
Programa - Comunicação Oral - CO13.10 - Além dos Muros: Saúde, Cultura e Formação
30 DE NOVEMBRO | DOMINGO
15:00 - 16:30
15:00 - 16:30
ATRAVESSANDO OS MUROS DA UNIVERSIDADE COM O CINE NEGRAS: MULHERES NEGRAS, SAÚDE E O ACESSO À QUALIDADE DE VIDA.
Comunicação Oral
1 UFRB
Período de Realização
As atividades foram desenvolvidas entre julho e dezembro de 2024, com sessões de exibição mensais.
Objeto da experiência
Utilização do cinema como ferramenta pedagógica para discutir iniquidades em saúde, racismo, sexismo e seus impactos na vida de mulheres negras.
Objetivos
Apresentar resultados do uso de obras cinematográficas como disparador de reflexões críticas sobre saúde, acesso à qualidade de vida, raça e gênero como ferramenta educativa para adolescentes discentes de um Instituto Federal do interior da Bahia.
Descrição da experiência
O CINE NEGRAS é um projeto de extensão do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde, que em 2024 expandiu sua atuação para o IFBA/SAJ. As sessões abordaram temas diversos, buscando contextualizar a realidade das mulheres negras brasileiras. As etapas da experiência envolveram seleção de filmes e debatedoras(es), articulação com a instituição parceira, planejamento e divulgação. A participação discente apoiou a mediação das rodas de conversa e a elaboração de registros reflexivos.
Resultados
A experiência contribuiu para o fortalecimento do pensamento crítico dos estudantes, ampliando o entendimento sobre determinantes sociais de saúde e impacto das opressões interseccionais. O projeto ampliou seu alcance, reafirmando-se como ferramenta de transformação social. A engajada participação de discentes favoreceu o desenvolvimento de habilidades de mediação, escuta e análise crítica, gerando produtos reflexivos que serão utilizados em relato de experiência e registro memorial do projeto.
Aprendizado e análise crítica
O projeto proporcionou debates sobre saúde, gênero e raça e na compreensão das iniquidades estruturais que afetam mulheres negras. A mediação exigiu sensibilidade, escuta ativa e adaptação à realidade do público jovem, mas notou-se a necessidade de criar materiais de apoio acessíveis para subsidiar os debates. A experiência evidenciou a importância da extensão como espaço de formação crítica e atuação socialmente comprometida, reafirmando a interação entre universidade e promoção de equidade.
Conclusões e/ou Recomendações
O CINE NEGRAS demonstrou ser uma experiência importante para aproximar juventudes das temáticas de equidade em saúde, raça e gênero, além de fortalecer e ampliar trocas com a comunidade. Recomenda-se a continuidade do projeto com novas parcerias e diversificação temáticas, a garantir a expansão da ação em outros espaços educativos. A atuação discente na extensão se consolida como ferramenta de aprendizagem prática entrelaçada à justiça social.
INSERÇÃO DAS HUMANIDADES MÉDICAS NA GRADUAÇÃO COM O DOCUMENTÁRIO “DO LUTO À LUTA”: EXPERIÊNCIA NA FACULDADE DE MEDICINA DA UFC
Comunicação Oral
1 UFC
Período de Realização
De 15 a 19 de janeiro de 2024, no módulo optativo “Arte e Literatura – Humanidades
Médicas”
Objeto da experiência
Uso do documentário “Do Luto à Luta” como recurso didático em disciplina optativa de Humanidades Médicas.
Objetivos
Relatar uma experiência didática no ensino médico, a partir da exibição do documentário “Do Luto à Luta”, abordando a Síndrome de Down, com foco na sensibilização dos estudantes, reflexão crítica sobre a prática médica e desenvolvimento de habilidades humanísticas.
