Comunicação Coordenada

24/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC13.12 - SAÚDE MENTAL E DIVERSIDADE

43477 - TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM QUILOMBOLAS RURAIS DO NORTE DE MINAS GERAIS
PATRÍCIA DE SOUSA FERNANDES QUEIROZ - UNIMONTES, PÂMELA SCARLATT DURÃES OLIVEIRA - UNIMONTES, LEONARDO DE PAULA OLIVEIRA - UNIMONTES, MARISE FAGUNDES SILVEIRA - UNIMONTES, CRISTINA ANDRADE SAMPAIO - UNIMONTES, RICARDO JARDIM NEIVA - UNIMONTES, JOÃO FELÍCIO RODRIGUES NETO - UNIMONTES


Apresentação/Introdução

As comunidades quilombolas em todo Brasil são atravessadas pela vulnerabilidade social evidenciada pela pobreza, o desemprego e o analfabetismo, além de um precário acesso aos serviços de saúde e saneamento ambiental. Essas amplas desigualdades sociais geram fragilidades em todos os aspectos da vida cotidiana das populações quilombolas e estão associadas à produção de sofrimento psíquico.


Objetivos

O objetivo deste artigo é avaliar a prevalência e os fatores associados aos Transtornos Mentais Comuns (TMC) em quilombolas residentes em comunidades rurais localizadas no Norte de Minas Gerais, Brasil.


Metodologia
Trata-se de estudo transversal realizado em 2019. Para identificação de TMC utilizou-se o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Para análise dos dados utilizou-se o software SPSS versão 23.0. Estimou-se a prevalência de TMC com intervalo de 95% de confiança. Para verificar a associação entre a variável desfecho e variáveis independentes utilizou-se o teste Qui-quadrado. As variáveis que apresentaram nível descritivo até 0,20 foram selecionadas para a análise múltipla.
Na análise múltipla, utilizou-se Regressão Logística Binária. Foram estimadas as razões de chances (Odds Ratio – OR) brutas e ajustadas, com intervalo de 95% de confiança, para as variáveis que permaneceram no modelo múltiplo.


Resultados
A prevalência de TMC foi de 38,7%. Houve maior chance de TMC entre quilombolas do sexo feminino (OR= 2,69 – IC 95% 2,00;3,62), com 1 a 8 anos de estudo (OR= 1,70 – IC 95% 1,15;2,51), renda familiar entre 1 a 1,5 salários mínimos (OR= 2,51 – IC 95% 1,60;3,94); que sofreram discriminação em serviços de saúde (OR= 2,44 – IC 95% 1,44;4,13); com autorrelato de doença pulmonar (OR= 2,10 – IC 95% 1,25;3,54), doença cardíaca (OR= 1,58 – IC 95% 1,01;2,50) e insuficiência renal crônica (OR= 1,97 – IC 95% 1,08;3,94), e com autopercepção de saúde negativa (OR= 3,07 – IC 95% 2,31;4,07).

Conclusões/Considerações
A alta prevalência de TMC observada neste estudo demonstra a necessidade de políticas de atenção à saúde mental voltadas para as populações vulnerabilizadas, como as comunidades quilombolas, a fim de mitigar o sofrimento mental e as suas reverberações, e favorecer uma atenção profissional contextualizada com as singularidades do território e as condições de vida e saúde desse grupo populacional.