
Programa - Comunicação Oral - CO13.17 - Diálogos sobre a Formação: Rumo à Transformação
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
RELATO DE EXPERIÊNCIA: DIÁLOGO ENTRE SABERES POPULARES E PRÁTICAS PROFISSIONAIS NA ATENÇÃO BÁSICA
Comunicação Oral
1 Prefeitura Municipal de Sorocaba
Período de Realização
Maio de 2025: formulário diagnóstico (15 a 19/05), oficinas presenciais (20/05 e 06/06).
Objeto da experiência
Implementação de rodas de conversa para aproximar profissionais de saúde dos saberes populares presentes no território da UBS.
Objetivos
Promover reflexão crítica sobre saberes populares no cuidado em saúde; reduzir posturas tecnicistas; criar espaços de diálogo e escuta ativa; aproximar categorias profissionais através de experiências compartilhadas; fortalecer a cultura de Educação Permanente no cotidiano das equipes.
Descrição da experiência
Realizadas duas oficinas de educação permanente utilizando metodologias ativas inspiradas na Educação Popular em Saúde e Círculos de Cultura de Paulo Freire. Primeiro encontro incluiu escuta diagnóstica, rodas problematizadoras com disparadores visuais e dinâmica de narrativas. Segundo encontro resgatou conhecimentos prévios e debateu comunicação não violenta para aproximação populacional, culminando com ritual espontâneo do chá oferecido pela equipe.
Resultados
Ampliação da percepção dos profissionais sobre a presença e importância dos saberes populares no território. Criação de espaço seguro
para compartilhamento de experiências entre diferentes categorias profissionais. Desenvolvimento de competências em comunicação não violenta para aproximação com a população. Identificação da potência territorial através do ritual espontâneo do chá no segundo encontro, demonstrando sensibilidade da equipe aos saberes locais.
Aprendizado e análise crítica
A experiência revelou que os saberes populares já estão presentes no cotidiano das equipes, mas frequentemente não são reconhecidos como conhecimento válido. A comunicação não violenta mostrou-se fundamental para aproximação com a população e fortalecimento do olhar entre equipe. O ritual espontâneo do chá no segundo encontro evidenciou a capacidade dos profissionais de criar momentos de cuidado integral quando há espaço para expressão de saberes locais.
Conclusões e/ou Recomendações
A integração entre saberes populares e técnicos fortalece o cuidado integral na atenção básica. Recomenda-se institucionalizar espaços regulares de diálogo sobre saberes territoriais, capacitar facilitadores locais em metodologias dialógicas, documentar práticas populares presentes no território e incluir esta temática na educação permanente das equipes como estratégia de humanização e territorialização do cuidado.
LETRAMENTO EM SAÚDE MENSTRUAL NAS ESCOLAS DO DISTRITO FEDERAL
Comunicação Oral
1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
2 Universidade Tiradentes
3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte
4 Universidade Federal do Goiás
5 Universidade de Brasília
Período de Realização
Escola Ensino Fundamental 11 Ceilândia em abril de 2024, e na escola Paulo Freire em maio de 2025.
Objeto da experiência
As Oficinas sobre letramento em saúde menstrual foram realizadas com adolescentes 13 a 17 anos em duas escolas públicas distintas do Distrito Federal.
Objetivos
Desmistificar a menstruação, promover um espaço de educação em saúde menstrual, fomentar a cultura do respeito com adolescentes; reduzir a desinformação e preconceitos relacionados ao ciclo menstrual.
Descrição da experiência
As primeiras oficinas foram realizadas no CEF 11, e em 2025 na escola Paulo Freire. Para aproximar o tema, foi utilizada a metodologia roda de conversa, onde são mencionadas as mudanças físicas, emocionais, e sociais que acompanham as fases da vida. É explicado as fases de um ciclo de menstrual. Ressaltando-se as práticas higiênicas e de autocuidado. Os estudantes são informados sobre o programa dignidade menstrual. Por fim, eles são convidados a jogar o desafio com perguntas e respostas.
