Comunicação Coordenada

21/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC3.2 - EPIDEMIA DE AIDS: O DESAFIO DA INTERSECCIONALIDADE PARA O ACESSO ÀS TECNOLOGIAS DE CUIDADO

39164 - PERCEPÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE LINHA DE FRENTE DA SAÚDE SOBRE HIV E JUVENTUDES
MARIA IZABEL SANCHES COSTA - INSTITUTO DE SAÚDE SES/SP, GABRIELA LOTTA - FGV, JULIANA ROCHA MIRANDA - FGV, LAURA CAVALCANTI SALATINO - FGV, ELISABETE AGRELA - CEPEDOC, MARIA CRISTINA FRANCESCHINI - CEPEDOC, MARCO AKERMAN - FSP-USP/CEPEDOC


Apresentação/Introdução
A temática do HIV é permeada de estigmas e culpabilização de indivíduos. Políticas públicas, incluindo a de HIV/AIDS, são baseadas em categorias políticas que geram efeitos simbólicos, reproduzindo ou enfrentando estigmas. A literatura afirma que trabalhadores mobilizam valores pessoais e profissional nas interações com os usuários, podendo utilizar categorias sociais ou políticas

Objetivos
O objetivo deste artigo é compreender como os trabalhadores operam categorias políticas e sociais, bem como analisar se suas percepções com relação às categorias de comportamento de risco e juventude estão em consonâncias com a política de HIV/Aids.

Metodologia
Pesquisa qualitativa baseada na análise de conteúdo com o uso do software Nvivo. Foram analisadas 8 normativas e entrevistados 42 trabalhadores da linha de frente em 2 UBS, 2 serviços especializados em HIV e 2 CAPS no bairro do Grajaú em São Paulo. Codificamos as categorias dos tipos de usuários jovens e das concepções de comportamento de risco dos jovens nas entrevistas e nos regulamentos. Após as codificações, analisamos se as categorias utilizadas pelos entrevistados eram semelhantes àquelas propostas pela regulamentação. Assim, diferenciamos as categorias políticas e sociais e comparamos sua utilização entre os diferentes tipos de serviços.

Resultados
Os resultados sugerem que os estigmas e moralidade dos trabalhadores interferem em suas ações. Ao usar categorias sociais com base em julgamentos sobre o comportamento sexual dos jovens, os trabalhadores introduzem noções como “sexualidade desviante”, complementam a definição política do grupo-alvo com impressões sociais sobre quem é mais vulnerável, o que pode reforçar preconceitos. Os serviços especializados são mais capazes de utilizar as categorias políticas e as UBS mobilizam as sociais. Esta diferença é decorrente da quantidade de políticas e diretrizes com as quais devem lidar em seu trabalho. As categorias políticas tornam-se diluídas nas UBS em comparação com os especializados.

Conclusões/Considerações
Nossos resultados sugerem que no contexto da política de HIV, as categorias políticas são legitimadas através de percepções sociais de normalidade e risco. Isso significa que a reprodução das desigualdades começa na normativa, mas pode ser ampliada na implementação de políticas. Na prática, esse contexto pode reforçar os estigmas com grupos de jovens vulneráveis, principalmente nos serviços da atenção básica.