Programa - Comunicação Oral - CO13.14 - A formação como possibilidades para a Saúde do Trabalhador e a Justiça Climática
01 DE DEZEMBRO | SEGUNDA-FEIRA
15:00 - 16:30
CURSO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL EM SAÚDE DO TRABALHADOR: “ESTUDAR NA ESCOLA QUE EU TRABALHO”
Comunicação Oral
Moratori, R. B>1, Lopes, M. C. R.1, Borges. C. F.1, Faria, P. A.1, Chaiblich, J. V.1, Ricart, S. L. S. I.1, Pinheiro, R. M. S.1, Lugão, S. S. M.1, Ferreira, T. R.1
1 Fiocruz
Período de Realização
O curso teve início em agosto de 2024 e foi finalizado em janeiro de 2025.
Objeto da experiência
A problematização da relação saúde trabalho e direito com os trabalhadores da limpeza de uma escola técnica federal, no campo da saúde pública.
Objetivos
O objetivo do curso foi debater com trabalhadores da limpeza, de uma escola profissional de saúde pública, suas condições e processos de trabalho, assim como dialogar sobre os limites e possibilidades de elaboração de estratégias individuais e coletivas de enfrentamento dos seus desafios laborais.
Metodologia
Para a elaboração deste curso realizou-se 4 oficinas, em 2023, e 7, em 2024. Com metodologia dialógica e participativa, contou com contribuições dos professores pesquisadores responsáveis pela coordenação das atividades pedagógicas e contribuições discentes, os quais analisaram e pactuaram decisões sobre conteúdo e forma do referido curso. Esta construção de conhecimento coletivo partiu dos saberes construídos pelos trabalhadores sobre seu ambiente, suas condições e seus processos de trabalho.
Resultados
O Curso “Saúde do Trabalhador: estudar na escola que eu trabalho” teve carga horária total de 40 ha, dividido em 4 eixos principais: 1) Fundamentos sócio-históricos -políticos da saúde dos trabalhadores; 2) Fundamentos político pedagógicos da saúde dos trabalhadores; 3) Fundamentos Técnico-políticos da saúde dos trabalhadores; e 4) Práxis. As atividades foram distribuídas em aulas teóricas, práticas, visitas técnicas, trabalho de campo e oficinas realizadas com os educandos.
Análise Crítica
O conteúdo programático do campo da saúde, trabalho e direito, numa perspcetiva metodológica participativa de construção do curso foi, a nosso ver, nosso grande desafio, mas também a nossa maior contribuição. Esta elaboração e sua correspondente práxis formativa implicou na exposição dialogada das demandas dos trabalhadores da limpeza, vinculadas a discussões teóricas que permitiram problematizar e discutir criticamente as questões trazidas pelos discentes.
Conclusões e/ou Recomendações
Nossa intencionalidade foi qualiicar trabalhadores para entender e analisar criticamente os desafios de sua profissão e instigar sua organização coletiva em defesa de suas pautas reconhecendo, principalmente, sua invisibilidade nos espaços institucionais. O curso gerou um relatório técnico com as percepções discentes apontando situações percebidas como positivas e como negativas a serem discutidas com a gestão da unidade.
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR EM UMA COOPERATIVA DE RECICLAGEM LOCALIZADA NO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO
Comunicação Oral
SILVA, A. J. A.1, Campos, G.P.1, Ribeiro, RIBEIRO, F. S. M.1, MOURA, T. A. R.1, GALDI, R. Q1, ALMEIDA, R. J.1, Duarte, M. T. Cassamassimo1, DIAS, M.D.A.1, CARVALHO, M.1, CARVALHEIRA, A.P.P1
1 UNESP
Período de Realização
A atividade foi realizada do dia 24/04/2025 ao dia 15/05/2025.
Objeto da experiência
Condições de trabalho e riscos ocupacionais no ambiente laboral em uma cooperativa de reciclagem, no contexto da vigilância em saúde do trabalhador.
Objetivos
Identificar e avaliar os riscos ocupacionais aos quais as cooperadas estavam expostas, promovendo a sensibilização sobre vigilância em saúde do trabalhador e subsidiando propostas de intervenção que contribuam para a melhoria das condições de trabalho e a prevenção de agravos à saúde.