Resultados
As atividades demonstraram a importância de fortalecer a cultura do respeito sobre os ciclos naturais do corpo. As adolescentes do sexo feminino relataram que já deixaram de ir à escola por desconfortos físicos e sociais durante o período menstrual. Dentre os termos que surgiram nas dinâmicas apareceram os termos: “dor”, “sofrimento”, “sangue”, “vergonha”, “sujo” para se referir à menstruação. A metodologia nuvem de palavras possibilitou um espaço de desmistificação e naturalização da temática.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que a menstruação apesar de estar presente na vida das estudantes, ainda é invisibilizada e subestimada. Posta não numa perspectiva de saúde, mas de doença, sobressaíram-se os desconfortos e constrangimentos. Pelas falas dos estudantes é possível observar que eles observavam a menstruação com uma finalidade apenas de se evitar a gravidez. O que evidencia, que o letramento em saúde menstrual ainda precisa avançar degraus em uma proposta de promoção da saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que o diálogo com estudantes no momento é essencial para enfrentar à desinformação sobre a temática. Além de incentivar a participação dos estudantes, de forma estimulante proporciona a quebra de tabus e estigmas. A oficina reforça a cultura do respeito, e promove um olhar de acolhimento para com a menstruação, pois a coloca num papel de importância e de sentidos que vão para além de um viés reprodutivo.
O CURRÍCULO COMO TRAVESSIA: A EXPERIÊNCIA DE CONSTRUÇÃO DO CURSO DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE (EDPOPSUS)
Comunicação Oral
1 EPSJV/Fiocruz
2 DGIP/SE/MS
3 Ekobé/UEC
Período de Realização
Janeiro de 2024 até o momento.
Objeto da experiência
A construção do currículo e do material educativo do Curso de Educação Popular em Saúde, o EdPopSUS.
Objetivos
O EdPopSUS é uma estratégia da Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do SUS que possui 184 horas e visa qualificar trabalhadores, principalmente agentes comunitárias de saúde e agentes de endemias, e lideranças comunitárias, para atuarem nos territórios de atenção básica.
Metodologia
Trata-se da terceira edição do EdPopSUS que apresenta um novo currículo e material educativo. O currículo foi construído como uma travessia, de um ponto de partida a um ponto de chegada, passando por 5 trilhas: da história e da memória; da cultura, da democracia, da vigilância popular em saúde; da atenção e do cuidado. O livro apresenta os fundamentos da educação popular e propõe encontros, atividades pedagógicas, cartografias e textos que enriquecem os diálogos e a problematização dos temas.
Resultados
O ponto de partida traz os princípios da educação popular e promove a reflexão sobre o território como lugar onde a vida acontece. A travessia pelas trilhas possibilita: o resgate da memória e da história; a compreensão da cultura como constituinte do mundo; a participação popular e a equidade como elementos do direito à saúde; o olhar apurado sobre as forças que ameaçam e potencializam a vida; o reconhecimento das práticas de cuidado. O ponto de chegada é uma tenda de educação popular.
Análise Crítica
O trabalho coletivo e interdisciplinar empenhado em torno da revisão curricular e do material educativo permitiu a construção do EdPopSUS como uma experiência de educação popular em saúde, que tem o território como unidade de análise da realidade e da determinação histórica e social do processo saúde-doença. A educação popular constitui uma pedagogia crítica que se contrapõe às concepções hegemônicas que adequam os trabalhadores ao mundo do trabalho sem se ocupar com a sua transformação.
Conclusões e/ou Recomendações
O currículo é construído por mediações, primeiro entre os autores e a elaboração do material educativo, depois com os educadores e entre eles e os educandos. Assim, é reinventado de acordo com as experiências e saberes prévios, as pactuações, os diferentes olhares e contextos de construção da travessia. O currículo do EdPopSUS estrutura o chão, cultiva os princípios fundamentais e permite a coleta dos bons frutos da educação popular em saúde.
IMPLANTAÇÃO DA CURRICULARIZAÇÃO DOS PROJETOS EXTENSIONISTAS PARA ALUNOS DE MEDICINA: CONTRIBUINDO PARA A EQUIDADE NO SUS
Comunicação Oral
1 UNINOVE
Período de Realização
Segundo semestre de 2023 até primeiro semestre de 2025.
Objeto da experiência
Acompanhar a elaboração e execução de projetos extensionistas por alunos de Medicina do 1º ao 8º semestre.
Objetivos
Criar ações de educação em saúde voltadas à comunidade do município de Mauá/SP, fortalecendo a relação universidade-comunidade e promovendo propostas relevantes ao território, com uso de tecnologias leves e desenvolvimento da competência cultural dos estudantes ao longo dos semestres.
Descrição da experiência
A partir de agosto de 2023, em conformidade com o Parecer CNE/CES nº 608/2018, a universidade vinculou a curricularização da extensão à disciplina de Saúde Coletiva e Atenção Primária à Saúde. Alunos foram divididos em grupos temáticos após estudo do território e escuta da população. Projetos foram elaborados, apresentados a bancas críticas e desenvolvidos com orientação docente. Um período semanal foi reservado para execução, em parceria com escolas, UBS, ONGs e Secretaria de Saúde.
Resultados
Foram criados 24 projetos em temas como saúde mental, ISTs, pré-natal, alimentação saudável e primeiros socorros. Escolas mostraram forte adesão e sugeriram temas adicionais. Houve resistência de alguns profissionais e de Unidades Básicas de Saúde em acolher os projetos, mesmo com apoio da gestão. Alunos usaram materiais de baixo custo e abordagens lúdicas. As ações foram realizadas com boa articulação comunitária e supervisão docente, promovendo experiências significativas para alunos e participantes.
Aprendizado e análise crítica
Identificou-se resistência de parte das UBSs em integrar os projetos, o que gerou atrasos no cronograma. No entanto, os alunos vivenciaram de forma concreta os desafios do SUS e o cotidiano dos serviços, exercitando o olhar crítico e ampliando os conhecimentos sobre saúde coletiva. A experiência permitiu o desenvolvimento de competências como ética, trabalho em equipe, escuta qualificada e empatia, reforçando a importância da extensão como espaço formativo.
Conclusões e/ou Recomendações
A extensão curricularizada aproximou os estudantes dos problemas reais da população antes do internato, promovendo uma formação crítica e sensível às necessidades do território. Reforça-se a importância de maior integração entre universidade e serviços de saúde para garantir efetividade e acolhimento das propostas. A experiência cumpre o papel da extensão na formação ética, cultural e cidadã dos futuros profissionais.
ROMPENDO MURALHAS: A EXTENSÃO NAS OCUPAÇÕES MARIA DO ARRAIAL E PAULO FREIRE E O DEVER POLÍTICO DA UNIVERSIDADE NA LUTA POR DIREITOS POPULARES
Comunicação Oral
1 UFMG
Período de Realização
A experiência relatada foi realizada entre abril de 2024 e maio de 2025.
Objeto da experiência
Construir consciência crítica em saúde por educação popular e práticas participativas, atendendo demandas de ocupações urbanas em Belo Horizonte.
Objetivos
Relatar ações do projeto “Educação Popular em Saúde nas Ocupações de Belo Horizonte" (UFMG) nas ocupações Maria do Arraial e Paulo Freire, examinando contextos sociopolíticos dos desafios locais e refletindo sobre a extensão universitária na construção de práticas emancipatórias junto à população.
Descrição da experiência
A experiência nas ocupações consistiu em três atividades: o “painel das emoções”, um espaço de desenho e pintura usado para analisar a relação e a identificação entre sentimentos e formas; a “corrida dos alimentos”, onde as crianças utilizavam caixas para classificar alimentos saudáveis ou não-saudáveis; por fim, na Maria do Arraial, realizaram-se ações dialógicas com o MLB para compreender a organização dos moradores e a estrutura local.
