Programa - Comunicação Oral - CO13.19 - Desafios da Formação em Saúde: Integração, Ética e Cuidado no SUS
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
AS RELAÇÕES DE ORIENTAÇÃO ACADÊMICA NA FORMAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA: NARRATIVAS DISCENTES SOBRE SAÚDE MENTAL
Comunicação Oral
Guedes, C.R.1, Maksud, I.2, Quintanilha, N.F.3, Almeida, M.L.I.N3, Costa, A.C.S.M.J3, Granado, L.F.O3
1 ISC/UFF
2 IFF/FIOCRUZ
3 UFF
Apresentação/Introdução
As implicações das relações de orientação acadêmica na saúde mental discente são pouco investigadas na formação em Saúde Coletiva. A literatura mais ampla aborda quadros de depressão, ansiedade e estresse entre pós-graduandos e indica que o sofrimento psíquico é decorrente das exigências de prazos e produtividade, bem como de relações conflituosas entre orientadores e orientandos.
Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo analisar as repercussões das relações de orientação acadêmica na saúde mental discente, com base em narrativas de pós-graduandos em Saúde Coletiva.
Metodologia
O método consistiu em um estudo qualitativo exploratório, com entrevistas em profundidade com orientandos/as de pós-graduações em Saúde Coletiva/Saúde Pública de diferentes instituições brasileiras. As entrevistas seguiram um roteiro semiestruturado e foram conduzidas pelas pesquisadoras principais com a presença de um/a discente de Iniciação Científica. Ocorreram no presente ano através de plataforma virtual; foram gravadas, transcritas e registradas em diários de campo. Posteriormente, foi realizada análise temática, e as categorias foram discutidas à luz da literatura sobre o tema e a partir de referenciais das Ciências Humanas e Sociais.
Resultados
As principais questões apontadas pelos discentes como geradoras de sofrimento psíquico foram: falta de liberdade para a escolha ou troca do orientador; indisponibilidade de orientadores para encontros e revisão de material escrito; pouca autonomia para a escolha de temas; e pressão para finalização das teses. As relações abusivas de poder entre orientadores e orientandos foram mencionadas como fonte de adoecimento psíquico e expressas em forma de humilhações e constrangimentos. As estratégias encontradas pelos estudantes para promover a saúde mental se concentraram na formação de grupos entre colegas de turma, para trocas e ajuda mútua, e na participação em coletivos acadêmicos.
Conclusões/Considerações
Consideramos que as relações de orientação acadêmica podem exercer um duplo potencial dicotômico: produzir condições de sofrimento e adoecimento, mas também apresentar possibilidades para promover o bem-estar discente, por meio de relações mais construtivas. Por fim, as estratégias grupais mostram-se como dispositivos relevantes na promoção da saúde mental nas pós-graduações em Saúde Coletiva.
REALIZAR PESQUISA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: REFLEXÕES, IMPRESSÕES E DESAFIOS INERENTES
Comunicação Oral
Albuquerque, J. D. S.1, Rocha, K. P.1, Freire, J. C. G.1, Martins, F. E. S.1, Trigueiro, J. V. S.1, Oliveira, L. F.1
1 Universidade Federal da Paraíba
Período de Realização
A pesquisa que deu origem a este relato vem sendo realizada desde junho de 2024.
Objeto da experiência
O trabalho acontece com as Equipes de Saúde na Família (eSF) da Atenção Primária à Saúde (APS) de uma capital do nordeste brasileiro.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é, através da experiência de um pesquisador, refletir a respeito dos desafios inerentes da realização das atividades de pesquisa na APS, bem como apontar as fragilidades deste processo, fomentando assim a discussão entre pesquisadores que compartilhem desta vivência.
Descrição da experiência
A pesquisa a qual este este relato se refere é feita em censo, e se propõe a gerar discussão sobre aspectos de política, planejamento, gestão em saúde, bem como das ciências sociais e humanas. Na rotina das abordagens dentro das Unidades de Saúde da família (ou no acesso a elas) muitos têm sido os aspectos que chamam a atenção do pesquisador e que ultrapassam os dados coletados. Tais aspectos convergem em dois pontos: o processo de vulnerabilização e a resistência da gestão para realização.
Resultados
Foram notadas dificuldades relacionadas ao acesso do pesquisador ao campo, muitas vezes relacionadas ao processo de vulnerabilização e às barreiras de acesso à comunidade, impostas por relações abusivas de poder. Além disso, negativas/recusas na colaboração junto a pesquisa por parte de categorias específicas, sugerem a falta de conhecimento acerca do papel e da importância da pesquisa no Sistema Único de Saúde (SUS), e/ou a sobrecarga de trabalho a qual os profissionais da APS estão sujeitos.
Aprendizado e análise crítica
As pesquisas realizadas no contexto do SUS, via de regra, objetivam o fortalecimento de políticas públicas, efetivação a direitos e construção de práxis assertivas. No entanto, nota-se que ainda existe a necessidade de melhoria no fluxo das pactuações entre academia e serviço e redução o distanciamento entre tais instâncias, possibilitando o rompimento de barreiras, a fim de que pesquisadores e profissionais que atuam no serviço compreendam a importância de uma pesquisa implicada e propositiva.
Conclusões e/ou Recomendações
Pode-se inferir que a APS é um cenário desafiador para a realização da pesquisa, e quando o pesquisador opta por fazer uma pesquisa social em saúde, muitas outras questões emergem para embasamento fenomenológico. Sugere-se a realização e publicação de pesquisas-ação para fomentar a discussão envolvendo as atividades de pesquisa na APS.
FORMAÇÃO EM ÉTICA E INTEGRIDADE ACADÊMICA NO ENSINO SUPERIOR NA ERA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA LATINO-AMERICANA
Comunicação Oral
Mendonça, P.B.S.1, Soares, L.B.1, Esposti, C.D.D.1, Carvalho, R.B.1
1 Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGSC/UFES).
Período de Realização
O curso de formação foi realizado de 03/02/2025 a 10/06/2025, com certificação de 25 horas.
Objeto da experiência
Curso de formação sobre ética e integridade acadêmica no ensino superior e pesquisa, a partir da reflexão sobre o uso da Inteligência Artificial (IA).
Objetivos
Apresentar um relato de experiência vivenciado em curso de formação sobre ética e integridade acadêmica no ensino superior e na pesquisa universitária, com reflexão crítica sobre o uso da IA, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Descrição da experiência
A experiência foi realizada em ambiente virtual do Instituto Internacional de Educação Superior da UNESCO para América Latina e Caribe (IESALC). O curso foi organizado em oito módulos temáticos, por meio de leituras, fóruns de discussão, atividades práticas e seminários síncronos a cada módulo. Contou com a interlocução de tutores e palestrantes sobre os seguintes temas: evolução do conceito de integridade acadêmica, IA, formas de fraude acadêmica, revistas predatórias, ética, entre outros.
Resultados
O curso contou com 1.007 inscritos, representados pela comunidade acadêmica de professores, gestores da educação superior e pesquisadores da América Latina e do Caribe. Os materiais didáticos e seminários foram ofertados em espanhol, o que facilitou a comunicação entre os participantes. Os encontros síncronos ocorreram pela plataforma Zoom, sempre às 12h (horário da Colômbia), com duração de 1h30min e média de 200 participantes, possibilitando uma troca enriquecedora sobre os temas abordados.
Aprendizado e análise crítica
A integridade acadêmica no contexto do uso da IA é um tema que demanda avanço nas discussões, especialmente no que diz respeito ao entendimento, à normatização e à regulamentação nas Instituições de Ensino Superior brasileiras. A abordagem crítica sobre diversos temas, como ciência e credibilidade acadêmica, revistas predatórias, ética e IA, favoreceu amplos debates e trocas de experiências entre os participantes. Os fóruns mostraram-se espaços privilegiados para a promoção dessas discussões.
Conclusões e/ou Recomendações
O curso de formação proporcionou uma experiência inovadora, pautada em um processo de aprendizagem ativa. A troca de experiências entre participantes de diversos países favoreceu reflexões sobre temas atuais, ainda pouco debatidos e normatizados nas universidades brasileiras. A IA é uma realidade presente na sociedade, mas é necessário refletir criticamente sobre seus potenciais e limites no contexto acadêmico, sempre com base na ética.
A PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE A GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA NO BRASIL: UMA ANÁLISE DO PERÍODO 2021-2025
Comunicação Oral
Pedreira, M.S.1, Miranda, T.A.L.1, Freire, M.2
1 ISC/UFBA
2 ISC/ UFBA
Apresentação/Introdução
A Saúde Coletiva (SC) emergiu nos anos 70, impulsionando a criação do SUS e o direito à saúde na Constituição de 1988. Para formar profissionais que atuassem nesse sistema e mitigar as iniquidades, surgiu a graduação em SC em 2009. Quinze anos depois, torna-se vital analisar sua produção científica para guiar os rumos dessa formação, sempre alinhada aos princípios da Reforma Sanitária Brasileira.
Objetivos
Mapear a produção científica brasileira sobre a Graduação em Saúde Coletiva, identificando os principais temas abordados no período 2021-2025
Metodologia
Este estudo exploratório e descritivo revisou a literatura científica sobre a Graduação em Saúde Coletiva no Brasil. A pesquisa, realizada em junho de 2025, utilizou as bases Periódicos CAPES, SciELO, BVS, LILACS e Researcher Rabbit com a palavra-chave "Graduação em Saúde Coletiva". Das 385 produções encontradas, 10 foram incluídas após triagem e seleção duplo-cega via Rayyan. Foram considerados artigos completos em português, publicados entre 2021 e 2025, focados na graduação em Saúde Coletiva no Brasil. Anais, teses, dissertações e resumos foram excluídos. A análise temática das 10 publicações abordou: formação/ensino, mercado de trabalho/mundo do trabalho e identidade do sanitarista.
Resultados
A análise da produção científica publicada sobre a graduação em Saúde Coletiva no período definido revelou 3 eixos temáticos predominantes. O mais recorrente trata do ensino, abordando tanto a importância de inclusão de conteúdos específicos para a formação quanto analisa o ensino a partir dos projetos pedagógicos. Outro tema refere-se à inserção no mercado de trabalho, incluindo a construção da identidade profissional do sanitarista. O 3º eixo tem como enfoque a graduação em saúde coletiva como estratégia política. Destaca-se, ainda, a presença de uma revisão integrativa que mapeou a produção científica entre 2015 e 2020
Conclusões/Considerações
A literatura sobre a graduação em Saúde Coletiva revela debates cruciais sobre seu papel pedagógico e político-social. A evolução da formação é moldada pela inclusão de novos sujeitos na universidade, demandas do mercado e avaliações contínuas dos docentes e discentes ao longo da implantação do curso. A análise crítica da produção científica é vital para aprimorar o curso e fortalecer o papel dos bacharéis na defesa do direito à saúde.
PAPER LESS - RELATO DE EXPERIÊNCIA EM GESTÃO DE DOCUMENTOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO ÂMBITO DO ENSINO DE GRADUAÇÃO NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFMG
Comunicação Oral
Chagas, Y. E. W.1, Silva, G. L.2, Viana, S. M. N.2, Silva, D. P. L.1, Silva, G. A.1, Barbosa, J. V. B.1, Faria, V. A.2, Zanini, J. L. S. S.2, Kakehasi, F. M.2, Santos, L. S.1, Chagas, Y. E. W.1, Silva, G. L.2, Viana, S. M. N.2, Silva, D. P. L.1, Silva, G. A.1, Barbosa, J. V. B.1, Faria, V. A.2, Zanini, J. L. S. S.2, Kakehasi, F. M.2, Santos, L. S.1, Chagas, Y. E. W.1, Silva, G. L.2, Viana, S. M. N.2, Silva, D. P. L.1, Silva, G. A.1, Barbosa, J. V. B.1, Faria, V. A.2, Zanini, J. L. S. S.2, Kakehasi, F. M.2, Santos, L. S.1
1 UFMG
2 HC/UFMG/EBSERH
Período de Realização
O projeto iniciou em 19/01/2024 e segue em desenvolvimento na data de escrita do presente relato.
Objeto da experiência
O relato aborda vivências do projeto de extensão “Paper Less - Possibilidades de Gestão de Documentos no Âmbito do Ensino de Graduação Público”.
Objetivos
Com o avanço da crise climática, a política de papel zero vem sendo discutida como uma alternativa pró-ambiental. Diante disso, o projeto Paper Less busca implementar no Hospital das Clínicas da UFMG a eliminação de arquivos físicos e a mudança de cultura na gestão de documentos.
Descrição da experiência
O Paper Less teve início durante o ano de 2019 na Unidade de Graduação, Ensino Técnico e Extensão do HC/UFMG. A mudança da cultura interna quanto ao uso de papel e aspectos legais relacionados à digitalização e arquivamento de documentos físicos existentes foram alvos de ação, a fim de viabilizar a hospedagem dos arquivos em nuvem com garantia de segurança e rastreabilidade. A captação de colaboradores também mostrou-se essencial para a organização, conferência e digitalização dos documentos.
Resultados
Entre os resultados alcançados pelo projeto está a progressão na elaboração de uma norma de papel zero no âmbito da graduação no campo de prática do HC/UFMG. Houve também melhoria do conhecimento sobre legislação, administração e processos arquivísticos, por meio de diálogo com setores responsáveis pela gestão de documentos, com o objetivo de viabilizar o armazenamento digital de documentos, e início do trabalho de organizar, padronizar, conferir, digitalizar e arquivá-los no formato eletrônico.
Aprendizado e análise crítica
A relevância da política de papel zero para reduzir desperdício de material e minimizar o impacto ambiental da instituição e a facilidade para a gestão de documentos proporcionada pelo armazenamento em nuvem tornaram-se evidentes com a execução do Paper Less no HC/UFMG. O processo de conscientizar e treinar colaboradores, informatizar a unidade, entender aspectos legais envolvidos no arquivamento e digitalização de documentos, apesar de complexo, é necessário para aumentar a eficácia da gestão.
Conclusões e/ou Recomendações
A sustentabilidade é responsabilidade coletiva e as instituições públicas devem desenvolver estratégias para reduzir danos ambientais. O Paper Less é uma alternativa pró-ambiental e possibilita ganho em eficácia e maior solidez no trato de informações. Desafios enfrentados no projeto e soluções desenvolvidas por essa experiência e por experiências em serviços similares podem inspirar demais instituições a implementar a política de papel zero.
EXPANSÃO E DESAFIOS DA PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA NA AMAZÔNIA
Comunicação Oral
Coelho, F. R. D.1, Basílio, M. L.1, Dantas, D. S.2, Batista Leite, L. R.1, Souza, R. C. B.2, Miguez, S. F.2
1 ILMD/FIOCRUZ
2 UEA
Apresentação/Introdução
A Amazônia, de relevância inquestionável, enfrenta sub-representação na Saúde Coletiva, refletindo concentração histórica de cursos de pós-graduação no Sudeste e desafios de financiamento e qualificação na região. Contudo, cresce o esforço de instituições e pesquisadores para fortalecer a representatividade amazônica, valorizando seu potencial epistêmico e sua contribuição singular para a saúde.
Objetivos
Este estudo buscou analisar as especificidades da Saúde Coletiva na Amazônia a partir de dados da pós-graduação stricto sensu, sua produção científica, considerando os desafios, limitações, singularidades e relevância do campo na região.
Metodologia
Realizou-se levantamento de dados acerca dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva, disponíveis nas Plataformas Sucupira e GeoCAPES, com base nos últimos relatórios consolidados em 2023. A análise contextual e histórica dos dados foi utilizada para mapear a institucionalização do campo da Saúde Coletiva no Brasil, com foco na identificação de assimetrias regionais, em que foram analisadas a distribuição dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva, com base nos indicadores de quantidade e produtividade, priorizando as informações da região Norte. Também foram examinadas produções científicas no Amazonas, listando as temáticas mais frequentes e a atuação de pesquisadores locais.
Resultados
A sub-representação da Saúde Coletiva na Amazônia está sendo superada pela expansão de cursos de pós-graduação, fruto de DINTERs e MINTERs e cooperações institucionais. Em 2023, o Brasil contava com 97 programas, sendo 44 no Sudeste, 6 no Norte e 3 no Amazonas. Em Manaus, foram criados um doutorado em Saúde Pública na Amazônia (2020) e um mestrado em Saúde Coletiva (2021). Os programas somaram mais de 500 produções científicas em 2023. Predominam estudos epidemiológicos, mas cresce o foco na saúde indígena, ribeirinha e Atenção Primária. Apesar das limitações e avaliação desigual da CAPES, iniciativas como uma turma de mestrado para indígenas reforçam o compromisso social da ciência.
Conclusões/Considerações
A Saúde Coletiva na Amazônia é um campo vivo, marcado por impasses como a rotatividade de profissionais e desafios logísticos e financeiros. Apesar das assimetrias regionais, avança com qualificação de novos cientistas e compromisso com o saber local. Diante das urgências em saúde, a integração entre saberes tradicionais e a ciência, oferece oportunidades de criar práticas inovadoras que atendam às suas peculiaridades e inspiram outras regiões.