Metodologia
A experiência ocorreu em quatro etapas. Primeira etapa: visita técnica à cooperativa de reciclagem para identificar os riscos ocupacionais. Segunda etapa: elaboração de um banner sobre o uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), destacando a sua importância e os cuidados necessários e uma roda de conversa com a gestão da cooperativa, abordando os riscos identificados e promovendo o diálogo. Quarta etapa: avaliação com os participantes, a fim de verificar a efetividade da ação.
Resultados
As ações educativas permitiram a discussão dos riscos ocupacionais e reflexão sobre o uso correto dos EPIs, além de promover o diálogo entre as cooperadas e gestão. O banner e a roda de conversa contribuíram para ampliar a sensibilização e fortalecer a prevenção de agravos. Para os estudantes, a experiência fortaleceu o raciocínio crítico, a atuação interdisciplinar e o compromisso ético com a saúde do trabalhador, aproximando teoria e prática no contexto real.
Análise Crítica
Compreendeu-se a importância dos determinantes sociais que envolvem as atividades laborais e sua relação com o processo de adoecimento do trabalho, integrando esse olhar à formação discente enquanto futuros profissionais de saúde. Além disso, é fundamental oferecer uma devolutiva às próprias cooperadas, assegurando que suas demandas sejam realmente ouvidas e consideradas, e que elas não sejam vistas apenas como objeto de pesquisa acadêmica.
Conclusões e/ou Recomendações
A partir das atividades propostas, pôde-se evidenciar a importância de ações efetivas voltadas à saúde coletiva, especialmente no que se refere à vigilância em saúde do trabalhador. Essas ações promoveram a conscientização/sensibilização das cooperadas e da coordenação do local quanto aos riscos ocupacionais, e fortaleceram o olhar crítico e reflexivo dos discentes do curso de graduação em Enfermagem.
PREPARAÇÃO E RESPOSTA A EMERGÊNCIAS EM SAÚDE PÚBLICA - CAPACITAÇÃO E FORTALECIMENTO DA VIGILÂNCIA LOCAL POR MEIO DE OFICINA ELABORADA PELO CIEVS ESTADUAL RIO DE JANEIRO
Comunicação Oral
LUIZ-SILVA, M. I.1, CARDOSO, S. C. C.1, MOURA, M. E. L.1, BEDIN, S. B.1, RESENDES, A. P. C.1, ALMEIDA, A. M. P.1, SILVA, C. F.1, COSTA, L. G.1, OLIVEIRA, A. L. B.1, SILVA, M. L.1
1 Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro
Período de Realização
A oficina foi realizada em março de 2025, na região da Baixada Litorânea (RJ).
Objeto da experiência
Apresentação de conceitos e ferramentas para preparo e resposta a emergências em saúde pública e aprimoramento da capacidade de resposta oportuna.
Objetivos
Capacitar profissionais da vigilância em saúde na detecção, análise e resposta a emergências de saúde pública, promovendo o entendimento de conceitos e ferramentas que auxiliam na gestão da preparação e resposta a emergências, além de momentos de discussão e reflexão.
Metodologia
A oficina foi estruturada em módulos abordando conceitos-chave de emergências em saúde pública,etapas e estruturas compreendidas na fase de resposta,formas de comunicação,planos de contingência e estrutura do CIEVS RJ. Os participantes realizaram atividades práticas com estudo de caso, reflexão crítica e elaboração de propostas estratégicas para o fortalecimento da vigilância local. Participaram 8 dos 9 municípios da região, com representantes técnicos das vigilâncias epidemiológica e ambiental.
Resultados
Observou-se maior compreensão dos participantes sobre os conceitos abordados, principalmente nas discussões práticas, com adesão integral em todas as atividades. Nelas, os participantes identificaram possibilidades de melhorias em seus processos de trabalho. Foi demonstrado interesse em inserir nas rotinas locais ferramentas tecnológicas, como automação de rotinas e painéis para visualização e análise de dados possibilitando a visualização de forma oportuna de mudança de padrão epidemiológico.