Resultados
As experiências evidenciam tanto a existência de outras formas de convívio em espaços coletivos intraurbanos quanto a superação da materialidade para além das muralhas da universidade, da luta pelo direito à cidade. A interação com lideranças e moradores permitiu compreender os desafios locais na reivindicação da moradia, saúde e demais direitos. O processo evidenciou a importância de práticas extensionistas contínuas, capazes de fortalecer tanto a luta por direitos quanto a organização popular.
Aprendizado e análise crítica
A vivência desnaturalizou a visão acadêmica tradicional ao mostrar que saúde vai além do sistema de saúde: é construção coletiva na luta diária por direitos. A educação popular em saúde exige horizontalidade com a população, rompendo o assistencialismo. Reconheceu-se que a universidade precisa abandonar sua pretensa neutralidade política. A experiência nas Ocupações provou que a luta por direitos fundamenta a práxis em saúde, exigindo da extensão um compromisso efetivo com as lutas sociais.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que saúde é processo social vinculado às lutas territoriais. Recomenda-se: abandono do isencionismo político na extensão universitária que se afasta das lutas populares; substituição de modelos assistenciais por práticas co-construídas com a população local e movimentos sociais; e institucionalização de projetos contínuos de fortalecimento das reivindicações populares. A transformação social exige engajamento crítico das instituições.
ESCUTANDO QUEM OUVE: PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL NA REDE DE OUVIDORIAS DO SUS – SES/SP COMO ESTRATÉGIA DE APOIO E QUALIFICAÇÃO DA ESCUTA NO SUS
Comunicação Oral
1 Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - SES/SP
Período de Realização
Janeiro a dezembro de 2024, Rede de Ouvidorias do SUS da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Objeto da experiência
Promoção da saúde mental dos Ouvidores por meio de web conferências e ações de apoio, capacitação e trocas de experiências no ambiente de trabalho.
Objetivos
Promover o cuidado com a saúde mental dos profissionais da Rede de Ouvidorias, por meio de encontros mensais, articulando conhecimentos de psicologia com a prática da escuta qualificada. Estimular a troca de experiências, apoiar os profissionais e criar espaços seguros de diálogo e apoio emocional.
Descrição da experiência
A experiência contou com a participação de estagiários de psicologia em formação e a educação permanente da Ouvidoria Geral do SUS – SES/SP. Realizamos webconferências temáticas, sobre saúde mental, ambiente de trabalho, Primeiros Socorros Psicológicos, Burnout e Humanização da Dor, com foco nos desafios do cotidiano dos ouvidores. Durante os encontros, as equipes compartilharam experiências, dificuldades e estratégias de cuidado, buscando reconhecer a importância do cuidado com quem escuta.
Resultados
As ações contribuíram para a criação de um espaço coletivo de escuta, acolhimento e valorização entre os profissionais da Rede de Ouvidorias do SUS. Observou-se melhora no engajamento, sensação de pertencimento e redução do isolamento entre os trabalhadores. A presença dos estagiários também favoreceu a mediação de diálogos e o fortalecimento de vínculos, promovendo trocas intergeracionais e de saberes entre servidores e futuros profissionais da saúde.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que os ouvidores, apesar de serem canais essenciais de escuta do cidadão, muitas vezes não têm espaço para expressar suas próprias angústias. Criar ambientes seguros de troca e cuidado é fundamental para garantir a qualidade da escuta oferecida ao usuário. Também aprendemos que o apoio institucional à saúde mental fortalece a permanência e o desempenho dos profissionais, refletindo diretamente na qualidade dos serviços prestados.
Conclusões e/ou Recomendações
É fundamental reconhecer os trabalhadores da Ouvidoria como sujeitos que também precisam ser cuidados. Recomendamos a continuidade de espaços de apoio emocional e troca de experiências, a inclusão do tema saúde mental nas capacitações da rede e o fortalecimento de ações intersetoriais voltadas ao bem-estar dos profissionais. Cuidar de quem escuta é fortalecer o SUS.

Realização: