Programa - Comunicação Oral - CO5.3 - IMPLICAÇÕES DA TECNOLOGIA PARA O TRABALHO NA APS
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
ENTRE A PRESENÇA E O DIGITAL: DESAFIOS DOS ACS E ACE NA COMUNICAÇÃO EM SAÚDE NA ERA DA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Comunicação Oral
Costa, L. D.1, Andrade, N. F.1, Silva, J. P. F.1, Farias, J. S.2, Mendonça, A. V. M.1, Sousa, M. F.1
1 ECoS/UnB
2 UnB
Apresentação/Introdução
Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são essenciais na APS, promovendo a comunicação entre serviços e comunidade. Seu papel é fundamental na promoção da saúde, prevenção de doenças e enfrentamento da desinformação. A transformação digital impõe desafios e exige o uso adaptado de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
Objetivos
Analisar os meios de comunicação utilizados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no Brasil, os equipamentos tecnológicos disponíveis em seu trabalho e sua avaliação sobre essas ferramentas.
Metodologia
Trata-se de estudo quantitativo, com dados de pesquisa multicêntrica promovida pelo Laboratório de Educação, Informação e Comunicação em Saúde da UnB. Utilizou-se questionário online via REDCap, com variáveis sobre meios de comunicação utilizados, equipamentos tecnológicos disponíveis e desejados, qualidade da internet e fontes de informação no trabalho. A análise foi descritiva, com frequências absolutas e relativas. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
O estudo com 7.435 ACS, revelou que a visita domiciliar (68,0%) e o uso de aplicativos de mensagens (44,5%) são os principais meios de comunicação com as famílias, enquanto a interação com a equipe ocorre majoritariamente via WhatsApp/Telegram/Signal (54,5%). Quanto aos equipamentos (52%) possuem um smartphone e (50%) um tablet, mas apenas (83%) relatam conexão com a internet. Em relação a busca por informação, (63%) utilizam WhatsApp. Os dados apontam para a crescente digitalização da comunicação em saúde, mas também evidenciam desafios quanto à infraestrutura e à capacitação digital dos agentes para o acesso a fontes confiáveis.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam a centralidade das TICs na atuação dos ACS, mas também revelam desigualdades no acesso e uso qualificado dessas ferramentas. É urgente investir em infraestrutura, formação digital e estratégias de comunicação em saúde que aliem a presença territorial dos agentes às exigências da era digital, fortalecendo o enfrentamento da desinformação.
FLUXOGRAMA DE TELEASSISTÊNCIA PARA ATENDIMENTO À PESSOA GESTANTE COM DIREITO AO ABORTO LEGAL OU DESEJO DE ENTREGA DO RECEM-NASCIDO À ADOÇÃO NO MUNICÍPIO DE RECIFE
Comunicação Oral
Frutuoso, J.1, Carvalho, M. M.2, Alves, A. B. R.3, Jordão, C. N.3, Oliveira, I. K. B.3, Oliveira, L. M.3, Feitosa, D. N. M.3, Queiroz, T. O. B.3, Andrade, T. F. C.3, Magalhães, G. S. G.1
1 UFPE; Núcleo Municipal de Telessaúde do Recife
2 UERJ; Núcleo Municipal de Telessaúde do Recife
3 Núcleo Municipal de Telessaúde do Recife
Período de Realização
Foi construído de dezembro de 2024 a Março de 2025.
Objeto da experiência
Criação de fluxograma de teleassistência para apoiar gestantes com direito ao aborto legal ou desejo de entregar o recém-nascido para adoção.
Objetivos
Construir um fluxograma de teleassistência para orientar os profissionais do Núcleo Municipal de Telessaúde do Recife no atendimento a pessoas gestantes com direito ao aborto legal ou que manifestem o desejo de entregar o recém-nascido à adoção, promovendo assim um cuidado em saúde digno e integral.
Metodologia
A construção do fluxograma envolveu reuniões técnicas, revisão normativa e levantamento da rede municipal. A partir das demandas de gestantes e profissionais da APS nos teleatendimentos do serviço Atende Gestante, foi estruturado um fluxo com perguntas norteadoras, critérios legais e encaminhamentos. Ele foi desenvolvido através de um criador de fluxograma online da plataforma Miro e resultou na inclusão de novo item no menu do serviço, qualificando a assistência remota a gestações indesejadas.
Resultados
A construção do fluxograma para teleassistência a gestantes com direito ao aborto legal ou entrega do recém-nascido à adoção resultou na inclusão de novo item no menu do serviço Atende Gestante. A proposta foi validada por coordenação, equipe e gestores municipais. Recebida positivamente, a ação tem possibilitado acolhimento qualificado, incluindo casos resolutivos de encaminhamento para entrega à adoção e interrupção de gestação após violência sexual, em parceria com a Atenção Primária à Saúde.
Análise Crítica
A criação do fluxograma de apoio a situações de aborto legal ou desejo de entrega do recém-nascido à adoção trouxe mais segurança aos profissionais do Atende Gestante para o manejo dessas demandas. A experiência evidenciou desafios ligados a barreiras ético-legais na discussão do aborto no Brasil e ao impacto de questões morais no cuidado em saúde, se mostrando necessária a ampliação desse debate. Também permitiu mapear a rede de apoio a essas situações no município do Recife e fortalecer a APS.
Conclusões e/ou Recomendações
A construção do fluxograma e a inclusão do item “Informações sobre aborto legal ou entrega do recém-nascido à adoção” no menu do serviço do Atende Gestante evidenciaram o potencial da telessaúde para qualificar o cuidado a pessoas gestantes em situações de gravidez indesejada na APS. O processo foi enriquecedor e reforça a importância de tecnologias digitais para ampliar o acesso à informação segura e ao acolhimento ético, digno e resolutivo no SUS.
O PROCESSO DE INFORMATIZAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM JUAZEIRO DO NORTE NO BIÊNIO 2023-2024.
Comunicação Oral
Marrom, D.A.S1, Silva, C.A.1, Brito, Q.M.M.L.1, Saraiva, M.I.F.1, Araújo, Y.M.N.1, Bringel, C.S.N.1, Júnior, J.B. de L.1, Cassiano, C.J.M.1, Andrade, R.K.de1, Figueiredo, A.K.M.1
1 PMJN-CE
Período de Realização
Entre os anos de 2023 e 2024.
Objeto da experiência
O desenvolvimento da Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028 com foco na Atenção Primária à Saúde do município de Juazeiro do Norte.
Objetivos
Avaliar o processo de informatização da APS em Juazeiro do Norte entre 2023 e 2024; Analisar a adoção de tecnologias digitais na gestão da APS e Verificar o impacto da informatização na qualidade do atendimento aos usuários; e Identificar os desafios técnicos, operacionais e humanos enfrentados.
Metodologia
O processo consistiu em três etapas: Etapa 1 - Análise documental e contextualização: Foram revisados documentos oficiais, como a Lei nº 13.989/2020 e a Estratégia de Saúde Digital; Etapa 2 - Mapeamento dos processos: Por meio de observação direta e entrevistas com gestores e profissionais de saúde, foram mapeados os fluxos de trabalho e sistemas utilizados e Etapa 3 - Capacitação dos servidores sobre a Estratégia de Saúde Digital: Foram realizadas oficinas com servidores da Secretaria de Saúde.
Resultados
O processo de informatização teve resultados relevantes sobre a saúde digital na Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte, sendo que o município é considerado “piloto” da Estratégia E-sus APS para homologação de versões do sistema da APS. Foram informatizadas as 2 equipes Consultório na Rua, 80 equipes Saúde da família, 6 equipes de Atenção Primária e as 7 equipes multidisciplinares - Emulti, observando o percentual de 104,85% de cobertura da atenção primária à Saúde/SAPS/MS.
Análise Crítica
A implementação enfrentou lacunas na infraestrutura tecnológica e na integração dos sistemas. Identificou-se que a implantação de prontuário eletrônico e sistemas de gestão agilizou o atendimento e melhorou a gestão de recursos. As oficinas realizadas com os servidores evidenciaram a necessidade de treinamentos contínuos para garantir a efetiva utilização das ferramentas digitais. Alguns servidores demonstraram dificuldades técnicas, reforçando a importância de investimentos em capacitação.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a informatização da APS em Juazeiro do Norte no biênio 2023-2024 representou um passo importante para a modernização da saúde no município, com impactos positivos na eficiência e na qualidade dos serviços. No entanto, para consolidar esses avanços, é necessário superar os desafios identificados, investindo em infraestrutura, capacitação e políticas de integração tecnológica.
DOENÇAS OCULARES EVITÁVEIS: APLICAÇÃO DE TECNOLOGIA INOVADORA PARA EXPANSÃO DE CUIDADOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Comunicação Oral
DOS SANTOS, Isaura Brito1, PUCHAR, Sualé2, FAQUIHI, Momade Fumo2, NAKAYAMA, Shintaro3, SHIMIZU, Eisuke3, KOJIMA, Yui4, BOUSQUAT, Aylene5
1 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (USP), Brasil & Faculdade de Medicina, Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Moçambique
2 Faculdade de Ciências de Saúde, Universidade Lúrio (UniLurio), Moçambique
3 OUI Inc. Japão & Departmento de Oftalmologia da Escola de Medicina, Universidade Keio, Japão
4 OUI Inc. Japão & Escola Médica Nippon, Japão
5 Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (USP), Brasil
Apresentação/Introdução
A cegueira e a deficiência visual por causas evitáveis e tratáveis afetam principalmente países de baixa e média renda. A detecção precoce de alterações oculares na atenção primária é central para reverter este quadro e o uso de inovações tecnológicas pode contribuir para melhores resultados, especialmente em áreas remotas.
Objetivos
Identificar a frequência de doenças no segmento ocular anterior por meio de nova tecnologia de diagnóstico por teleoftalmologia em contexto rural em Moçambique, comparando a concordância entre a avaliação presencial e remota.
Metodologia
Estudo transversal, no período de Setembro de 2022 a Setembro de 2023 na comunidade de Mutauanha em Nampula, Moçambique, com a aprovação ética IRB 41.1/Dez/CBISUL/21. A observação ocular, a captura de fotografias e vídeos do seguimento ocular anterior e intermédio, foi realizada por meio de dispositivo portátil, Smart Eye Camera, e os diagnósticos feitos por oftalmologistas remotamente, enquanto optometristas locais avaliavam presencialmente. A análise estatística incluiu a determinação da frequência das doenças, a associação com fatores de risco e a análise da concordância diagnóstica.
Resultados
A amostra incluiu 366 participantes, com 229 (62.6%) do sexo feminino. A idade média foi 22.1±14.0 anos, sendo 194 participantes < 20 anos e 168 ≥ 20 anos de idade. As condições mais frequentes foram catarata (35.1%), pinguécula (22.5%), nevos (22.3%) e pterígio (13.4%). Não houve associação entre morbidade e idade dos participantes, com exceção da catarata que apresentou associação com o avanço da idade. Os diagnósticos feitos pelos optometristas em tempo real, demonstraram forte concordância com as avaliações remotas realizadas pelos oftalmologistas, principalmente para catarata (r=0.784; k=0.775) e hemorragia subconjuntival (r=1.00; k=1.00).
Conclusões/Considerações
A utilização da tecnologia para rastreios comunitários, mostrou ser um facilitador de diagnósticos remotos confiáveis assim como um ampliador para o acesso aos cuidados oculares em regiões de difícil acesso de profissionais de saúde ocular. Os principais achados identificaram elevada frequência de patologias oculares, incluindo alterações e causas de cegueira, que poderiam ser tratadas e evitadas através de medidas simples de saúde pública.
TELECONSULTA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ANÁLISE DO CENÁRIO BRASILEIRO DE 2021 A 2024
Comunicação Oral
SOARES, Camila Sâmara Alves1, OLIVEIRA, Mailson Silva de1, SALDANHA, Katiana Diógenes1, SILVA, Alice Vieira da1, LIMA, Verilanda Sousa2, LIMA, Verineida Sousa1
1 Sem filiação
2 UNIPLAN
Apresentação/Introdução
A teleconsulta emergiu como estratégia fundamental para garantir acesso à saúde durante a pandemia de COVID-19. No Brasil, sua consolidação na Atenção Primária à Saúde exigiu regulamentações e adaptações. No entanto, desigualdades regionais persistem, comprometendo a universalização dessa tecnologia como ferramenta assistencial.
Objetivos
Analisar o perfil de utilização da teleconsulta na APS brasileira entre 2021 e 2024, a fim de subsidiar políticas públicas mais equitativas em saúde digital.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental, exploratória, com abordagem quantitativa. Os dados foram extraídos do sistema e-Gestor APS, do Ministério da Saúde, referentes às teleconsultas realizadas entre 2021 e 2024. As variáveis analisadas incluíram: região, estado, sexo, idade e categoria profissional (CBO). A análise dos dados foi realizada por meio do Microsoft Excel, utilizando gráficos e tabelas para distribuição e comparação entre regiões e grupos populacionais. A interpretação dos achados foi fundamentada em literatura científica nacional, permitindo identificar padrões e desigualdades no uso da teleconsulta.
Resultados
Identificou-se maior concentração de teleconsultas nas regiões Sudeste e Sul, especialmente em 2021, auge da pandemia, com queda e estabilização a partir de 2022. Mulheres utilizaram mais o serviço em todas as faixas etárias e regiões, com adultos de 18 a 59 anos predominando nos atendimentos. Estados como São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais lideraram em números absolutos, enquanto Amapá, Roraima e Acre tiveram os menores registros. Enfermeiros e médicos foram os profissionais mais atuantes nas teleconsultas. Diferenças na disponibilidade de recursos para investimentos tecnológicos e capacitação profissional podem ter influenciado a desigualdade no uso das teleconsultas entre as regiões.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou que, apesar do avanço da saúde digital no SUS, a teleconsulta ainda reflete as desigualdades estruturais do país. O predomínio do Sudeste revela concentração de recursos e infraestrutura. A menor adesão em regiões como Norte e Nordeste aponta para a necessidade urgente de políticas públicas que promovam equidade digital, ampliem o acesso à tecnologia e qualifiquem a APS em todo o território nacional.
USO DO PRONTUÁRIO ELETRÔNICO E COMPARTILHAMENTO DE DADOS ASSISTENCIAIS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE BRASILEIRA: RESULTADOS DO CENSO NACIONAL DAS UBS 2024
Comunicação Oral
SCAVAZZA, M. S.1, PILZ, C.1, KLITZLE. D. D.1, CALDAS, A. L. F.1, KEMPER, E. S.1, MOREIRA, M. A. M.1, CHAVES, S. A. M. A.1, CARDILLO, C. Z.1, ALENCAR, T. M.1, SILVA, J. R. S. M.1
1 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
O processo de digitalização da APS ‒ com prontuários eletrônicos e dados clínicos estruturados ‒ qualifica o cuidado, reforça a continuidade e melhora a gestão. O Censo das UBS 2024 mostra avanços expressivos, mas também desigualdades regionais na adoção do prontuário eletrônico e na troca de informações entre serviços.
Objetivos
Descrever a adoção do prontuário eletrônico e os padrões de compartilhamento de informações clínicas entre pontos de atenção das UBS brasileiras, a partir dos dados do Censo das UBS de 2024.
Metodologia
Estudo descritivo transversal com 44938 UBS. A questão “A UBS utiliza prontuário eletrônico (PE)?” gerou 39238 respostas “sim” (4 perdas, 0,01 %). Todos os indicadores de uso, software e categorias profissionais referem-se a esse denominador. A pergunta subsequente (condicional) sobre compartilhamento foi respondida por 32549 UBS (82,9% das que usam PE; perdas = 6689). Variáveis analisadas: software implantado; profissionais que registram no PE; e pontos de atenção que recebem dados (outras UBS, CAPS, CEO, serviços especializados, UPA, laboratórios, urgências, hospitais públicos, rede conveniada/privada). Calculadas frequências absolutas e relativas e estratificadas por região brasileira.
Resultados
O uso de prontuário eletrônico esteve presente em 87,3% das UBS (39238), sendo: Sul 97,8%, Centro-Oeste 95,3 %, Sudeste 92,2%, Nordeste 83,5%, Norte 64,9%. O e-SUS APS responde por 68,8% (26995) das implantações, predominando Norte 91,9% e Nordeste 91,6%; softwares privados concentram-se no Sul 55,4 %. Médicos e enfermeiros registram em 97,6% das UBS, dentistas em 82,3 % e equipes multiprofissionais em 56,2%. Entre 32549 UBS que responderam sobre compartilhamento, 79,5% (25860) enviam dados a pelo menos um ponto; 20,5% (6689) declaram não compartilhar. Destinos mais frequentes: outras UBS 96,3 % (31 347), CAPS 28,4 % (9 243), serviços especializados públicos 25,3 % (8 252) e outros.
Conclusões/Considerações
A adoção do PE na APS brasileira é hoje uma realidade, contudo, o compartilhamento de dados permanece restrito: a informação circula sobretudo dentro da própria APS, enquanto menos de um terço das UBS troca dados com serviços especializados e apenas 1 em cada 10 com hospitais. Expandir conectividade, padronizar registros e fortalecer fluxos interníveis são passos decisivos para integrar cuidados e elevar a qualidade e a eficiência do SUS.