Análise Crítica
A experiência foi exitosa ao demonstrar a importância de oficinas práticas e contextualizadas para fortalecer a capacidade de resposta a nível local. A integração entre teoria e prática facilitou a identificação do papel das vigilâncias municipais em situações de preparação e resposta a emergências. A interação com os participantes permitiu reavaliação do conteúdo abordado e identificação de pontos de melhoria para edições futuras, como mais momentos práticos ao longo das abordagens teóricas.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a realização periódica de capacitação na temática de emergências em saúde pública junto às equipes municipais. Destaca-se a necessidade de um envolvimento multisetorial, visto que esse tipo de emergência atravessa diferentes áreas que não apenas a saúde. É necessário fomentar a articulação entre níveis de gestão e garantir recursos para assegurar respostas oportunas e efetivas em situações de emergência.
FORMAÇÃO MÉDICA NO SERTÃO: DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Comunicação Oral
Oliveira, A. P. G.1, Lopes, L. G. F.1, Silva, I. C. L.1
1 Faculdade Medicina do Sertão / São Leopoldo Mandic
Período de Realização
Agosto de 2023 a Junho de 2025
Objeto da experiência
Coordenação dos módulos de Saúde Coletiva com foco na educação em saúde na atenção primária no sertão pernambucano.
Objetivos
Discutir os desafios e as potencialidades da formação médica voltada para a atenção primária em saúde no sertão, destacando o papel da educação em saúde na formação de médicos sensíveis ao SUS, aos determinantes sociais e às realidades do território.
Descrição da experiência
A experiência ocorre no curso de Medicina de uma faculdade do sertão de Pernambuco, por meio da coordenação dos módulos de Saúde Coletiva. Desde o primeiro período, os estudantes participam de práticas educativas que integram teoria e território, com metodologias ativas, abordando a organização da APS, o cotidiano dos usuários e temas como prevenção, autocuidado e condições de vida. A proposta busca romper com modelos biomédicos tradicionais e aproximar os alunos dos princípios do SUS.
Resultados
Os estudantes passaram a compreender de forma mais ampla os desafios da APS em regiões de escassez, como o vazio assistencial, a limitação de recursos e a fragmentação da rede. As práticas educativas estimularam a empatia, o diálogo com os saberes populares e o compromisso com o cuidado centrado na pessoa. Verificou-se maior engajamento com a realidade social e fortalecimento da identidade profissional voltada ao SUS.
Aprendizado e análise crítica
A formação médica ancorada na educação em saúde e na escuta dos territórios mostrou-se transformadora. A experiência evidenciou que, mesmo em contextos adversos, é possível construir práticas pedagógicas potentes, que rompem com a reprodução do ensino hospitalocêntrico e verticalizado. No entanto, desafios como infraestrutura precária, resistência a mudanças e necessidade de qualificação docente ainda impõem limites à consolidação desse modelo.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que a formação em saúde coletiva, quando articulada à educação em saúde no território, potencializa o desenvolvimento de médicos comprometidos com o cuidado integral e com as necessidades reais da população. Recomenda-se o fortalecimento institucional dessas práticas, a valorização do trabalho docente na saúde coletiva e o investimento em estratégias pedagógicas que promovam vínculos, criticidade e atuação colaborativa na APS.
INFORMAÇÃO SOCIOAMBIENTAL PARA JUSTIÇA CLIMÁTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DA EDUCAÇÃO EM INFORMAÇÃO EM SAÚDE NO PROGRAMA DE VOCAÇÃO CIENTÍFICA
Comunicação Oral
Zattar, M.1, SÁ, N. O.2, ELIAS JUNIOR, A C3, SANTOS, L. A.4, CAVALCANTI, R. S.2, Teodoro, R.2, Castro, B.2, Almeida, T.3, Damasceno, M B3
1 Fiocruz; UFRJ
2 UFRJ
3 UNIRIO
4 Fiocruz
Período de Realização
Agosto de 2023 a abril de 2025
Objeto da experiência
Estimular a crítica e ética nas práticas informacionais realizadas por adolescentes e jovens de colégios da cidade do Rio de Janeiro.
