuberculínica no DS II, minimizando barreiras estruturais e sociais. Recomenda-se a expansão da estratégia para outros distritos, aliada à capacitação de profissionais, uso de registros eletrônicos, para fortalecer a vigilância e o cuidado integral na tuberculose, além do fortalecimento dos vínculos e trabalho intersetorial na rede.
TERRITORIALIZAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS): CARACTERIZAÇÃO DOS DADOS DEMOGRÁFICOS E VARIÁVEIS DE CADASTROS VINCULADOS. CUIABÁ/MT, ÚLTIMO QUADRIMESTRE/2024.
Comunicação Oral
Santos, J.E.S.1, Caló, R.S.2, Oliveira, R.M.2, Oliveira, L.R.1
1 ISC/UFMT
2 SMS/Cuiabá
Período de Realização
06 de fevereiro a 15 de maio de 2025
Objeto da produção
Relatório técnico referente aos cadastros vinculados, como critério para na nova metodologia de financiamento da Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
Elaborar um relatório técnico apresentando a distribuição dos usuários cadastrados por perfil sociodemográfico, tipo de ficha utilizada, vulnerabilidade social e frequência de atendimentos, contribuindo para o planejamento e a tomada de decisões mais assertivas no âmbito da APS.
Descrição da produção
Os dados foram extraídos do e-Gestor/Sisab considerando os cadastros vinculados no 3º quadrimestre-2024, por região de saúde. Variáveis: sexo; número de atendimentos nos últimos 12 meses; classificação de cadastro dos usuários conforme as fichas cadastrais (FVD – Ficha de Visita Domiciliar e Territorial; FP – Ficha de Procedimento; FCI – Ficha de Cadastro Individual; FAI – Ficha de Atendimento Individual; E-SUS – Registro eletrônico); e as vulnerabilidades conforme Portaria SAPS/MS Nº 161/2024.
Resultados
Na dimensão cadastros, entre 507.768 usuários cadastrados, 54% é do sexo feminino. Desses, penas 0,5% dos usuários apresentaram cadastro completo, no que se refere à vulnerabilidade, prevaleceu usuários beneficiários do Programa Bolsa Família (43,0%); idosos (16,0%); e crianças ≤ 5 anos (14,9%). É importante reforçar que somente 29,0% dos usuários cadastrados tiveram ≥ 2 atendimentos, no último ano, na APS/Cuiabá. Verificou-se diferentes perfis entre as cinco regionais de saúde de Cuiabá.
Análise crítica e impactos da produção
A atualização e completude cadastral são fundamentais para identificar as necessidades de saúde da população. Destaca-se a baixa adesão ao atendimento contínuo em todas as regiões. Verificou-se ainda maior concentração de usuários vulneráveis em determinadas regionais de saúde, indicando desigualdades demandando estratégia diferenciadas de atenção. Espera-se que esse relatório técnico seja utilizado como instrumento orientador apontando as principais necessidades e vulnerabilidades sociais.
Considerações finais
Por meio da produção do relatório técnico identificou-se que existem grandes desafios para manter a completude cadastral sendo necessário priorizar investimentos e estratégias para as regiões com maior percentual de vulnerabilidade, e a identificação dessa população vislumbrando seu acompanhamento. É fundamental monitorar os indicadores de cadastro, acesso e vulnerabilidade identificando territórios mais frágeis que necessitam de maior atenção.