Metodologia
A atividade integrou o módulo optativo “Arte e Literatura – Humanidades Médicas”, com 20h de duração, ofertado em uma semana intensiva. A metodologia incluiu leitura de textos, visitas a museu e exibição de filmes, entre eles o documentário “Do Luto à Luta”, seguido de perguntas e roda de conversa. O foco foi o impacto da notícia do diagnóstico de Síndrome de Down e a percepção dos alunos sobre preconceito, inclusão e preparo profissional.
Resultados
Dos 25 estudantes, 75% nunca haviam tido contato com pessoas com Síndrome deDown; apenas 15% sabiam como comunicar o diagnóstico; e nenhum deles sabia que pessoas com essa síndrome são capazes de perceber a linguagem não verbal. A atividade foi avaliada como excelente por 85%, e muitos sugeriram que o módulo tivesse maior carga horária e fosse parte obrigatória do currículo, por promover reflexão e empatia raramente presentes nas disciplinas tradicionais.
Análise Crítica
A atividade revelou lacunas na formação médica quanto à comunicação, empatia e preparo para lidar com o diferente. Mostrou-se potente ao proporcionar escuta sensível, troca de experiências e ressignificação de percepções. Os alunos demonstraram abertura para aprender com as histórias de vida apresentadas e destacaram a importância de ampliar espaços de reflexão na formação.
Conclusões e/ou Recomendações
Experiências como essa evidenciam o valor das Humanidades Médicas na formação de médicos mais sensíveis, críticos e empáticos. Recomenda-se ampliar a carga horária de disciplinas dessa natureza e inseri-las como parte obrigatória do currículo, favorecendo a humanização do cuidado e a escuta ativa, essenciais na prática médica.
MATRIZ DE COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS PARA FORMAÇÃO DE MÉDICOS DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL
Comunicação Oral
1 UNEB
2 UFBA/IMS/CAT
Período de Realização
Elaboração na vigência do projeto: 2023 à 2024.
Objeto da produção
Elaboração e Validação de uma Matriz de Competências Essenciais para formação de médicos do Programa Mais médicos para o Brasil (PMMB)
Objetivos
Apresentar a Matriz de Competências Essenciais (MCE) para formação de médicos do PMMB. Trata-se de um produto técnico produzido no projeto intitulado Identificação e validação do modelo de formação dos médicos do PMMB, em parceria da SGTES/ISC com ISC/OPAS/OMS.
Descrição da produção
A MCE para formação de médicos do PMMB foi elaborada a partir da revisão teórica, normativa, conceitual e documental da formação médica: Diretrizes Curriculares Nacionais, World Organization of Family Doctors (WONCA), Conselho Federal de Medicina e Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Associação Brasileira de Medicina e da análise temática dos conteúdos das ofertas formativas derivando a MCE elaborada pelas pesquisadoras e validadas por dez especialistas na área de educação médica.
Resultados
Domínios: Comportamental, Abordagem centrada na pessoa, família e comunidade, Cultural, Políticas de saúde e epidemiologia, Pesquisa e pedagógico, Gestão de cuidados primários em saúde Tecnologia da Informação e Comunicação. As competências são: ética-humanista e interprofissional; para o cuidado, em vigilância em saúde, procedimentais; antropológicas e sociais; políticas em saúde, em epidemiologia; pesquisa, pedagógica; em gestão e competências digitais.
Análise crítica e impactos da produção
A MCE poderá ser utilizada por estudantes, profissionais e estudiosos na área de formação médica na APS, como também por instituições de ensino. Contribuir com gestores da área da gestão do trabalho e educação na saúde, na formulação, implementação e avaliação de ofertas de educação permanente. Possui aplicabilidade pedagógica, com avaliação positiva nos espaços de divulgação realizada, com possibilidades de adaptações e considerando as limitações do referencial de competências.
Considerações finais
A proposição da MCE como produto técnico do projeto intitulado "Identificação e validação do modelo de formação dos médicos do PMMB", em parceria da SGTES/ISC com ISC/OPAS/OMS traz possibilidades no âmbito da educação permanente dos médicos deste programa, podendo ser utilizada como referência para ofertas educativas de curta duração e em especializações. Possibilita suporte ao desenvolvimento de programas e políticas de saúde, na APS.