Objetivos
A presente comunicação tem por objetivo discutir a educação em informação em saúde como estratégia de promoção da justiça ambiental e climática a partir de relato de experiência de projeto de extensão universitária
Metodologia
O projeto de extensão nomeado “Educação em informação no combate à desinformação” foi desenvolvido entre agosto de 2023 a abril de 2025, Ao longo desse período, foram realizadas as atividades de: planejamento, organização, execução, coleta dos dados, discussão, avaliação e gestão dos resultados obtidos. Foram realizados 8 encontros abrangendo temas como: Ciência, Pesquisa bibliográfica, desinformação, Plágio, Informação socioambiental e vigilância informacional.
Resultados
Aprendizagem de mão dupla a partir de uma pluralidade de disciplinas, assuntos, abordagens e discursos, evidenciando a transversalidade da educação em informação socioambiental. Assim sendo, apresenta como resultado principal a constatação de que práticas de competência em informação no âmbito da informação são construções coletivas que impactam ao exercício da cidadania de todas as pessoas envolvidas de modo que seja possível percepção da realidade compartilhada e da ideia de corresponsabilidade.
Análise Crítica
O direito à informação mostra-se como elemento essencial para a justiça climática e diminuição de sindemias. Contudo, observa-se que a emergência climática vem sendo utilizada como campo de disputa, em que o espalhamento da dúvida e da desinformação surge como estratégia na deslegitimação do conhecimento científico, e, por conseguinte, das autoridades epistêmicas do campo da saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
As atividades desenvolvidas no projeto de extensão permitiram a construção de visões interdisciplinares, transdisciplinares e complementares sobre os temas e assuntos discutidos, especialmente aqueles sobre informação socioambiental. Tais perspectivas são essenciais uma vez que o saber é construído em conjunto de modos de vida. Portanto, a produção científica do conhecimento não deve se isolar da realidade e sim incluir a participação da comunidade.
A VIGILÂNCIA EM SAÚDE COMO DISPOSITIVO DO PROTAGONISMO COMUNITÁRIO – UMA ANÁLISE NO TERRITÓRIO
Comunicação Oral
Amaral, AVSA1, Bezerra, AFB2, Guimarães, MBL2
1 Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
2 Área Acadêmica de Saúde Coletiva/ Centro de Ciências Médicas/ Universidade Federal de Pernambuco
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Vigilância em Saúde reforça a vigilância como função essencial e integradora do SUS. Contudo, há desafios como heranças excludentes e fragmentação federativa. A Vigilância Popular em Saúde surge como alternativa participativa, valorizando saberes locais e o protagonismo comunitário no cuidado à saúde.
Objetivos
Compreender o papel da Vigilância Popular, por meio do diagnóstico dos riscos e práticas de cuidado, da comparação com a percepção comunitária e da análise da articulação de saberes e do protagonismo local na saúde.
Metodologia
Este estudo possui caráter qualitativo, constituindo um recorte de uma pesquisa vinculada ao Programa de Extensão Universitária da Pós-Graduação da UFPE. Realizada na comunidade de Roda de Fogo (Recife-PE), a investigação visou compreender as articulações entre saberes populares e técnicos em saúde. Foram utilizadas rodas de conversa e entrevistas, selecionadas por amostragem bola de neve. A análise de conteúdo, guiada por Freire e Boaventura, valorizou saberes contra hegemônicos, com categorias abertas e emergentes. A coleta foi realizada entre dez/2024 e fev/2025. A metodologia priorizou escuta ativa, participação local e respeito à confidencialidade dos interlocutores.
Resultados
Os resultados mostram que a comunidade de Roda de Fogo exerce papel ativo na produção de saúde, com práticas autônomas e coletivas que desafiam a lógica tradicional do SUS. A vigilância popular, à luz dos conceitos de Freire e Boaventura, articula saberes locais revelando estratégias eficazes diante da precariedade urbana. Apesar disso, barreiras institucionais e simbólicas limitam sua efetivação plena. A pesquisa evidencia o potencial transformador, social e econômico da participação comunitária, ao passo que reforça a necessidade de integrar a vigilância popular como política de Estado, e não apenas como resposta emergencial.
Conclusões/Considerações
A vigilância popular em saúde se mostra um instrumento eficaz de protagonismo comunitário, rompendo com a lógica assistencialista. Ao valorizar saberes locais e redes de solidariedade, transforma a comunidade de objeto passivo em sujeito ativo na construção de políticas públicas e no enfrentamento das desigualdades em saúde.