PARA ALÉM DOS MUROS DA FORMAÇÃO MÉDICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA DISCIPLINA EXTENSIONISTA SOBRE SAÚDE E MIGRAÇÃO
Comunicação Oral
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e UNIFESP
2 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Período de Realização
A experiência ocorreu de março a novembro de 2024, em disciplina extensionista em São Paulo
Objeto da experiência
Disciplina extensionista da graduação médica sobre saúde e migração internacional com produção de material multilíngue de educação em saúde
Objetivos
Apresentar e discutir a experiência de uma disciplina extensionista em saúde de migrantes internacionais, no primeiro ano de graduação de medicina em faculdade do município de São Paulo, com a elaboração de material informativo multilíngue para a educação em saúde.
Descrição da experiência
A disciplina obrigatória, com carga horária de 220 horas, integrou abordagens teóricas e práticas por meio de discussões com pesquisadores internacionais, docentes, profissionais da saúde, formuladores de políticas e representantes de coletivos, e visitas a espaços culturais e instituições voltadas à população-alvo. A partir das interações definiu-se, de maneira coletiva, temas prioritários em saúde, posteriormente transformados em informativos multilíngues e discutidos com a população migrante.
Resultados
Foram elaborados materiais informativos em português, espanhol, inglês e francês abordando temas como acesso ao SUS, saúde da população LGBTQIA+, vacinação, tuberculose, e violência obstétrica. Esses materiais foram discutidos com profissionais de instituições parceiras, para aprovação dos conteúdos e traduções. Posteriormente ocorreu um encontro com vistas a apresentar e discutir as temáticas com as populações migrantes e foram suscitadas novas questões além dos tópicos abordados.
Aprendizado e análise crítica
A interlocução entre a fundamentação teórica, a atuação no território e o diálogo com diversos atores favoreceu a construção de saberes críticos e interculturais, ampliando a sensibilidade para as desigualdades sociais. A experiência também contribuiu para tensionar concepções biomédicas hegemônicas e favorecer a aprendizagem a partir da multiplicidade de experiências. As produções e reflexões geradas foram incorporadas para a continuidade do processo formativo dos próximos extensionistas.
Conclusões e/ou Recomendações
A curricularização da extensão contribui para a formação médica sensível às questões sociais e às necessidades de saúde da comunidade. A inclusão de atividades extensionistas sobre saúde e migração no primeiro ano da graduação médica favorece a construção de práticas de saúde ampliadas e focadas no enfrentamento das barreiras de acesso à saúde para migrantes internacionais e em uma formação interdisciplinar e socialmente comprometida.
O CORPO NA FORMAÇÃO DO SANITARISTA: EXPERIÊNCIA DE REVISÃO DO CURRÍCULO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ESP-MG)
Comunicação Oral
1 ESP-MG
Período de Realização
Novembro de 2024 a Abril de 2025
Objeto da experiência
Oficina sobre corpo, em articulação à discussão sobre grupos sociais sistematicamente invisibilizados, no contexto de revisão curricular.
Objetivos
Relatar experiência de oficina sobre corpo, junto a docentes da Especialização em Saúde Pública da ESP-MG, considerando o contexto de revisão do currículo e o objetivo de aprofundar as discussões sobre grupos sistematicamente vulnerabilizados, numa perspectiva encarnada.
Descrição da experiência
O currículo da Especialização em Saúde Pública da ESP-MG é discutido e construído com a participação do corpo docente. Na última revisão, em novembro de 2024, ganhou força a necessidade de aprofundar o debate em torno de grupos sistematicamente vulnerabilizados, não apenas numa perspectiva epidemiológica e histórica, mas também tomando a noção de corpo e a vivência corporal como mote para reflexão sobre os sistemas de exclusão e discriminação. Isso levou à oferta de oficina aos docentes no tema.
Resultados
Como a discussão de corpo se conecta com a dos grupos sistematicamente vulnerabilizados? A oficina intitulada “Que corpo é esse?” buscava discutir e realizar experimentações sobre noções de corpo, por meio de dois encontros de 4 horas cada. Utilizou-se estratégias como: vivências individuais de sensibilização do corpo; leituras individuais e coletivas (textos literários e filosóficos); observação de imagens; discussão em grupo; registros individuais e construção coletiva de uma síntese.
Aprendizado e análise crítica
Com a oficina, algumas questões se apresentaram: as atividades foram suficientes para produzir conexões conceituais e vivenciais com questões como racismo, capacitismo, sexismo, lgbtfobia etc? Os docentes puderam refletir sobre como uma experiência encarnada, corporal, pode ser potente para implicá-los como docentes e implicar os profissionais de saúde em formação em relação a esses processos de discriminação social? Como inserir essa abordagem no currículo da especialização?
Conclusões e/ou Recomendações
Os participantes apontaram que a vivência de conceitos por meio de experimentações corporais foi potente para implicar, de outra maneira, as pessoas na discussão sobre os grupos minorizados. Essa experiência, articulada à discussão da noção de lugar de fala, possibilitou recolocar a questão da discriminação e exclusão social desses grupos não mais como algo relativo aO outro (como coloca Grada Kilomba), mas como algo que toca cada um.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO LOUCO PARA ESTUDANTES DA ÁREA DE SAÚDE: O LUGAR DAS PRÁTICAS NA RAPS AO LONGO DA FORMAÇÃO
Comunicação Oral
1 Fiocruz
2 UFMG
Apresentação/Introdução
Ainda hoje, a formação em saúde vem sendo apontada como um dos principais desafios para a superação do modelo biomédico e manicomial e para a transformação das práticas de atenção psicossocial. A inserção dos universitários nos serviços substitutivos da RAPS vem sendo reconhecida como capaz de mobilizar novos modos de pensar, sentir e agir em relação às pessoas com transtornos mentais.
Objetivos
O estudo tem como objetivo identificar e analisar as representações sociais de louco para estudantes universitários da área da saúde, discutindo as implicações das práticas na construção dessas representações.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de caráter misto, fundamentado na abordagem estrutural da Teoria das Representações Sociais. Participaram 161 estudantes de diferentes cursos de graduação em saúde do estado de MS, selecionados por amostragem de conveniência, e que responderam um formulário virtual, abordando o perfil sociodemográfico, experiências formativas durante a graduação, bem como a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) e a estratégia da Zona Muda, analisadas por meio de análise prototípica, com auxílio do Iramuteq. A análise centrou-se na comparação entre as respostas dos estudantes “com” e “sem” experiências práticas na RAPS, ao longo da formação.
Resultados
Foram observadas semelhanças entre os núcleos centrais de ambos os grupos (com e sem experiência), os quais compartilham a representação do louco como doente. Tais representações encontram-se ancoradas no quadro modelo biomédico que coexiste com elementos potencialmente contraditórios que reconhecem a diferença do doente mental, sua situação social de exclusão e estigmatização, mas ainda invoca aspectos como medo e perigo. Apesar das experiências práticas em saúde mental não trazerem efeitos diretos na modificação das representações sociais do louco, destaca-se o potencial das experiências práticas em saúde mental na ativação de elementos alinhados com o SUS e com a Reforma Psiquiátrica.
Conclusões/Considerações
Os resultados apontam para o estigma que ainda perpassa as representações sociais do louco. Por outro lado, a oferta de experiências práticas, nos serviços substitutivos de saúde, orientadas pelos princípios da Reforma Psiquiátrica, parece ser um caminho potente para a transformação dos modos de pensar, sentir e agir dos profissionais de saúde.

Realização: